Percebi estarmos voltando ao meu quarto à medida que reconhecia a decoração dos corredores a qual estávamos percorrendo naquele momento. Nossos braços estavam enlaçados e andávamos calmamente. Fiquei pensando nos olhos penetrantes do príncipe Matthew e da maneira como ele ainda me encarava enquanto eu me afastava do salão de jantar.
— Senhor...ita, se me permite dizer, nunca vi o príncipe tão vidrado em alguém.
Encolho os ombros. Da mesma forma, ninguém tinha me encarado daquele jeito. Era quase assustador e bastante perturbador. Entretanto, decidi guardar os comentários negativos apenas para mim mesma. Ou ao menos parte deles:
— Foi meio estranho — confesso.
Apoiei meu corpo na parede enquanto ouvia mais palavras sendo pronunciadas por aquela mulher. A princesa Marilene.O que ela faz aqui?, a pergunta invadiu minha mente de imediato e internamente eu desejava que pudesse obter alguma resposta.Eu pensava que homens e mulheres não podiam manter contato dessa forma, fui raciocinando. E pelo tom de voz, os dois não pareciam querer se matar no momento.Com os dedos trêmulos, coloquei o colar novamente no pescoço, voltando à minha forma humana. Tinha a sorte daquele corredor não estar movimentado no momento. Se estivesse certa, apenas os dois estavam por ali. O corredor era mais escuro que os demais e suas vozes pareciam meio emboladas. Não sabia ao certo o motivo visto que não estava tão longe assim dos dois.
Quando o Edwin retornou, não tocamos no assunto anterior. Entretanto, ainda tinha minhas dúvidas quanto ao que ele sentia pelo príncipe. Pelo menos ele não parecia totalmente irritado com a minha pergunta supostamente evasiva.O mordomo me ajudou com o vestido do almoço. Dessa vez ele era rosa-claro, com mangas. Uns detalhes dourados brincavam no corpete, assim como na saia e na manga. Parecia bem mais bem trabalhado que o anterior. No cabelo, Edwin colocou uma fita presa a algumas mechas curtas. Em Mariah, não tinha muito o costume de usar esse tipo de cor.Os sapatos tinham a mesma tonalidade do vestido. Pelo visto o príncipe gostava de cores combinando à risca. Contudo, não o imaginava escolhendo um vestido dessa cor para mim — e o Edwin não me informou dessa
As grandes portas de madeira são abertas e, como da última vez, vejo o Edwin esperando por mim, pronto para me levar de volta ao quarto. Dou um pequeno sorriso para ele e saio do salão de jantar. Ao me aproximar dele, enlaçamos os braços e começamos a andar pelos corredores.— Que parte do castelo eu posso conhecer hoje? — pergunto.Vejo um ar de dúvida transparecer no seu rosto, mas apenas me mantenho em silêncio querendo saber a sua resposta. Apesar de ter recebido uma enxurrada de informações, acho que a melhor forma de aliviar a cabeça é conhecendo outras partes do castelo. Até porque imaginava não poder contar a ninguém sobre as coisas ditas pelo príncipe naquela tarde, pois também implicava aos meus pod
Pisquei diversas vezes, tentando organizar meus pensamentos e o que eu tinha acabado de ver naquele instante. A mulher esticou o braço na direção do arco de prata do jardim e pareceu fazer alguns símbolos no ar antes de focar seus olhos em mim. Sua expressão estava séria e isso me fez engolir em seco.Afinal, eu fiz algo de errado?Lembrava que ela ficara da mesma forma quando eu invadi o jardim lá em seu castelo. Ainda queria descobrir o porquê de eu não poder ficar muito tempo por ali.— Eu já te disse que não gosto que esse jardim receba visita de estranhos — disse ela, mantendo a expressão séria no rosto.— Perdão... — murmurei.— Fique l
Nós próximos três dias, eu fui gentilmente mantida presa em cativeiro dentro do quarto junto com meu mordomo. Edwin deixou bem claro que as ordens vieram de cima — ou seja, do príncipe Matthew — e deveriam ser cumpridas ao pé da letra, segundo ele. Não que ficar com meu mordomo seja interessante, mas minha curiosidade ia além de ser obrigada a ficar encarando o teto decorado do meu quarto. No primeiro dia, cogitei sair pela noite, porém acabei desistindo da ideia ao lembrar o fato do príncipe sabia dos meus poderes e parecia ter os mesmos. Ele facilmente me acharia perambulando pelo castelo e eu já tinha ouvido uma advertência sobre meus passeios ocasionais durante a noite.Tudo que me restou foi jogar baralho com Edwin, comer, dormir e refletir sobre todas as minhas descobertas. As confissões d
Certeza era algo não passado pelo príncipe naquele momento. Entretanto, ele havia reclamado da minha curiosidade e por isso, fiz um juramento interno numa tentativa de me controlar. Embora a cada revelação que fizesse, mais eu queria saber sobre o motivo das coisas. Não era minha culpa se a maioria das dúvidas não podiam ser respondidas por completo.Odiava isso.— É tudo o que tem para mostrar sobre os meus poderes? — perguntei enfim.O homem afirma com a cabeça.— Meu maior objetivo era lhe dizer ser possível mudar de forma. Isso é muito importante.— Certo. Aprendi sem querer &mdas
Dormir foi uma tarefa extremamente difícil, ainda mais com os pensamentos agitados quanto ao beijo que havia recebido do príncipe Matthew. Talvez se eu tivesse provocado a situação, fosse mais fácil de engolir. Entretanto ele havia sido causador de tudo isso e era o que mais me intrigava. Não sabia seus objetivos e duvidava que ele fosse me contar.Rolei de um lado para o outro na cama até acabar dormindo pelo cansaço. Como se não bastasse, naquela noite ainda tive o desprazer de sonhar:Pisquei os olhos à medida que ia acordando na sala de jantar. Ainda estava com o vestido púrpura da noite no corpo, mas não entendia o motivo de estar deitada no chão daquele lugar.Usei os bra&ccedi
Passei o dia com o Edwin como de costume. Para fingir estar doente, tinha de me privar de andar pelo castelo livremente. Pelo menos os guardas tinham parado de vigiar minha porta depois daquele jantar. Estava liberada para vagar por aí, mas agora precisava manter meu disfarce para o príncipe se manter longe de mim.Todavia, o meu disfarce foi posto em xeque quando alguém bateu na porta do meu quarto. Meus olhos se arregalaram e eu e meu mordomo trocamos olhares significativos. Corri para cama e me enfiei nos cobertores. Ele puxou um pedaço de pano no bolso e colocou na minha testa. Uma bandeja com água e alguns aperitivos já estava no criado-mudo e ele logo passou a mão no cabelo para penteá-los antes de abrir a porta para a visita.— Ah, Vossa Alteza... — o Edwin disse