CLAIRE
Não havia nada que o dinheiro não pudesse comprar.
Era algo que eu tinha conhecimento desde o berço, porque desde jóias a pessoas… todos eram entregues a você, caso você mostrasse os zeros depois da vírgula, que existiam em sua conta bancária. E quando você era um LeBlanc? Isso ficava ainda mais aparente, e brilhante como jóias recém lapidadas.
Quer saber qual era a maior prova disso? Era o baile anual. Baile esse que sempre causava discórdias, gritos, choros e principalmente alegria. Porque além de ser o evento mais aguardado de todas as famílias que possuíam um certo renome (e já eram rostos repetidos nesse evento), também era algo que os new richs ansiavam — já que se a sua família recebesse um convite, era quase certo que os contatos brotaram na sua porta, além de claro… isso ser uma prova de que a família LeBlanc… te admirava de alguma forma.
E esse baile em específico? Eu havia sido a pessoa responsável por organizar.
Fiquei quase um mês inteiro sem dormir direito por conta dos planejamentos, vi tantas paletas de cor que eu não sabia mais distinguir entre azul bebê e ciano, — junto de todas as questões como bufê, vestimenta e etc…
Mas honestamente? Isso agora não importava, porque eu estava nos holofotes, e eu também… estava descendo aquelas belas escadas que me permitiam admirar todo o meu trabalho duro.
As mesas estavam do jeito que eu queria, as flores posicionadas onde eu falei para colocarem, e o lustre que eu havia escolhido para se adequar mais a decoração que eu havia escolhido? Estava do jeito que eu havia imaginado.
Mas faltava algo.
O meu noivo não estava lá.
"Ele disse que seria a primeira pessoa que eu veria…" acabei pensando enquanto eu ainda me obrigava a sorrir, manter a minha expressão serena enquanto todos aqueles olhares — estavam sobre mim.
Porém, achei que fosse impressão minha não conseguir ver George no salão, suspeitei até mesmo que os culpados eram os holofotes que estavam bem na minha cara, limitando a minha visão pela claridade.
Mas… mesmo quando eu cheguei até o último degrau, ele não estava lá.
Não estava me esperando.
— Claire, querida! — uma das convidadas veio em minha direção, junto a grandes esmeraldas em seu colo, em suas orelhas, — esse evento está divino! A decoração, a música… céus!
Sorri.
— Fico lisonjeada. — Respondi, um sorriso orgulhoso brotando em meus lábios, os meus olhos procurando o meu noivo de força discreta, — o que achou das bebidas e dos aperitivos? Foram de seu agrado?
— Querida! Eles estão no nível dessa festa, deveria me passar o nome do lugar que os serve, — ela logo respondeu, apenas para eu lembrar de como foi difícil achar esse lugar, além das degustações.
Até parece que eu ia dar aquele lugar de mão beijada.
— Claro, eu te passo o número quando puder. — Menti, — agora se me dá licença, eu preciso… encontrar alguém.
— Deve estar procurando o seu noivo, não é? — Ela soltou, — é um pecado ele não estar aqui, ainda mais, por ter abandonado você em um evento tão importante.
Suspirei.
Suspirei e dei um jeito de fazerem os meus lábios se arquearem, do jeito mais social que eu conhecia.
— Ele deve estar ocupado. — Falei mais para mim mesma do que para aquela senhora à minha frente, — agora, eu espero que consiga aproveitar bem o evento. — Respondi ao ir para outra direção, e procurar George em todos os cantos que eu sabia que ele geralmente se enfiava, enquanto eu dava um jeito de ser uma boa anfitriã, e conversar com todos os convidados que chegavam até mim, até chegar em um ponto que eu tinha encontrado literalmente todo mundo, menos o meu noivo!
Bufei.
Eu tentei dar todas as desculpas possíveis para ele quando eu desci as escadas e não o achei, e quando comecei a andar de um lado para o outro que nem uma barata tonta. Também tentei pensar no melhor de George.
"Ele deve ter ido até o toilette", pensei, ou até mesmo, "ele deve ter se escondido, ou pode ter pensando em uma surpresa pra mim, só deve estar…, esperando que eu o encontre."
