~ADAM~
- Eu não sei por onde começar... – digo, enquanto adoço o copo de suco de laranja na minha frente.
Ainda que não fosse domingo, Kara e eu tínhamos pegado nossas bicicletas, ido passear na orla e depois tomar café da manhã na confeitaria de praxe. Nós tínhamos uma longa conversa pela frente. Uma conversa que não seria fácil. Queria poder fazer aquilo da forma menos dolorosa possível para Kara, por mais que... Por mais que eu achasse que essa forma não existisse.
- Pelo começo... – ela brinca, abrindo um lindo sorriso. Sorriso que eu sabia que logo morreria em seus lábios.
- Ah, sim, claro. Como não pensei nisso? – Brinco de volta. Mas, então, respiro fundo e entro no modo negócios. – Kara, não é uma conversa fácil...
- Imagino que não... - e lá se
~ADAM~Meus passos ecoam pelo mármore imaculadamente branco do chão da cripta, enquanto caminho lentamente para dentro. O choro de Kara era tão alto, tão alto, que eu já tinha ouvido há alguns metros de distância. O que eu não esperava era encontra-la daquele jeito, completamente jogada no chão, encolhida em posição fetal. A garota dos olhos e do coração de gelo. Não tinha nada de gelado nela agora. Estava completamente rendida as suas emoções.– Kara... – digo baixinho, não querendo assustá-la.Mas Kara não responde, não se mexe ou sequer dá algum indício de que tenha notado que não estava mais sozinha.Caminho até ela e me sento no chão, recostando em um banco. Meus olhos rapidamente correm para a foto de Otto, que parece me olhar de volta.“Vo
Eu estava deixando Adam louco. Mas o fato é que eu não ia deixar de viver. Ainda mais agora, sabendo que eu poderia morrer a qualquer momento. Então, eu simplesmente decidi fazer tudo que eu queria. Ia a shoppings, restaurantes, passava horas me divertindo no clube, nas piscinas, bar... Até cheguei a ir em uma balada com as garotas da faculdade, meio que escondida. Eu tinha me comportado, e até me disfarcei para não ser reconhecida. Mas eu não deixei de viver. Por mais que a maior parte do tempo eu tivesse um segurança atrás de mim.Também queria fazer logo o meu testamento. Mas com os recessos de final de ano, eu teria que esperar até o começo de janeiro. Isso me dava tempo para pensar no que fazer. A ideia inicial era deixar todas as minhas ações e boa parte da minha fortuna para Adam e dividir o resto entre algumas pessoas que eu amava e instituições de caridade.
Adam tinha me beijado. Tá, tudo bem, tinha sido só um selinho. Mas tinha sido iniciativa dele. E foi tão... do nada!Depois daquilo, nós apenas continuamos assistindo a queima de fogos e permanecemos na lancha por alguns minutos mesmo depois de tudo acabar. Então, Adam nos levou pra casa. Nós assistimos alguns episódios do reality que ele falou, e eu acabei pegando no sono no sofá. No dia seguinte, acordei deitada na minha cama.– Kara?Nós não tínhamos mais tocado no assunto, mas diferente da vez do elevador, não havia um constrangimento. Pra começar, tinha sido tão... puro e natural. Apesar de claramente termos muito desejo um pelo outro, não teve segundas intenções. Foi só... carinho.– Kara?O problema é que eu sabia que eu precisava andar na linha. Andar na linha com relação a tudo, mas
– Você não manda em mim! – Digo, puxando meu braço. Liam não solta.– É só... uma forte sugestão, Kara... – seu olhar era assustador. – Porque... se você realmente seguir em frente com essa ideia estúpida de querer terminar, eu não vou continuar escondendo do seu tio certas coisas que eu ando escondendo pra... te proteger.– O quê?– Ele me ofereceu uma grana preta, sabia?– Pelo quê?– Informação. Só... informação. E eu tenho informação, Kara.É a minha vez de soltar uma risadinha irônica de incredibilidade.– Então é por isso que você tá comigo? Por dinheiro? Pra vender informação?Ele finalmente solta meu braço, mas me segura pela cintura e me puxa mais para perto. Estou tã
– Kara, você tá me assustando.– Hum?– Para de me olhar assim!Ah, sim. Provavelmente eu estava encarando Luca há um bom tempo, enquanto mordia a borracha da ponta do lápis em minhas mãos. A questão é que eu estava tentando colocar meus pensamentos em ordem, e especialmente depois da conversa frustrada com Liam – e de ter que estar usando as roupas patéticas que ele me fez comprar – eu precisava agilizar as coisas.– Andei olhando seu currículo... – baixo a voz, não quero que as garotas nos escutem.– Sério? – Ele franze a testa pra mim. – Por quê?– É tudo verdade?Ele ri.– Sim, Kara, eu não menti. Nem tem muito lá sobre o que mentir.– Mais ou menos... – digo com sinceridade. – Você é formando em administraç
Acontece que eu tenho o melhor amigo do mundo. Quando Luca percebe que o convite para almoço de Liam está mais para uma imposição do que para um convite de verdade, ele se oferece para vir junto, ao que prontamente eu aceito. Mesmo que Liam tenha tentado fazê-lo desistir ao insinuar que nós iriamos a um restaurante caro do shopping, Luca não se deu por vencido. Eu peguei, de canto de olho, ele dando uma breve olhada no seu saldo bancário pelo aplicativo do celular, provavelmente fazendo contas.– É por minha conta... – sussurro pra ele, enquanto andávamos pelo corredor do escritório.– Não posso aceitar...– Então é por conta da Milani!Quando chegamos ao hall de entrada, minha sombra está parada lá, esperando por mim.– Esse cara realmente tem que ficar nos seguindo? – Liam reclama. Ele já tinha
– Que merda foi aquela, Kara? – O tom de voz de Liam sai elevado.– Vai ter que ser mais específico... – digo com um pouquinho de ironia, apesar de estar com medo dele. – Aparentemente eu faço muita merda.– É, VOCÊ FAZ! – Ele grita, enquanto passa as mãos pelos cabelos nervosamente. – Você passou o Natal na casa do Benatti!– Passei... – confirmo, mesmo que Liam tenha feito uma acusação e não uma pergunta.– E me disse que ia passa com a família da sua amiga.– Disse... – confirmo novamente.– E POR QUE PORRA VOCÊ FEZ ISSO? – Ele me segura pelo braço, nervoso.– PARA! – Eu grito de volta, tentando me esquivar. – Você tá me machucando! – Minha voz soa tremula quando eu tento controlar o medo que crescia dentro de mim. – Por
Lilly chorava silenciosamente na minha frente, o copo de café em sua mão tremendo tanto que podia cair no chão a qualquer momento.– Achei que você deveria saber – digo, meu tom seco tentando esconder minhas próprias emoções.Lilly tinha voltado de viagem de Londres em meados de janeiro. Eu já tinha enviado uma mensagem para ela falando que precisávamos conversar, logo quando Adam me contou toda a verdade. Então, assim que chegou no Brasil ela me procurou. Marcamos em uma cafeteria do shopping perto do escritório.Ela estica uma das mãos para frente e segura a minha mão.– Como você está?Balanço a cabeça negativamente enquanto tento entender meus próprios sentimentos.– Com medo – admito. – Que eu possa ser a próxima. E... aliviada – consigo dizer em voz alta. – Po