Depois de todo o tempo que perdi, me apresei um pouco para me arrumar, então, cerca de meia hora depois, eu estava pronta, me analisando no espelho em meu vestido tubinho vermelho, saltos altos e maquiagem leve.
- Oi... – ouço a voz de Isabelli do lado de fora do quarto. Ela já estava há alguns minutos conversando com Adam na sala. – Posso entrar?
- Claro!
- Bonitos saltos! – Ela elogia, indo sentar-se na minha cama.
- Obrigada!
- Uma hora você poderia me ensinar a usar...? – Pede. – Quero dizer, aqui na fazenda nunca tive muita oportunidade, mas se eu for estudar no Rio...
Eu rio.
- Todo mundo usa chinelo por lá!
- Menos você!
- Er… gosto de saltos! – Admito. – Quanto você calça?
- Trinta e sete.
- Ah, perfeito! – Eu imaginei que calçássemos um número parecido já qu
Era estranho estar tão cansada e ao mesmo tempo não conseguir pregar os olhos. Pela primeira vez, ali na fazenda, a cama estava me incomodando, os lençóis estavam me incomodando, o calor estava em incomodando... Então, eu simplesmente decidi não esperar pelo sol para me acordar e me levantei.Caminhei pé ante pé até o quarto de Adam e espiei pelo vão da porta entre aberta. Ele estava completamente apagado. Os cabelos bagunçados... Os lábios levemente entreabertos... O peito nu subindo e descendo tranquilamente no ritmo da sua respiração... Ele era tão perfeito que apenas observá-lo chegava a doer.Decido não esperar por Adam acordar e envio uma mensagem avisando que estaria no casarão.- Bom dia, querida – senhora Giulia já estava na cozinha, empenhada na função de lavar a louça da noite anterior. –
~KARA~- Isa, oi! Bom dia! – Digo constrangida, me afastando de Adam tão rápido quanto ele me solta.- Bom dia... – ela responde, com um sorrisinho no rosto. – É que o Henrique e Fernanda vão embora depois do almoço, e ele queria conversar com a gente antes – diz para Adam.- Desço em um minuto – Adam diz. – Vá na frente.- Ah, eu vou sim... – ela não contém a risada.- Vai ser rapidinho... – ele me garante. – Não vou deixar que Henrique fique falando de trabalho em pleno Natal.- Acho que ele puxou isso de você... – eu rio.- Vá se trocar. Podemos dar um passeio de bicicleta e um mergulho no lago mais tarde, se quiser.- Eu quero... – digo. – Te espero no chalé.E nós fazemos isso. Dessa vez, Adam me leva por um caminho diferente, passando por alguns cas
~KARA~Tudo bem. Sexo era normal. Se tocar era normal. E sinceramente, se alguém tinha sido invasivo era Adam, que entrou no quarto se bater.Eu tinha repetido mentalmente esse mantra durante quase toda a noite anterior, tentando me convencer de que não havia motivos para eu ficar constrangida na frente de Adam. Por sorte, nós tínhamos passado quase todos os momentos acompanhados. Jantamos com sua família, conversamos e depois dormimos. E hoje pela manhã, tomamos café e nos despedimos.O problema estava sendo agora, que estávamos precisando nos manter sentados lado a lado, no helicóptero, enquanto fazíamos nossa viagem de volta para casa. Por sorte, Adam e eu parecíamos ser igualmente bons e ignorar os momentos constrangedores entre nós, por mais que isso levasse a um silêncio que era quase tão constrangedor quanto.- Obrigada, Adam... – digo, quando pou
~ADAM~- Eu não sei por onde começar... – digo, enquanto adoço o copo de suco de laranja na minha frente.Ainda que não fosse domingo, Kara e eu tínhamos pegado nossas bicicletas, ido passear na orla e depois tomar café da manhã na confeitaria de praxe. Nós tínhamos uma longa conversa pela frente. Uma conversa que não seria fácil. Queria poder fazer aquilo da forma menos dolorosa possível para Kara, por mais que... Por mais que eu achasse que essa forma não existisse.- Pelo começo... – ela brinca, abrindo um lindo sorriso. Sorriso que eu sabia que logo morreria em seus lábios.- Ah, sim, claro. Como não pensei nisso? – Brinco de volta. Mas, então, respiro fundo e entro no modo negócios. – Kara, não é uma conversa fácil...- Imagino que não... - e lá se
~ADAM~Meus passos ecoam pelo mármore imaculadamente branco do chão da cripta, enquanto caminho lentamente para dentro. O choro de Kara era tão alto, tão alto, que eu já tinha ouvido há alguns metros de distância. O que eu não esperava era encontra-la daquele jeito, completamente jogada no chão, encolhida em posição fetal. A garota dos olhos e do coração de gelo. Não tinha nada de gelado nela agora. Estava completamente rendida as suas emoções.– Kara... – digo baixinho, não querendo assustá-la.Mas Kara não responde, não se mexe ou sequer dá algum indício de que tenha notado que não estava mais sozinha.Caminho até ela e me sento no chão, recostando em um banco. Meus olhos rapidamente correm para a foto de Otto, que parece me olhar de volta.“Vo
Eu estava deixando Adam louco. Mas o fato é que eu não ia deixar de viver. Ainda mais agora, sabendo que eu poderia morrer a qualquer momento. Então, eu simplesmente decidi fazer tudo que eu queria. Ia a shoppings, restaurantes, passava horas me divertindo no clube, nas piscinas, bar... Até cheguei a ir em uma balada com as garotas da faculdade, meio que escondida. Eu tinha me comportado, e até me disfarcei para não ser reconhecida. Mas eu não deixei de viver. Por mais que a maior parte do tempo eu tivesse um segurança atrás de mim.Também queria fazer logo o meu testamento. Mas com os recessos de final de ano, eu teria que esperar até o começo de janeiro. Isso me dava tempo para pensar no que fazer. A ideia inicial era deixar todas as minhas ações e boa parte da minha fortuna para Adam e dividir o resto entre algumas pessoas que eu amava e instituições de caridade.
Adam tinha me beijado. Tá, tudo bem, tinha sido só um selinho. Mas tinha sido iniciativa dele. E foi tão... do nada!Depois daquilo, nós apenas continuamos assistindo a queima de fogos e permanecemos na lancha por alguns minutos mesmo depois de tudo acabar. Então, Adam nos levou pra casa. Nós assistimos alguns episódios do reality que ele falou, e eu acabei pegando no sono no sofá. No dia seguinte, acordei deitada na minha cama.– Kara?Nós não tínhamos mais tocado no assunto, mas diferente da vez do elevador, não havia um constrangimento. Pra começar, tinha sido tão... puro e natural. Apesar de claramente termos muito desejo um pelo outro, não teve segundas intenções. Foi só... carinho.– Kara?O problema é que eu sabia que eu precisava andar na linha. Andar na linha com relação a tudo, mas
– Você não manda em mim! – Digo, puxando meu braço. Liam não solta.– É só... uma forte sugestão, Kara... – seu olhar era assustador. – Porque... se você realmente seguir em frente com essa ideia estúpida de querer terminar, eu não vou continuar escondendo do seu tio certas coisas que eu ando escondendo pra... te proteger.– O quê?– Ele me ofereceu uma grana preta, sabia?– Pelo quê?– Informação. Só... informação. E eu tenho informação, Kara.É a minha vez de soltar uma risadinha irônica de incredibilidade.– Então é por isso que você tá comigo? Por dinheiro? Pra vender informação?Ele finalmente solta meu braço, mas me segura pela cintura e me puxa mais para perto. Estou tã