Não sei quanto tempo demorou até avistarmos a casta 5, mas a boa notícia era que o sol não tinha se posto ainda. Porém a parte ruim da caminhada é que fomos recebidas no território de maneira bem agressiva. De uma hora pra outra estávamos agitadas e assustadas enquanto algumas flechas vinham na nossa direção.
Eu mesma estava assustada.
Hesitante, puxei uma flecha da aljava e posicionei de mal jeito no arco. Não sabia nem como fazia para atirar. Olhei ao meu redor. Minha equipe e o resto das Iniciandas estavam tão perdidas quanto eu. Gritos enchiam o ar. Tencionei o arco, sentindo os músculos arderem pelo esforço. Ao soltar, acerto alguém. Não sei quem. A pessoa estava sem armadura, então supus ser alguém da casta
A manhã estava fria quando acordei e saí da barraca improvisada montada por nós e pelas Guerreiras que nos acompanhavam. Durante o restante da tarde de ontem, só recebemos instruções de como deveríamos agir no dia de hoje. O objetivo do treinamento da semana era aprender a eliminar as consideradas "desnecessárias" para a continuação da nossa sociedade feminina.Como eu e minha equipe não sabíamos que passaríamos mais de um dia, foi necessário improvisar novas gases e estas improvisações teriam que durar pelos próximos dias. Talvez com a dor mais aguçada, a Karen ficasse mais comportada com as Guerreiras.As armaduras presas em meu corpo pesavam. Minhas pernas reclamavam pelo peso extra, porém, eu dizia a e
Minha colega de quarto ficou paralisada ao ver a cena que se desenrolava na nossa frente. Muitas Iniciandas desviaram o olhar enquanto minha amiga desabava com os joelhos na terra e chorava copiosamente. Ao nosso redor, tudo ficou em silêncio, como se estivessem de luto por ela. Apenas o choro da Karen preenchia o ar.Fui abrindo caminho entre as garotas ao meu redor e quando estava me aproximando, Milena segurou meu braço por um instante. Nossos olhares se cruzaram e eu puxei meu braço, querendo que o soltasse. Ela o fez em silêncio e enfim consegui completar meu caminho até a Karen.Me abaixei lentamente e passei meus braços ao seu redor. Não consegui nem pensar em dizer alguma coisa, mas o abraço... Quando eu era menor e chorei por meu passarinho ter morrido, isso foi o que Bianca
Encarei o teto da tenta pela milésima vez naquela noite. Faziam horas que eu estava tentando dormir, mas o sono não vinha. Talvez psicologicamente a conversa com a Karen ainda estivesse me afetando um pouco. Queria poder fazer algo por ela, porém, precisava focar em mim. Eu queria ser uma Guerreira e faria isso pela minha família, por mais que envolvesse alguns sacrifícios.Me sentei, observando o acampamento silencioso. As outras Iniciandas pareciam ter conseguido pegar no sono fácil apesar da matança ocorrida durante o dia. Queria ter a capacidade delas de conseguir relaxar dessa forma.Apesar do escuro, ainda conseguia enxergar algumas coisas pela fresta da tenda. Acabei olhando pro cântaro de água perto de onde eu dormia. Estava vazio e me fazia lembrar um pouco da maneir
O sono não demorou muito para surgir depois de toda aquela confusão secreta que tinha vivido. Bem cedo, as Guerreiras acordaram as Iniciandas para tomar o café da manhã, o que serviu para matar minha sede por não possuir mais meu cântaro. Nem sequer disse a alguém que estava sem. Imaginava que qualquer pessoa questionaria o motivo e eu não sabia nem explicar os acontecimentos.Desmontamos o acampamento e caminhamos na direção das baixas colinas, não muito afastadas de onde ficava a cabana daquela mulher, a Ártemis. As árvores ficaram mais espaçadas e em algumas horas, chegamos a uma espécie de vilarejo. Parecia deserto naquele instante. Possivelmente nenhuma mulher da Casta 5 gostava muito das serviçais da princesa Marilene.&m
Ouvi alguém chamar por mim, mas só ouvia coisas embaçadas. Ainda estava desesperada e comecei a mexer os braços, querendo voltar desesperadamente para superfície. Entretanto, afundava tão rápido que nem sequer os meus dedos conseguiam romper o teto d'água.A mão que tinha me puxado ali para dentro, não mais me segurava. Entretanto, algo agarrou meu tornozelo. Meus pulmões ardiam, implorando por um pouco de ar. Não sabia nem mais o que fazer. O próprio desespero tinha chances muito maior de me matar.Então, algo também segurou meu pulso e tentou me puxar para cima. Porém, a força em meu tornozelo ficou mais intensa. Mesmo assim, o que me puxava para cima insistiu no ato e assim que algo se soltou da minha perna, essa for
Durante a terceira semana de treinamento, aprendi muitas coisas. Aprendi que essas semanas foram cruciais para a mudança de várias garotas. Praticamente todas elas mudaram bastante desde que chegaram. Era essa a transformação. Tinham deixado para trás a donzela e agora encarnavam Guerreiras. Construíam uma casca grossa por fora e endureciam seus corações.Para isso que fomos criadas.Aquela Sirene de dias atrás tinha dito que eu havia mudado. Talvez fosse apenas uma conversa boba, mas me deixou pensativa. Será que eu realmente mudei tanto assim? Mamãe me reconheceria caso me visse novamente? Tomara que sim. Eu era a mesma, quase podia jurar isso.Tem certeza, Cia? Você quebrou uma das regras de sua m
Meus olhos estavam pesados de sono. Mal tinha acordado direito e já tinha que estar acompanhada das minhas colegas de quarto por entre o corredor dos dormitórios. Do lado de fora, o céu nem tinha começado a amanhecer. Me senti meio perdida, mas as outras Iniciandas pareciam tão perdidas quanto eu.Nós três as seguimos e acabamos chegando no refeitório. Uma Guerreira nos aguardava por lá com um meio-sorrio. Não era muito amigável.— O que vocês acham que vão encontrar aqui? Comida? — debocha. — Podem ir embora. Todas pro estábulo.Com essa dica, nós caminhamos na direção dos estábulos. Mais a frente deles ficavam os campos abertos. Após est
Por um segundo. Apenas um segundo. Eu não sabia o que fazer. O monstro se aproximava com seus dentes afiados e ele por si só era desafiador. Não era um animal comum. Era um leão com a cauda de cobra e outra cabeça de cabra. Seu nariz lançou fumaça na nossa direção. Fumaça quente.— Não ataquem — consegui dizer algo.— Não atacar? Essa coisa vai matar a gente, Cia — Milena estava tão nervosa que gritava comigo.— Mas... Mas não podemos — eu estava fraquejando.Estava com medo.E se a ninfa estava mentindo para mim? E se a ninfa quisesse todas n&oacu