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Capítulo 4: Uma desconhecida familiar

Peter adormeceu num sono profundo e parecia que não iria acordar mais. Mas, no entanto, algo em seu corpo o fez acordar a transpirar muito. Levantando-se, pega no seu telefone e nota que são cinco e meia da tarde. Lembrou-se então que recebera uma mensagem anónima pouco antes de adormecer.

- Acho que devia ir para o parque... - diz para si mesmo - talvez seja alguém que eu conheça e esteja a querer brincar comigo! 

Então, Peter toma um banho relaxante e prepara-se, agasalhado e cheiroso, para encontrar-se com a tal pessoa. E de repente, o seu telemóvel toca por volta das 9 menos um quarto. 

- Boa noite... Então vens? - pergunta uma voz doce e angelical. 

- Tu tens uma voz linda mas ainda assim quero saber quem és! - exclamou Peter com um tom de voz curioso. 

- Estarei à tua espera, menino Willard! 

A jovem, ainda desconhecida para Peter, desliga o telemóvel. Então, Peter que estava a tomar o seu chocolate quente, sai apressadamente em direção ao parque.

Durante o caminho, a pé, não parava de pensar naquela voz doce e suave. Ele tinha a leve impressão que já a tinha ouvido em algum sítio. Chegando então ao parque antes do combinado, Peter aguarda pela jovem. Estava bastante frio e o parque estava movimentado naquela noite. 

Entretendo-se com música, volta-se para a direita e vê uma jovem agasalhada a caminhar em sua direção e logo levanta-se sentindo um certo nervosismo. Desliga a música e tira os auriculares. A jovem esboça um sorriso extravagante e logo Peter começa a sentir um aroma agradável, nada que se comparasse ao cheiro de Zuleika, que era único e viciante. 

- Hey Peter! - saúda a jovem ainda misteriosa - Por onde tens andado? 

- Olá... bem, eu tenho estado por aqui! - diz receoso - Agora vais finalmente dizer-me quem és? Porque eu não faço ideia mesmo! 

- Sim, claro! Lembras-te quando foste ao cinema uma vez com os teus pais e fizeste xixi nas calças de tanto rir naquele filme que falava da vida de Charles Chaplin? Bem, eu estava lá e vi-te! - explica a jovem. 

- Lembro-me certamente e não é uma lembrança nada boa para mim! - exclama Peter envergonhado - Mas ainda não me disseste quem tu és. Eu não me lembro de ti. 

- O meu nome é Emma, Peter. Emma Oliver. Sou a menina que te ajudou a arranjar outras roupas no cinema pois estavas todo imundo! - revela a jovem sorrindo. 

- Meu Deus! Como eu não pude me lembrar de ti? Peço-lhe imensas desculpas! - exclamou Peter surpreso e com o rosto avermelhado de tanta vergonha - Eu ainda não sei como encontraste-me. Isso está tudo muito estranho. 

- Peter... nesse dia tu simplesmente desapareceste depois de receber a minha ajuda e eu fiquei bastante curiosa para te conhecer mais. Então eu segui uma senhora que estava contigo e pedi-lhe o teu contacto mas nunca tive coragem de ligar para ti! - explicou Emma. 

- Tu és doida, menina! Como é que ousaste fazer isso? O que é que estavas a pensar? - questiona Peter furioso. 

- Peter, apenas quis encontrar-te pois achei que pudéssemos começar uma boa amizade! Peço desculpas por isso. Mas se quiseres, eu já não voltarei a procurar-te. - expressa a jovem com um semblante triste. 

- Tudo bem. Podemos ser amigos. Mas agora preciso de ir para casa. Queres que te acompanhe até à tua? 

- Se não for um incómodo, claro! - exclama Emma alegre - A minha casa fica pertinho daqui, então podemos caminhar calmamente e aproveitamos comer qualquer coisa. 

Então, Peter acompanha a jovem para sua casa. No caminho, o frio parecia aumentar cada vez mais e ambos sentiam os corpos trémulos. 

Chegando a casa, Peter repara detalhadamente em cada canto da casa, observando cada quadro e cada fotografia presentes. Era uma casa considerada estável. Emma vivia apenas com a irmã mais velha, Karen, de 37 anos, enquanto ela tinha acabado de completar 17 anos. No entanto, a sua irmã estava ausente devido a uma viagem de urgência a fim de que pudesse visitar a sua mãe que estava com um estado de saúde decadente. 

Então Peter senta-se na sala e começa a monologar nos seus pensamentos:

- Que raio estou aqui a fazer? Nem sequer conheço bem esta tal de Emma. Ela parece-me ser uma boa pessoa mas sinto-me estranho...

- Hello! Peter! Estás aí todo distraído rapaz. A comida já está pronta. - sorri Emma, estremecendo o corpo do jovem e convidando-o para um breve lanche. 

- Ah que susto! Não voltes a fazer isso, ainda me matas do coração. - diz Peter assustado - Vamos comer, que eu estou faminto!

