Rose
Os dias vão passando e não tenho nenhuma notícia de Nathally, que nem ao menos veio me trazer o remédio, e o baile já é amanhã e sem ela, não sei o que fazer. Estou começando a ficar preocupada.
Durante esses dias, papai não tocou mais no assunto de me casar, mas sei que ele não desistiu da ideia, ele jamais desistirá. Uma vez, ele disse que apesar de ser um fardo para ele e da minha teimosia em não me casar, ele jamais me mandaria para um convento, pois não abriria mão do meu dote, que esse seria o pagamento por todos os gastos que ele teve comigo. Quando contei a Nathally, ela falou que os meus serviços em casa, já são pagamento mais que suficiente, e às vezes penso que ela tem razão, mas nunca falei isso em voz alta, pois tenho medo de irritar papai e voltar apanhar.
Já é fim de tarde quando Nathally vem me ver, quase pulo de alegria quando ela aparece na cozinha, lhe ver me traz a esperança que estarei salva, e não precisarei ir ao baile.
— Nathally, você encontrou o tal rapaz? — Pergunto com medo da resposta.
— Sim, no começo ele não ficou feliz com a ideia, mas com jeitinho consegui convencê-lo a levar você.
Ela pode convencer todos quando quer mesmo algo, até mesmo tio Oscar, aceitou a vontade dela em não se casar, assim como a colocou para fazer trabalhos ocasionais no Palácio.
— Maravilhoso, serei livre finalmente.
— Seremos livres, também irei para a América.
— E tia Sophie? Ela sabe que você pretende partir ou vai fugir como eu?
— Há muitos anos mamãe sabe que quero ir embora, ela não quer me perder, mas quer me ver feliz. Tenho guardado meu dinheiro para esse momento, quero ir embora.
Nathally sempre sonhou com isso, e tê-la ao meu lado me ajudará muito.
— Será bom não estar sozinha nessa aventura. — Lhe dou um abraço forte.
— Será sim, e o melhor é que você não precisará se casar com ninguém e estará longe da tirania do tio Karl.
— Nathally, quando o navio irá partir?
— No dia seguinte ao Natal, então só fique firme até lá.
Antes de ir embora, Nathally me entrega o pequeno frasco com o xarope, tão bom saber que não precisarei ir ao baile amanhã.
Meu serviço de hoje está feito, logo mais terei que subir e me arrumar para o baile, será necessário fingir até o xarope fazer efeito. Pego alguns limões para fazer o suco e quando está pronto, misturo o xarope e ele fica bem escuro. Quando estou para tomá-lo, escuto papai me chamando, deixo o copo em cima da mesa e vou ver o que papai deseja. Pela sua expressão, já sei qual será o assunto.
— Ainda não foi se arrumar? — Pergunta papai.
— Não senhor, estava terminando o serviço, mas já vou me trocar.
— Já pensou o que vai fazer para conseguir um pretendente hoje?
— Não sei ao certo, pretendo ir, sorrir e esperar que algum cavaleiro me tire para dançar.
— Nesse caso, temos que esperar por um milagre. Apenas lembre-se que hoje é seu último dia para conseguir um marido ou sofrer a consequência de sua escolha.
— Sim papai.
— Muito bem, agora vá se arrumar.
Após ele me dispensar, volto à cozinha para tomar o suco, mas para minha surpresa, encontro o copo vazio. E agora o que vou fazer? Não vejo outra solução imediata, além de ter que ir ao baile.
No quarto, Daisy está terminando de se arrumar, ela usa um vestido lindo e muito elegante, meu vestido não chega aos pés do dela, mas isso nunca me importou e não será agora que irá importar.
— Rose, eu acho que aquele suco estava estragado. — Daisy fala assim que me vê entrar.
— Então foi você que tomou meu suco?
— Sim, eu estava com sede e como ele já estava pronto, bebi.
— Daisy, custava ter me chamado que eu fazia um para você?
— Nossa, era só um suco, não o fim do mundo.
Ela tem razão, se eu continuar a discutir, irá levantar suspeitas, talvez com ela passando mal, papai me deixe ficar para cuidar dela e nem tudo estará perdido. Começo a me arrumar enquanto espero o remédio fazer efeito em Daisy, já pensei e direi que o suco estava adoçado com açúcar mascavo, isso irá justificar a cor e o gosto, também direi que já havia bebido um pouco antes de papai chamar, assim não pensarão que foi o suco que fez mal a ela.
— Rose, eu não estou me sentindo bem.
