Mônica ficou ainda mais constrangida. De onde saiu esse pirralho? Com uma mão, começou a procurar o celular no bolso da roupa, pronta para digitar uma explicação e tentar resolver a situação. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, o menino correu até ela e enfiou algo em sua mão.— Moça, da próxima vez que casar de novo, escolhe um tio menos velho, viu? — Disse ele, com a maior naturalidade, antes de sair correndo.Mônica ficou sem reação, entre o riso e o desconcerto. Olhou para a própria mão e viu que o objeto deixado pelo garoto era um anel de brinquedo cor-de-rosa. Ao seu redor, parecia soprar um vento frio.Rubem estava parado ali perto, com uma mão no bolso da calça social e os lábios comprimidos, observando o menino que sumia ao longe. Seu olhar era gelado e carregado de um descontentamento que quase fazia o ar ao redor congelar.Lembrando-se da frase do garoto, Mônica teve vontade de rir, mas se esforçou para engolir o riso. Olhou para Rubem mais uma vez. Afinal, ele est
Olhando para o carrinho de serviço, Mônica ficou com uma expressão intrigada. Em que momento ela tinha pedido um lanche noturno? — Srta. Mônica, foi aquele senhor que pediu pra preparar isso pra você. — Assim que entrou, o garçom organizou os pratos delicados sobre a mesa, junto com duas caixas de remédio. — Srta. Mônica, essa aqui é uma pomada pra passar no ferimento, de manhã e à noite. E essa é pra tomar. Foi o senhor que mandou trazer do País D, pra tratar sua voz. Com medo de que ela não entendesse, o garçom abriu as caixas, demonstrando cada uma. Ele até colocou um pouco da pomada na própria mão como exemplo e, com delicadeza, explicou qual era pra usar por fora e qual era pra tomar. Mônica ouviu tudo com atenção, acenou com a cabeça, pegou o celular e digitou uma mensagem de agradecimento ao garçom antes de acompanhá-lo até a porta. Quando voltou para a mesa, pegou a pomada e ficou examinando. A única pessoa que sabia do ferimento dela era Rubem e mais alguns poucos. E
Assim que Rubem mandou a mensagem, os dois saíram. — A moça tá interessada, mas o cara nem aí. — Bruno comentou, balançando a cabeça com um sorriso malicioso. Pelo jeito que Mônica agia, ele tinha certeza de que ela estava a fim de Lucas. Por que mais ela perguntaria o nome verdadeiro dele? Bruno olhou de canto de olho para Lucas, com um sorriso travesso no rosto. — Chefe, você falou que tem duas mulheres na sua casa. Não me diga que são duas irmãs? Elas são bonitas? Lucas soltou um som afirmativo, curto. — Então apresenta uma pra mim! — Bruno se animou de repente. Lucas era mais novo que ele, então as irmãs deviam ter mais ou menos a mesma idade que ele. — Quero arranjar uma namorada, chefe! — Claro. — Lucas respondeu sem hesitar, pegando o celular e enviando o Instagram de Noêmia para Bruno. O sorriso no rosto dele era um tanto maldoso. — Mas vou logo avisando: ela é famosa agora. Se você vai conseguir conquistar ela ou não, é por sua conta. No fundo, Lucas torcia para
Lucas olhou para Mônica. Ela era pequena e magra, muito menor que ele, mas parecia ter uma força que vinha de outro mundo. Com um pedaço de madeira na mão, ela desferia golpes fortes nos colegas que o estavam agredindo, protegendo-o com o próprio corpo. — Ele não tá sozinho, porque tem a mim! — Mônica gritou, com os olhos ardendo de raiva. — Amanhã mesmo vou na escola denunciar vocês. Quero todo mundo pedindo desculpas pro meu irmão! E se tentarem encostar nele de novo, eu juro que quebro as pernas de cada um de vocês! Um dos colegas, achando graça, respondeu com arrogância: — Ele é fácil de bater. E daí que a gente bateu nele? Antes que terminasse a frase, Mônica desceu outro golpe com toda a força, calando o garoto imediatamente. Depois de dar a lição neles, Mônica não disse mais nada. Apenas segurou a mão de Lucas, levou-o para casa, tratou seus ferimentos e costurou o uniforme rasgado. Durante todo o tempo, não falou uma única palavra que o fizesse sentir menosprezado ou
