Foi através de Rubem que Mônica ficou sabendo que a planta fora descoberta por Tomás, que, por acaso, ainda conseguiu, com moradores locais da Turquia, um pedaço de papel com um endereço escrito. Depois de verificar os valores associados à planta, Tomás imediatamente reportou a Rubem. No entanto, o endereço no papel apontava para Uquebar, uma região quase extinta. Encontrar alguém que conhecesse Uquebar havia sido uma tarefa difícil. Mônica só conseguiu revirar os olhos. Ah, claro, difícil foi pouco, né? Ela já tinha experimentado na pele as artimanhas de Rubem e sabia muito bem o que "muito esforço" significava para ele. A luz do dia começava a desaparecer, e o céu lá fora já estava tingido de um azul escuro. A mulher com o lenço na cabeça entrou novamente na cabana e convidou Mônica para jantar. Mônica não quis parecer mal-educada e, junto com Rubem, seguiu a anfitriã até o lado de fora. No pátio, Mônica ficou encantada com a iluminação. Grandes pedras foram dispostas ao re
— Não se preocupe. Hoje à noite você e Saha podem descansar bem. Amanhã eu mando alguém sair para procurar. — Muito obrigada, senhor chefe. Depois da conversa, Mônica soltou um longo suspiro de alívio. Aproveitando que o chefe se virou para conversar com os outros, ela cochichou para Rubem sobre o que havia sido discutido. Rubem ouviu atentamente, e seus olhos brilharam com um traço de admiração. Era claro que não poderiam aceitar a troca. O objetivo deles era a planta, não peles de animais. Se dessem as sementes de presente para o vilarejo, seriam vistos como grandes benfeitores. Quando chegasse o momento de pedir a planta, ninguém suspeitaria de suas verdadeiras intenções. Quanto mais tempo passava com Mônica, mais Rubem percebia sua inteligência. Logo, a comida começou a ser servida em pequenas mesas. Os pratos eram principalmente carnes cozidas, exalando um aroma delicioso, mas havia pouquíssimos vegetais. O chefe pediu que trouxessem algumas jarras de vinho caseiro
— O quê... O que está acontecendo? Rubem, você bebeu demais? — Depois de um momento, Mônica finalmente encontrou a própria voz, embora trêmula. Ela olhou para Rubem, desconfiada. — Você perdeu o juízo? Não fazia sentido. Ela tinha visto ele beber apenas uma tigela de vinho. O homem à sua frente era Rubem, mas, ao mesmo tempo, não era. O olhar, a postura, o jeito... Tudo nele estava diferente. Antes que ela pudesse reagir, Rubem pegou a bacia caída no chão e a colocou de lado. Sem dar tempo para Mônica entender o que estava acontecendo, ele se abaixou, a pegou no colo com facilidade e a deitou suavemente na cama. — Amor, agora você está grávida. Precisa descansar direitinho. Mônica ouviu aquilo e, na hora, teve certeza de que ele estava brincando com ela. Franziu as sobrancelhas e retrucou: — Sr. Rubem, pare com isso. Eu só disse que estava grávida para enganá-los. Já está tarde, você não tem algo mais útil para fazer do que inventar essas coisas? — Amor, eu não estou brin
Esse vilarejo era pequeno, todo mundo morava perto, e o banheiro era comunitário, lá fora, na entrada do povoado. Depois de saírem da casa, os dois caminharam em silêncio, um atrás do outro, pela trilha de terra que levava ao banheiro. A noite estava calma, interrompida apenas pelo canto ocasional de algum animal desconhecido e pelo som abafado das solas dos sapatos raspando na estrada de terra seca. Quando estavam se aproximando do banheiro, Rubem estendeu a pedra luminosa para ela: — Amor, cuidado. — Sr. Rubem, para de me chamar assim. Aquele jeito carinhoso de chamá-la soava tão estranho que deixava Mônica desconfortável. Rubem levantou uma sobrancelha, como se perguntasse "por quê?", mas logo corrigiu: — Querida. Mônica suspirou profundamente, sentindo-se derrotada, e virou para entrar no banheiro. Quando voltou, alguns minutos depois, encontrou Rubem parado junto a um pequeno tanque de madeira, segurando um copo grande, também de madeira. — Querida, lava as mã
