Mônica foi ao escritório para procurar Vitor e perguntar por que ele precisava falar com ela com tanta urgência, mas quando chegou lá, ele não estava.— Você está procurando o chefe Vitor? Ele saiu há mais ou menos uma hora. — Disse um colega que havia chegado cedo. — Mas ele deixou alguns documentos na mesa. Disse que, se você aparecesse, era pra pegar e dar uma olhada.— Obrigada.A mesa de Vitor estava incrivelmente organizada, com dois pastas ao lado do teclado. Mônica supôs que fosse isso que ele queria que ela visse.Ela pegou os documentos e foi trabalhar. Quando começou a traduzir, percebeu que eram contratos de venda de mercadorias, originalmente em francês, e que precisavam ser traduzidos para o inglês. Além disso, ela teria que destacar as principais cláusulas. Vitor já tinha começado a tradução, mas, provavelmente por conta de outro compromisso, havia deixado o trabalho pela metade.No início, parecia ser um contrato comum, e ela avançou rapidamente. Mas, ao chegar nas últi
— Você está mentindo. — A expressão de Íris era pura desconfiança. — Tem um monte de gente no departamento de secretariado, sem falar no Tomás. Não precisam de alguém do departamento de tradução para entregar um documento.— Se você não acredita, não posso fazer nada. — Mônica guardou os papéis e saiu apressada.Íris observou Mônica se afastar, correndo, e ficou em dúvida. E se aquele documento fosse mesmo importante e precisasse ser entregue ao Rubem? Além disso, Mônica parecia realmente preocupada, até tinha ferido o braço, o que não fazia sentido se ela estivesse mentindo.Depois de algum tempo de indecisão, Íris pediu ao motorista que parasse o carro e abriu a porta.— Ei, entra aí! Eu vou junto com você. Se estiver me enganando, não vou te perdoar!Mônica suspirou aliviada e entrou no carro rapidamente, indicando o endereço ao motorista.— Fique longe de mim, que você está toda suja. — Íris se afastou com um olhar de desdém. — Tem um kit de primeiros socorros aí atrás. Se vira.—
Rubem lançou um olhar rápido para Mônica. Em poucos segundos, pareceu entender o que estava acontecendo e seu semblante ficou ainda mais sério.— Obrigado pelo esforço. Agora pode sair.— Sim, senhor. — Mônica saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Assim que o fez, encostou-se nela, exausta, soltando um suspiro pesado. Ainda bem que tinha chegado a tempo.Logo depois, Íris também apareceu. Ao ver que Mônica ainda segurava os documentos, expressou sua insatisfação:— Não disse que ia entregar os papéis para o Rubem? Por que ainda está com eles?— Esse aqui é o documento errado. Foi substituído. — Mônica respondeu, avistando uma cadeira próxima e sentando-se para revisar o contrato.Enquanto olhava o documento, seu rosto ficou cada vez mais sério. O contrato havia sido traduzido, mas o erro não tinha sido corrigido. Como isso era possível? Os funcionários do secretariado eram escolhidos a dedo, e até o pessoal do departamento de tradução não cometeria um erro tão básico. Como algué
— Hoje de manhã. — Mônica explicou o que havia acontecido. — Vitor estava fora e não pôde voltar, então me pediu para corrigir e trazer o contrato o mais rápido possível. Ainda bem que cheguei a tempo.Depois de contar a história, Mônica olhou de relance para Rubem. Desde que saíram da sala de reuniões, a expressão dele estava fechada, claramente irritado com a confusão no contrato.Ela estava curiosa para saber o que tinha acontecido, mas se Íris não estava disposta a dizer, Rubem provavelmente também não contaria.— Rubem, e se eu fosse trabalhar no Grupo Pimentel? — Íris sugeriu, balançando o braço dele. — Você vai passar um bom tempo no exterior e Tomás provavelmente vai junto. Estou cansada de atuar, e sou esperta o suficiente para te ajudar.— Você só serve para brincar, não para grandes responsabilidades. — Rubem sorriu de lado. — No Grupo Pimentel, só causaria problemas. É melhor ficar no set.Íris fez uma careta.— Não sou tão inútil assim!Rubem não respondeu. Apenas serviu u
