Lucas olhou para Mônica. Ela era pequena e magra, muito menor que ele, mas parecia ter uma força que vinha de outro mundo. Com um pedaço de madeira na mão, ela desferia golpes fortes nos colegas que o estavam agredindo, protegendo-o com o próprio corpo. — Ele não tá sozinho, porque tem a mim! — Mônica gritou, com os olhos ardendo de raiva. — Amanhã mesmo vou na escola denunciar vocês. Quero todo mundo pedindo desculpas pro meu irmão! E se tentarem encostar nele de novo, eu juro que quebro as pernas de cada um de vocês! Um dos colegas, achando graça, respondeu com arrogância: — Ele é fácil de bater. E daí que a gente bateu nele? Antes que terminasse a frase, Mônica desceu outro golpe com toda a força, calando o garoto imediatamente. Depois de dar a lição neles, Mônica não disse mais nada. Apenas segurou a mão de Lucas, levou-o para casa, tratou seus ferimentos e costurou o uniforme rasgado. Durante todo o tempo, não falou uma única palavra que o fizesse sentir menosprezado ou
Agora, Leopoldo estava se humilhando, pedindo desculpas a ela e implorando por perdão? — Leopoldo, não sei qual é o seu jogo, mas estamos divorciados, então não faz diferença. — Mônica respondeu, sem paciência para prolongar a conversa. — E, sinceramente, não preciso do seu pedido de desculpas. Leopoldo tinha errado, mas Mônica também tinha cometido seus erros depois. No fim das contas, ninguém devia nada a ninguém. — Mônica, você não consegue me perdoar? — Perguntou Leopoldo, em um tom cheio de mágoa. — Passamos um ano como marido e mulher. Será que não ficou nenhum sentimento? Eu sempre te amei, de verdade. Se ele tivesse dito isso no início do casamento, Mônica talvez tivesse acreditado. Mas agora, com Leopoldo falando de forma tão fingida, ela só sentia repulsa. Para ela, ele parecia completamente louco. — Achei! Achei! Antes que Mônica pudesse responder, uma voz animada soou ao fundo, embora fosse difícil discernir o que tinham descoberto. — Quem está falando? — Perg
Foi a primeira vez, desde o dia da tentativa de assassinato, que Mônica conseguiu dormir tão tranquilamente no próprio quarto. Quando compartilhava o mesmo ambiente com Rubem, sequer ousava respirar alto enquanto dormia, sentindo-se quase insignificante. Ela só acordou às oito e meia, revigorada e com a mente leve. Vestiu uma calça cargo confortável e uma camisa simples. Embora não fosse uma beleza estonteante, sua silhueta esguia e a aura elegante sempre chamavam atenção. Finalizou com uma maquiagem discreta antes de sair do quarto. Do lado de fora, os seguranças haviam mudado. Em vez de Bruno, dois rostos desconhecidos faziam a vigília. Os novos guarda-costas cumprimentaram Mônica, que retribuiu com um leve sorriso antes de se virar para bater na porta do quarto ao lado. Precisava conversar com Rubem sobre Leopoldo. Leopoldo era parente distante da família Pimentel. Perdeu o pai cedo e, ao se formar, só conseguiu uma vaga no Grupo Pimentel porque a família estendeu a mão. M
Mônica apertou o botão para tentar abrir a janela, mas percebeu que estava quebrado. As portas também estavam trancadas, e a velocidade do carro aumentava, confirmando suas suspeitas. O motorista lançou um olhar para ela pelo retrovisor, com um sorriso dissimulado, ainda tentando se passar por inocente: — Mônica, calma aí. É só um atalho. Logo chegaremos ao restaurante. — Estou calma. Só queria abrir a janela para pegar um ar. — Ela sorriu de leve, os lábios arqueados em aparente tranquilidade. No entanto, na parte do carro que ele não conseguia ver, seus dedos ágeis já estavam buscando o celular para fazer uma ligação. O cheiro no carro começava a ficar estranho, uma mistura doce e enjoativa, que lembrava éter. Assim que conseguiu discar, Mônica tentou cobrir o nariz e a boca com um pedaço de sua roupa, mas o motorista, com um pano cobrindo o rosto, já tinha tomado precauções. Ela não teve tempo de reagir antes que o efeito do éter a derrubasse. Quando voltou a si, estava