Olho e vejo que Daisy está bem pálida, saio do quarto e vou chamar mamãe. Quando estamos na porta do quarto, ouço o barulho de Daisy vomitando, o vestido está todo sujo, além do chão e terei que limpar isso logo. Enquanto mamãe ampara Daisy, tiro rapidamente o vestido de festa e coloco o que estava antes, desço e vou a cozinha pegar um balde para limpar o quarto.
— Por que ainda não está pronta? — Brada papai.
— Eu estava, mas Daisy está passando mal e vomitou no quarto, achei melhor limpar antes que acabe secando.
Papai sobe na minha frente, quando entramos no quarto, Daisy já tirou o vestido sujo e está embaixo das cobertas tremendo muito, algo está errado, o remédio devia apenas fazê-la vomitar. Concentro-me em limpar o chão, enquanto papai e mamãe cuidam dela, mesmo eu já tendo planejado a desculpa, fico com medo que ela fale sobre o suco e papai desconfie que eu planejei algo para não ir ao baile. Termino de limpar, papai me manda ir para o quarto deles e voltar a me arrumar.
— Mas papai, Daisy não está passando bem, vamos mesmo assim?
— Quem está doente é ela e você tem algo a fazer nesse baile. Sabine irá cuidar de Daisy e eu levarei você.
Sem ter como fugir, termino de me arrumar e vou ao baile, nunca gostei dessas festas e hoje sou obrigada a sorrir e dançar. Alice fica ao meu lado me incentivando e é ela que consegue para mim uma dança com Patrick, o Conde Cardiff, sei que papai ficaria muito feliz se eu me casasse com ele, afinal, é um nobre importante, mas não quero isso.
Enquanto estou dançando com ele, vejo papai conversando com um homem alto e imagino que deva ser o pretendente de Daisy ou talvez algum pretendente para mim, não posso negar que ele é bonito, tem uma beleza exótica e o cabelo na altura do ombro que o deixa ainda mais belo.
— Obrigada por essa dança, Conde Cardiff, espero que nos vejamos em breve.
Decido ir tomar uma bebida e vejo John, ele foi o primeiro a tentar ter um compromisso comigo quando entrei na idade e o único que não precisei dispensar, papai fez isso por mim, dizendo que não aceitaria um homem sem título para se casar com sua filha. Sei que ele ficou muito magoado, mas não teve raiva de mim, sempre que me via na rua, parávamos para conversar e nos tornamos bons amigos.
— John que surpresa lhe ver aqui.
— Não maior que a minha ao lhe ver, vim para um último baile antes de ir embora.
— Como assim? Para onde vai?
— Quero ganhar o mundo, pequena e, irei começar indo para a América.
Então ele também está indo para América, será bom tê-lo por perto, embora não possa dizer isso agora. Pela primeira vez na noite, sorrio sem esforço e por um momento, me sinto tranquila neste baile. Até olhar para o lado e ver papai me observando e com isso me lembrar da razão de estar aqui.
Sinto-me um pouco tonta e decido ir até a sacada tomar um pouco de ar antes de voltar a dançar. Sento-me e apoio a cabeça nas mãos quando noto que alguém se aproxima.
Dimitri
Nos últimos dias, tenho focado ao máximo em meu trabalho, quero adiantar tudo que puder, para após meu casamento ficar livre para conhecer melhor minha esposa.
Alguns dias atrás, tive a chance de ter o primeiro p asseio com Daisy, como foi naquele dia do chá, ela se mostrou ser uma jovem doce e afável, mas apesar de me agradar com sua presença, sinto que falta algo nela, só não sei o que é.
Termino de me arrumar e vou para o salão onde ocorrerá o Baile dos Lírios, esse baile é uma tradição antiga, ocorre exatamente um mês antes do solstício e marca o início da temporada de inverno na corte. A temporada irá durar até o Baile das Rosas, que ocorre um mês antes do solstício de verão. São esses dois bailes que determinam o início e final das temporadas na corte, e costumam ser um grande evento.
Ao chegar ao salão, cumprimento alguns conhecidos, enquanto procuro pela senhorita Daisy, porém, não lhe encontro, vejo Patrick dançando com uma moça, e para saber sobre minha futura noiva, vou até o senhor Pritchard, que está em um canto observando a pista de dança, me aproximo e lhe cumprimento.
— Senhor Pritchard, que prazer vê-lo aqui esta noite.
— Igualmente Conde Sheffield.
— Onde está à senhorita Daisy?
— Infelizmente ela teve uma indisposição e não pôde vir. — Noto que ele não parece muito preocupado, porém, eu estou.
