Rose Quando vejo papai entrar no escritório, subo e vou cuidar dela. Mamãe está caída no chão, suas costas está vermelha e em alguns lugares vejo que está sangrando. Deixo a bacia sobre uma mesinha ao lado da cama e vou até ela, lhe ajudo a deitar e com calma vou colocando os panos em suas costas, ela se encolhe um pouco, mas logo consegue relaxar quando o remédio diminui a dor, depois de colocar os panos, fico sentada ao seu lado, acariciando seus cabelos, assim como ela fazia comigo quando era pequena. Troco os panos para que tenha mais efeito e então volto a lhe acariciar até que pegue no sono, noto que não foi só nas costas que ele a machucou, na sua intimidade está bem vermelha e sai um pouco de líquido, pego um pano na bacia e a limpo sem entender porque ele a machucaria ali, é por coisas assim que nunca quero me casar. Pego a coberta e puxo sobre ela e mesmo que neste ano não tenha feito frio ainda, as noites estão cada vez mais geladas. Vou para meu quarto e fico pensando na
Dimitri A governanta Paige nos avisa que o jantar está servido e nos dirigimos à sala de jantar, não deixo de reparar os olhos de Rose brilhando ao olhar o banquete que foi preparado, mas não tem como ser uma novidade para ela, sendo sobrinha do Duque Plymouth, ela já deve ter visto vários, talvez algum prato tenha chamado sua atenção, talvez o Pelmeni que babushka preparou, ele é uma massa fina recheada com carne coberto de Smetana, um creme azedo delicioso, esta é minha comida favorita, e ninguém a faz tão bem como minha babushka. Após o jantar, voltamos à sala, noto que Rose não veio conosco, desde sua chegada, evitei lhe olhar, para não ficar pensando em nosso último encontro, mesmo que isso tenha permanecido em meus pensamentos. Não sou o único a notar que ela não veio, babushka também olha e saí da sala, imagino que indo ver onde Rose está. Logo que as duas voltam, vejo que babushka está sorrindo, o que será que aconteceu? — Ты женишься не на той сестре, эта тебе подходит. (E
Rose Termino o almoço e volto ao serviço, aproveito que papai saiu e enquanto estou limpando meu quarto, já faço minha pequena mala, irei levar apenas o essencial, até porque não tenho tantas roupas para precisar levar muita coisa. Escuto o papai chegar e percebo que tem mais vozes, como não gosto do modo como os amigos dele me olham, prefiro ficar no meu quarto. É tão tranquilo aqui sem Daisy por perto, se eu ficasse, esse seria apenas meu quarto, pelo menos até papai achar um monstro e me obrigar a casar. Quando penso que já foram embora, resolvo descer, paro no meio da escada ao ver com quem papai conversa, é o homem a quem ele disse que iria me vender, aquele que queria fazer atrocidades comigo e estava disposto a pagar para conseguir. Isso deve significar que de alguma forma, papai descobriu que vou fugir e decidiu me vender para lucrar algo com meu sumiço. Como pode um pai odiar tanto uma filha a ponto de aceitar vendê-la? Eu nunca fiz nada errado e mesmo assim, ele me maltra
Rose Acordo um pouco desorientada, sinto-me estranha e penso em voltar a dormir, mas aos poucos, o que aconteceu ontem vem à minha mente, papai falando com aquele homem, depois dizendo que eu iria casar com Dimitri. Tento me lembrar de mais detalhes, mas não consigo, abro os olhos e vejo o quarto que estou, ele é claro, mas não posso ficar aqui admirando, tenho que encontrar Dimitri e explicar o que houve ontem. Meu corpo todo dói e mal consigo me mexer, devagar consigo me sentar, o lençol desliza e percebo que estou nua. Antes de procurar Dimitri, preciso encontrar alguma roupa, escuto um barulho e ao me virar, percebo que não estou sozinha na cama, tem um homem dormindo ao meu lado. Grito puxando o lençol até meu pescoço para me cobrir e o empurro com os pés, o fazendo cair da cama. — Mas que diabos é isso? Quando ele cai, não posso deixar de notar que também está nu e como fiquei com o lençol, não há nada o cobrindo, levanto-me às pressas e vou para o lado mais distante do quarto
