Nossas risadas somadas ecoam por onde passamos, enquanto jogamos conversa fora ao pedalar de volta para a cede da fazenda. Mas meu sorriso congela no rosto quando nos aproximamos da grande varanda, que toma conta de toda a frente do casarão, e eu consigo identificar Isabelli sentada ao lado de uma outra mulher. Giovanna.
Nós encostamos as bicicletas na parede e subimos os degraus em direção a varanda.
- Adam, oi! – Giovanna se levanta correndo para abraçá-lo. Ela não é nada discreta ao correr os olhos pelo peito exposto dele.
Isabelli também se levanta e vem na direção do irmão. Ela arranca a camisa que ele mantinha pendurada no ombro e entrega na mão dele.
- Acho que você vai querer vestir isso... – diz, sem nenhum constrangimento. Então, ela segura minha mão e sai me puxando em direção a casa. – Vem!
Eu me
~ADAM~O barulho de conversas e risadas me fazem entrar no casarão pela porta da cozinha. Kara estava sentada à mesa com Isabelli, mexendo alguma coisa em um bowl. Já minha mãe, verificava um preparo no formo.- Que cheiro delicioso! – Elogio.Kara, que estava de costas, se vira pra mim com um sorriso enorme no rosto.- Eu fiz pudim! De verdade!A forma que ela diz é tão engraçada que preciso conter a vontade de cair na risada. Se eu fizesse isso, ela podia achar que eu estava minimizando a sua conquista, o que não era o caso.- Posso provar? – Pergunto.- Nem pensar! – A resposta vem da minha mãe. – Faça alguma coisa útil e descasque aquelas batatas!- Eu adoraria, mamma... – Minto. – Mas prometi que levaria a Kara para ver como acontece a torra dos grãos de café. Mas não se preocupe, v
Adam tinha ocupado todo o meu dia de uma forma tão agradável que eu quase não tinha me permitido pensar que era véspera de Natal. Quero dizer, é claro que eu sabia que era dia vinte e quatro de dezembro, mas até então eu não tinha tempo de ter sido atingida pelo significado daquilo.Adam e eu tínhamos continuado passeando pela fazenda. Ele me mostrou cada cantinho, e depois passamos um tempo na piscina com Isabelli e André. Quase no finalzinho da tarde, voltamos para o chalé. Logo, já seria hora de nos arrumarmos para a ceia e como eu demoraria mais, Adam disse que eu fosse tomar meu banho na frente.Acontece, que quando eu saí do banheiro e Adam foi tomar seu banho, eu me senti sozinha pela primeira vez no dia. E aí... eu fui arrebatada para um lugar no qual eu não queria estar. Sem ao menos me trocar ou secar os cabelos, me atirei na cama e as lágrimas n&at
Depois de todo o tempo que perdi, me apresei um pouco para me arrumar, então, cerca de meia hora depois, eu estava pronta, me analisando no espelho em meu vestido tubinho vermelho, saltos altos e maquiagem leve.- Oi... – ouço a voz de Isabelli do lado de fora do quarto. Ela já estava há alguns minutos conversando com Adam na sala. – Posso entrar?- Claro!- Bonitos saltos! – Ela elogia, indo sentar-se na minha cama.- Obrigada!- Uma hora você poderia me ensinar a usar...? – Pede. – Quero dizer, aqui na fazenda nunca tive muita oportunidade, mas se eu for estudar no Rio...Eu rio.- Todo mundo usa chinelo por lá!- Menos você!- Er… gosto de saltos! – Admito. – Quanto você calça?- Trinta e sete.- Ah, perfeito! – Eu imaginei que calçássemos um número parecido já qu