Só que não tinha mais como ser nenhuma dessas alternativas.
Isso me deixou exausta, os meus pés latejavam de tanto andar, e honestamente? Eu não aguentava mais ficar sorrindo quando tudo o que eu queria… era que o meu noivo estivesse ao meu lado.
"Tudo bem, Claire… ele vai ter uma ótima justificativa…" falei para mim mesma ao procurar qualquer sala que estivesse vazia para me deitar, e quem sabe descansar um pouco, "certeza que aconteceu alguma coisa aí ele não po-..."
— M-mais… mais fundo… ah! — Eu escutei uma mulher gemer assim que abri uma das portas — e para o meu total desprazer — era George, o meu George que estava metendo nela.
Ele estava fodendo uma mulher que não era eu.
Uma que estava de quatro, com o vestido praticamente… jogado no chão.
— Vão demorar muito? — Perguntei, uma das minhas sobrancelhas arqueadas, os olhos azuis de George me encarando com certa surpresa.
— Claire? — Ele tirou o próprio pau da garota, que agora que tinha o seu rosto levantando, e o seu cabelo jogado para trás… eu vi que era uma das minhas amigas.
Vanessa Adams.
Claro… o que mais eu deveria esperar? Porque essa situação já não era clichê o suficiente.
— George, Vanessa. — Soltei com puro desdém, um que era apenas uma máscara já que o meu peito doía, e a vontade de chorar, era avassaladora.
Mas eu ainda era uma LeBlanc.
Eu não ia demonstrar fraqueza para traidores.
— Claire, me escuta…
— O que eu teria para escutar? Que você caiu e o seu pau entrou dentro dela? — A minha voz era carregada de rancor, — que você foi dopado e quando viu estava trepando com ela, talvez? Ou melhor! Você foi enfeitiçado?!
— Pare de brincar, Claire! — Ele aumentou o próprio tom, os olhos dele agora me fuzilando enquanto ele se aproximava, — acha que foi fácil pra mim?
Fácil?
Para ele?
Só podia ser uma piada, certo?
Tinha que ser uma.
— Fácil para você? Sabe como eu me esforcei esse último mês para você só… não ligar e foder com a minha amiga? Fala sério, George! Você disse que estaria lá! Disse que seria a primeira pessoa que eu veria e-...
— Você consegue parar de pensar apenas em si mesma em algum momento?
Os meus olhos se arregalaram.
— Como é?
— Isso mesmo que você ouviu. — Agora o tom de George era frio, seus olhos opacos, — sabe como eu me esforcei? Mesmo vendo a minha noiva dando atenção para qualquer coisa que não fosse eu! Você sempre faz isso, Claire! Você sempre fica focada nos seus projetos, e quando essa porra de baile veio? Estragou tudo ainda mais!
Estragou?
Ele só… podia estar brincando, não é?
Caralho… eu…
Eu tinha que sair dali.
— Claire, nem ouse! — George tentou me impedir, mas eu já tinha conseguido atravessar a porta, indo pelos fundos até o jardim, me esconder que nem um rato covarde.
— Que patético… — funguei, as lágrimas finalmente saindo pelos meus olhos, — eu não acredito nisso, eu… Claire LeBlanc fui traída? Isso só… podia ser uma piada.
Ri da minha desgraça, até eu escutar passos vindo se aproximando.
Merda.
Isso é sério?
"Por favor, que não seja o George." Supliquei do fundo da minha alma, mas… não era ele.
Era na verdade, um homem alto, loiro e que… possuía olhos belos como topázios, junto de uma expressão preocupada em seu semblante.
Bom, ótimo!
Eu tenho poucos minutos de solteira, e é assim que eu me deparo com o primeiro homem bonito que eu encontro.
