Eulália tirou de sua bolsa uma sacola preta volumosa, que ela mal conseguia segurar com uma mão.— Aqui estão cem mil como adiantamento. Quando você voltar, te darei mais duzentos mil.— Trezentos mil por uma viagem? Seu marido tem mesmo uma mão generosa! — Mônica lançou um olhar rápido para o dinheiro, mas não fez menção de pegá-lo.Trezentos mil era um valor alto para um serviço de tradução, mas Mônica não estava interessada.Ela captou uma palavra-chave importante na fala de Eulália: o destino era a Turquia. Coincidentemente, Rubem também a levaria para negociar na Turquia. Era difícil acreditar que isso fosse apenas uma coincidência.— Mônica, acha que o valor é baixo? — Vendo que Mônica não pegava o dinheiro, Eulália suspirou, fingindo pesar. — Meu marido não vai ganhar muito com esse negócio também. Trezentos mil já é um bom valor.Mônica sorriu, maliciosa. A encenação de Eulália era quase cômica, como se estivesse fazendo um favor ao oferecer tanto dinheiro.— Eulália, você desc
Eulália, sem perder a compostura, brincou:— Ah, era só uma brincadeira.— Engraçado, mas já não tenho mais tempo para você. — Mônica levantou-se, sua voz fria. — Diga à Virgínia que procure outra pessoa. Não posso ajudá-la.Embora Rubem tivesse suas próprias intenções ao envolvê-la, ele já havia dado quinhentos mil para Noêmia e ficava claro que ele era mais confiável que Virgínia.Além disso, se não fosse por Rubem protegendo-a, Douglas provavelmente já teria aparecido pessoalmente para pressioná-la.Quanto a Rubem descartá-la depois dos negócios... Mônica sabia que isso dificilmente aconteceria.— Então, Mônica, você vai ficar do lado do Rubem? — Eulália agarrou o braço de Mônica. — Pense bem. Se você ajudar Virgínia, terá dinheiro e apoio quando precisar. Mas se escolher Rubem, Virgínia não vai perdoar você.— É mesmo? — Mônica não demonstrou emoção, apenas afastou a mão de Eulália. — Se tenho que escolher, escolho o Rubem.— Eu sabia! Você está envolvida com o Rubem, né? — Eulália
Ela finalmente viu que Mônica nunca foi uma mulher submissa. Aquela era a verdadeira Mônica, e não a versão fingida de antes!Devido à confusão causada por Eulália, quando Mônica chegou à empresa com o almoço, já eram uma e meia da tarde.No entanto, assim que entrou no prédio, ela percebeu que havia algo errado.As recepcionistas estavam reunidas, cochichando com expressões de pesar e choque. Os funcionários que passavam também conversavam em voz baixa, como se algo sério tivesse acontecido.— O que houve? — Mônica perguntou, enquanto esperava o elevador ao lado de uma colega.— Você trabalha em qual departamento? — A funcionária perguntou.— No Departamento de Tradução.— Meu Deus, você não soube? — A mulher a olhou, incrédula. — Ouvi dizer que o seu chefe, Vitor, passou mal no caminho de volta para o escritório, e quando o motorista o levou ao hospital, ele já estava morto. Parece que foi um infarto fulminante. Todo mundo já está sabendo, e você não?O quê? Vitor morreu? A notícia f
A reunião terminou em menos de meia hora.Mônica ficou em silêncio durante todo o tempo, sem se manifestar. Quando estava saindo, foi chamada por Patrícia.— Mônica, se não tiver nada importante, evite sair durante o expediente. — Patrícia falou com as mãos na cintura e um olhar de reprovação. — Não é bom ficar fazendo outras coisas no horário de trabalho.Sem esperar uma resposta de Mônica, ela continuou:— E se o CEO Rubem precisar de você, por favor, me avise com antecedência. O departamento não tem só você como tradutora. Há outros que também podem assumir responsabilidades.Mônica assentiu, sem demonstrar qualquer emoção no rosto.— Eu entendi.— Você está insatisfeita, Mônica? — Patrícia perguntou de repente, sua postura agora muito mais arrogante do que antes, quando estava diante de todos. — Eu ser a chefe interina significa que essa posição logo será minha definitivamente.— Não estou insatisfeita. Você é mais qualificada do que eu. Quando assumir o cargo de chefe, eu, com cer