Era estranho estar tão cansada e ao mesmo tempo não conseguir pregar os olhos. Pela primeira vez, ali na fazenda, a cama estava me incomodando, os lençóis estavam me incomodando, o calor estava em incomodando... Então, eu simplesmente decidi não esperar pelo sol para me acordar e me levantei.Caminhei pé ante pé até o quarto de Adam e espiei pelo vão da porta entre aberta. Ele estava completamente apagado. Os cabelos bagunçados... Os lábios levemente entreabertos... O peito nu subindo e descendo tranquilamente no ritmo da sua respiração... Ele era tão perfeito que apenas observá-lo chegava a doer.Decido não esperar por Adam acordar e envio uma mensagem avisando que estaria no casarão.- Bom dia, querida – senhora Giulia já estava na cozinha, empenhada na função de lavar a louça da noite anterior. –
~KARA~- Isa, oi! Bom dia! – Digo constrangida, me afastando de Adam tão rápido quanto ele me solta.- Bom dia... – ela responde, com um sorrisinho no rosto. – É que o Henrique e Fernanda vão embora depois do almoço, e ele queria conversar com a gente antes – diz para Adam.- Desço em um minuto – Adam diz. – Vá na frente.- Ah, eu vou sim... – ela não contém a risada.- Vai ser rapidinho... – ele me garante. – Não vou deixar que Henrique fique falando de trabalho em pleno Natal.- Acho que ele puxou isso de você... – eu rio.- Vá se trocar. Podemos dar um passeio de bicicleta e um mergulho no lago mais tarde, se quiser.- Eu quero... – digo. – Te espero no chalé.E nós fazemos isso. Dessa vez, Adam me leva por um caminho diferente, passando por alguns cas
~KARA~Tudo bem. Sexo era normal. Se tocar era normal. E sinceramente, se alguém tinha sido invasivo era Adam, que entrou no quarto se bater.Eu tinha repetido mentalmente esse mantra durante quase toda a noite anterior, tentando me convencer de que não havia motivos para eu ficar constrangida na frente de Adam. Por sorte, nós tínhamos passado quase todos os momentos acompanhados. Jantamos com sua família, conversamos e depois dormimos. E hoje pela manhã, tomamos café e nos despedimos.O problema estava sendo agora, que estávamos precisando nos manter sentados lado a lado, no helicóptero, enquanto fazíamos nossa viagem de volta para casa. Por sorte, Adam e eu parecíamos ser igualmente bons e ignorar os momentos constrangedores entre nós, por mais que isso levasse a um silêncio que era quase tão constrangedor quanto.- Obrigada, Adam... – digo, quando pou
~ADAM~- Eu não sei por onde começar... – digo, enquanto adoço o copo de suco de laranja na minha frente.Ainda que não fosse domingo, Kara e eu tínhamos pegado nossas bicicletas, ido passear na orla e depois tomar café da manhã na confeitaria de praxe. Nós tínhamos uma longa conversa pela frente. Uma conversa que não seria fácil. Queria poder fazer aquilo da forma menos dolorosa possível para Kara, por mais que... Por mais que eu achasse que essa forma não existisse.- Pelo começo... – ela brinca, abrindo um lindo sorriso. Sorriso que eu sabia que logo morreria em seus lábios.- Ah, sim, claro. Como não pensei nisso? – Brinco de volta. Mas, então, respiro fundo e entro no modo negócios. – Kara, não é uma conversa fácil...- Imagino que não... - e lá se
~ADAM~Meus passos ecoam pelo mármore imaculadamente branco do chão da cripta, enquanto caminho lentamente para dentro. O choro de Kara era tão alto, tão alto, que eu já tinha ouvido há alguns metros de distância. O que eu não esperava era encontra-la daquele jeito, completamente jogada no chão, encolhida em posição fetal. A garota dos olhos e do coração de gelo. Não tinha nada de gelado nela agora. Estava completamente rendida as suas emoções.– Kara... – digo baixinho, não querendo assustá-la.Mas Kara não responde, não se mexe ou sequer dá algum indício de que tenha notado que não estava mais sozinha.Caminho até ela e me sento no chão, recostando em um banco. Meus olhos rapidamente correm para a foto de Otto, que parece me olhar de volta.“Vo