Tomás parou imediatamente ao ver a situação no banheiro. Sua voz ficou presa na garganta, e ele congelou no lugar. Seus olhos iam de Mônica para Rubem, claramente se perguntando se deveria ou não entrar. — Desculpem, foi mal. — Depois de alguns segundos, ele fechou a porta com toda a educação possível. Assim que Mônica se deu conta, soltou rapidamente as mãos e fez gestos frenéticos para que Rubem levantasse a calça. O rosto dela estava tão vermelho que parecia prestes a pegar fogo. Para evitar olhar para ele, focou nos desenhos do tapete. "Queria tanto que o chão me engolisse agora!" pensou ela, completamente mortificada. — Srta. Mônica, nunca conheci alguém tão desastrada quanto você. — Rubem suspirou, segurando o telefone entre o ombro e a orelha enquanto puxava a calça com uma expressão impassível. A lembrança da última vez em que algo semelhante aconteceu ainda estava fresca em sua memória. Primeiro na casa dele, e agora isso. Ele realmente precisava parar de superestimar o bo
Mônica tomava seus remédios pontualmente a cada dia, e seu corpo ia se recuperando aos poucos. Já conseguia se levantar e andar normalmente. No entanto, a lesão nas cordas vocais, causada pela pressão no pescoço, não se curava tão rápido. Mônica não se apressava. O importante era que ela já podia ir ao banheiro sozinha, o que a fazia se sentir bem.Nos últimos dias, ela não havia saído da suíte, e Rubem também não. As refeições eram trazidas pelos empregados do hotel. Durante o dia, enquanto Rubem trabalhava, ele pedia para Mônica ajudá-lo com alguns detalhes. À noite, os dois dividiam o quarto. Mônica dormia na cama e Rubem na cadeira, vigiando-a de perto.O momento mais desconfortável para Mônica era, sem dúvida, quando estava com Rubem. Sempre que ela o via, não podia deixar de lembrar daquele dia em que, sem querer, o tocou de forma tão constrangedora. Isso a deixava muito envergonhada. Ela até sugeriu voltar para o seu próprio quarto, mas Rubem insistiu que não era seguro.Quando
Comparada à Íris, Mônica não tinha uma beleza deslumbrante, mas sua elegância era inegável. Talvez por passarem tanto tempo juntos, Rubem finalmente começara a achar Mônica bastante atraente.Fazia dias que Mônica não saía, mas quando Rubem mencionou que poderiam ir ao restaurante naquela noite, ela não discutiu, correu para o quarto para trocar de roupa e seguiu ele.Parece que naquele dia era feriado na Turquia. O hotel estava oferecendo 30% de desconto nas diárias, e a enorme piscina nos fundos do hotel estava aberta. Havia um corredor direto do restaurante até a piscina, e muitos hóspedes optavam por comer primeiro e depois se divertir na água. O que normalmente seria um restaurante tranquilo estava bastante agitado.O lugar onde Mônica estava sentada oferecia uma vista perfeita da imensa piscina. Ela nunca tinha visto uma piscina tão grande e luxuosa em nenhum outro hotel.Mônica observava os turistas se divertindo, quase colando o rosto no vidro. A vontade de descer e brincar era
Rubem levantou a cabeça e olhou para ele, com uma expressão fechada:— Você anda gostando de discutir comigo ultimamente?Tomás, sem ousar dizer mais nada, rapidamente se retirou. Ele era eficiente, e em três minutos já havia voltado, trazendo um pequeno telescópio e entregando-o a Rubem.Rubem, sem hesitar, apontou o telescópio para a grande piscina do lado de fora da janela. O local estava lotado, e ao olhar através do telescópio, Rubem viu uma massa de corpos e uma mistura de trajes de banho. Ele procurou por algum tempo na multidão até que finalmente uma figura esguia apareceu através da lente.Mônica, com os cabelos presos de qualquer jeito, usava um maiô branco que se ajustava perfeitamente ao seu corpo esguio. Ela estava se divertindo jogando vôlei aquático na piscina. Quando saiu da água, seu corpo esbelto ficou em evidência.Rubem ajustou o telescópio e olhou ao redor. Não havia um homem sequer que não estivesse observando Mônica, seus olhares completamente focados nela. Quand