Sentando-se à mesa na cozinha, Peter e Emma vão saboreando uma deliciosa sandes de presunto com queijo e maionese. A jovem vai observando os lábios de Peter e fica meio que hipnotizada. Eram limpos e rosados, saboreavam lentamente o lanche. Os olhos tinham um detalhe que chamou muita atenção.

— Tem alguma coisa de errado? – interrogou Peter – Estás muito caladinha e observadora, Emma!

— Não, não... É que nunca mais nos vimos e eu nunca tinha reparado bem que tens uma pinta preta no olho direito! – exclamou Emma esboçando um sorriso.

— Ah! Sabes que quase todo o mundo repara nisso? Uma vez perguntaram se vejo mesmo bem. Mas eu gosto dessa pinta. Realça o brilho dos meus olhos. 

— E como realça... – diz a jovem soltando um suspiro ofegante.

— Então, diz-me: o quê que gostas de fazer?

— Bem, eu gosto de livros. Redijo alguns poemas e tenho certa facilidade para fazê-lo... Além disso, também gosto muito de passeios, conhecer lugares interessantes! – disse o rapaz entusiasmado.

— Muito interessante sr. Willard! Então, eu quero ouvir um dos teus poemas... Posso ou vou ter de pagar por isso? – diz Emma esboçando um sorriso.

— Bem, não será um incómodo mas meio desconfortável... Então, aqui vai:

"Aqui me encontro eu, perdido nos teus olhos...

Tentando observar essa imensidão de  lágrimas que já escorreram pelo teu rosto

Estas mesmas que eu desejaria que fossem de alegria mas não me atrevo a perguntar porque sei o que noto, sei o que vejo

Estou aqui perdido no teu beijo...

Os teus lábios doces que me viciam mais a cada toque

E a cada beijo a tua respiração vai ficando mais quente e o coração bate forte

A cada aperto na tua cintura o desejo de te ter mais aumenta... E por pouco eu tenho um enfarte... Sim um enfarte

Estou aqui perdido nas tuas curvas...

Ai como elas me fazem sonhar tão alto... Ver o universo que posso explorar no teu corpo

Poder tocar no teu íntimo, conseguir alcançar o que só eu posso...

Eu me gabo por ter o que eu mais quero neste momento 

Porque o que aqui imagino pode um dia virar esquecimento...

Mas no entanto a vida com o que tenho em ti faz mais sentido

E eu não encontro direção, pois estou perdido... 

Perdido em ti..." 

Peter recita o poema com um brilho intenso nos olhos enquanto Emma admira o mexer dos seus lábios e o encantar das suas palavras. Enquanto isso, as suas pernas tremem incontrolavelmente e morde os seus lábios, sentindo um frio na barriga. Aquele rapaz tinha um talento oculto e pelos vistos, acabava de ser revelado. 

— Peter, esse poema é incrível! Já pensaste em escrever um livro algum dia? Meu Deus! – diz Emma empolgada.

— Bem, eu... – cala por uns segundos – Não tenho lá muito tempo pra isso. Encaro isso como um passatempo. 

— Emma, eu preciso de ir agora. Lembrei que tenho um projecto a fazer para entregar daqui a duas semanas. – diz Peter já se levantando da cadeira.

— Não Peter... Fica mais um pouco. Preciso de te mostrar algo! É muito importante pra mim! – diz a rapariga pegando nas mãos de Peter

— Está bem... O que é assim tão importante?

Emma solta um sorriso e fica corada. Aqueles cabelos loiros e olhos castanhos dançavam com o seu perfume sedutor. Lentamente, vai retirando o seu vestido olhando fixamente para os olhos de Peter, que ficou com a cara pálida. E aí estava... A primeira vez que Peter via os seios de uma mulher, a não ser nas revistas eróticas que seu pai tinha, claro! 

Ela estava arrepiada, o frio deixava os seus pêlos em pé e o seu corpo flutuante! Peter simplesmente não conseguia dizer nada, parecia que lhe tinham cosido a boca. Os seios dela eram circulares e empinados. Os seus mamilos rosados e afiados, prontos para uma guerra a dois!

— Peter... Não imaginas quantas vezes fantasiei com isso! Consegues ver o quanto eu te quero? – pergunta Emma tocando nos seus seios.

— Não podemos fazer isso! Eu preciso ir embora agora! – diz o rapaz nervoso.

Peter sai a correr de casa da rapariga e deixou-a lá, à beira de um ataque de nervos e entristecida. Nem sequer tenta ir atrás dele e tranca-se no quarto chorando de raiva, sem sequer vestir mais a roupa. 

— Ah Peter... Tu ainda vais ser meu! Eu vou ter de provar essa boca e sentir-te dentro de mim. – fala a rapariga sozinha, com lágrimas nos olhos.

Peter não queria saber de mais nada e vai pra casa a pé. Aí, liga para o seu motorista.

— Vem buscar-me agora, posso ir para a tua casa se assim preferires! – diz ele gritando.

— É para já senhor Willard! Chego aí em 5 minutos.

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