— Mas, ela está bem?
— Está sim, apenas comeu algo que lhe fez mal, uma boa noite de sono e amanhã já estará de pé.
— Fico mais tranquilo assim.
Olho para a pista e vejo que a dança acabou, como a senhorita Daisy não está presente, vou apenas conversar um pouco com Patrick e ir embora, como já estou comprometido, não fica bem ficar dançando com outras moças.
— Com licença Senhor Pritchard, vou conversar com um amigo.
Vou até onde meu amigo se encontra, ele me parece mais animado do que de costume com esse baile.
— Buscando uma pretendente?
— Não, mas aberto para o caso de uma bela dama me encantar.
Patrick é apenas um ano mais jovem que eu, e não pensa em se casar no momento, diz esperar pela mulher que, com um olhar, irá lhe encantar. Antes de meu pai ficar doente, eu tinha esperança de também encontrar alguém assim.
— E será que tal dama existe?
— Sim, e um dia ela irá aparecer, até lá, irei dançar com as beldades que se encontram neste salão.
Ele sai sorrindo e logo convida uma moça para dançar, sem ter mais o que fazer aqui, decido ir embora. Enquanto estou cruzando o salão para chegar à saída, vejo uma jovem indo até a varanda, ela parece estar passando mal, como ninguém lhe acompanha, decido verificar se está tudo bem.
Assim que entro, vejo a jovem sentada com o rosto apoiado nas mãos, não irei me aproximar demais, para não correr o risco de ser mal interpretado.
— A senhorita está passando bem?
Ela levanta a cabeça e me olha, agora que posso ver seu rosto, tenho a certeza de que nunca a vi antes, ao contrário das moças no salão, seu vestido é simples e não está com um penteado muito elaborado, nem com uma joia donosa, o que me faz desconfiar que não seja filha de nenhum nobre, mas ainda assim, ela tem os traços delicados, como se pertencesse a alta nobreza.
— Estou sim, muito obrigada. — Ela tem um sorriso tímido. — Vim apenas tomar um ar.
De fato, dentro do salão estava mais quente, mas aqui fora a brisa fresca deixa um clima agradável.
— Realmente está uma noite abafada para essa época do ano.
Todos esses anos morando em Londres, não foram o bastante para me fazer esquecer o clima mais frio da Rússia, e de sentir falta de minha terra, pois lá sempre será minha terra, onde cresci e me tornei o homem que sou, mas aqui é meu lar, onde nasci e escolhi viver.
Vejo a dama olhar para o lado e me viro também, não estamos mais sozinhos, me preocupo que a dama possa pensar algo errado, noto seus olhos indo da senhorita sentada para mim, e enquanto ela faz isso, lhe olho e logo a reconheço, é a filha do Duque Plymouth, prima da senhorita Daisy.
— Lady Chambers, é um prazer vê-la aqui esta noite. — Lhe cumprimento.
— Conde Sheffield, o prazer é meu, vejo que já conheceu minha prima Rose, irmã de Daisy.
Difícil acreditar que essa jovem seja irmã de Daisy, elas não se parecem em absolutamente nada, mas a filha do Duque não tem porque mentir, então recobro a compostura e lhe comprimento adequadamente.
— É um prazer conhecê-la, senhorita Pritchard.
— Igualmente Conde.
— Presumo que o senhor esteja procurando minha prima Daisy.
Ela deve pensar que não sei que a prima está doente.
— Não Milady, ela teve uma indisposição e não pôde vir esta noite.
— É realmente uma pena esse infortúnio, mas já que ela não está aqui, o senhor poderia tirar a irmã dela para uma dança.
Não entendo o porquê de ela fazer essa sugestão, embora dançar como a irmã de minha futura noiva não seja errado, a dama parece estar com alguma intenção ao fazer tal sugestão. No entanto, para não fazer desfeita, decido dançar com a senhorita e então depois poderei ir embora.
— Senhorita, me concede a honra? — Lhe estendo a mão.
Noto que ela parece um pouco relutante, mas por fim levanta e vem até mim.
— Sim, senhor.
Guio-lhe de volta ao salão, direto até a pista de dança, noto que ela não está à vontade dançando comigo, então decido conversar um pouco, e assim também posso, talvez, descobrir um pouco mais sobre a família de minha prometida.
— Então, senhorita Rose, é irmã da encantadora senhorita Daisy?
— Sou sim e o senhor, Conde Sheffield é o homem que irá se casar com ela.
