ALEXIS
Assim que eu despertei, eu apenas senti aquela luz bater nos meus olhos de forma completamente cruel, o meu corpo se virando enquanto eu espreguiçava os braços, a minha mão procurando por aquele corpo delicado, pálido.
Mas… não havia ninguém ali.
Basicamente, sem sinal de Claire LeBlanc.
— Eu fui deixado? — Eu me questionei com puro ultraje tomando conta do meu ser, — logo… eu? — Eu tentava confirmar aquilo comigo mesmo, olhando em volta, vendo se eu não escutava nenhum barulho de chuveiro, contudo… novamente, não tinha nada dela.
Pelo menos… até eu ver um recado, que havia escrito com uma letra excessivamente… perfeita.
Ele havia sido dobrado ao meio para ficar em pé naquela mesa de cabeceira, a parte da frente com as palavras: “Para o meu querido estranho.” Escrito nele.
E sim, eu ainda me encontrava revoltado por ter sido abandonado, mas ao mesmo tempo? Eu não podia negar que aquilo foi um tanto… fofo.
— Querido estranho, peço que por favor use a parte dos fundos para ir embora entre as 11:00 e 11:20 ou entre as 14:30 e 14: 50 (que é quando ninguém está no quintal e nem passando pelos quartos). Muito obrigada pela noite, beijinhos. — Eu li aquilo em voz alta, e o sentimento de fofura que eu havia sentido antes? Havia ido completamente para as profundezas do inferno.
Eu não acreditava que precisava de um horário para não ser pego, e muito menos, que ela teve a ousadia, de praticamente me dizer que eu não devia ser notado ao sair do seu quarto, e da sua casa.
Eu era um Gallagher.
Eu era o próprio Alexis Gallagher, e ela achou que podia me dizer os horários que eu tinha que me esgueirar? Isso só podia ser brincadeira.
“Isso é tão… adolescente tendo que fugir do quarto da namorada…” Teve uma hora que eu não evitei de comprar em meio a minha desgraça, enquanto eu cogitava a ideia de que tudo aquilo, era apenas uma puta de uma pegadinha do senhor universo.
Contudo, obviamente, não era.
— Bom, acho que eu preciso saber que horas são... — bufei ao dizer, porque mesmo não gostando da ideia de ter que ficar fugindo pelos cantos parecendo um rato, me sobrava o mínimo de cavalheirismo para pelo menos, atender o desejo da mulher que me largou de forma fria, — certo, são exatamente… 11:09.
Suspirei.
Eu tinha sido extremamente sortudo por ter acordado naquele horário, tanto que eu apenas peguei as minhas roupas que haviam sido jogadas naquele tapete felpudo, caçando para ver se eu achava o meu celular, a tela com sorte acendendo, demonstrando que ele ainda tinha bateria — o que era um grande alívio, se não eu não voltaria para casa com dignidade.
De qualquer forma — assim que eu terminei de me arrumar —, eu me vi saindo daquele quarto de forma silenciosa, tentando fazer alarde nenhum, me escondendo toda vez que uma alma viva parecia que ia me ver, ou se aproximar de mim.
Aquilo era ridículo.
Aquilo era hilário para dizer o mínimo.
Porém, o importante era que eu consegui sem ser notado em algum momento, certo? E também que deus — se ele existia — teve piedade o suficiente do meu ser, para fazer com que aquele enorme portão de ferro, estivesse aberto, bem quando eu precisava.
— Missão impossível, concluída. — Soltei junto de um tom sarcástico, o meu celular sendo pego pela minha mão enquanto eu chamava o meu motorista para vir me buscar, e ele respondia com prontidão logo depois.
Respirei fundo.
Agora o que me restava era esperar, esperar e tentar não agir como uma donzela indignada porque foi deixada, depois de ser usada.
CLAIRE
Quando eu acordei, eu vi aquele rosto que parecia ter sido esculpido pelo próprio Apollo, enquanto possuía aquelas mechas loiras caindo por ele, e a pouca luz do sol que batia em seu rosto? Fazia os seus cílios e cabelos brilharem.