Dimitri Vendo que não poderei alcançá-la, peço a Kelson que diga a Isaac para preparar meu cavalo o mais rápido possível, enquanto vou colocar uma calça e uma camisa, não tinha intenção de chamá-la pelo nome da irmã, mas no calor do momento, acabei me confundindo. Saio às pressas, disposto a encontrá-la antes que o escândalo fique maior, por sorte, ainda é bem cedo e não há quase pessoas nas ruas. Logo a vejo e apresso o cavalo para chegar perto dela, será que ela não se importa com as pessoas lhe olhando? — Rose, por favor. — Vejo que o senhor se lembrou do meu nome. — Ela fala sem diminuir o passo. — Por favor, entenda, foi um erro aceitável devido a tudo que aconteceu, vamos voltar para casa antes que todos a vejam vestida assim. — Ela não para, então coloco o cavalo em sua frente e quando ela tenta desviar, a pego pela cintura e a puxo para cima, ela esperneia um pouco e aperto mais seu corpo para que não caia. — Pare com isso ou vai fazer o lençol cair e não vou parar para peg
Rose Dimitri sai e o escuto trancando a porta, corro até a janela e vejo que é alta demais para pular e fugir por ela. Noto então que o lençol está sujo de sangue e me pergunto se ele viu isso também, que vergonha. Quando vi o sangue na cama, por um momento pensei que poderia ter acontecido algo, mas então notei que eram apenas minhas regras, que adiantaram um pouco, e pude respirar aliviada, mas em seguida quis morrer de vergonha por ele estar presenciando algo assim. Lembro como ele parecia não estar feliz com o casamento, mas também não querendo fazer nada para mudar nossa situação, como se eu fosse passar o resto da vida com ele. Eu estava disposta a conversar, até ele me dizer que ia me levar de volta para papai, tenho certeza que ele me mandaria na mesma hora embora com aquele homem e isso eu não posso aceitar. Cobrindo a parte com sangue, amarro melhor o lençol formando um tipo de túnica, não é decente, mas é melhor que ficar sem nada. Algum tempo depois, uma senhora negra en
Rose Assim que Dimitri sai do quarto, experimento os três vestidos, um é azul, um rosa claro e um roxo, escolho usar o roxo. Pouco depois desço e vou para cozinha, não tem ninguém ali, então começo a olhar as coisas, procurando o que preciso para preparar o almoço e quando coloco os legumes na panela, Reese entra na cozinha. — O que a senhora faz aqui? — Estou fazendo o almoço. — Senhora, isso não é normal, faz parte do meu trabalho aqui preparar a comida. Tanto tempo cuidando de tudo, nem pensei que teria alguém que fizesse as coisas por mim aqui. Mas mesmo assim, cozinhar sempre foi algo que gostei de fazer, e não quero deixar isso de lado. — Eu sei, mas não vou passar o dia todo sentada olhando para as paredes, então a partir de hoje, a comida é minha responsabilidade. — Como desejar senhora. — Reese, ainda não sei onde as coisas ficam e nem como funciona, poderia me ajudar a colocar a mesa e enquanto isso me falar sobre como as coisas funcionam por aqui? — Sim senhora. —
Rose Fecho a mala e solto um suspiro, eu estou realmente livre dessa casa e das maldades de papai. — Rose, minha menina, me perdoe por não conseguir impedir Karl de fazer isso. Vejo que mamãe está realmente triste, e não posso lhe culpar pelo que ele me fez, afinal ela é mulher e não tem como ir contra ele, sem contar que vi como ele a machucou naquele dia. — Mamãe, não precisa se desculpar, não esqueça que sei do que papai é capaz, foi por isso que ele lhe bateu naquela noite, não foi? — Foi sim, ele precisava da minha ajuda para falar com a costureira. Rapidamente termino de arrumar minha mala, apenas colocando algumas coisas a mais, coisas que não iria levar para América, mas ainda assim não é muito. — Mamãe, falou com a Nathally ontem? — Falei sim, ela queria levar você junto com ela de qualquer jeito, mas eu sabia que seu pai poderia machucá-la e consegui convencê-la a ir sozinha. — Pelo menos uma de nós será livre. — Rose, um dia eu abri mão da minha vida e da chance de