Pode ser impressão minha, mas ela não parece feliz com o fato de que irei desposar a irmã dela, será que pensa que sua família não está à altura da minha? Já vi muitas pessoas assim, que pensam que nobres não devem casar com pessoas fora da nobreza. Se referir a mim por meu título deve fazê-la se sentir inferior, e se for assim, será fácil resolver.
— Senhorita, como seremos em breve da mesma família, pode me chamar apenas de Dimitri.
— Como desejar.
Novamente ela está com aquele sorriso tímido, como se quisesse evitar sorrir, e olhando para ela, de repente sei o que senti falta quando estive passeando com a senhorita Daisy, foi do calor em seus olhos, calor esse que vejo nos olhos negros de sua irmã. A dança termina e ela se afasta, e como já havia planejado, faço meu caminho para ir embora.
Dimitri No caminho para casa, fico pensando no porque não senti calor no olhar da minha prometida, mas senti no de sua irmã, o que será que diferencia as duas? E esse não é o único mistério, Rose aparenta ser mais velha que Daisy, porque será que ainda não se casou? Será que tem alguma relação com o fato da filha do Duque também não ter se casado? Por que as mais velhas não estão casadas, mas a mais nova já está comprometida? Que segredos eles escondem? São muitas perguntas e para nenhuma delas tenho resposta, e acho que só depois do casamento poderei descobrir melhor o que eles escondem. Chego em casa e como meu pai já se recolheu, decido me recolher também, deito em minha cama e como o sono não vem, fico pensando no mistério que envolve as famílias Chambers e Pritchard. De uma coisa tenho certeza, eles escondem algo. E com essa certeza, me vem uma dúvida, será que esse segredo será algo que impossibilite meu casamento com a jovem Daisy? Terei que descobrir isso logo, antes que esse
Rose Já se passou uma semana desde aquele dia, não tenho saído de casa para nada e ando muito assustada, sempre que alguém chega em casa, começo a tremer. Os meus pesadelos também ficaram pior, eles começam comigo presa no armário, o tal homem chega e me puxa para fora, ele me b**e enquanto vai rasgando minhas roupas; só de lembrar daquilo, sinto vontade de chorar. O pesadelo só acaba quando o homem misterioso aparece para me proteger, e toda vez ele me garante que em breve tudo irá ficar bem, por algum motivo que não sei explicar, eu confio nele e me sinto segura ao seu lado. Não vi mais Alice depois do baile, o que é melhor, pois não sei como contaria a ela o que papai fez, às vezes penso que ela dirá que a culpa é minha por ter planejado fugir. Já Nathally, sei que se ficar sabendo, irá fazer algo para tentar me defender e tenho medo que isso irrite mais papai e ele acabe chamando aquele homem de volta. Não esqueço o olhar de cobiça do papai quando ele ofereceu dinheiro apenas por
Dimitri Levanto pela manhã revigorado, tomo meu desjejum com meu pai e antes de ir para o escritório, passo em meu futuro lar. Reese e Kelson contrataram três moças, que me são apresentadas como Glenda, Alanna e Hanna, elas fizeram um excelente trabalho, olhando assim, não dá para dizer que ficou tantos anos desabitada. Faço uma lista de quais móveis preciso trocar, e vou mostrando aos dois como quero que tudo fique arrumado, sei que depois do casamento Daisy pode querer deixar a casa do seu gosto, mas até lá não posso deixar a casa bagunçada. No primeiro andar tem um pequeno escritório, será ótimo para manter meus documentos do trabalho e cuidar de assuntos quando estou em casa, além de ter uma estante em que poderei colocar os livros de que gosto. Subo para o segundo andar, a casa possui quatro quartos, vou até o quarto principal que será meu, e de minha esposa quando aceitar dormir a meu lado, este quarto possui acesso ao quarto do lado, através de uma porta no closet, esse outro
Rose Pela manhã já pensei em como encontrar John, sua mãe Celina é costureira, papai não pode discordar que preciso de um vestido apropriado para o baile de noivado de Daisy, afinal ela irá se casar com um Conde. Aproveito quando todos estão na mesa para colocar meu plano em prática. — Papai, estive pensando sobre a festa de noivado de Daisy, não tenho um vestido apropriado para ocasião e pensei se poderia ter um novo. — Falo com a voz doce. — Não sei se esse gasto é necessário. — É claro que não, comigo ele só gasta o essencial. — Eu também preciso de um vestido lindo papai, quero estar deslumbrante. — Daisy está quase pulando na cadeira, isso é bom, ele não vai negar um pedido dela. — As meninas estão certas, Karl, não podemos fazer feio, principalmente agora que nossa filha irá se casar com um nobre importante. — Sinto que mamãe sabe que vou fazer algo. — Está bem, vocês podem comprar os vestidos. Depois do almoço, mamãe nos leva para encomendar os vestidos, olhamos os tecido