Ele não parecia humano.
Ele era bonito demais para ser humano.
— Ai… — eu soltei depois de me mover, o meu corpo inteiro parecendo doer, principalmente as minhas costas, as minhas pernas, — merda…
Eu estava quebrada.
Bom, mas como eu não estaria, ainda mais…
Céus.
O meu rosto corou.
— A única coisa angelical em você, é o seu rostinho… — eu falei ao tirar uma mecha de seus olhos, o que fez ele resmungar, e me fez quase pular da cama.
Mas por sorte, ele não havia acordado.
— Bom, hora de levantar, e… esquecer que isso aconteceu, — eu falei para mim mesma, porque no fim? Era realmente isso que eu tinha que fazer, já que no fim… aquilo havia sido apenas uma noite, uma que eu precisei para desestressar, e uma que… esse loirinho não iria nem mesmo lembrar, até porque… ele era um homem, e homens? Geralmente não ligam para coisas do gênero, certo?
Sendo assim, eu tomei um banho e me preparei para sair dali, com isso me arrumando, colocando os meus brincos enquanto eu torcia de todo o meu coração, para aquele lindo ser que estava na minha cama, não acordasse. Porque eu não sabia se iria conseguir lidar com o diálogo vergonhoso que se seguiria.
Afinal, o que eu diria se ele olhasse para o meu rosto? Bom dia, a foda foi boa? Claro que não!
Mas de qualquer forma, o que aquele loirinho tinha de bonito, ele também parecia possuir de sono pesado, e eu agradeci aos céus por isso. Porque além de ter me arrumado por completo sem ele sequer abrir o olho, eu ainda consegui deixar um recado na mesa de cabeceira.
Eu não sabia qual seria a reação dele ao ler aquilo, mas de qualquer forma… talvez ele tenha escondido da casa de alguém diversas vezes, certo? Sempre diziam que os que tinham cara de anjo, sempre eram os piores, e até mesmo, os mais problemáticos dependendo do caso. Sendo assim… por que no caso desse loirinho, seria diferente?
Bom, de qualquer forma, eu sai do meu quarto depois de me arrumar, e assim que eu estava planejando tomar um café da manhã em uma cafeteria nova que havia aberto perto da minha casa, eu recebi uma mensagem.
Era Ethan.
[Ethan <3]: Adivinha quem voltou para a Inglaterra?
Eu fiquei encarando aquela mensagem por um tempo, porque aquele filho da puta tinha sumido por anos — porque ele me fez a proeza de ser enviado para um reformatório — e do nada, e também no momento que eu mais precisava, voltar pra minha vida.
Parecia até mágica, ou até mesmo… que ele tinha sentido, assim como quando éramos crianças.
[Eu]: Onde você está? Eu vou ai te buscar agora!
[Ethan <3]: Acabei de chegar na frente da sua casa, agora desce!
[Ethan <3]: Eu to morrendo tanto de fome, que eu conseguiria comer um boi!
Admito que eu ri com aquela mensagem, e aquela sensação de nostalgia que me invadia por finalmente poder ver Ethan de novo, não tinha preço.
Tanto que quando eu desci e realmente vi ele no portão da minha casa, eu praticamente pulei nele, e o abracei forte, como eu não fazia a muito tempo.
— Gente, quanto bom humor, o seu namoradinho George tá aí por acaso? — Ele me perguntou, e tudo o que eu consegui fazer, foi corar.
Porque a pessoa que estava no meu quarto agora, poderia ser qualquer um, menos… George Collins.
