— Eu vou com ela. Você fica aqui e cuida dos outros. — Rubem pegou a roupa das mãos de Bruno, falando com tranquilidade. — Sua aparência é muito... Intimidadora. Pode assustar as pessoas. — Eu? Sério? — Bruno coçou a cabeça, parecendo genuinamente ofendido. Mônica, que já estava preparada para ir sozinha, ficou surpresa ao ver que Bruno fora substituído por Rubem. Por um momento, sua mente ficou confusa. — Sr. Rubem, eu posso ir sozinha. Não tem necessidade de incomodar o senhor com algo tão simples... — Se fosse incômodo, eu não teria vindo pessoalmente. — Rubem a interrompeu, com um tom direto e irrefutável. A roupa masculina típica que ele iria vestir exigia que tirasse a camisa social. Sem hesitar, Rubem começou a desabotoar os botões, um por um. Logo, seu pescoço e a clavícula começaram a aparecer, uma visão marcante, que exalava uma sensualidade natural e despreocupada. Quando chegou ao quarto botão, ele parou e levantou os olhos na direção de Mônica. Ela, distraída
— Porque só quando estou trabalhando eu sinto que estou vivo. Rubem disse isso em um tom tão leve, tão desprovido de emoção, que parecia apenas uma constatação casual. O som de folhas farfalhando ao vento preencheu o silêncio entre eles, e Mônica, que não tinha ouvido direito, perguntou: — O que o senhor disse, Sr. Rubem? Ela tentou se aproximar para escutar melhor, mas acabou tropeçando em uma trepadeira no chão. Seu corpo inclinou para frente e estava prestes a bater diretamente nas costas de Rubem. Como se já esperasse por isso, ele se virou rapidamente e firmou as mãos sobre os ombros dela, impedindo a queda. — Mônica, essa trilha não é fácil. — Ele suspirou, com um toque de impaciência. Às vezes, achava Mônica incrivelmente inteligente; outras, parecia que ela não conseguia nem andar sem tropeçar. Sem dizer mais nada, Rubem segurou firme o pulso dela e continuou abrindo caminho com o facão, cortando os galhos e arbustos à medida que avançavam. Mônica olhou para a mão
— Então... Você já viu como ele me trata. Ele me ama muito, e eu fugi com ele. Mas nunca imaginei que meu pai fosse ficar tão furioso. Ele começou a perseguir a gente e a destruir nossos negócios. Não conseguimos mais ficar em Limar, então viemos pra cá com a mercadoria, na esperança de vendê-la e dar uma vida melhor pro bebê. Só que nos perdemos no caminho... E ainda perdemos o caminhão com tudo que tínhamos. — E o seu bebê? Onde está? — Ainda não nasceu. — Mônica acariciou a barriga com delicadeza, a expressão ficando ainda mais triste. — Meu pai pode me odiar o quanto quiser, mas esse é o filho meu e do Saha. Eu só quero criá-lo direito... Dar a ele uma chance de ser feliz. As palavras dela tocaram fundo na outra mulher, que suspirou e puxou Mônica para um abraço acolhedor, batendo levemente nas suas costas. — Ah, minha filha, que história triste. Eu também sou mãe, sei o quanto é difícil estar grávida. Você deve estar exausta. Depois de alguns segundos, a mulher soltou um
Foi através de Rubem que Mônica ficou sabendo que a planta fora descoberta por Tomás, que, por acaso, ainda conseguiu, com moradores locais da Turquia, um pedaço de papel com um endereço escrito. Depois de verificar os valores associados à planta, Tomás imediatamente reportou a Rubem. No entanto, o endereço no papel apontava para Uquebar, uma região quase extinta. Encontrar alguém que conhecesse Uquebar havia sido uma tarefa difícil. Mônica só conseguiu revirar os olhos. Ah, claro, difícil foi pouco, né? Ela já tinha experimentado na pele as artimanhas de Rubem e sabia muito bem o que "muito esforço" significava para ele. A luz do dia começava a desaparecer, e o céu lá fora já estava tingido de um azul escuro. A mulher com o lenço na cabeça entrou novamente na cabana e convidou Mônica para jantar. Mônica não quis parecer mal-educada e, junto com Rubem, seguiu a anfitriã até o lado de fora. No pátio, Mônica ficou encantada com a iluminação. Grandes pedras foram dispostas ao re