Ela atendeu automaticamente e levou o celular ao ouvido:— Alô, quem fala?— Mônica, é o Tomás. — A voz firme e séria de Tomás soou do outro lado da linha. — Por favor, arrume suas coisas e desça. Estou esperando na porta do seu prédio.— O quê? — Mônica acordou na mesma hora e, ao olhar o relógio, sua expressão ficou ainda mais incrédula. — Agora? São uma da manhã! Não vai me dizer que você quer que eu viaje agora?— Você não ouviu errado. Desça logo.Depois de desligar, Mônica ficou na cama por um bom tempo, em choque. Mas, por fim, se levantou, lavou o rosto e trocou de roupa rapidamente. Pegou alguns produtos de uso diário e roupas, jogou tudo na mala e saiu às pressas.Quando chegou à entrada do prédio, viu Tomás esperando ao lado de um carro.— Quem viaja no meio da madrugada? — Mônica murmurou, ainda incrédula. Rubem havia ficado tanto tempo sem dar notícias que ela pensou que a viagem fosse ser adiada. Mas agora, de repente, ele a chamava, e logo àquela hora!— O Sr. Rubem só c
A mulher usava um vestido e um lenço na cabeça, mas pela sua constituição robusta, devia ser um homem disfarçado.— Sr. Rubem, foi descuido meu... Deixei a Mônica ser levada. — Tomás falou com a cabeça baixa, tremendo sob a pesada aura de Rubem.— Como você pôde ser tão idiota! — Rubem lançou-lhe um olhar gelado. — A sala de embarque é enorme, quem é que vai esbarrar em alguém por acidente? Acha mesmo que o Douglas não ia saber que estávamos saindo do país?Tomás não podia abaixar mais a cabeça. Porém, Rubem não tinha tempo para ficar dando bronca. Ele continuava analisando as câmeras de vigilância do saguão do aeroporto. Na tela, viu o homem pegar Mônica no colo e, com a ajuda de uma comissária de bordo, embarcar por outra área.Aquele avião de porte médio não tinha voo programado para o dia, mas Douglas o havia fretado. Quando Rubem chegou ao aeroporto, o avião já havia decolado, levando Douglas e Mônica. O destino era a Turquia.Tomás checou o horário da rota e informou a Rubem:— E
Os três passaram pelo acesso rápido e logo chegaram ao local onde o caça estava estacionado. Era uma aeronave preta, discreta, quase invisível no canto escuro do hangar. Lucas olhou para o caça com os olhos brilhando.Aquele era o mais novo modelo da base, ainda não liberado para uso. E ele não só podia tocá-lo... Como também pilotá-lo!— Tem certeza de que isso voa? — Lucas perguntou a Rubem, subindo a bordo e checando tudo novamente. — Voar com essa máquina em espaço aéreo estrangeiro é como carregar uma bomba.— Está tudo arranjado. Temos uma rota especial para você. — Rubem respondeu com tranquilidade.Lucas relaxou. Tinha aceitado o trabalho para ganhar um bom dinheiro extra, mas não queria arriscar a própria vida.O Shadow era um caça de dois lugares. Tomás teria que pegar um voo comercial para se encontrar com Rubem na Turquia, então apenas observava os dois se preparando para decolar.…Mônica sentia-se desconfortável enquanto dormia. Meio grogue, ela abriu os olhos e percebeu
Mônica tentou soltar o braço dele que a prendia, mas os músculos de Douglas eram fortes como ferro, e ela não conseguia se desvencilhar. Foi então que ela percebeu sua expressão durante o sono.Sem os óculos, seus traços eram ainda mais marcantes. Ele parecia sobrecarregado; mesmo dormindo, suas sobrancelhas estavam franzidas, e havia olheiras escuras sob seus olhos. Apesar de tudo, ele ainda exalava um ar de elegância e serenidade.Mônica ficou olhando para ele, e suas lembranças começaram a fluir. Três anos atrás, quando ainda estavam juntos, ele a mimava de todas as maneiras possíveis. Lembrava-se de quando pegou um resfriado e ele ficou desesperado.Naquela véspera de Natal, ela havia comentado que adoraria ver o nascer do sol em Lisboa. Na manhã seguinte, eles estavam lá, e Douglas perguntou se ela estava gostando da vista.As memórias continuavam a surgir, repletas de momentos bons. Ele nunca havia sido rude com ela.Mônica ergueu a mão, quase tocando o rosto de Douglas, mas paro