Parabéns, Claire…
CLAIRE— Você está bem? — Foi a primeira coisa que eu ouvi saindo daqueles lábios rosados, o corpo dele se agachando para ficar na mesma altura que o meu estava, — aqui… você precisa mais do que eu.O loiro me entregou um lenço branco depois de dizer, um que tinha bordados nas bordas, junto a um 'G'.— Obrigada… — agradeci depois de pegar o lenço, para logo me sentir culpada por manchar aquilo com o meu rímel, — me… desculpa por isso…— Tudo bem, tem mais uns… vinte desses em casa. — Ele falou com simplicidade, — mas… o que te fez chorar? Coração partido?Suspirei.— Como adivinhou? — questionei antes de assoar o meu nariz.— Foi apenas um chute. — Ele deu de ombros, — quer desabafar? Eu juro que sou um ótimo ouvinte, e eu também não espalho.Dei de ombros.O que eu tinha a perder naquele ponto?— Eu fui corna. — Falei sem filtro algum, já não ligando muito para as minhas aulas de etiqueta, ou os modos que eu sempre precisava ter em sociedade.Afinal, convenhamos… eu estava com a maq
CLAIRE Aquela boca quente estava chupando o meu peito, os meus dedos se entrelaçando a aqueles fios loiros, o meu corpo se arqueando por querer mais dele enquanto a minha respiração ficava ainda mais ofegante.Porra…Por que aquilo era tão bom? O meu corpo já tinha se arrepiado por completo, e a minha buceta? Ela estava tão molhada, que eu conseguia sentir a minha calcinha encharcada. E quando os dedos dele começaram a brincar comigo, apenas contornando a minha buceta, ameaçando entrar, ameaçando estimular o meu clitóris… eu quase chorei de frustração.— Pare de… me torturar… — falei entre gemidos, apenas para ele trazer o rosto dele até o meu, um sorriso de canto brotando em seu semblante, repleto de malícia.— Eu deveria? — Ele soltou, virando o meu corpo para a parede, — o que eu ganharia com isso? — a voz dele estava próxima a minha orelha naquele momento, beijos começando a serem depositados em minhas costas, uma de suas mãos continuando em meu seio.— Por favor… — choraminguei.
ALEXISAssim que eu despertei, eu apenas senti aquela luz bater nos meus olhos de forma completamente cruel, o meu corpo se virando enquanto eu espreguiçava os braços, a minha mão procurando por aquele corpo delicado, pálido.Mas… não havia ninguém ali.Basicamente, sem sinal de Claire LeBlanc.— Eu fui deixado? — Eu me questionei com puro ultraje tomando conta do meu ser, — logo… eu? — Eu tentava confirmar aquilo comigo mesmo, olhando em volta, vendo se eu não escutava nenhum barulho de chuveiro, contudo… novamente, não tinha nada dela.Pelo menos… até eu ver um recado, que havia escrito com uma letra excessivamente… perfeita.Ele havia sido dobrado ao meio para ficar em pé naquela mesa de cabeceira, a parte da frente com as palavras: “Para o meu querido estranho.” Escrito nele.E sim, eu ainda me encontrava revoltado por ter sido abandonado, mas ao mesmo tempo? Eu não podia negar que aquilo foi um tanto… fofo.— Querido estranho, peço que por favor use a parte dos fundos para ir emb
CLAIRE— Você o que?? — Ethan soltou, o que fez várias pessoas a nossa volta, olhar em direção a nossa mesa, — eu não tô acreditando nisso, eu saio por um tempo dá sua vida e você se mete em um noivado com o merda do Collins, e depois dorme com um loiro qualquer?— Eu fui corna, tá bom? O que você esperava que eu fizesse? — Eu bufei ao dizer, os meus olhos se revirando enquanto eu pegava o meu frapuccino, — ele era loiro, bonito e… tinha aqueles olhos dourados que… céus…— Okay, okay, eu já entendi, não precisa ir muito fundo na sua descrição de rotina, — ele falou com certo mau humor, a sua mão indo até o próprio rosto, — da última vez que você começou com essa, eu descobri até o tamanho do pau do ser humano.Eu dei um sorriso travesso, e Ethan já parecia saber o que o esperava.— Claire, eu te amo, mas… tem coisas que eu não preciso saber, se eu não vou pegar, não me importa. — Ele foi completamente honesto, e eu apenas suspirei.— É difícil quando você não tem o mesmo gosto que o m
