Rose Enquanto Kelson leva minha pequena mala para cima, vou direto para cozinha preparar o jantar. — Posso ficar aqui lhe fazendo companhia. — Olho e vejo Dimitri na porta. — A casa é sua, pode fazer o que quiser. — Não entendo porque ele iria querer ficar aqui. — Essa casa também é sua agora, precisa se acostumar com isso. — Me acostumar, ele fala como se fosse simples assim. — Além disso, não quero lhe atrapalhar enquanto cozinha. — Não atrapalha, só não estou acostumada a ter alguém comigo, você quer algo em específico? — Apenas lhe conhecer melhor. — Por que ele se dá tanto ao trabalho, se nunca me quis. — Justin me contou um pouco sobre sua infância. — Contou o quê sobre mim? — Já desconfio, mas quero ter certeza. — Sobre como seu pai lhe tratava. — Ele não tinha esse direito. É a minha vida, ele não pode sair falando sobre isso. Mesmo que já imaginasse isso, ainda sim me dói pensar nos dias que passava sem comer, sinto meus olhos lacrimejar e me viro para que ele não ve
Rose Levanto pela manhã, e arrumo minhas coisas no closet que tem em meu quarto, esse closet é grande demais para tão pouca coisa que tenho, enquanto vou arrumando, olho minhas roupas, os vestidos que Dimitri me deu e o vestido do noivado de Daisy são os mais belos que tenho, pois, os que trouxe, nenhum é bom para se usar na presença de nobres. Melhor guardá-los para quando tiver que sair e o vestido vermelho para o caso de ter que ir a alguma festa ou evento importante, e sendo assim, em casa vou usar os que já tinha. Não quero que Dimitri pense que sou interesseira, mas terei que lhe pedir alguns vestidos para usar quando sair com ele, afinal, não quero lhe fazer passar vergonha. Quando desço, Reese já preparou o desjejum, não posso negar que é bom comer algo que eu não tenha preparado, Dimitri já está à mesa e dá uma boa olhada para o meu vestido, acho que chegando à conclusão que esse vestido não é apropriado. Essa é uma boa oportunidade para falar com ele, mas não sei como falar
Dimitri Espero até Rose sair da sala para falar com meu pai. — Pai, o senhor sabe o que a babushka quer com a Rose? — Você fala como se alguém pudesse saber o que se passa na cabeça de Masha. — Realmente ela sempre faz o que quer. — Antes o senhor se referiu a algo que disse a Rose, mas não esperava que fosse acontecer, o que foi? — Quando fomos jantar na casa dela, com as lembranças de sua mãe, eu cometi uma indiscrição dizendo que gostaria que ela fosse sua noiva, vi que tinha falado demais e pedi que ela não comentasse com ninguém. Então ele compartilhava do pensamento de babushka sobre meu casamento, não entendo porque ele não falou isso antes, mas agora não adianta ficar remoendo o assunto. — Ontem eu fiz algumas descobertas, Karl rejeitou Rose a vida toda e até batia nela quando criança e ainda a fazia de criada, se não bastasse isso, ele ameaçou vendê-la se não aceitasse ir para igreja se casar comigo. — Como alguém pode fazer algo assim com a própria filha? — Não sei,
Dimitri Quando estou chegando, vejo Rose no quintal e ela não está sozinha, percebo que algo está errado quando ela começa a se afastar do homem e assim que chego mais perto escuto o que ele fala. — Era para eu tê-la em meus braços antes, mas aquele serviçal atrapalhou os planos, mas hoje não terá escapatória. Agora eu sei de quem se trata; Barton Russell, proprietário de um bordel do outro lado da cidade, um lugar bem diferente do clube que eu frequentava. Quem ele pensa que é para vir na minha casa sem ser convidado, e ainda por cima com a intenção de violentar a minha esposa. Desço do cavalo e nem me dou ao trabalho de prendê-lo antes de me aproximar. — O que faz aqui, Russell? — Falo ao me aproximar para que ele me veja. — Vim apenas ter o que paguei. Como assim ele pagou por ela? Rose disse que o pai apenas ameaçou vendê-la, mas pelo visto tem mais coisa nessa história do que ela falou ontem. — Não fale como se ela fosse um objeto. — Ela é mulher, existe para satisfazer no
