Percebi que estava exausta quando notei que havia dormido só após acordar com os raios de sol refletidos pela janela. Olhei para a mesa do quarto e lá estava a comida, gentilmente posta.— Deve ser pedir demais destreza para comer com garfo e faca na forma lupina, não é? — comentei enquanto me aproximava, pensando em como enfrentar essa tarefa.Ironizando a situação, devorei o café da manhã. Odiava a forma em que me encontrava, mas sabia que precisava ficar forte. Tinha que descobrir onde o Conan estava sendo mantido, elaborar um plano de resgate, recuperá-lo e fugir daquela loucura! Estava decidida a encontrar as bruxas reclusas, talvez elas pudessem me ajudar a quebrar a maldição... Era minha última esperança.Foi então que percebi que a porta se abria.— Você não bate antes de entrar? — questionei o Alfa mau encarado que estava diante de mim.— A cabana é minha, por que eu deveria bater?! — respondeu ele de forma grosseira. — Decidiu comer?— Claro, não quero arriscar te aborrecer
- Está bem, não precisa de ameaças - encarei-o com firmeza. - É só pegar impulso e saltar, certo? Sou uma loba. - Fechei os olhos, mergulhando na meditação que me permitia conectar-me com a nova forma lupina que havia me sido concedida.- Respire fundo - instruiu o Alfa com serenidade. - Quando abrir os olhos, quero que observe cuidadosamente o terreno à sua frente. Em seguida, pegue impulso correndo e salte com as patas traseiras quando estiver na beirada; mantenha as da frente dobradas no ar.- E como faço para aterrar? - Perguntei ainda de olhos fechados, a incerteza palpável em minha voz.- Instinto! - Ele respondeu com um tom divertido, fazendo com que eu arregalasse os olhos com preocupação.- Instinto? Essa é a sua instrução? - Indaguei, incrédula.- Sim, você é um animal agora, uma loba. Seus instintos vão orientá-la no que fazer. Mentalize seu salto e aterrissagem. - Ele insistiu com convicção.Dei um grunhido baixo de insatisfação e, em seguida, fechei os olhos novamente. Me
O lobisomem de pelagem prateada e olhos azuis ergueu a cabeça na minha direção.- Você precisa concentrar a energia do seu corpo e se conectar com sua loba interior - Ele orientou. - Imagine seus músculos relaxados, sua pelagem retornando à sua textura original e suas garras se retraindo para dentro da pele.Observando suas palavras, uma sensação de angústia me tomou. Imaginar as garras que antes haviam rasgado minha carne recuando para dentro de mim era perturbador. Como se lesse minha mente, ele proferiu:- Ruf... você não pode permitir que o medo da dor domine você - o lobo rugiu de maneira rude, fazendo-me encolher. - Ter medo da dor é o mesmo que temer a própria vida. Não se concentre na possibilidade da dor, concentre-se em quem ou no que você realmente deseja ser. - Ele se aproximou ainda mais, encostando o focinho em meu rosto como uma carícia singular e esfregou suavemente ao longo do meu corpo. - Você sente isso?Voltei meus olhos para os dele, que estavam próximos dos meus
- Eu, eu não havia pensado sobre isto! – Confessei constrangida adentrando na água.Olhei o homem de cima a baixo avaliando que ele também se encontrava nu a minha frente, sem vergonha alguma, apesar de suas cicatrizes no peito que iam até o abdômen marcado, seu corpo era proporcional harmonioso, o que significa que os ombros não eram excessivamente largos em relação à cintura e ao quadril, continha músculos bem definidos, mas não exageradamente musculoso. O abdômen era definido, peitorais tonificados e braços musculosos, mas não excessivamente volumosos, sua pele era lisa com uma barba por fazer, altura média a alta e uma estrutura óssea bem definida era bem atraente. Seus Cabelos bem cuidados, seu rosto estampava um sutil sorriso genuíno, percorri meus olhos até chegar em sua intimidade, estava exuberante ereta!- Eu deveria ficar envergonhado com a forma como você está me olhando agora? – Ele provocou, com um sorriso malicioso no rosto.Mordi os lábios, sentindo-me envergonhada.-
