A reunião terminou em menos de meia hora.Mônica ficou em silêncio durante todo o tempo, sem se manifestar. Quando estava saindo, foi chamada por Patrícia.— Mônica, se não tiver nada importante, evite sair durante o expediente. — Patrícia falou com as mãos na cintura e um olhar de reprovação. — Não é bom ficar fazendo outras coisas no horário de trabalho.Sem esperar uma resposta de Mônica, ela continuou:— E se o CEO Rubem precisar de você, por favor, me avise com antecedência. O departamento não tem só você como tradutora. Há outros que também podem assumir responsabilidades.Mônica assentiu, sem demonstrar qualquer emoção no rosto.— Eu entendi.— Você está insatisfeita, Mônica? — Patrícia perguntou de repente, sua postura agora muito mais arrogante do que antes, quando estava diante de todos. — Eu ser a chefe interina significa que essa posição logo será minha definitivamente.— Não estou insatisfeita. Você é mais qualificada do que eu. Quando assumir o cargo de chefe, eu, com cer
Ela atendeu automaticamente e levou o celular ao ouvido:— Alô, quem fala?— Mônica, é o Tomás. — A voz firme e séria de Tomás soou do outro lado da linha. — Por favor, arrume suas coisas e desça. Estou esperando na porta do seu prédio.— O quê? — Mônica acordou na mesma hora e, ao olhar o relógio, sua expressão ficou ainda mais incrédula. — Agora? São uma da manhã! Não vai me dizer que você quer que eu viaje agora?— Você não ouviu errado. Desça logo.Depois de desligar, Mônica ficou na cama por um bom tempo, em choque. Mas, por fim, se levantou, lavou o rosto e trocou de roupa rapidamente. Pegou alguns produtos de uso diário e roupas, jogou tudo na mala e saiu às pressas.Quando chegou à entrada do prédio, viu Tomás esperando ao lado de um carro.— Quem viaja no meio da madrugada? — Mônica murmurou, ainda incrédula. Rubem havia ficado tanto tempo sem dar notícias que ela pensou que a viagem fosse ser adiada. Mas agora, de repente, ele a chamava, e logo àquela hora!— O Sr. Rubem só c
A mulher usava um vestido e um lenço na cabeça, mas pela sua constituição robusta, devia ser um homem disfarçado.— Sr. Rubem, foi descuido meu... Deixei a Mônica ser levada. — Tomás falou com a cabeça baixa, tremendo sob a pesada aura de Rubem.— Como você pôde ser tão idiota! — Rubem lançou-lhe um olhar gelado. — A sala de embarque é enorme, quem é que vai esbarrar em alguém por acidente? Acha mesmo que o Douglas não ia saber que estávamos saindo do país?Tomás não podia abaixar mais a cabeça. Porém, Rubem não tinha tempo para ficar dando bronca. Ele continuava analisando as câmeras de vigilância do saguão do aeroporto. Na tela, viu o homem pegar Mônica no colo e, com a ajuda de uma comissária de bordo, embarcar por outra área.Aquele avião de porte médio não tinha voo programado para o dia, mas Douglas o havia fretado. Quando Rubem chegou ao aeroporto, o avião já havia decolado, levando Douglas e Mônica. O destino era a Turquia.Tomás checou o horário da rota e informou a Rubem:— E
Os três passaram pelo acesso rápido e logo chegaram ao local onde o caça estava estacionado. Era uma aeronave preta, discreta, quase invisível no canto escuro do hangar. Lucas olhou para o caça com os olhos brilhando.Aquele era o mais novo modelo da base, ainda não liberado para uso. E ele não só podia tocá-lo... Como também pilotá-lo!— Tem certeza de que isso voa? — Lucas perguntou a Rubem, subindo a bordo e checando tudo novamente. — Voar com essa máquina em espaço aéreo estrangeiro é como carregar uma bomba.— Está tudo arranjado. Temos uma rota especial para você. — Rubem respondeu com tranquilidade.Lucas relaxou. Tinha aceitado o trabalho para ganhar um bom dinheiro extra, mas não queria arriscar a própria vida.O Shadow era um caça de dois lugares. Tomás teria que pegar um voo comercial para se encontrar com Rubem na Turquia, então apenas observava os dois se preparando para decolar.…Mônica sentia-se desconfortável enquanto dormia. Meio grogue, ela abriu os olhos e percebeu
