Fazia mais de cinco anos que Greice trabalhava na estação de Porto Alegre. Depois que as linhas com a estação na América do Sul ficaram mudas, ela e seus colegas fizeram de tudo para descobrir o que havia acontecido. Ligaram diversas vezes para a estação na América do Norte, na Ásia e para diversas estações ao redor do mundo na época atual, sendo que de todas elas recebia a mesma resposta. “Também tentamos comunicação com eles desde cedo e ainda não tivemos nenhuma resposta para o que está acontecendo.” Eles também recebiam muitas ligações, cujas perguntas não sabiam responder.
E assim, a manhã daquela sexta-feira passou sem que ninguém soubesse de nada. Greice não sabia mais o que fazer, Eliseu já aparecera duas vezes cobrando uma resposta: “Preciso saber o que está acontecendo e o que devo fazer, antes que o próximo ônibus saia”, berrava Eliseu da porta. E então chegava o horário de outro ônibus partir, e mais outro, e mais outro, e nada de respostas.
Eliseu então
Diferente de Valdir e Alex, que compraram um terreno e mandaram construir suas casas, Ana preferiu morar num apartamento. Morava no sétimo andar de um prédio com oito andares. Esse apartamento pertencia ao primeiro prédio residencial construído ali, onde ela mora ainda hoje e os últimos acontecimentos apenas lhe davam a certeza de que fizera uma ótima escolha. Conhecia os horrores daquela terra como ninguém e, apesar de já existir o manto elétrico na época em que se mudou para a estação, não confiaria sua vida naquela ilusão. Quando Ana iniciou o seu trabalho, ela gostava do que fazia, mas a duras penas percebeu que para que seu trabalho tivesse êxito, aqueles animais deviam ser respeitados. Sua experiência naquele mundo a fizera acreditar que a natureza fez dos dinossauros os únicos animais capazes de enfrentar o homem com igualdade. Ana os temia, apesar de jamais demonstrar e ser capaz de controlar seu medo, por isso desejava viver num lugar bem alto, para que eles
A chuva daquela sexta-feira só parou na madrugada de sábado. Quando o dia amanheceu, o céu ainda estava nublado, mas não choveu mais durante todo o fim de semana. Na manhã de sábado acabaram de retirar o entulho da área do metrô e constataram que a plataforma, apesar de danificada, ainda podia ser utilizada. Se já era difícil encontrar um local para improvisar a partida dos ônibus, no caso do metrô isso se tornava impossível, pois eles precisavam de espaço e o caminho por onde passavam atravessava a estação de um lado a outro. Quando o metrô chegou para levar os turistas naquele dia, Alex pediu que no domingo viessem dois, um pela manhã e outro à tarde. A nebulosidade diminuiu na tarde de sábado de forma que o dia terminou ensolarado e agora, sem o manto elétrico, outro problema surgia. A temperatura neste período era mais elevada do que a que estamos acostumados e o manto elétrico sempre fora mais eficiente que ar condicionado, por isso apesar de estarem entrando no inverno
O trabalho de retirada dos escombros prosseguiu sem folga no domingo. Chegaram à conclusão de que o prédio deveria ser reconstruído. Outros dois metrôs partiram, permitindo que outro grupo de turistas continuasse viagem. Com tudo isso acontecendo, Alex mal teve tempo para descansar naquele fim de semana. No domingo a temperatura continuou aumentando. Como o próprio manto elétrico se encarregava de manter a temperatura agradável dentro da estação, não havia ar condicionado, nem ventilador, mas mesmo que tivesse não poderiam ser usados, porque estavam sem energia elétrica. Agora, a única coisa à qual podiam recorrer para se refrescar do calor quase insuportável era a água das piscinas. Uma lista com os itens mais necessários foi redigida e entregue a um dos pilotos, pedindo que no dia seguinte enviassem um metrô de carga trazendo os equipamentos da lista. Nesta lista foram incluídos materiais de reforma, alimentos não perecíveis e, quando soube dela, Valdir incluiu div