Dimitri Assim que chego ao salão, a primeira coisa que noto é o contraste das duas irmãs, não sei por que, mas isso ainda continua me atormentando, e não é apenas na aparência, é no modo de se vestir, enquanto Daisy está com um vestido luxuoso, Rose está com um mais simples, mas que ainda sim, a deixa bela. Após o anúncio oficial do noivado, tiro Daisy para uma dança, é a primeira vez que dançamos juntos e ela tem leveza ao dançar, minha atenção, no entanto, vai para meu pai dançando com Rose, desde o jantar venho notando como ele gostou dela, desconfio que seja por ela lembrar de minha mãe. Ao final da dança, Karl toma a vez com sua filha e vejo que novamente Rose vai para a varanda do salão, porque essa mulher prefere ficar mais lá fora a ficar aqui dentro? Será que ela passa mal em locais cheios, afinal, no outro baile quando saiu, ela não parecia bem. Encaminho-me para lá, porém uma moça entra primeiro, e quando me aproximo consigo ouvir o final da conversa delas, pode ser erra
Rose Quando vejo papai entrar no escritório, subo e vou cuidar dela. Mamãe está caída no chão, suas costas está vermelha e em alguns lugares vejo que está sangrando. Deixo a bacia sobre uma mesinha ao lado da cama e vou até ela, lhe ajudo a deitar e com calma vou colocando os panos em suas costas, ela se encolhe um pouco, mas logo consegue relaxar quando o remédio diminui a dor, depois de colocar os panos, fico sentada ao seu lado, acariciando seus cabelos, assim como ela fazia comigo quando era pequena. Troco os panos para que tenha mais efeito e então volto a lhe acariciar até que pegue no sono, noto que não foi só nas costas que ele a machucou, na sua intimidade está bem vermelha e sai um pouco de líquido, pego um pano na bacia e a limpo sem entender porque ele a machucaria ali, é por coisas assim que nunca quero me casar. Pego a coberta e puxo sobre ela e mesmo que neste ano não tenha feito frio ainda, as noites estão cada vez mais geladas. Vou para meu quarto e fico pensando na
Dimitri A governanta Paige nos avisa que o jantar está servido e nos dirigimos à sala de jantar, não deixo de reparar os olhos de Rose brilhando ao olhar o banquete que foi preparado, mas não tem como ser uma novidade para ela, sendo sobrinha do Duque Plymouth, ela já deve ter visto vários, talvez algum prato tenha chamado sua atenção, talvez o Pelmeni que babushka preparou, ele é uma massa fina recheada com carne coberto de Smetana, um creme azedo delicioso, esta é minha comida favorita, e ninguém a faz tão bem como minha babushka. Após o jantar, voltamos à sala, noto que Rose não veio conosco, desde sua chegada, evitei lhe olhar, para não ficar pensando em nosso último encontro, mesmo que isso tenha permanecido em meus pensamentos. Não sou o único a notar que ela não veio, babushka também olha e saí da sala, imagino que indo ver onde Rose está. Logo que as duas voltam, vejo que babushka está sorrindo, o que será que aconteceu? — Ты женишься не на той сестре, эта тебе подходит. (E
Rose Termino o almoço e volto ao serviço, aproveito que papai saiu e enquanto estou limpando meu quarto, já faço minha pequena mala, irei levar apenas o essencial, até porque não tenho tantas roupas para precisar levar muita coisa. Escuto o papai chegar e percebo que tem mais vozes, como não gosto do modo como os amigos dele me olham, prefiro ficar no meu quarto. É tão tranquilo aqui sem Daisy por perto, se eu ficasse, esse seria apenas meu quarto, pelo menos até papai achar um monstro e me obrigar a casar. Quando penso que já foram embora, resolvo descer, paro no meio da escada ao ver com quem papai conversa, é o homem a quem ele disse que iria me vender, aquele que queria fazer atrocidades comigo e estava disposto a pagar para conseguir. Isso deve significar que de alguma forma, papai descobriu que vou fugir e decidiu me vender para lucrar algo com meu sumiço. Como pode um pai odiar tanto uma filha a ponto de aceitar vendê-la? Eu nunca fiz nada errado e mesmo assim, ele me maltra