Rose Após nossa conversa, vou para a cozinha e começo a preparar o jantar, me sinto bem sabendo que Dimitri não vai deixar Barton me fazer mal, agora sei que fiz o certo ao confiar nele. Com o jantar encaminhado, peço para Reese cuidar das panelas e subo para arrumar as malas, no closet de Dimitri tem tanta roupa que fico até em dúvida sobre o que colocar, o inverno está começando e não sei se para onde vamos faz mais frio que aqui, vejo um sobretudo marrom pendurado e o pego para colocar na mala. Quando termino de arrumar tudo deixo a mala sobre a cama, para o caso de ele querer mudar algo que coloquei e volto para terminar o jantar. Depois do jantar, vamos para a sala, quero saber um pouco mais sobre para onde iremos, essa é a primeira vez que irei viajar, e apesar da situação, estou animada. — Dimitri, onde fica esse lugar para onde iremos? — São Basílio é um vilarejo bem ao norte, a maioria das pessoas lá são descendentes de russos, foi onde meu pai conheceu minha mãe, ela esta
Rose Só no meio da tarde finalmente chegamos a São Basílio, mas em vez de entrar na Vila, pegando uma estradinha lateral até chegarmos à frente de uma casa, ela é de tijolinho com várias janelas de moldura branca, tem também duas chaminés e posso ouvir o barulho de água, talvez tenha algum riacho por perto. — Sei que é uma casa pequena, mas espero que goste daqui. — Se essa casa é pequena para ele, imagina uma grande. — Não a achei pequena e ela é linda. — Que bom que gostou. — Ele sorri e retribuo o sorriso, está se tornando fácil me sentir à vontade com ele. — Venha, quero lhe mostrar a casa. Uma mulher vem nos receber, Dimitri explica que ela é a governanta, Yolanda e possui mais duas criadas que cuidam de tudo. Entramos e vejo que a casa é bem aconchegante, no andar de baixo tem uma sala com lareira, além da cozinha, a sala de jantar, um quarto e um escritório, no andar de cima tem três quartos. — Rose, pode ficar com esse quarto, o meu fica no fim do corredor. — Esse quarto
Rose Pouco depois estamos todos na carruagem a caminho da vila, Dimitri se senta ao meu lado e fica segurando minha mão. É um lugar lindo, as casas uma ao lado da outra e todas de pedra, parece que esse lugar existe a séculos, chegamos na casa da tia de Dimitri e começo a ficar nervosa, e se eles não gostarem de mim? — Você já conquistou minha babushka, conquistá-los será muito mais fácil. — Dimitri fala baixo ao me ajudar a descer, de modo que só eu o escuto. Quando entramos, Andrey nos leva até a cozinha, onde está uma senhora que imagino ser a mãe dele. — Mãe, temos visita. Ela se vira e sorri. — Dimitri, que bom lhe ver. — Vem lhe abraçar. — Tia, essa é minha esposa Rose, Rose essa é minha tia Helenka. — Bem-vinda querida. — Ela também me abraça. — Mãe eles vieram para o jantar. — Ótimo, a família toda junta hoje. — Onde o pai está? — No jardim com Yegor e Yuri, Dimitri, como está minha mãe? — Está ótima como sempre, mas meu pai, eu acho que está se arrependendo de tê-
Dimitri Enquanto saímos para o jardim, penso em como Rose ficou quando todos disseram que ela é linda, me pareceu que ela não acreditou neles, se for isso, terei que mudar seu jeito de pensar sobre isso também, ela precisa ver que é linda. — Então Dimitri, me conte como aconteceu esse milagre. — Pede Yegor. — Do que está falando? — Estou falando de você estar apaixonado. — Você está louco. De onde tirou isso? — Fora o fato de você estar casado com aquela bela morena, que neste momento está na cozinha de minha sogra, atendendo o desejo de minha mulher. O jeito como você olha para ela e até como fala com ela, enfim, está na sua cara. — Ele só pode estar querendo me provocar, isso não é verdade. — Só porque a quero bem, não quer dizer que eu esteja apaixonado. — Por mais que eu saiba que Yegor gosta de provocar, dessa vez tenho que concordar com ele, eu fiquei observando vocês lá em casa, você está sim apaixonado por ela ou pelo menos está começando. — Andrey fala. Será que eles