Mônica tentou soltar o braço dele que a prendia, mas os músculos de Douglas eram fortes como ferro, e ela não conseguia se desvencilhar. Foi então que ela percebeu sua expressão durante o sono.Sem os óculos, seus traços eram ainda mais marcantes. Ele parecia sobrecarregado; mesmo dormindo, suas sobrancelhas estavam franzidas, e havia olheiras escuras sob seus olhos. Apesar de tudo, ele ainda exalava um ar de elegância e serenidade.Mônica ficou olhando para ele, e suas lembranças começaram a fluir. Três anos atrás, quando ainda estavam juntos, ele a mimava de todas as maneiras possíveis. Lembrava-se de quando pegou um resfriado e ele ficou desesperado.Naquela véspera de Natal, ela havia comentado que adoraria ver o nascer do sol em Lisboa. Na manhã seguinte, eles estavam lá, e Douglas perguntou se ela estava gostando da vista.As memórias continuavam a surgir, repletas de momentos bons. Ele nunca havia sido rude com ela.Mônica ergueu a mão, quase tocando o rosto de Douglas, mas paro
— Sr. Douglas.No momento em que os dois homens se enfrentavam, uma voz fria e calma interrompeu a tensão.Ao ver o homem elegante se aproximando, Mônica ficou surpresa. Ela pensava que Tomás e Rubem chegariam uma ou duas horas depois deles, mas Rubem já estava ali.Assim que chegou, Rubem tentou puxar Mônica para trás de si, mas Douglas, já prevendo o gesto, segurou Mônica firmemente, impedindo que ela fosse retirada de sua proximidade.— Sr. Rubem. — Disse Douglas com um sorriso leve. — De onde veio o helicóptero que o trouxe tão rápido?— Uma amiga minha estava em apuros. Claro que eu tive que vir depressa. — Respondeu Rubem de maneira cortês, enquanto afrouxava a gravata e desabotoava alguns botões da camisa, emanando uma aura ameaçadora. — Sr. Douglas, você já atormentou minha amiga por tempo demais. Este lugar é espaçoso, não me importo de resolver isso de outro jeito.— Eu sou um homem civilizado, não costumo usar a força. — Retrucou Douglas, mantendo Mônica firmemente em seu do
— Sim, Vitor sofreu um infarto devido ao excesso de estresse. — A expressão de Rubem permaneceu inalterada. — A empresa vai pagar uma indenização à família dele e garantir que sua filha termine a faculdade.Mônica se lembrou do contrato cheio de falhas que havia visto, e algo dentro dela dizia que as coisas não eram tão simples. No entanto, ela não sabia exatamente como falar isso para Rubem.— O chefe interino do seu departamento agora é a Patrícia, certo? — Perguntou Rubem, mudando de assunto.— Sim. — Respondeu Mônica.— Nem me avisaram, simplesmente deixaram que ela assumisse o cargo. — Rubem soltou um riso amargo, sua expressão ficando cada vez mais sombria. — Mal o corpo esfriou, e já não conseguem se conter.— Patrícia é bastante competente e trabalha há muito tempo na tradução. — Mônica reconheceu, tentando ser justa, apesar de Patrícia não ser exatamente a pessoa mais fácil de lidar.Rubem, no entanto, foi direto:— Vitor provavelmente mencionou para você que Patrícia é aliada
Ele não estava interessado, mas a tratava como uma princesinha. Se Íris ouvisse aquilo, provavelmente ficaria furiosa.— O que foi? — Rubem notou algo no olhar de Mônica e, de repente, sua expressão mudou. Ele se aproximou mais, tão perto que Mônica quase recuou.— Sr. Rubem, aconteceu alguma coisa?Rubem fez um gesto para que ela não falasse mais. Em seguida, estendeu a mão e tocou a gola da camiseta de Mônica.Ao recolher a mão, havia uma pequena escuta em sua palma. Rubem destruiu o dispositivo e, então, voltou a falar:— Aposto que foi Douglas quem colocou isso.— Que cara mais sem graça! — Mônica franziu a testa, sentindo o sangue ferver. Não imaginava que Douglas seria capaz de algo assim, mas estava claro que isso tinha a ver com o grande negócio que ele tanto queria fechar.Quando o elevador chegou ao andar, Rubem entregou a chave do quarto para Mônica. Seus dedos longos e firmes pareciam tranquilizadores.— Está tudo bem. Eu vou ficar no quarto ao lado. Descanse um pouco, e na