- Mas eu me transformei em humana... – Contestou, confusa com a mudança de rumo – Não era isso que você desejava?- Você precisa dominar a transformação; terá que voltar à sua forma lupina!- O que? Por que eu retornaria à forma de uma loba? – Levantei-me abruptamente, sentindo as fisgadas agudas em meu estômago.Ele pareceu perceber minha aflição e virou-se na minha direção.- Não é uma escolha, seu corpo já está emitindo sinais de que retornará à forma lupina. – O alfa explicou com brusquidão – Você aprenderá a controlar as transformações e terá domínio sobre suas diferentes formas.- Poderei permanecer na forma humana para sempre? – Sorri esperançosa diante da ideia.- Não! – Ele exclamou com veemência – Por que ficaria em uma forma tão frágil e vulnerável?- Há poucos minutos, você não achava minha forma patética – Provoquei, irritada com a incoerência.Um sorriso fugiu de seus lábios.- Não se iluda, humana... Minhas intenções são puramente carnais e instintivas, guiadas pelo des
Você sabia que era apenas um filhote, não sabia? – Minha voz tremia de tristeza. Minhas palavras saíram em sussurros carregados de pesar, como se tentassem aliviar o fardo que pesava sobre mim.- Sabia. – Ele respondeu com calma, revelando uma frieza que me fez arrepiar. Sua voz era um eco vazio de emoção, uma confirmação brutal da crueldade da situação.- VOCÊ É UM MONSTRO, ME FEZ MATAR UM FILHOTE! – Berrei, sentindo uma onda avassaladora de ódio percorrer minhas veias. Minhas palavras explodiram em raiva, ecoando pela floresta escura como um grito desesperado.- Não a fiz matar, você escolheu matá-lo por suas próprias razões. Lembre-se disso, humana! – Sua postura impiedosa trouxe à tona a dolorosa realidade de que tudo o que ele fizera fora com o propósito de me transformar em um monstro como ele. Suas palavras eram como adagas afiadas, perfurando meu coração com a verdade amarga.- Você não tem compaixão por nada? – Solucei enquanto entoava uma suave melodia em homenagem ao filhot
- Sim - confirmou ele. - Eu me perguntava como alguém que estava doente daquela forma conseguia viver tão intensamente, sem medo, sem leis, sem pressão. Ela simplesmente vivia.Sorri entre as presas, lembrando-me do jeito extrovertido de minha irmã. Agatha era a pessoa mais cheia de energia que eu conhecia, intensa em tudo o que fazia, dedicando-se de corpo e alma ao que queria...- Então, você se apaixonou? - Precisava perguntar, já ciente da resposta que se revelava claramente em seus olhos.- Era uma paixão proibida, meu beta Oliver já havia me alertado sobre a ira dos Deuses. No entanto, como o Alfa mais forte das alcateias, me sentia acima das divindades, e como poderia temê-las?! – Um lampejo de orgulho e arrependimento atravessou o olhar do Lycan.- Você é realmente destemido! – Brinquei, tentando aliviar o clima.- Talvez eu seja, humana... - Ele virou seu focinho e esfregou a cabeça em mim, empurrando-me suavemente para dentro da cabana.- Você não vai continuar essa história
Chegamos a um vilarejo tranquilo próximo das majestosas montanhas e da exuberante floresta, situado nas profundezas do interior da cidade de Aurora, no Colorado. O local era verdadeiramente deslumbrante, e pude perceber o suave aroma do rio que corria nas proximidades, enquanto avançava lentamente, explorando cada recanto daquele paraíso natural.À medida que adentrávamos mais profundamente no vilarejo, notei a aproximação de diversos lobos, que começaram a sussurrar entre si. Uma loba de pelagem resplandecente tomou a palavra:- Ela é uma híbrida! O que o Alfa está fazendo com uma criatura amaldiçoada?Um lobo de voz rouca e imponente respondeu:- Após isso, seremos todos considerados amaldiçoados, pois a Deusa não nos perdoará.Outro lobo, menor em estatura, juntou-se ao grupo e questionou:- Será que a fera roubou a lucidez de nosso rei?Me encolhi, seguindo o Lycan à minha frente, que parecia não se incomodar com os murmúrios de seu povo. No centro com uma imponente pedra, atraiu