Por um segundo. Apenas um segundo. Eu não sabia o que fazer. O monstro se aproximava com seus dentes afiados e ele por si só era desafiador. Não era um animal comum. Era um leão com a cauda de cobra e outra cabeça de cabra. Seu nariz lançou fumaça na nossa direção. Fumaça quente.
— Não ataquem — consegui dizer algo.
— Não atacar? Essa coisa vai matar a gente, Cia — Milena estava tão nervosa que gritava comigo.
— Mas... Mas não podemos — eu estava fraquejando.
Estava com medo.
E se a ninfa estava mentindo para mim? E se a ninfa quisesse todas n&oacu
O que sobrara da luz das chamas foi sugado pelo meu corpo escuro antes de eu voltar com o colar sobre o pescoço. Em pouco tempo, estava na forma humana novamente, sem mais tanta adrenalina pelo corpo.Estendi a folha que servia de mapa para Karen. Esta aceitou e deu uma analisada com os próprios olhos.— Tá bom. Agora eu mereço uma explicação sobre os... poderes de vocês — disse Milena, claramente não querendo se sentir "excluída".— Bom, eu fui amaldiçoada no meu nascimento. — Encolho levemente os ombros.— Saber que eu tenho poderes já está de bom tamanho — comentou Karen, não querendo revelar as suas origens
Demorou mais ou menos dois dias até as Guerreiras declararem que a última prova do nosso treinamento havia sido encerrada. Me apertava o coração saber que muitas garotas não haviam sequer conseguido achar o caminho de volta e o resultado disso foi o acampamento militar praticamente vazio. Das cem garotas que iniciaram o treinamento, diria que trinta conseguiram sobreviver.Nesses dois dias recebíamos duas alimentações por dia compostas por poucas coisas. Na verdade, nem sentia tanta fome assim por causa do episódio da Milena. Ainda sentia a culpa me corroendo por dentro. Se não fosse pelo meu estômago, ainda teríamos nossa colega de quarto conosco.Karen insistia para eu esquecer isso.Após o caf&
As cartas pareciam não chegar nunca. A espera estava me deixando agoniada e depois de alguns dias, eu e a mamãe entramos num acordo e decidimos fazer uma viagem. Como ela estava precisando de alguns condimentos para cozinhar, acabei dando a ideia para irmos visitar a casta quatro, onde a Karen vivia com a sua padaria.Ela concordou com a minha ideia e em algumas horas conseguimos nos organizar para partir no dia seguinte. Lembro-me de arrumar umas roupas numa pequena trouxa antes de adentrar a carruagem que nos levaria para casta da minha colega de treinamento.Um dia de viagem corrida foi necessária para finalmente chegarmos por lá. A Bianca acabou escolhendo ficar em casa, cuidando das coisas. Como ela era uma Guerreira ativa, à ameaça de qualquer invasão, ela poderia ser convocada pela
PARTE DOISO OUTRO LADORecuperei a consciência num lugar escuro. Tentei mexer meus pulsos, mas algo os prendia. A mesma coisa acontecia com meus tornozelos. Pelo menos sentia o tecido do vestido sobre o meu corpo. Para completar, o ferimento do meu braço latejava de dor e eu fico imaginando o quanto deve estar horrendo.O lugar chacoalhava, então deduzi ser uma carruagem. Um ponto de luz aparece brevemente e consigo enxergar de forma limitada mais corpos. Algo prendia minha boca. Devia estar amordaçada. Aos poucos fui entendendo os acontecimentos: tinha virado uma prisioneira de guerra.Meu
Não vi mais nada depois do rosto do homem conhecido. Possivelmente devem ter acertado a minha cabeça com alguma coisa dura para me deixar desacordada como da última vez. De qualquer forma, a lembrança do rosto dele ficava o tempo todo repetindo em meus pensamentos enquanto dormia.Durante o treinamento com as Guerreiras, quando fomos visitar a Casta 5 e conhecer alguns prisioneiros de guerra, esse homem estava entre eles. Disse ainda conhecer a minha irmã...Uma coincidência. Só pode ser isso. Como as coisas podem se inverter dessa maneira? O acaso. Deve ser. Num dia ele era o prisioneiro e eu a aspirante à Guerreira. No outro, eu sou a prisioneira e ele um possível Cavaleiro que havia acabado de me comprar.Minha cabeça ia doendo a cada pique de consci&e
Fiquei praticamente paralisada ao perceber os acontecimentos. Ótimo, o homem cuidava de mim e eu parecia apenas interessada em bisbilhotar os seus livros. É, olhando por esse lado, estava completamente errada com a minha atitude. Ainda mais pelos livros não serem algo tão barato. Esperava ele não me achar uma ladra, afinal, não tinha dado motivos suficientes para isso, certo?Dei um sorrisinho sem graça.Ele abaixou e pegou o livro roxo esquisito do chão. Logo seus olhos castanhos encontraram os meus e um pequeno sorriso apareceu em seus lábios com um ar de divertimento. Internamente me questionava como ele conseguia enxergar o livro esquisito se aparentemente não parecia ter algum poder.— Sou um estudioso &md
Para a noite, Trevor preparou uma sopa para nós dois. Dessa vez ele comeu comigo na mesa e parecia tranquilo. Enquanto isso meu corpo ainda coçava por causa das ervas venenosas a qual tive contato. Tudo por causa da corrida de mais cedo. Pelo menos estive próxima do primeiro lugar. Fiquei em quinto. Atribuía essa colocação aos meus pés debilitados.— Está boa a sopa? — questiona.Afirmo com a cabeça. Era estranho pensar que o clima no lado dos homens era mais gélido comparado ao lado das mulheres. Deve ser um dos motivos de terem apelidado o príncipe de Príncipe de Gelo. Comprimi brevemente os lábios, deixando a imagem de seus olhos azuis penetrantes invadirem minha mente. Uma ameaça para as mulheres. Menos pra mim.
Alívio. Isso era tudo que eu conseguia sentir depois da primeira semana da competição ter terminado. O Trevor havia me contado que ela era baseada em quatro semanas. Porém, como ele me julgou estar muito machucada para participar da próxima semana, então me dispensou desta. Perguntei se havia outro motivo além desse, mas ele afirmou que era apenas por isso.Concordei.Por isso, tratei de me dedicar a aprender o tal aulin e já conseguia compreender algumas palavras um pouco melhor, embora ainda precisasse melhorar bastante. O que era escrito no livro roxo antigo estava muito embolado, então ficava complicado saber que tipo de símbolo se tratava.— Existe alguma chance de eu conseguir voltar para casa? — qu