Estudando a história e características de um novo cliente, Simon interfonou para a mesa da recepção, necessitando de um café para aguentar o cansaço. Após três toques sem resposta desistiu. Supondo que Cherry estava a serviço de Gabriel, não querendo esperar, foi para a copa.
Ao entrar teve uma grande surpresa. O choque deu lugar à incredulidade, depois irritação e por fim, divertimento. A mariposa caíra de boca na lamparina.
Limpou a garganta, mas o casal não parou a sessão de amasso, aumentou o som até ser notado. Cherry foi a primeira a reagir, afastou-se de Nathaniel e ajeitou a roupa e o cabelo com mãos nervosas.
— Senhor Simon em que posso ajuda-lo? — perguntou, fingindo que não fora flagrada atracada com um cliente.
— Um café — respondeu entrando no jogo.
Nathaniel olhava desnortea
O som estridente da campainha ecoou pelo apartamento, despertando e assustando Paulina. Acendeu a luz e olhou o relógio. Quem apareceria às dez da noite e subiria sem ser anunciado pelo porteiro? Só Mirela tinha essa liberdade, mas nunca aparecera naquele horário. Se fosse a Salvatore esperava que Simon estivesse em casa. Ele avisara que demoraria a chegar e ela não precisava espera-lo.Bocejando sonolenta, levantou e encaminhou-se para a entrada irritada com o som persistente. A pessoa podia tirar o dedo da campainha, afinal, já gritara que estava a caminho durante praticamente todo o percurso até a porta. Ficou ainda mais espantada quando, ao abrir a porta, encontrou Simon escorado na parede, o dedo afundando o botão da campainha.Ao vê-la, ele retirou o dedo, escorregou as costas pela parede e sentou no chão, o forte odor de álcool cercando-o e invadindo as narinas da Perez.— E
Faltando duas semanas para o seu casamento, Paulina estava física e mentalmente esgotada. A tensão que a rodeava era tão intensa que até o mau humor matinal de Simon a contagiara.Apesar de não falar nada, contendo a vontade de ser rude após as provocações habituais do Salvatore, ele percebera que havia algo errado, perguntando por três vezes se estava bem.— Estou ótima — respondeu quando ele estacionou em frente à casa de Guilherme.Desceu do carro, correndo para a casa sem olhar para trás, para evitar novas perguntas. Até mesmo estar ai fora para evitar questionamentos. Por ela estaria debaixo das cobertas, sofrendo sem testemunhas por perto.Bateu na porta de madeira. Logo Paulina era envolvida pelo abraço forte de Tábata.— Que prazer revê-la, Lina — cumprimentou Tábata com alegria. — Guilherme acab
Uma corrente gélida percorreu todo o corpo de Paulina, fazendo-a tremer levemente. Os olhos claros estavam arregalados e a boca abria e fechava nervosamente, embora nenhum som saísse. — Você é maravilhosa, linda, gentil e compreensiva, a melhor pessoa que conheço. — Nathaniel acariciou seus dedos. Longe de transmitir conforto, aquele gesto, junto com a declaração seguinte, levou lágrimas aos olhos da Perez. — Qualquer homem seria feliz ao seu lado. O problema é comigo. Eu não te mereço. — Não entendo... — murmurou com dificuldade, já que sua garganta formigava como se tivesse areia. — Não quero iludi-la Lina. Valorizo demais sua amizade. — Amizade? — Paulina chiou com voz aguda. Desnorteada, respirou fundo e sacudiu a cabeça, necessitando colocar os pensamentos em ordem. Nathaniel não podia larga-la, não podia. Ela o amava e ele a amava. — Tudo bem... — murmurou sustentando um sorriso trêmulo. — Podemos dar um tempo... alguns dias... meses talvez? — Desculpe-me, Lina. É definit
Estava desconfortável equilibrado na beirada da cama e temia cair a qualquer momento. Para piorar sua situação, suas costas doíam e seu braço direito, em que Paulina apoiara a cabeça ao deitar, estava dormente, mas não movia um músculo com medo de um novo mar engolfa-lo até os ouvidos.Observou a face adormecida. Paulina estava péssima. Pele lívida, rosto inchado, marcas cristalizadas de lágrimas nos cílios e bochechas, cabelo desgrenhado e o nariz vermelho. Mesmo assim, pela primeira vez, Simon achou sentido no apelido que ela ganhara de Nathaniel.Recordou que costumava compara-la com as bonecas de porcelana que sua mãe colecionava. A princípio de forma positiva, pois, quando criança, Paulina sempre estava com as bochechas coradas, em contraste com a pele clarinha, e lábios naturalmente rosados. As roupas também eram parecidas, vestidinhos imaculadamente limpos e cheios de babados que a mãe dela costurava. Com o tempo a comparação tornou-se negativa. Quando se irritava Simon dizia
