Pisquei diversas vezes, tentando organizar meus pensamentos e o que eu tinha acabado de ver naquele instante. A mulher esticou o braço na direção do arco de prata do jardim e pareceu fazer alguns símbolos no ar antes de focar seus olhos em mim. Sua expressão estava séria e isso me fez engolir em seco. Afinal, eu fiz algo de errado? Lembrava que ela ficara da mesma forma quando eu invadi o jardim lá em seu castelo. Ainda queria descobrir o porquê de eu não poder ficar muito tempo por ali.
— Eu já te disse que não gosto que esse jardim receba visita de estranhos — disse ela, mantendo a expressão séria no rosto.
— Perdão... — murmurei.
— Fique l
Nós próximos três dias, eu fui gentilmente mantida presa em cativeiro dentro do quarto junto com meu mordomo. Edwin deixou bem claro que as ordens vieram de cima — ou seja, do príncipe Matthew — e deveriam ser cumpridas ao pé da letra, segundo ele. Não que ficar com meu mordomo seja interessante, mas minha curiosidade ia além de ser obrigada a ficar encarando o teto decorado do meu quarto. No primeiro dia, cogitei sair pela noite, porém acabei desistindo da ideia ao lembrar o fato do príncipe sabia dos meus poderes e parecia ter os mesmos. Ele facilmente me acharia perambulando pelo castelo e eu já tinha ouvido uma advertência sobre meus passeios ocasionais durante a noite.Tudo que me restou foi jogar baralho com Edwin, comer, dormir e refletir sobre todas as minhas descobertas. As confissões d
Certeza era algo não passado pelo príncipe naquele momento. Entretanto, ele havia reclamado da minha curiosidade e por isso, fiz um juramento interno numa tentativa de me controlar. Embora a cada revelação que fizesse, mais eu queria saber sobre o motivo das coisas. Não era minha culpa se a maioria das dúvidas não podiam ser respondidas por completo.Odiava isso.— É tudo o que tem para mostrar sobre os meus poderes? — perguntei enfim.O homem afirma com a cabeça.— Meu maior objetivo era lhe dizer ser possível mudar de forma. Isso é muito importante.— Certo. Aprendi sem querer &mdas
Dormir foi uma tarefa extremamente difícil, ainda mais com os pensamentos agitados quanto ao beijo que havia recebido do príncipe Matthew. Talvez se eu tivesse provocado a situação, fosse mais fácil de engolir. Entretanto ele havia sido causador de tudo isso e era o que mais me intrigava. Não sabia seus objetivos e duvidava que ele fosse me contar.Rolei de um lado para o outro na cama até acabar dormindo pelo cansaço. Como se não bastasse, naquela noite ainda tive o desprazer de sonhar:Pisquei os olhos à medida que ia acordando na sala de jantar. Ainda estava com o vestido púrpura da noite no corpo, mas não entendia o motivo de estar deitada no chão daquele lugar.Usei os bra&ccedi
Passei o dia com o Edwin como de costume. Para fingir estar doente, tinha de me privar de andar pelo castelo livremente. Pelo menos os guardas tinham parado de vigiar minha porta depois daquele jantar. Estava liberada para vagar por aí, mas agora precisava manter meu disfarce para o príncipe se manter longe de mim.Todavia, o meu disfarce foi posto em xeque quando alguém bateu na porta do meu quarto. Meus olhos se arregalaram e eu e meu mordomo trocamos olhares significativos. Corri para cama e me enfiei nos cobertores. Ele puxou um pedaço de pano no bolso e colocou na minha testa. Uma bandeja com água e alguns aperitivos já estava no criado-mudo e ele logo passou a mão no cabelo para penteá-los antes de abrir a porta para a visita.— Ah, Vossa Alteza... — o Edwin disse
Uma semana meio perturbadora se seguiu desde a minha conversa com o príncipe Matthew no meu quarto. Esses dias foram marcados com alguns almoços e jantares finalmente mais descontraídos. Aos pouquinhos eu ia vendo o "garoto" sem precisar vê-lo transformado pela sua maldição. Parecia que eu estava retirando sua casca e revelando alguém um pouco diferente. Ainda pensava nas palavras da deusa e não me deixava envolver totalmente... Quero dizer, isso se "envolver" não tiver incluído alguns beijinhos de vez em quando. Esperava que não.Para o meu alívio, meu mordomo ainda não desconfiava de nada. Pelo contrário, estava ficando feliz por eu ter descoberto que o príncipe não é uma pessoa tão ruim assim de se conviver. As vezes ficava com um pouco de dó porque a cad
Mais uma semana se passou enquanto eu tentava assemelhar todas as palavras da princesa Marilene. Apesar da sua recomendação para eu ficar longe do príncipe Matthew, acabou ficando mais complicado de cumprir, ainda mais agora que eu tinha dado uma semana de corda no príncipe. Constantemente ele me chamava para almoçar e jantar com ele. Esses momentos, além de envolverem comida, era importante para eu tirar mais algumas dúvidas com ele.Entretanto, ele me perguntou diversas vezes o que a princesa havia me dito naquele dia. Fiz questão de não contar exatamente. Tentava dizer só o que não lhe dizia respeito e como se tivesse percebido a minha intenção, ele voltava a essa pergunta, querendo descobrir as informações ocultadas por mim. Não disse nada.
Não consegui dormir sabendo que a qualquer hora o Trevor viria para me buscar. A essa altura, Edwin parecia descansar tranquilamente no sofá como sempre fazia assim que ficava tarde. Entendia sobre ele estar muito cansado com o trabalho de cuidar de mim, por isso, deixei ele descansar. Ainda torcia para ele conseguir sobreviver junto do príncipe ao ataque para acontecer por esses dias.Fechei os olhos, prestando bastante atenção nos sons ao meu redor. Conseguia distinguir no escuro o respirar tranquilo do meu mordomo e os sons de alguns animais vindos do lado de fora.E, no meio desses sons tímidos, ouço alguém bater levemente na porta do meu quarto. Foi realmente um toque bem suave e se eu não estivesse atenta, com certeza não notaria. Outro toque foi dado, mas eu j&
Nunca tinha carregado alguém no meu dorso, mas agora teria de me acostumar com o peso extra. Fiz amarras de escuridão para mantê-lo preso a mim e saltei a janela aberta. Trevor seguia logo atrás. Me agarrava àquela chance de sobrevivência como nunca.A situação do lado de fora era tão caótica quanto à de dentro. Entretanto, ali havia muito mais gente lutando um contra o outro e eu podia notar homens mais velhos enfrentando os Cavaleiros. Deviam ser mais rebeldes para acudir os garotos vindos no treinamento.Trevor tocou meu pescoço de equino e seguiu na frente. Como não haviam árvores suficientemente cheias como as de Mariah, obviamente estávamos expostos. Mesmo assim, isso não foi o suficiente para despertar vontade dos Cavalei