Como não sabia em que quarto Berenice estava hospedada, Sebastião teve que ir até a recepção pedir informações. Assim que chegou em frente ao balcão, lembrou-se que nem o nome dela ele sabia, o que dificultaria um pouco as coisas. Preferiu perguntar por uma jovem de cabelos longos, escuros e ondulados, usando um vestido branco, que havia saído há pouco do restaurante acompanhada pelo marido, um pouco mais alto que ela, cabelos curtos e escuros... Não precisou continuar. Para sua sorte, a recepcionista os tinha visto saindo do restaurante em direção à escada, então deu ao segurança todas as informações que precisava. Apesar do sucesso que obteve com as informações, Sebastião deixou a recepção com um ar desapontado, agora eram mais vinte andares que teria que subir pelas escadas. Ao voltarem para o quarto depois da briga, Inácio e Berenice ficaram em silêncio. Quando Sebastião bateu à porta do quarto deles, nenhum dos dois havia dito uma única palavra ainda. Inácio sus
Na segunda-feira o sol brilhou ainda mais forte, sem que passasse uma única nuvem sobre a estação, e a temperatura era quase insuportável. O metrô de carga trazendo os itens pedidos foi o primeiro a chegar naquela tarde e os reparos na rede elétrica logo começaram. Alex iniciou os reparos no manto elétrico, pois se quisessem manter a estação era imprescindível que ele fosse reativado o mais rápido possível e, como o prédio que continha sua parte mais importante não existia mais, havia outro obstáculo a ser vencido. Além disso, precisava de eletricidade para que o manto elétrico funcionasse e, a menos que encontrassem uma maneira de reativar os ônibus, não havia de onde obtê-la. Valdir também teve um dia de muito trabalho. No hospital ainda havia muitos pacientes que foram feridos pela eletricidade e agora começavam a receber outros pacientes que passavam mal por causa do calor. Depois que Valdir se tornou diretor da Dimensão Turismo, não sobrava tempo para a medicina
Valdir e o delegado já tinham ido embora há algum tempo. Heitor saiu primeiro, voltando ao hotel logo após o encontro. Já Valdir voltou para casa quase uma hora depois. Os assuntos referentes à reforma da estação ainda preocupavam a ambos. Era quase meia noite. Alex não havia acompanhado Valdir quando ele saiu, por isso agora, com as chaves na mão, estava indo fechar o portão. Mas antes de sair, alguém bateu à porta. Cíntia começava a subir a escada quando parou no meio do caminho e ambos se entreolharam. Quem viria à uma hora dessas? Como já estava a caminho, Alex foi abrir a porta, deparando-se com um vulto em frente a ela, do qual pode distinguir apenas o sobretudo e chapéu. A princípio, pensou ser Juarez, pois era o único conhecido que se vestia desta maneira. Mas quando ele saiu das sombras, vindo para a luz bruxuleante das velas, Alex percebeu que era bem mais jovem. O sobretudo estava aberto, mostrando que usava calça e camisa pretas, assim como o sobretudo e
Vinte minutos depois de se afastar de Cíntia, Heitor, Sebastião e outros seis seguranças que ele conseguiu reunir num curto espaço de tempo chegavam ao local em que Cíntia disse ter se separado de Alex. Tinham se dividido em dois grupos de quatro e chegaram ao local por caminhos diferentes, cercando o quarteirão. Eric, um dos seguranças, logo encontrou a arma, que suspeitou ser a que Alex levava. Estava atirada no meio da rua. – Heitor, veja isso – disse ele no mesmo instante. O delegado abaixou-se para pegá-la, sabia que devia estar com algum defeito ou então não teria sido abandonada daquela maneira. Logo se levantou com a arma na mão e, direcionando-a para o chão, apertou o gatilho. Como já imaginava, não aconteceu nada. Eles olharam em volta, procurando vestígios de um tiroteio pois, ao atingir um objeto sólido, as armas eletromagnéticas deixavam uma mancha azulada. Havia fragmentos desta mancha apenas na arma, mas a julgar pelo estado dela, Alex fora atingido e,
Apesar da distância, Heitor e Sebastião puderam ouvir os disparos e tijolos se quebrando, por isso logo voltaram para o interior do prédio, mas não ousaram subir as escadas e ficaram no térreo. Sebastião montou guarda próximo às escadas e Heitor, embora não julgasse tão necessário, ficou próximo ao elevador. Ambos com armas e lanternas prontos para atirar caso fosse necessário. Eles mal haviam tomado posição quando Felipe e João, dois seguranças do hospital, juntaram-se a eles: – Valdir ouviu barulho no prédio – explicou João – e, quando viu o delegado aí na frente, achou que devia enviar ajuda. – Ele foi até a universidade – acrescentou Felipe. – A qualquer momento deve estar chegando com reforço. De repente ouviram o som abafado de algo pesado batendo contra o chão. No momento seguinte o rapaz saía do fosso do elevador estapeando a roupa para livrar-se do pó de cimento e argamassa. Mas, ao voltar-se para eles e perceber que uma nova comitiva o aguar