Mônica ficou ainda mais constrangida. De onde saiu esse pirralho? Com uma mão, começou a procurar o celular no bolso da roupa, pronta para digitar uma explicação e tentar resolver a situação. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, o menino correu até ela e enfiou algo em sua mão.— Moça, da próxima vez que casar de novo, escolhe um tio menos velho, viu? — Disse ele, com a maior naturalidade, antes de sair correndo.Mônica ficou sem reação, entre o riso e o desconcerto. Olhou para a própria mão e viu que o objeto deixado pelo garoto era um anel de brinquedo cor-de-rosa. Ao seu redor, parecia soprar um vento frio.Rubem estava parado ali perto, com uma mão no bolso da calça social e os lábios comprimidos, observando o menino que sumia ao longe. Seu olhar era gelado e carregado de um descontentamento que quase fazia o ar ao redor congelar.Lembrando-se da frase do garoto, Mônica teve vontade de rir, mas se esforçou para engolir o riso. Olhou para Rubem mais uma vez. Afinal, ele est
Olhando para o carrinho de serviço, Mônica ficou com uma expressão intrigada. Em que momento ela tinha pedido um lanche noturno? — Srta. Mônica, foi aquele senhor que pediu pra preparar isso pra você. — Assim que entrou, o garçom organizou os pratos delicados sobre a mesa, junto com duas caixas de remédio. — Srta. Mônica, essa aqui é uma pomada pra passar no ferimento, de manhã e à noite. E essa é pra tomar. Foi o senhor que mandou trazer do País D, pra tratar sua voz. Com medo de que ela não entendesse, o garçom abriu as caixas, demonstrando cada uma. Ele até colocou um pouco da pomada na própria mão como exemplo e, com delicadeza, explicou qual era pra usar por fora e qual era pra tomar. Mônica ouviu tudo com atenção, acenou com a cabeça, pegou o celular e digitou uma mensagem de agradecimento ao garçom antes de acompanhá-lo até a porta. Quando voltou para a mesa, pegou a pomada e ficou examinando. A única pessoa que sabia do ferimento dela era Rubem e mais alguns poucos. E
Assim que Rubem mandou a mensagem, os dois saíram. — A moça tá interessada, mas o cara nem aí. — Bruno comentou, balançando a cabeça com um sorriso malicioso. Pelo jeito que Mônica agia, ele tinha certeza de que ela estava a fim de Lucas. Por que mais ela perguntaria o nome verdadeiro dele? Bruno olhou de canto de olho para Lucas, com um sorriso travesso no rosto. — Chefe, você falou que tem duas mulheres na sua casa. Não me diga que são duas irmãs? Elas são bonitas? Lucas soltou um som afirmativo, curto. — Então apresenta uma pra mim! — Bruno se animou de repente. Lucas era mais novo que ele, então as irmãs deviam ter mais ou menos a mesma idade que ele. — Quero arranjar uma namorada, chefe! — Claro. — Lucas respondeu sem hesitar, pegando o celular e enviando o Instagram de Noêmia para Bruno. O sorriso no rosto dele era um tanto maldoso. — Mas vou logo avisando: ela é famosa agora. Se você vai conseguir conquistar ela ou não, é por sua conta. No fundo, Lucas torcia para
Lucas olhou para Mônica. Ela era pequena e magra, muito menor que ele, mas parecia ter uma força que vinha de outro mundo. Com um pedaço de madeira na mão, ela desferia golpes fortes nos colegas que o estavam agredindo, protegendo-o com o próprio corpo. — Ele não tá sozinho, porque tem a mim! — Mônica gritou, com os olhos ardendo de raiva. — Amanhã mesmo vou na escola denunciar vocês. Quero todo mundo pedindo desculpas pro meu irmão! E se tentarem encostar nele de novo, eu juro que quebro as pernas de cada um de vocês! Um dos colegas, achando graça, respondeu com arrogância: — Ele é fácil de bater. E daí que a gente bateu nele? Antes que terminasse a frase, Mônica desceu outro golpe com toda a força, calando o garoto imediatamente. Depois de dar a lição neles, Mônica não disse mais nada. Apenas segurou a mão de Lucas, levou-o para casa, tratou seus ferimentos e costurou o uniforme rasgado. Durante todo o tempo, não falou uma única palavra que o fizesse sentir menosprezado ou