— Ei, que cara é essa? — Íris perguntou, franzindo a testa ao ver o sorrisinho irônico nos lábios de Mônica. — Tá debochando de mim, não tá? — Não. — Mentira! Você tá sim! — Íris pisou firme no chão, visivelmente irritada. Levantou a mão, pronta para estapear o rosto de Mônica. Mônica lançou um olhar frio. Amarrada como estava, ela não tinha como desviar daquela bofetada. Mas, quando a mão de Íris estava prestes a atingir o rosto dela, a mulher hesitou, olhando para a própria palma e murmurando: — Não... Se eu bater no seu rosto, minha mão também vai doer. E se o Rubem souber, aí é que complica. Mônica relaxou ligeiramente. Achava que Íris, temendo uma represália de Rubem, não passaria daquele nível de provocação. Contudo, foi pega de surpresa quando Íris recolheu a mão, virou-se e saiu do cômodo. Ao retornar, trazia nas mãos uma pequena caixa. Atrás dela, quatro homens altos e corpulentos a seguiam, com expressões que não deixavam dúvidas sobre suas intenções. Mônica e
— Ah! — Íris gritou de dor, debatendo-se com força. — Mônica, sua desgraçada! Você me enganou, me atacou pelas costas! — Obrigada pelo elogio, mas você é bem mais desgraçada. — Mônica sorriu friamente, segurando a própria fraqueza. Com esforço, prendeu Íris firmemente com uma corda e, sem hesitar, pegou uma meia suja do chão e enfiou na boca dela. Os olhos de Íris reviraram, quase desmaiando com o cheiro. Ao perceber que o celular de Íris estava gravando e sem bloqueio, Mônica rapidamente desativou a senha. Sem perder tempo, rasgou a blusa de Íris, deixando o sutiã à mostra. — Mmmpf! — Íris se contorcia violentamente, tentando desesperadamente se soltar. Mas a cadeira em que estava amarrada tinha sido fixada no chão por ela mesma anteriormente, tornando impossível qualquer movimento. Ela só podia assistir, impotente, enquanto Mônica tirava fotos. — Srta. Íris, colhendo os frutos do que plantou, né? — Mônica deu um leve tapa no rosto dela, o olhar impassível. — Você espera que
Depois de desligar o telefone, Rubem virou-se para sair sem olhar para trás. Afinal, Mônica era uma mulher, e seria mais apropriado chamar uma funcionária para ajudá-la. No entanto, ele não deu dois passos antes de sentir a barra da sua camisa sendo puxada com força. — Rubem... — Mônica havia de alguma forma conseguido sair da banheira. A água do chuveiro escorria por todo o seu corpo, encharcando-a por completo. Os cabelos longos grudavam no rosto ruborizado. A voz suave e melosa dela o fez parar por um instante. Rubem ficou surpreso ao perceber que, aparentemente, as cordas vocais dela haviam se recuperado. O braço fino de Mônica agarrava sua camisa, e sob a luz quente do quarto, a cena parecia quase irreal. Rubem engoliu em seco, afastando a mão dela com firmeza: — Vou lá fora chamar alguém para ajudá-la. Mônica puxou novamente a barra da camisa dele. Sob o efeito da substância que corria em suas veias, seu olfato estava extremamente apurado. O cheiro de Rubem era agradá
— Sim. O celular de Rubem, que estava sobre a mesa de centro, começou a vibrar com uma mensagem de um número desconhecido. Ao abrir, o homem franziu a testa.Na foto, Íris estava com as roupas desarrumadas, as mãos e os pés amarrados a uma cadeira. Ela parecia em péssimas condições. Atrás dela, o mar revolto parecia que ia engolir a cadeira e a mulher a qualquer momento.Tomás também viu a foto e sua expressão mudou ligeiramente. — Sr. Rubem...Ao notar que a nova mensagem vinha de um número no Line, Rubem manteve a calma e adicionou o contato. Após a verificação, ele imediatamente fez uma videochamada. Na tela, apareceu o rosto de um homem.— Sr. Rubem, olá. — O homem parecia impassível, mas sua saudação foi cortês. Ele segurava o celular, e ao fundo estava Íris, ainda amarrada na cadeira, com pedras amarradas aos pés.Rubem olhou para trás, o tom de voz carregado de raiva: — Mande seu chefe falar comigo.O homem à sua frente tinha cara de segurança. Com certeza, estava sendo contr