CLAIRE— Você o que?? — Ethan soltou, o que fez várias pessoas a nossa volta, olhar em direção a nossa mesa, — eu não tô acreditando nisso, eu saio por um tempo dá sua vida e você se mete em um noivado com o merda do Collins, e depois dorme com um loiro qualquer?— Eu fui corna, tá bom? O que você esperava que eu fizesse? — Eu bufei ao dizer, os meus olhos se revirando enquanto eu pegava o meu frapuccino, — ele era loiro, bonito e… tinha aqueles olhos dourados que… céus…— Okay, okay, eu já entendi, não precisa ir muito fundo na sua descrição de rotina, — ele falou com certo mau humor, a sua mão indo até o próprio rosto, — da última vez que você começou com essa, eu descobri até o tamanho do pau do ser humano.Eu dei um sorriso travesso, e Ethan já parecia saber o que o esperava.— Claire, eu te amo, mas… tem coisas que eu não preciso saber, se eu não vou pegar, não me importa. — Ele foi completamente honesto, e eu apenas suspirei.— É difícil quando você não tem o mesmo gosto que o m
Claire LeBlanc Eu estava rindo junto de Ethan quando entramos na minha casa, mas assim que eu vi aqueles cabelos loiros e olhos dourados, — sentado bem no meu sofá…, — a minha cara fechou de modo instantâneo. — Princesinha, seja bem-vinda! — Meu pai dizia entre risos, mesmo com os meus olhos não se desviando daquele loiro em momento algum, — e você também, Ethan. Essa casa ficou vazia sem você. — Eu sei, eu sei. — Ethan falou com aquele tom arrogante, e começou a ir em direção às escadas, — também é bom te ver, mas agora… eu preciso fazer algo que eu sinto muita falta de fazer, que é assaltar o frigobar da Claire. Eu o fuzilei com os olhos, porque além do fato de eu saber que ele realmente não deixaria nada sobrando no meu frigobar, ele também estava me deixando sozinha, por muito provavelmente, ter notado como eu olhei para o ser que estava sentado bem em minha frente. — Você realmente não muda, garoto. — Meu pai logo respondeu, — venha comer conosco depois, está bem?— Sim senho
ALEXIS GALLAGHER Eu continuei conversando com o pai de Claire depois daquele incidente — do qual ela apenas fugiu de mim, e foi até o próprio quarto —, e por mais que eu estivesse conseguindo continuar e até ser coerente naquele diálogo… a minha mente, não saia das expressões de Claire LeBlanc. Aquele rosto corando, me fazia ter que conter o meu sorriso, e a surpresa em seus olhos assim que me viu? Foi algo impagável, junto de claro, a reação que ela teve ao descobrir que eu moraria aqui temporariamente. A minha vida agora… parecia estar tomando mais cor. — Bom, creio que você esteja cansado de olhar para todos esses relatórios, e também de me escutar falando por horas, — o senhor LeBlanc me disse com um bom-humor que era invejável, e também um que eu queria perguntar muito, como ele conseguia adquirir, — venha, eu vou te mostrar o seu quarto de hóspedes, e sobre as suas coisas,,, quer que eu peça para alguém ir buscar as suas malas em sua casa?— Por favor, não precisa se incomoda
George Collins Eu fiquei encarando o meu celular por horas, para ver se Claire tinha a decência de me responder. — Ela não pode me ignorar por tanto tempo! — Fiquei batendo o meu pé repetidas vezes no chão, os meus braços cruzados sobre o peito. — Querido, pare de olhar tanto para esse celular… — Vanessa falou ao pé do meu ouvido, as mãos deslizando pelo meu peito, pelo meu ombro, — isso quer dizer que você está finalmente livre para ficar comigo, isso não é ótimo?Arqueei uma das minhas sobrancelhas ao olhar para aquele rosto que agora estava sem maquiagem nenhuma, com os cabelos ainda bagunçados da noite anterior. — Minha cara, nós já conversamos sobre isso. — Esfreguei o meu rosto com uma das mãos, sentindo estresse tomar conta de mim, — o que temos é um caso que logo acabaria assim que eu casasse com a Claire. — Ah, claro! Porque você acredita mesmo que ela teria mais tempo para você quando se casasse? Pelo amor de deus, George… — ela bufou, — Claire nunca te colocaria em pri
