Não vi mais nada depois do rosto do homem conhecido. Possivelmente devem ter acertado a minha cabeça com alguma coisa dura para me deixar desacordada como da última vez. De qualquer forma, a lembrança do rosto dele ficava o tempo todo repetindo em meus pensamentos enquanto dormia.
Durante o treinamento com as Guerreiras, quando fomos visitar a Casta 5 e conhecer alguns prisioneiros de guerra, esse homem estava entre eles. Disse ainda conhecer a minha irmã... Uma coincidência. Só pode ser isso. Como as coisas podem se inverter dessa maneira? O acaso. Deve ser. Num dia ele era o prisioneiro e eu a aspirante à Guerreira. No outro, eu sou a prisioneira e ele um possível Cavaleiro que havia acabado de me comprar.
Minha cabeça ia doendo a cada pique de consci&e
Fiquei praticamente paralisada ao perceber os acontecimentos. Ótimo, o homem cuidava de mim e eu parecia apenas interessada em bisbilhotar os seus livros. É, olhando por esse lado, estava completamente errada com a minha atitude. Ainda mais pelos livros não serem algo tão barato. Esperava ele não me achar uma ladra, afinal, não tinha dado motivos suficientes para isso, certo?Dei um sorrisinho sem graça.Ele abaixou e pegou o livro roxo esquisito do chão. Logo seus olhos castanhos encontraram os meus e um pequeno sorriso apareceu em seus lábios com um ar de divertimento. Internamente me questionava como ele conseguia enxergar o livro esquisito se aparentemente não parecia ter algum poder.— Sou um estudioso &md
Para a noite, Trevor preparou uma sopa para nós dois. Dessa vez ele comeu comigo na mesa e parecia tranquilo. Enquanto isso meu corpo ainda coçava por causa das ervas venenosas a qual tive contato. Tudo por causa da corrida de mais cedo. Pelo menos estive próxima do primeiro lugar. Fiquei em quinto. Atribuía essa colocação aos meus pés debilitados.— Está boa a sopa? — questiona.Afirmo com a cabeça. Era estranho pensar que o clima no lado dos homens era mais gélido comparado ao lado das mulheres. Deve ser um dos motivos de terem apelidado o príncipe de Príncipe de Gelo. Comprimi brevemente os lábios, deixando a imagem de seus olhos azuis penetrantes invadirem minha mente. Uma ameaça para as mulheres. Menos pra mim.
Alívio. Isso era tudo que eu conseguia sentir depois da primeira semana da competição ter terminado. O Trevor havia me contado que ela era baseada em quatro semanas. Porém, como ele me julgou estar muito machucada para participar da próxima semana, então me dispensou desta. Perguntei se havia outro motivo além desse, mas ele afirmou que era apenas por isso.Concordei.Por isso, tratei de me dedicar a aprender o tal aulin e já conseguia compreender algumas palavras um pouco melhor, embora ainda precisasse melhorar bastante. O que era escrito no livro roxo antigo estava muito embolado, então ficava complicado saber que tipo de símbolo se tratava.— Existe alguma chance de eu conseguir voltar para casa? — qu
— Eu não sou apaixonada por ele — argumento ao meu favor. — É só... uma atração.— Está vendo? Essa é a parte mais interessante — diz parecendo entretido com a situação.Suas mãos deixam de tocar meus ombros enquanto ele puxava uma cadeira para se sentar e simplesmente me encarar com curiosidade antes de colocar seus comentários para fora:— O príncipe Matthew é a pessoa mais misteriosa de Mateh. Praticamente todos os homens afirmam isso. E estranhamente você se sente... ligada a ele por uma coisa que não sabe explicar. Consegue transformar seu colar em tatuagem e abriu o livro esquisito dele dado a mim depois de muito dinheiro e insistência.
A segunda semana dos jogos estava acabando e as visitas daqueles homens passaram a ser recorrentes. Trevor sempre me mandava pra cama, então não tive muitas novidades sobre o ataque. Entretanto, fiz questão de insistir para me contarem todos os planos, afinal, tinha certeza que não ficaria aqui muito tempo. Logo Bianca arranjaria um jeito de vir aos homens e me salvaria desse lugar.Mas precisava que isso acontecesse depois de eu ter o primeiro contato com o príncipe de gelo, Matthew.Naquele dia, eu e Trevor estávamos adiantando exatamente isso. Preparávamos a todo o vapor as arpas exigidas pelo príncipe. Tínhamos pouco mais de uma semana para termos tudo pronto. Como mexia com armas o dia todo, fui pegando certa prática. Mesmo assim permanecia na fabricaç&ati
Fui puxada por Trevor por algum tempo até ele silenciosamente me devolver a lamparina e me permitir andar ao seu lado pelas ruas escuras de Mateh. Seguimos sem falar um com o outro e por dentro ficava me questionando o tempo todo sobre o que poderia ter acontecido enquanto eu conversava com Andrew do lado de fora Só podia chegar a conclusão de que coisa boa não havia acontecido lá dentro naquela reunião.— Aconteceu alguma coisa? — questionei apenas para ele me dar informações. Nem numa ocasião dessas eu conseguia evitar de soar curiosa.— Me deram um sermão por ter levado você comigo.— Ah... — digo em compreensão.—
Depois que deixei a frase escapar de mim, o ambiente ficou totalmente em silêncio. Só conseguíamos ouvir o fogo crepitar, esperando que continuássemos nosso trabalho. Mordi o lábio, observando seu rosto, sua reação. Ele apenas me encarava num ar curioso.— O que você é? — foi a sua primeira pergunta.Fiquei pensativa.Afinal, o que eu sou?, o pensamento me ocorreu. Nunca ninguém havia me definido realmente. Me chamaram de princesa, de monstro, demônio...Eu realmente me encaixava em algum desses parâmetros?Bem, ainda não tinha descoberto.— Não sei — confesso, soltando um suspiro. — Pelo menos não me falaram o que eu sou.
A terceira semana de jogos estava chegando ao fim quando eu e Trevor declaramos que já tínhamos conseguido armas o suficiente para apresentar ao príncipe Matthew. Não era a quantidade estipulada por ele, mas Trevor havia me assegurado que seria fácil conversar com o príncipe e negociar. E claro, explicar que tínhamos sido assaltados.Quanto aos rebeldes, meu dono chegou à conclusão de não denuncia-los por ainda levar fé na causa. Embora não fosse mais se meter nos planos deles diretamente como fazia antes. Entendia seu ponto de vista.Arrumamos as armas em caixas de madeira especiais para que não houvesse risco de escaparem durante a viagem. Elas estariam bem amarradas na carroça que usaríamos. Ao terminarmos de embalarmos tudo, Trev