— Vá embora!— Acalme-se! Isso não te fará bem.— Sabe o que me faria bem? Corta-lo em pedacinhos e joga-los aos porcos.Surpreso com os gritos da secretária, Simon saiu do elevador observando Cherry, em pé atrás de sua escrivaninha, encarar furiosa o Muller. Lançou um olhar para os departamentos financeiro e administrativo, as portas estavam abertas e os poucos funcionários que chegaram acompanhavam a confusão com diferentes graus de interesse e diversão estampados nos rostos.— Cherry, precisamos conversar — suplicou o Muller.— Não preciso de nada vindo de você. — Ela agarrou um enorme buque de rosas vermelhas de cima da mesa e tacou em Nathaniel. — Quero que vá para o inferno e enfie suas rosas no mei...— Cherry! — alertou Gabriel.A secretaria parou numa pose ereta e tensa, os olhos verdes arregalados ao dar-se conta da plateia.— Senhor Gabriel, senhor Simon, bom dia!Simon acenou com a cabeça, sério por fora e rindo por dentro. Paulina tinha muito a aprender com Cherry sobre c
Enquanto ajudava Tábata nos afazeres domésticos, como sempre fazia ao visita-la, Paulina não demorou em contar o que a deixara a beira das lágrimas. Não fora exatamente uma iniciativa sua, Tábata tinha um jeito sutil de arrancar informações, deixando-a a vontade para abrir o coração.Depois de algumas horas conversando sobre diversos assuntos e, por fim, desabafar, Paulina sentia-se mais leve, assumindo que Simon tinha razão, remoer sua dor sozinha trazia mais sofrimentos que alivio. Era incomodo, mas Tábata não parecia chateada, até tentava anima-la. Em meio à conversa, conseguira fazer Paulina brincar ao falar que o primo deveria leva-la para o escritório de advocacia em que trabalhava.— Pensei que Cherry fosse uma boa pessoa — reclamou após depositar dois copos de suco na mesinha de centro do quarto de bebê e sentar em uma das poltronas. — Sempre a tratei bem e ela fez isso comigo.— Não creio que a culpa seja toda dela. — Sentada na outra poltrona, dando de mamar para Lean, Tábat
— O que veio fazer aqui? — questionou assim que acomodou Paulina.— Queria confronta-la... Dizer que ela... não presta... — balbuciar, secando o rosto com mãos aflitas.— Você confrontando alguém? — Simon suspirou e puxou uma cadeira, sentando de frente para a Perez. — De que adiantaria fazer isso?— Não sei... Talvez ela me deixasse o Nathaniel... — murmurou, zangando-se ao declarar: — Ela é uma sem vergonha, falsa... Que tipo de mulher se envolve com um homem comprometido? Até você respeita o relacionamento dos outros.. Simon massageou a têmpora.— Cherry não sabia que Nathaniel estava noivo — contou na esperança de apaziguar Paulina.— Ah, por favor!— Ele não disse. Convenhamos, vocês não saem muito juntos e só você usa aliança. — Diante da descrença de Paulina revelou: — Nathaniel a pediu em casamento hoje e ela recusou por se sentir traída. Diria que ela foi tão vítima quanto você.— Ele a pediu em casamento... e ela recusou?Assentiu.— Então... — Levantou agitada. — Tenho que
— Não ensinarei porra nenhuma! — esbravejou levantando, a palma esfregando o rosto. Ela tinha a mão pesada para alguém tão pequena.— Desculpe-me... — Tomada pelo desespero, Paulina ergueu-se e o agarrou pelo braço. — Por favor, Simon! Não queria... É que...— Inferno! Estou farto de lágrimas — exasperou-se, segurando-a pelos ombros. — Você não cansa de bancar a vítima? Quem levou o tapa fui eu, droga!— Juro que não queria... — desculpou-se choramingando.— Entendi. Agora pare de chorar — ordenou.— Vai me ensinar...?— Sem chance! — respondeu, afastando-se com uma carranca.A raiva e o desgosto de Simon eram palpáveis, mas nada disso apavorou Paulina, ao contrario, aumentou seu desespero e a vontade de fazê-lo mudar de ideia. Precisava convencê-lo a ajuda-la.— Foi o nervosismo... Quando fico nervosa faço coisas sem pensar...— Você sempre fica nervosa comigo — retrucou, completando categórico: — Desista.O toque do interfone interrompeu a nova leva de súplicas. Apertou o botão de v