Claire LeBlanc Depois de todo aquele show que George havia feito no jantar, eu me sentei novamente à mesa, sentindo os olhos do meu pai me encarando, como se estivesse esperando a hora certa para perguntar sobre o que tinha sido tudo aquilo, todo aquele alvoroço. A fome quase me abandonou por conta daquilo, porque tudo o que eu conseguia pensar era: como eu vou explicar isso para o meu pai? Se George realmente sentia algo por mim, como pode nem mesmo se perguntar o quão humilhante seria dizer a todos sobre a traição? Ou ele esperava que eu mentisse? Encobrisse? Se ele me questionasse, eu falaria o que? “Então papi, eu fui corna e eu não queria ver o George nem pintado de ouro na minha frente, porque ele ainda me chifrou com a Vanessa, acredita?” Ou “pai, eu posso explicar, é que… eu não estou mais noiva, e o motivo foi um tanto engraçado, sabe, eu vi o George com a minha amiga, cada coisa, né?” Por mais que uma mínima esperança tenha me invadido quando o jantar enfim se encerrou,
Claire LeBlanc Acordei com a minha cabeça latejando por conta das lágrimas que eu tinha derramado antes de dormir, e os meus olhos estavam tão inchados, que até mesmo parecia que eu havia tomado um porre. Eu precisava de água, de muita água. Mas antes, me levantei para ir até o espelho para escovar os dentes, também para ver o estrago em que o meu rosto se encontrava. — Que caminhão te atropelou? — Falei assim que vi o meu reflexo, um que eu mal conseguia reconhecer, — se Ethan descobrir isso, ele com toda certeza vai querer dar na minha cara… Eu já conseguia escutá-lo dizer: “eu não acredito que você chorou a noite inteira por conta desse merda!” Mas… o que eu poderia fazer? Eu deixei tudo ir para fora quando o meu pai foi me consolar, foi me ouvir. Claro, tudo exceto a parte em que eu transei com o cara com quem ele pretendia fechar negócios. Deus. Era melhor que ele não soubesse disso, afinal, tudo aquilo não passava de um caso de uma noite. Não era relevante. Não era algo
GEORGE COLLINSEu tentei de todas as formas contactar a Claire, mas ela não estava nem um pouco disposta a me ver e no fim, eu sabia que tinha um pouco de culpa nisso, só que não ia desistir dela tão fácil assim.Não.Eu a amava demais para deixar ela ir por um erro.Claire era a mulher da minha vida e eu sabia que podia reconquistar ela outra vez, só precisava de um pouco de tempo e claro, do momento certo para fazer ela entender que eu era bom para ela, que era um homem que valia a pena.Eu tinha vacilado por um momento, mas era um erro, e todos cometiam erros, até mesmo ela.Nós seriamos bem mais forte depois de tudo isso, e quando Claire se desse conta, só restariam as memórias felizes.Então, eu me concentrei em encontrá-la, em fazer tudo diferente, e depois que os empecilhos surgiram, só me restou apelar para a saída de emergência. Havia um evento que eu sabia que Claire não poderia ignorar. O baile dos Blanchard e eu usaria ele como minha última carta na manga.Ela tinha citado
CLAIRE LEBLANCUma parte minha ficou em dúvida sobre aceitar a ajuda de Alexis, mas no fim, eu sabia que isso era definitivamente o melhor a fazer. Era isso ou simplesmente aparecer em um dos bailes mais importantes dos últimos tempos, como uma espécie de figurante.Eu tinha dado meu sangue e alma para me preparar para o evento e tudo tinha sido jogado fora, pela traição de George. Meu coração ainda estava dolorido por conta disso, e mesmo depois de ser consolada pelo meu pai, ainda era difícil aceitar o nosso relacionamento como encerrado. Mesmo que eu fosse aquela que disse isso para começo de conversa.Então, quando aceitei o vestido de Alexis, junto das joias, acabei por decidir algo. Eu precisava… dar um fim a coisas que me machucavam ou podiam vir a me machucar no futuro. Eu precisava deixar claro para o mundo, que George Collins e eu, não eramos mais um casal.Vanessa tinha sido uma amiga preciosa para mim, mas dado o fato de que nem ao menos tentou se desculpar depois de tudo