— O que veio fazer aqui? — questionou assim que acomodou Paulina.— Queria confronta-la... Dizer que ela... não presta... — balbuciar, secando o rosto com mãos aflitas.— Você confrontando alguém? — Simon suspirou e puxou uma cadeira, sentando de frente para a Perez. — De que adiantaria fazer isso?— Não sei... Talvez ela me deixasse o Nathaniel... — murmurou, zangando-se ao declarar: — Ela é uma sem vergonha, falsa... Que tipo de mulher se envolve com um homem comprometido? Até você respeita o relacionamento dos outros.. Simon massageou a têmpora.— Cherry não sabia que Nathaniel estava noivo — contou na esperança de apaziguar Paulina.— Ah, por favor!— Ele não disse. Convenhamos, vocês não saem muito juntos e só você usa aliança. — Diante da descrença de Paulina revelou: — Nathaniel a pediu em casamento hoje e ela recusou por se sentir traída. Diria que ela foi tão vítima quanto você.— Ele a pediu em casamento... e ela recusou?Assentiu.— Então... — Levantou agitada. — Tenho que
— Não ensinarei porra nenhuma! — esbravejou levantando, a palma esfregando o rosto. Ela tinha a mão pesada para alguém tão pequena.— Desculpe-me... — Tomada pelo desespero, Paulina ergueu-se e o agarrou pelo braço. — Por favor, Simon! Não queria... É que...— Inferno! Estou farto de lágrimas — exasperou-se, segurando-a pelos ombros. — Você não cansa de bancar a vítima? Quem levou o tapa fui eu, droga!— Juro que não queria... — desculpou-se choramingando.— Entendi. Agora pare de chorar — ordenou.— Vai me ensinar...?— Sem chance! — respondeu, afastando-se com uma carranca.A raiva e o desgosto de Simon eram palpáveis, mas nada disso apavorou Paulina, ao contrario, aumentou seu desespero e a vontade de fazê-lo mudar de ideia. Precisava convencê-lo a ajuda-la.— Foi o nervosismo... Quando fico nervosa faço coisas sem pensar...— Você sempre fica nervosa comigo — retrucou, completando categórico: — Desista.O toque do interfone interrompeu a nova leva de súplicas. Apertou o botão de v
Costumava ser o último a sair do trabalho, mas era a primeira vez que saia quase a meia noite. Adiantara o serviço do dia seguinte antes de se dar por vencido e desligar o computador. Dirigiu devagar até o prédio em que morava, a tensão em cada músculo do seu corpo. Quando chegou em frente à porta do apartamento se censurou por hesitar em voltar para a própria casa. Entrou e encontrou a luz da sala acessa, a televisão ligada e nenhum sinal de Paulina por perto. Caminhou até o televisor e o desligou, foi quando ouviu um bocejo e viu a governanta deitada no sofá.Ela piscou sonolenta, esticou o corpo e sentou, aos poucos recobrando a lucidez. Estava com as roupas desalinhadas e o cabelo bagunçado, mas não aparentava ter chorado até cair no sono como no dia anterior.— Boa noite! — ela murmurou com voz rouca, ao que ele assentiu observando-a ajeitar a roupa e levantar. — Como foi o seu dia? — questionou como o habitual.— Bom — respondeu monossilábico como sempre.— Vou esquentar sua com
Em silêncio ela assentiu novamente.— Não faz sentido — Simon murmurou confuso. Pierre conheceu Paulina, e passou a ir a casa dos Salvatore, depois de se casar com Tamara. — Quando isso aconteceu?— Na festa de bodas de prata dos seus pais... — Só de olha-lo rapidamente, soube que Simon a condenava por se envolver com um homem casado. — Eu não queria... Juro que não...Simon soltou um palavrão quando Paulina começou a chorar.— Calma! — Levou as mãos ao rosto dela, recebendo um tapa tão forte quanto o que recebera horas antes.Paulina arregalou os olhos, chocada por bater nele de novo.— Desculpe-me...— Venha comigo. — Simon segurou sua mão e a conduziu até o sofá. — Sente-se e conte como exatamente aconteceu.— Por quê? — Paulina questionou ao sentarem lado a lado.A pergunta pegou Simon desprevenido. Estava se envolvendo demais naquela história quando o que planejara era retirar sua proposta absurda. Porém, era óbvio que Pierre apavorara Paulina de alguma forma, e, conhecendo o his