Agora, Leopoldo estava se humilhando, pedindo desculpas a ela e implorando por perdão? — Leopoldo, não sei qual é o seu jogo, mas estamos divorciados, então não faz diferença. — Mônica respondeu, sem paciência para prolongar a conversa. — E, sinceramente, não preciso do seu pedido de desculpas. Leopoldo tinha errado, mas Mônica também tinha cometido seus erros depois. No fim das contas, ninguém devia nada a ninguém. — Mônica, você não consegue me perdoar? — Perguntou Leopoldo, em um tom cheio de mágoa. — Passamos um ano como marido e mulher. Será que não ficou nenhum sentimento? Eu sempre te amei, de verdade. Se ele tivesse dito isso no início do casamento, Mônica talvez tivesse acreditado. Mas agora, com Leopoldo falando de forma tão fingida, ela só sentia repulsa. Para ela, ele parecia completamente louco. — Achei! Achei! Antes que Mônica pudesse responder, uma voz animada soou ao fundo, embora fosse difícil discernir o que tinham descoberto. — Quem está falando? — Perg
Foi a primeira vez, desde o dia da tentativa de assassinato, que Mônica conseguiu dormir tão tranquilamente no próprio quarto. Quando compartilhava o mesmo ambiente com Rubem, sequer ousava respirar alto enquanto dormia, sentindo-se quase insignificante. Ela só acordou às oito e meia, revigorada e com a mente leve. Vestiu uma calça cargo confortável e uma camisa simples. Embora não fosse uma beleza estonteante, sua silhueta esguia e a aura elegante sempre chamavam atenção. Finalizou com uma maquiagem discreta antes de sair do quarto. Do lado de fora, os seguranças haviam mudado. Em vez de Bruno, dois rostos desconhecidos faziam a vigília. Os novos guarda-costas cumprimentaram Mônica, que retribuiu com um leve sorriso antes de se virar para bater na porta do quarto ao lado. Precisava conversar com Rubem sobre Leopoldo. Leopoldo era parente distante da família Pimentel. Perdeu o pai cedo e, ao se formar, só conseguiu uma vaga no Grupo Pimentel porque a família estendeu a mão. M
Mônica apertou o botão para tentar abrir a janela, mas percebeu que estava quebrado. As portas também estavam trancadas, e a velocidade do carro aumentava, confirmando suas suspeitas. O motorista lançou um olhar para ela pelo retrovisor, com um sorriso dissimulado, ainda tentando se passar por inocente: — Mônica, calma aí. É só um atalho. Logo chegaremos ao restaurante. — Estou calma. Só queria abrir a janela para pegar um ar. — Ela sorriu de leve, os lábios arqueados em aparente tranquilidade. No entanto, na parte do carro que ele não conseguia ver, seus dedos ágeis já estavam buscando o celular para fazer uma ligação. O cheiro no carro começava a ficar estranho, uma mistura doce e enjoativa, que lembrava éter. Assim que conseguiu discar, Mônica tentou cobrir o nariz e a boca com um pedaço de sua roupa, mas o motorista, com um pano cobrindo o rosto, já tinha tomado precauções. Ela não teve tempo de reagir antes que o efeito do éter a derrubasse. Quando voltou a si, estava
— Ei, que cara é essa? — Íris perguntou, franzindo a testa ao ver o sorrisinho irônico nos lábios de Mônica. — Tá debochando de mim, não tá? — Não. — Mentira! Você tá sim! — Íris pisou firme no chão, visivelmente irritada. Levantou a mão, pronta para estapear o rosto de Mônica. Mônica lançou um olhar frio. Amarrada como estava, ela não tinha como desviar daquela bofetada. Mas, quando a mão de Íris estava prestes a atingir o rosto dela, a mulher hesitou, olhando para a própria palma e murmurando: — Não... Se eu bater no seu rosto, minha mão também vai doer. E se o Rubem souber, aí é que complica. Mônica relaxou ligeiramente. Achava que Íris, temendo uma represália de Rubem, não passaria daquele nível de provocação. Contudo, foi pega de surpresa quando Íris recolheu a mão, virou-se e saiu do cômodo. Ao retornar, trazia nas mãos uma pequena caixa. Atrás dela, quatro homens altos e corpulentos a seguiam, com expressões que não deixavam dúvidas sobre suas intenções. Mônica e