Rose Termino o almoço e volto ao serviço, aproveito que papai saiu e enquanto estou limpando meu quarto, já faço minha pequena mala, irei levar apenas o essencial, até porque não tenho tantas roupas para precisar levar muita coisa. Escuto o papai chegar e percebo que tem mais vozes, como não gosto do modo como os amigos dele me olham, prefiro ficar no meu quarto. É tão tranquilo aqui sem Daisy por perto, se eu ficasse, esse seria apenas meu quarto, pelo menos até papai achar um monstro e me obrigar a casar. Quando penso que já foram embora, resolvo descer, paro no meio da escada ao ver com quem papai conversa, é o homem a quem ele disse que iria me vender, aquele que queria fazer atrocidades comigo e estava disposto a pagar para conseguir. Isso deve significar que de alguma forma, papai descobriu que vou fugir e decidiu me vender para lucrar algo com meu sumiço. Como pode um pai odiar tanto uma filha a ponto de aceitar vendê-la? Eu nunca fiz nada errado e mesmo assim, ele me maltra
Rose Acordo um pouco desorientada, sinto-me estranha e penso em voltar a dormir, mas aos poucos, o que aconteceu ontem vem à minha mente, papai falando com aquele homem, depois dizendo que eu iria casar com Dimitri. Tento me lembrar de mais detalhes, mas não consigo, abro os olhos e vejo o quarto que estou, ele é claro, mas não posso ficar aqui admirando, tenho que encontrar Dimitri e explicar o que houve ontem. Meu corpo todo dói e mal consigo me mexer, devagar consigo me sentar, o lençol desliza e percebo que estou nua. Antes de procurar Dimitri, preciso encontrar alguma roupa, escuto um barulho e ao me virar, percebo que não estou sozinha na cama, tem um homem dormindo ao meu lado. Grito puxando o lençol até meu pescoço para me cobrir e o empurro com os pés, o fazendo cair da cama. — Mas que diabos é isso? Quando ele cai, não posso deixar de notar que também está nu e como fiquei com o lençol, não há nada o cobrindo, levanto-me às pressas e vou para o lado mais distante do quarto
Dimitri Vendo que não poderei alcançá-la, peço a Kelson que diga a Isaac para preparar meu cavalo o mais rápido possível, enquanto vou colocar uma calça e uma camisa, não tinha intenção de chamá-la pelo nome da irmã, mas no calor do momento, acabei me confundindo. Saio às pressas, disposto a encontrá-la antes que o escândalo fique maior, por sorte, ainda é bem cedo e não há quase pessoas nas ruas. Logo a vejo e apresso o cavalo para chegar perto dela, será que ela não se importa com as pessoas lhe olhando? — Rose, por favor. — Vejo que o senhor se lembrou do meu nome. — Ela fala sem diminuir o passo. — Por favor, entenda, foi um erro aceitável devido a tudo que aconteceu, vamos voltar para casa antes que todos a vejam vestida assim. — Ela não para, então coloco o cavalo em sua frente e quando ela tenta desviar, a pego pela cintura e a puxo para cima, ela esperneia um pouco e aperto mais seu corpo para que não caia. — Pare com isso ou vai fazer o lençol cair e não vou parar para peg
Rose Dimitri sai e o escuto trancando a porta, corro até a janela e vejo que é alta demais para pular e fugir por ela. Noto então que o lençol está sujo de sangue e me pergunto se ele viu isso também, que vergonha. Quando vi o sangue na cama, por um momento pensei que poderia ter acontecido algo, mas então notei que eram apenas minhas regras, que adiantaram um pouco, e pude respirar aliviada, mas em seguida quis morrer de vergonha por ele estar presenciando algo assim. Lembro como ele parecia não estar feliz com o casamento, mas também não querendo fazer nada para mudar nossa situação, como se eu fosse passar o resto da vida com ele. Eu estava disposta a conversar, até ele me dizer que ia me levar de volta para papai, tenho certeza que ele me mandaria na mesma hora embora com aquele homem e isso eu não posso aceitar. Cobrindo a parte com sangue, amarro melhor o lençol formando um tipo de túnica, não é decente, mas é melhor que ficar sem nada. Algum tempo depois, uma senhora negra en
