Adriano se esticou e tentou se virar, mas seu braço estava preso embaixo da cabeça de Bianca, sua espôsa há mais de três anos.
Ele nem acreditava nisso. Logo ele que era contra o casamento, estava feliz ao lado dela e se sentindo bem casado.
Na verdade naquele mês eles iriam fazer quatro anos. Ele se virou de lado e a agarrou, cheirando seu pescoço.
Era difícil acreditar que depois de horas tentando fazer com que ela acreditasse e aceitasse seu amor, ele tivesse conseguido. E tinha sido ali mesmo naquele quarto do castelo que ele havia prometido que a faria feliz se lhe desse a chance de continuarem casados.
Adriano... Raiva era pouco para dizer o que eu estava sentindo. Minha vontade era xingar bem alto, ali mesmo no meio de toda aquela gente no restaurante lotado. Eu não ligo mesmo. Nunca liguei para a opinião dos outros. E eu nem estava me importando se alguém acharia feio, caso eu fizesse uma cena. Só não fazia isso por causa de Alexandre. _ Não aceito isso. Deve ter algum engano. Reveja isso com calma. _ Não há engano nenhum, Adriano. Nenhum mesmo – Alexandre acendeu um cigarro _ O seu avó foi bem claro quando fez o testamento dele. Cada detalhe.
Quando entrei no escritório eu parecia um furacão. Estava com muita raiva da última novidade que meu avô me aprontou. Não dei a mínima para minha secretária, Bianca Santana. Ela se assustou e derrubou alguns papéis no chão. Me deu até vontade de gritar com ela. “Criatura desastrada, vive derrubando tudo”. _ Senhor Mendez – ela disse em tom baixo _ Não o esperava aqui no escritório. _ E eu estaria onde? – fui ríspido, cruzei os braços _ Se o escritório é meu, posso vir aqui quando me der vontade. Ou eu tenho que lhe pedir permissão agora? _ S-Sim... Eu quis dizer a
Adriano... Eu estava tão maluco com a ideia de ter de me casar que quase não dormi e agora estava ainda mais aborrecido do que ontem. Isso era ótimo, para ser bem irônico. Se Hank não fosse tão irritante com essas regras familiares eu poderia já ser o dono legal do castelo á essa hora. O tempo corria e eu precisava me organizar para não deixar Diogo passar na minha frente. Isso eu não iria admitir. Diogo nem mesmo gostava desse tipo de coisa. Ele achava que propriedades assim antigas, deveriam ser reformuladas e modernizadas. Dizia que o passado deveria ficar para trás. Se ele ganhasse o castelo, eu poderia dizer adeus de vez á propriedade.
Bianca... Eu ainda não entendi o que o Sr. Mendez quis fazer com essa chamada e nem porque queria que parecêssemos íntimos. Foi estranho. Ele era estranho. Sempre fazia o que lhe pedia e ainda assim me tratava mal. O homem parece que me detesta e eu nem sei o motivo. Acho que só de chegar perto ele se irrita, por isso mesmo eu até evito e só falo com ele o necessário. O celular vibrou. Era a atendente da clínica. Precisava falar comigo. _ Eu não recebi nenhum aviso. _ Deve ter sido algum problem
Bianca... Acho que paralisei. Não consigo entender o que ele disse. Meus ouvidos estão com um zumbido estranho, parece aquela música de filme de terror. Talvez eu fosse mesmo um pouco lenta como ele sempre me dizia. Acho que abri e fechei a boca várias vezes sem emitir som porque ele me olhava impaciente. _ Entende o que digo? – arqueou a sobrancelha. _ Não – balancei a cabeça. Desci da cadeira o encarando _ Acho que o senhor está brincando comigo e não gostei da brincadeira. _ Não sou homem de brincadeiras. Não desse tipo.
Adriano... Quando ela saiu me deu uma vontade enorme de beber. Sentia meu corpo inteiro formigar. Eu nunca fiz uma coisa assim, pedir ajuda para conseguir algo para mim. Enchi um copo de uísque e liguei para Alexandre. Tinha que contar sobre a ideia dele começando a nascer. _ Parabéns! Eu não achava que isso daria certo – ele disse rindo. _ Como não? A ideia foi sua – me sentei na cadeira da varanda. _ Eu sei, mas pensei que seria tão cabeça dura que não baixaria a bola para se casar com uma secretária. Ela é mesmo uma santa. Se f
Adriano... Cheguei ao escritório bem cedo e a chamei. Agimos como se estivesse tudo normal para não chamar a atenção dos outros funcionários. Para todos os efeitos já estávamos namorando escondido, assim se não desse certo terminávamos e tudo seguia como sempre. Essa seria a versão que iríamos contar a todos que perguntassem. _ Daqui a pouco você tem compromisso com a Bete. _ Quem é Bete? – ela ficou confusa. _ É a dona do salão que vai dar uma geral em você. Ela é de confiança e muito séria, não vai te fazer perguntas pessoais. Ouça as d
Adriano... *Durante o trajeto até a casa dela, Adriano ficou calado, pensando no que estava para fazer, mas assim que viu onde ela morava desandou a falar, reclamando de tudo. _ Esse lugar é péssimo. Como pode viver aqui? _ É o que posso pagar – ela tremeu_ E você não tem que reclamar, não mora aqui, mora? _ E onde diabos gasta o seu dinheiro? Com roupas é que não é – olhou de cara fechada o lugar feio e pequeno _ Não tem nada aqui. É tudo pequeno e apertado. Sem cor, sem graça.