Claire LeBlanc Eu estava rindo junto de Ethan quando entramos na minha casa, mas assim que eu vi aqueles cabelos loiros e olhos dourados, — sentado bem no meu sofá…, — a minha cara fechou de modo instantâneo. — Princesinha, seja bem-vinda! — Meu pai dizia entre risos, mesmo com os meus olhos não se desviando daquele loiro em momento algum, — e você também, Ethan. Essa casa ficou vazia sem você. — Eu sei, eu sei. — Ethan falou com aquele tom arrogante, e começou a ir em direção às escadas, — também é bom te ver, mas agora… eu preciso fazer algo que eu sinto muita falta de fazer, que é assaltar o frigobar da Claire. Eu o fuzilei com os olhos, porque além do fato de eu saber que ele realmente não deixaria nada sobrando no meu frigobar, ele também estava me deixando sozinha, por muito provavelmente, ter notado como eu olhei para o ser que estava sentado bem em minha frente. — Você realmente não muda, garoto. — Meu pai logo respondeu, — venha comer conosco depois, está bem?— Sim senho
ALEXIS GALLAGHER Eu continuei conversando com o pai de Claire depois daquele incidente — do qual ela apenas fugiu de mim, e foi até o próprio quarto —, e por mais que eu estivesse conseguindo continuar e até ser coerente naquele diálogo… a minha mente, não saia das expressões de Claire LeBlanc. Aquele rosto corando, me fazia ter que conter o meu sorriso, e a surpresa em seus olhos assim que me viu? Foi algo impagável, junto de claro, a reação que ela teve ao descobrir que eu moraria aqui temporariamente. A minha vida agora… parecia estar tomando mais cor. — Bom, creio que você esteja cansado de olhar para todos esses relatórios, e também de me escutar falando por horas, — o senhor LeBlanc me disse com um bom-humor que era invejável, e também um que eu queria perguntar muito, como ele conseguia adquirir, — venha, eu vou te mostrar o seu quarto de hóspedes, e sobre as suas coisas,,, quer que eu peça para alguém ir buscar as suas malas em sua casa?— Por favor, não precisa se incomoda
George Collins Eu fiquei encarando o meu celular por horas, para ver se Claire tinha a decência de me responder. — Ela não pode me ignorar por tanto tempo! — Fiquei batendo o meu pé repetidas vezes no chão, os meus braços cruzados sobre o peito. — Querido, pare de olhar tanto para esse celular… — Vanessa falou ao pé do meu ouvido, as mãos deslizando pelo meu peito, pelo meu ombro, — isso quer dizer que você está finalmente livre para ficar comigo, isso não é ótimo?Arqueei uma das minhas sobrancelhas ao olhar para aquele rosto que agora estava sem maquiagem nenhuma, com os cabelos ainda bagunçados da noite anterior. — Minha cara, nós já conversamos sobre isso. — Esfreguei o meu rosto com uma das mãos, sentindo estresse tomar conta de mim, — o que temos é um caso que logo acabaria assim que eu casasse com a Claire. — Ah, claro! Porque você acredita mesmo que ela teria mais tempo para você quando se casasse? Pelo amor de deus, George… — ela bufou, — Claire nunca te colocaria em pri
Claire LeBlanc Depois de todo aquele show que George havia feito no jantar, eu me sentei novamente à mesa, sentindo os olhos do meu pai me encarando, como se estivesse esperando a hora certa para perguntar sobre o que tinha sido tudo aquilo, todo aquele alvoroço. A fome quase me abandonou por conta daquilo, porque tudo o que eu conseguia pensar era: como eu vou explicar isso para o meu pai? Se George realmente sentia algo por mim, como pode nem mesmo se perguntar o quão humilhante seria dizer a todos sobre a traição? Ou ele esperava que eu mentisse? Encobrisse? Se ele me questionasse, eu falaria o que? “Então papi, eu fui corna e eu não queria ver o George nem pintado de ouro na minha frente, porque ele ainda me chifrou com a Vanessa, acredita?” Ou “pai, eu posso explicar, é que… eu não estou mais noiva, e o motivo foi um tanto engraçado, sabe, eu vi o George com a minha amiga, cada coisa, né?” Por mais que uma mínima esperança tenha me invadido quando o jantar enfim se encerrou,