Rose Assim que Dimitri sai do quarto, experimento os três vestidos, um é azul, um rosa claro e um roxo, escolho usar o roxo. Pouco depois desço e vou para cozinha, não tem ninguém ali, então começo a olhar as coisas, procurando o que preciso para preparar o almoço e quando coloco os legumes na panela, Reese entra na cozinha. — O que a senhora faz aqui? — Estou fazendo o almoço. — Senhora, isso não é normal, faz parte do meu trabalho aqui preparar a comida. Tanto tempo cuidando de tudo, nem pensei que teria alguém que fizesse as coisas por mim aqui. Mas mesmo assim, cozinhar sempre foi algo que gostei de fazer, e não quero deixar isso de lado. — Eu sei, mas não vou passar o dia todo sentada olhando para as paredes, então a partir de hoje, a comida é minha responsabilidade. — Como desejar senhora. — Reese, ainda não sei onde as coisas ficam e nem como funciona, poderia me ajudar a colocar a mesa e enquanto isso me falar sobre como as coisas funcionam por aqui? — Sim senhora. —
Rose Fecho a mala e solto um suspiro, eu estou realmente livre dessa casa e das maldades de papai. — Rose, minha menina, me perdoe por não conseguir impedir Karl de fazer isso. Vejo que mamãe está realmente triste, e não posso lhe culpar pelo que ele me fez, afinal ela é mulher e não tem como ir contra ele, sem contar que vi como ele a machucou naquele dia. — Mamãe, não precisa se desculpar, não esqueça que sei do que papai é capaz, foi por isso que ele lhe bateu naquela noite, não foi? — Foi sim, ele precisava da minha ajuda para falar com a costureira. Rapidamente termino de arrumar minha mala, apenas colocando algumas coisas a mais, coisas que não iria levar para América, mas ainda assim não é muito. — Mamãe, falou com a Nathally ontem? — Falei sim, ela queria levar você junto com ela de qualquer jeito, mas eu sabia que seu pai poderia machucá-la e consegui convencê-la a ir sozinha. — Pelo menos uma de nós será livre. — Rose, um dia eu abri mão da minha vida e da chance de
Rose Vejo tio Justin ir para o escritório com Dimitri, e me pergunto o que eles vão conversar, espero que não seja sobre mim. — Rose, o que meu irmão lhe fez afinal, e não minta para mim, pois Alice já me contou as coisas. — Não acredito que ela me dedurou. — Querida não fique brava, ela estava desesperada pensando no que Karl fez com você e só entendi o porquê quando ela me contou tudo, inclusive sobre você limpar o chão, é verdade isso? — Como não adianta negar, apenas confirmo com a cabeça. — Por que não nos contou antes? — Acho que só me resta contar a verdade. — Porque tive medo, limpar a casa era difícil, mas era melhor do que apanhar, e não queria que o tio Justin intercedesse por mim, papai poderia fazer algo pior. — Eu entendo querida, agora me conte como você acabou casada com o noivo de sua irmã, o que Karl lhe fez dessa vez. — Tia, por favor, não quero falar sobre isso. — Tudo bem então. — Fico aliviada por ela não insistir, mas sei que é porque tio Justin também vai
Rose Enquanto Kelson leva minha pequena mala para cima, vou direto para cozinha preparar o jantar. — Posso ficar aqui lhe fazendo companhia. — Olho e vejo Dimitri na porta. — A casa é sua, pode fazer o que quiser. — Não entendo porque ele iria querer ficar aqui. — Essa casa também é sua agora, precisa se acostumar com isso. — Me acostumar, ele fala como se fosse simples assim. — Além disso, não quero lhe atrapalhar enquanto cozinha. — Não atrapalha, só não estou acostumada a ter alguém comigo, você quer algo em específico? — Apenas lhe conhecer melhor. — Por que ele se dá tanto ao trabalho, se nunca me quis. — Justin me contou um pouco sobre sua infância. — Contou o quê sobre mim? — Já desconfio, mas quero ter certeza. — Sobre como seu pai lhe tratava. — Ele não tinha esse direito. É a minha vida, ele não pode sair falando sobre isso. Mesmo que já imaginasse isso, ainda sim me dói pensar nos dias que passava sem comer, sinto meus olhos lacrimejar e me viro para que ele não ve