Meu sorriso morreu instantaneamente. Alessandro Rossi, meu tio, vinha se aproximando lentamente, com um sorriso polido no rosto e uma postura elegante.
- Kara, querida, que surpresa te ver por aqui! – Diz, em um tom cadenciado.
- É a festa de confraternização da Milani, onde mais eu estaria?
- É verdade, é verdade – ele parece forçar uma risada. – Como você está?
- Bem, obrigada – busco soar tão polida quanto ele. – E você?
- Nada mal... Sempre muito ocupado, você sabe.
Na verdade, eu não sabia. O que tio Alessandro fazia além de viver dos lucros que suas ações da Milani lhe davam? Talvez administrar alguns investimentos, se ele fosse esperto, mas... Ele não trabalhava em nada, trabalhava? Não tinha motivos para tentar se passar por um homem de negócios que vivia sempre ocupado só por
Acontece, que o que eu mais queria também era me ver fora daquele vestido. Então, quando voltamos para o meu apartamento, eu nem me dei ao trabalho de mostrar o lugar a Liam. Apenas mostrei onde era o banheiro do quarto de hóspedes enquanto fui para meu próprio quarto tomar um banho – nem fodendo eu estava no clima de ficar de chameguinho enquanto tomávamos banho juntos.Quando Liam entra pela porta do meu quarto, eu já estava embaixo das cobertas, com a tv ligada, fingindo estar completamente concentrada no filme que passava em um canal qualquer de tv aberta. Liam, não se sente intimidado ao deitar ao meu lado.- Sabe, eu meio que odeio essas festas – ele diz. – Meu pai sempre obrigava a mim e ao meu irmão a irmos em todos os eventos sociais que envolvessem as famílias renomadas lá da nossa região, desde pequenos. Era um saco! Acho que peguei trauma.Eu rio, porque en
~ADAM~Quando entrei na delegacia, não demorei a identificar Kara, sentada à uma mesa no fundo. Se eu bem a conhecia – e eu achava que já a conhecia o suficiente – o sorriso em seu rosto e jeito como ela inclinava o corpo deixava claro que ela estava flertando com o policial a sua frente.- Kara? – Eu chamo sua atenção, me aproximando.- Ah, oi, tutor! – Ela vira o sorriso cheio de dentes na minha direção. Estava segurando uma bolsa de água próxima a nuca, provavelmente tentando anestesiar alguma dor. O que me leva a perguntar: - Você tá bem?- Eu tô ótima! Já a sua namoradinha... – ela faz uma careta irônica – nem tanto.- Kara... – eu respiro fundo e me sento na cadeira ao seu lado. – O que exatamente aconteceu?- Aconteceu que ela é louca. Me agrediu do nada no meio da rua... –
Quanto Adam veio falar comigo, na manhã seguinte, eu estava tomando café da manhã no bar da piscina do Milani. Eu achei que ele teria vindo conversar ainda na noite de ontem, mas uma rápida olhada em suas roupas – as mesmas que usava na delegacia – denuncia que ele passou a noite fora. Com Michelle. Isso já me coloca completamente em modo defensivo quando ele se senta a minha frente na mesa.- Como você está? – Pergunta, roubando algumas uvas do meu prato.- Isso depende. Quais as chances de você ter deixado ela passar a noite atrás das grades?- Você sabe que eu não teria feito isso...- Claro que não... – reviro os olhos. – Ao invés disso você dormiu com ela... – aponto com a cabeça para suas roupas.Adam não responde a acusação.- O que aconteceu, Kara? Ela me contou a versão
~ADAM~- Ahhhh!Mal tinha adentrado no apartamento quando o grito de Kara vindo da cozinha me faz correr naquela direção. A cena é um tanto bizarra. Não por Kara estar debruçada no balcão com dois dedos na boca e os olhos vermelhos. Não pelo cheiro de queimado vindo do forno. Não pela bagunça na qual aquele lugar se encontrava. Mas pelo simples fato de Kara estar na cozinha. Se alguém me falasse que todos os eletrodomésticos ali eram de enfeite, eu não teria duvidado até aquele momento. Nós sempre usávamos o restaurante ou o serviço 24 horas do hotel.- O que você tá fazendo? – Olho para ela com muita curiosidade.- O biscoito me queimou e então eu o queimei de volta.Eu não contenho uma risada enquanto vou até a geladeira pegar uma bolsa de gelo para ela.- Tenho certeza de que aconteceu exa