Depois que Rubem saiu com Íris, Mônica colocou a mão no peito, aliviada. Finalmente, pôde respirar com tranquilidade. Que bom que eles tinham ido embora, seria muito constrangedor continuar ali com os dois.O restaurante do hotel oferecia uma variedade de pratos, e todos eram preparados por chefs renomados. A comida era excelente. Mônica decidiu que, assim que Tomás pagasse a conta, ela ligaria para Emma e avisaria que levaria o almoço para casa.— Senhora, aqui está o vaca atolada e as sobremesas que a senhora pediu para viagem. — Em pouco tempo, o garçom trouxe os pacotes cuidadosamente embalados.— Obrigada. — Mônica agradeceu com um sorriso, pegou as sacolas e, quando se virou para sair, acabou esbarrando em duas mulheres que vinham na direção oposta. Uma delas, vestida com um vestido justo e empurrando um carrinho de bebê, era ninguém menos que Eulália.— Ah, cunhada! Está almoçando aqui também? — Mônica pensou em fingir que não a tinha visto e passar direto, mas Eulália já a havi
Eulália tirou de sua bolsa uma sacola preta volumosa, que ela mal conseguia segurar com uma mão.— Aqui estão cem mil como adiantamento. Quando você voltar, te darei mais duzentos mil.— Trezentos mil por uma viagem? Seu marido tem mesmo uma mão generosa! — Mônica lançou um olhar rápido para o dinheiro, mas não fez menção de pegá-lo.Trezentos mil era um valor alto para um serviço de tradução, mas Mônica não estava interessada.Ela captou uma palavra-chave importante na fala de Eulália: o destino era a Turquia. Coincidentemente, Rubem também a levaria para negociar na Turquia. Era difícil acreditar que isso fosse apenas uma coincidência.— Mônica, acha que o valor é baixo? — Vendo que Mônica não pegava o dinheiro, Eulália suspirou, fingindo pesar. — Meu marido não vai ganhar muito com esse negócio também. Trezentos mil já é um bom valor.Mônica sorriu, maliciosa. A encenação de Eulália era quase cômica, como se estivesse fazendo um favor ao oferecer tanto dinheiro.— Eulália, você desc
Eulália, sem perder a compostura, brincou:— Ah, era só uma brincadeira.— Engraçado, mas já não tenho mais tempo para você. — Mônica levantou-se, sua voz fria. — Diga à Virgínia que procure outra pessoa. Não posso ajudá-la.Embora Rubem tivesse suas próprias intenções ao envolvê-la, ele já havia dado quinhentos mil para Noêmia e ficava claro que ele era mais confiável que Virgínia.Além disso, se não fosse por Rubem protegendo-a, Douglas provavelmente já teria aparecido pessoalmente para pressioná-la.Quanto a Rubem descartá-la depois dos negócios... Mônica sabia que isso dificilmente aconteceria.— Então, Mônica, você vai ficar do lado do Rubem? — Eulália agarrou o braço de Mônica. — Pense bem. Se você ajudar Virgínia, terá dinheiro e apoio quando precisar. Mas se escolher Rubem, Virgínia não vai perdoar você.— É mesmo? — Mônica não demonstrou emoção, apenas afastou a mão de Eulália. — Se tenho que escolher, escolho o Rubem.— Eu sabia! Você está envolvida com o Rubem, né? — Eulália
Ela finalmente viu que Mônica nunca foi uma mulher submissa. Aquela era a verdadeira Mônica, e não a versão fingida de antes!Devido à confusão causada por Eulália, quando Mônica chegou à empresa com o almoço, já eram uma e meia da tarde.No entanto, assim que entrou no prédio, ela percebeu que havia algo errado.As recepcionistas estavam reunidas, cochichando com expressões de pesar e choque. Os funcionários que passavam também conversavam em voz baixa, como se algo sério tivesse acontecido.— O que houve? — Mônica perguntou, enquanto esperava o elevador ao lado de uma colega.— Você trabalha em qual departamento? — A funcionária perguntou.— No Departamento de Tradução.— Meu Deus, você não soube? — A mulher a olhou, incrédula. — Ouvi dizer que o seu chefe, Vitor, passou mal no caminho de volta para o escritório, e quando o motorista o levou ao hospital, ele já estava morto. Parece que foi um infarto fulminante. Todo mundo já está sabendo, e você não?O quê? Vitor morreu? A notícia f