— Lá embaixo tem mais alguns dos nossos patrulhando, não tem com o que se preocupar. — disse Bruno, entregando o binóculo para Lucas. — Chefe, dá uma olhada. É o Sr. Rubem e a tradutora. Lucas pegou o binóculo com uma expressão entediada e ajustou o foco para o ponto indicado por Bruno. No campo de visão, apareceu um casal agachado na beira da estrada, trocando um beijo. O homem era claramente Rubem, mas, do ângulo em que estavam, só era possível ver a mulher de costas, com a cabeça inclinada para cima. Depois de dois segundos olhando, Lucas jogou o binóculo de volta para Bruno com um sorriso frio: — Rapaz, seus interesses são bem variados, hein? Até gosta de espiar a vida privada do Sr. Rubem. Que tal gravar um vídeo pra completar? Bruno riu sem graça: — Não é isso, chefe. Eu só tava cuidando da segurança do Sr. Rubem e... Acabei vendo sem querer. Mas, fala aí, eu não tinha dito? O Sr. Rubem e a tradutora estavam com alguma coisa. Acertei em cheio, né? — E isso te diz re
Ele ainda nem tinha terminado de falar quando Lucas, impaciente, apertou o gatilho. O som leve do disparo, quase um sussurro, foi imediatamente engolido pelo canto noturno de insetos. Bruno rapidamente ergueu o binóculo e observou a estrada. As duas caminhonetes estavam em completo desespero. O vidro da janela da frente de uma delas tinha sido estilhaçado, e o homem no banco de trás segurava o braço ensanguentado, atingido por um tiro certeiro. Logo em seguida, mais um disparo. Desta vez, o pneu traseiro esquerdo da mesma caminhonete murchou de repente, forçando o veículo a balançar perigosamente. Alguns homens espiaram para fora dos veículos, mas as mãos que seguravam as armas tremiam tanto que logo recuaram para dentro. Sem outra opção, as duas caminhonetes deram meia-volta e fugiram como soldados derrotados. — Caramba, foi só isso? — Bruno ficou boquiaberto. Ele tinha achado que os homens vinham cheios de confiança, prontos para causar problemas, mas bastaram dois tiros para
Logo depois do café da manhã, Rubem saiu com o chefe da vila e alguns homens. Mônica ficou no povoado. Vendo que Aisha lavava roupas perto do tanque, decidiu se oferecer para ajudar. — Você está grávida, não mexa com isso. Só fique aí sentada e me passe as roupas. Aisha parecia mais preocupada com a "gravidez" de Mônica do que ela mesma, o que a deixou bastante sem jeito. Sem insistir, Mônica encontrou uma pedra para se sentar e ficou observando Aisha lavar as roupas enquanto conversavam. — Dona, há quanto tempo vocês moram aqui? — Quase trinta e nove anos. — Tudo isso? — Mônica comentou, curiosa. — Muitas famílias aqui devem ter vivido décadas assim, não? Mas por que tem tão pouca gente no vilarejo? Era estranho. Se naquele lugar havia plantas capazes de regenerar células e prolongar a vida, a lógica era que, em mais de trinta anos, a população deveria ter aumentado. No entanto, desde a noite anterior, Mônica tinha notado que havia poucos moradores e, principalmente, quase
Aisha assentiu com a cabeça: — É, elas têm uma capacidade de regeneração incrível. Se você cortar as folhas e regar por alguns dias, elas voltam a ficar como antes. — Sério? Mônica olhou mais uma vez para as plantas protegidas pelo abrigo de madeira. Sua mente começou a trabalhar em uma ideia. Naquela tarde, Rubem voltou com os homens do vilarejo. Ele dirigia uma caminhonete que parecia robusta, com uma cobertura reforçada. Quando Mônica se aproximou, percebeu que o veículo havia sido modificado: a parte traseira era espaçosa e estava carregada com caixas de alimentos. — As outras caminhonetes que vieram atrás também estão carregadas com isso? — Mônica aproveitou o momento em que os moradores começaram a descarregar os suprimentos para puxá-lo de lado e perguntar. Rubem assentiu: — Depois que recebi o endereço que você traduziu, já mandei buscarem tudo. Eles não precisam de dinheiro aqui. O que falta pra eles são alimentos e sementes. Mônica apertou os lábios, clarame