- Deixa eu arrumar isso para você... – Adam pega o celular novo da minha mão e começa a configurá-lo para mim.Nós estávamos no helicóptero, voando para a cidade do interior onde os pais dele moravam. Apesar de eu me sentir mais confortável assim do que fazendo uma viagem longa de carro, o tempo estava chuvoso e nublado lá fora, o que nunca era uma combinação agradável para voar de helicóptero.- Não posso restaurar seu backup... – ele diz. – No máximo a lista de contatos. Mas você pode reinstalar tudo depois.- Qual o problema com o meu backup?- Não sei até onde podem ter ido ao hackear seu celular.Era a primeira vez que Adam falava daquilo em alto e bom tom. O quê me traz uma compreensão repentina.- Foi por isso que você me deu o celular! – Digo.Ele disse que troco
~ADAM~Eu ainda me surpreendia com como Kara era a pessoa mais adorável do mundo. Quando ela queria ser. Seu sorriso doce, seu olhar interessado, sua fala suave... Ela nem de longe parecia a garota dos vídeos que vazavam nas páginas de fofoca ou a felina implacável que conseguia o que queria, custasse o que custasse. Kara era quase... tímida.- Acha que eles vão gostar de mim? – Ela pergunta, praticamente se escondendo atrás do meu corpo enquanto entrávamos na grande sala da cede da fazenda. Kara estava tendo sérios problemas para caminhar com seus saltos finos no chão de terra fofa, e se apoiava no meu braço com uma das mãos enquanto segurava firmemente o pote com os biscoitos com a outra.- Depende de qual versão sua eles vão conhecer... – eu brinco, fazendo-a rir.- A fofa? – Ela sugere.- É uma boa opção. &nda
~KARA~- Você tá pegando? – Ouço André perguntar para Adam.- O quê? – Adam estranha a pergunta repentina, percebo pelo seu tom de voz.O chalé era uma construção rústica, de madeira, um pouco afastada da casa principal e também estava completamente decorado para o Natal. Enquanto viemos caminhando por um caminho de terra que era ótimo para afundar meus saltos, Adam me explicou que eles tinham construído para poder receber visitas, eventualmente. Tinha dois quartos, um banheiro e uma pequena sala. A cozinha até que era bem equipada, com fogão, forno elétrico, micro-ondas, uma geladeira e um pequeno armário com alguns quitutes.Enquanto eu arrumava minhas coisas no quarto que tinha sido designado a mim, com a porta entreaberta, eu conseguia ouvir perfeitamente os dois irmãos conversando na sala.- A Kara. Voc
Nós nos reunimos para almoçar ao redor da grande mesa da cozinha. Além da senhora Giulia e de André, também estavam presentes o senhor Genaro Benatti, pai de Adam, e Isabelli, a irmã mais nova.Senhor Genaro era extremamente falante e sociável. Quando ele soube que minha família também era parte italiana, logo tratou de contar da sua infância na Itália, falar da sua cidadezinha natal e ficou extremamente contente quando eu disse que já tinha estado lá uma vez e tinha achado adorável.Isabelli era mais contida. Ela tinha vinte e um anos, e eu fiquei feliz em saber que talvez fosse alguém com quem eu pudesse me conectar mais facilmente, já que tínhamos idades parecidas. Mas ela pouco falava, apesar de ter pegado ela me olhando de canto de olho algumas vezes.Adam ainda tinha um irmão, o Henrique, que tinha vinte e sete anos. Henrique era cas