— Não se preocupe. Hoje à noite você e Saha podem descansar bem. Amanhã eu mando alguém sair para procurar. — Muito obrigada, senhor chefe. Depois da conversa, Mônica soltou um longo suspiro de alívio. Aproveitando que o chefe se virou para conversar com os outros, ela cochichou para Rubem sobre o que havia sido discutido. Rubem ouviu atentamente, e seus olhos brilharam com um traço de admiração. Era claro que não poderiam aceitar a troca. O objetivo deles era a planta, não peles de animais. Se dessem as sementes de presente para o vilarejo, seriam vistos como grandes benfeitores. Quando chegasse o momento de pedir a planta, ninguém suspeitaria de suas verdadeiras intenções. Quanto mais tempo passava com Mônica, mais Rubem percebia sua inteligência. Logo, a comida começou a ser servida em pequenas mesas. Os pratos eram principalmente carnes cozidas, exalando um aroma delicioso, mas havia pouquíssimos vegetais. O chefe pediu que trouxessem algumas jarras de vinho caseiro
— O quê... O que está acontecendo? Rubem, você bebeu demais? — Depois de um momento, Mônica finalmente encontrou a própria voz, embora trêmula. Ela olhou para Rubem, desconfiada. — Você perdeu o juízo? Não fazia sentido. Ela tinha visto ele beber apenas uma tigela de vinho. O homem à sua frente era Rubem, mas, ao mesmo tempo, não era. O olhar, a postura, o jeito... Tudo nele estava diferente. Antes que ela pudesse reagir, Rubem pegou a bacia caída no chão e a colocou de lado. Sem dar tempo para Mônica entender o que estava acontecendo, ele se abaixou, a pegou no colo com facilidade e a deitou suavemente na cama. — Amor, agora você está grávida. Precisa descansar direitinho. Mônica ouviu aquilo e, na hora, teve certeza de que ele estava brincando com ela. Franziu as sobrancelhas e retrucou: — Sr. Rubem, pare com isso. Eu só disse que estava grávida para enganá-los. Já está tarde, você não tem algo mais útil para fazer do que inventar essas coisas? — Amor, eu não estou brin
Esse vilarejo era pequeno, todo mundo morava perto, e o banheiro era comunitário, lá fora, na entrada do povoado. Depois de saírem da casa, os dois caminharam em silêncio, um atrás do outro, pela trilha de terra que levava ao banheiro. A noite estava calma, interrompida apenas pelo canto ocasional de algum animal desconhecido e pelo som abafado das solas dos sapatos raspando na estrada de terra seca. Quando estavam se aproximando do banheiro, Rubem estendeu a pedra luminosa para ela: — Amor, cuidado. — Sr. Rubem, para de me chamar assim. Aquele jeito carinhoso de chamá-la soava tão estranho que deixava Mônica desconfortável. Rubem levantou uma sobrancelha, como se perguntasse "por quê?", mas logo corrigiu: — Querida. Mônica suspirou profundamente, sentindo-se derrotada, e virou para entrar no banheiro. Quando voltou, alguns minutos depois, encontrou Rubem parado junto a um pequeno tanque de madeira, segurando um copo grande, também de madeira. — Querida, lava as mã
— Lá embaixo tem mais alguns dos nossos patrulhando, não tem com o que se preocupar. — disse Bruno, entregando o binóculo para Lucas. — Chefe, dá uma olhada. É o Sr. Rubem e a tradutora. Lucas pegou o binóculo com uma expressão entediada e ajustou o foco para o ponto indicado por Bruno. No campo de visão, apareceu um casal agachado na beira da estrada, trocando um beijo. O homem era claramente Rubem, mas, do ângulo em que estavam, só era possível ver a mulher de costas, com a cabeça inclinada para cima. Depois de dois segundos olhando, Lucas jogou o binóculo de volta para Bruno com um sorriso frio: — Rapaz, seus interesses são bem variados, hein? Até gosta de espiar a vida privada do Sr. Rubem. Que tal gravar um vídeo pra completar? Bruno riu sem graça: — Não é isso, chefe. Eu só tava cuidando da segurança do Sr. Rubem e... Acabei vendo sem querer. Mas, fala aí, eu não tinha dito? O Sr. Rubem e a tradutora estavam com alguma coisa. Acertei em cheio, né? — E isso te diz re