Sabia que sua ideia não seria bem aceita, lidava com Paulina Perez, que desviava o olhar diante da menor sugestão de duplo sentido. Uma parte de si até desejava que desistisse, a mesma parte que se ofendia nesse momento com a expressão de horror de Paulina.— No que dormimos juntos ajudará? — murmurou aflita, automaticamente cruzando os braços em sinal claro de proteção. Protegendo-se dele, que fazia o esforço supremo de relevar seu comportamento.— Você se acostumará com a aproximação masculina e poupará o meu rosto — explicou, levando Paulina a corar de vergonha. Simon jamais a deixaria esquecer seu impulso. — E não se preocupe. Garanto que permanecerá virgem ao amanhecer — disse caustico, acrescentando com um sorriso debochado: — Não ataco mulheres, é bem o contrário.A falta de modéstia de Simon fez Paulina revirar os olhos. Censurando-se pelo gesto, agradeceu mentalmente por ele não poder ver sua expressão. Irrita-lo seria desastroso, ele desistiria de ajuda-la e todas as suas ch
De manhã não se surpreendeu em encontrar o lugar ao seu lado vazio. Simon sempre acordava cedo para seus exercícios na academia do prédio. Era o fato de ter passado a noite com ele, mesmo que platonicamente, que bagunçava sua mente. Tudo pareceria um sonho de mau gosto caso não estivesse no quarto de Simon e os lençóis e travesseiro do lado dele não estivessem em desordem e com cheiro dele.Levantou e ainda sonolenta arrumou a cama antes de ir ao banheiro do próprio quarto no fim do corredor. E a dúvida a dominou novamente. Tomara a decisão certa? Fingir ser amante de quem quer que fosse parecia um absurdo, ser de Simon e seguir suas etapas era surreal. As “amigas” dele tinham corpos espetaculares, nuas pareceriam deusas sensuais. Nunca se imaginara nua na frente de outra pessoa, nem mesmo de Nathaniel. Ora, evitava até observar longamente o corpo nu quando tomava banho ou se trocava, mas sabia que tinha peitos, coxas e traços avantajados. Em comparação com as “amigas” de Simon e com
Como imaginaram, por causa da falta de aviso do porteiro, era Mirela na porta. Disse que passou para ver o filho antes do trabalho, mas tanto Paulina quanto Simon sabiam que o motivo era outro. Simon até verbalizou isso, ao que Mirela riu e não negou. Enquanto Simon se arrumava para trabalhar, Paulina ficou na sala conversando com Mirela, ou melhor, ouvindo.Paciente, aceitou as condolências da Salvatore, que lamentava o fim de seu noivado, não soltou uma palavra quando ela garantiu que encontraria alguém melhor, agradeceu e forçou-se a ocultar seus verdadeiros pensamentos atrás de um sorriso ao escutar que era muito boa garota, uma alma maravilhosa que influenciaria Simon a ser um homem melhor. Declarar que Simon é que a influenciava a ser uma mulher melhor pareceu inadequado.Imaginou o caos que seria a descoberta do acordo deles. Mirela exigiria sua demissão. Por mais amiga de sua mãe, duvidava que a Salvatore aceitasse tal abuso de confiança. Seu pai a repudiaria. Há anos ele esta
A amiga de Mirela estava fora do país, segundo a filha dela, uma mulher que devia ter mais ou menos sua idade, preparando um desfile em Nova York. A filha a substituía em sua ausência. Era energética, simpática e alto-astral, indicava, com o auxílio de outras duas mulheres que tiraram suas medidas, milhares de looks para o dia-a-dia, para o trabalho, informais e formais, enquanto falava de si e arrancava poucas confissões de Paulina.— Também tenho a minha própria loja — informou. — Mais tarde pode visita-la.Mirela riu.— Não imagino Paulina lá, mas quem sabe.— Mirela é nossa melhor cliente e já falou muito de você. Você é linda como ela descrever e tem um corpo e rosto divinos — comentou apertando seu rosto entre as mãos. — Tenho tantas ideias que combinam com você, principalmente se quiser dar uma incrementada ousadia.Largou seu rosto para pegar o celular que tocava uma melodia pop. Sorria ao atender e pelo tom, falava com o namorado. Mesmo não querendo, acabou prestando atenção