ANGELIC...Quando descemos do helicóptero, as portas de entrada da casa já estão abertas. LeBlanc me carrega em seus braços, porque eu adormeci em algum momento da viagem. Isso é explicável, já que fizemos um pequeno trajeto de carro, e, depois, simplesmente viajamos até uma ilha. Ele me disse algo sobre ser uma pessoa reservada, mas eu não pude imaginar o quanto.Ainda sinto metade do meu cérebro dormindo, então sequer retruco por estar sendo levada no colo. Eu estou cansada da noite de hoje. Na verdade, para além de cansada, estou ressentida.Faço meu melhor para captar os detalhes da casa. Parece ser uma construção antiga, com detalhes que lembram castelos. Isso combina com LeBlanc, já que ele parece ter síndrome de rei.- Você vive em uma ilha – comento. Minhas palavras soam embriagadas de sono.- Eu não gosto de vizinhos – ele argumenta, me fazendo sorrir.- Parece arrogante.- Parece? – ele olha para mim – Não se engane, eu sou.Me aconchego em seu peito enquanto ele sobe as esc
Não preciso olhar para cima para saber que seus olhos estão em mim. Eu sinto. Arrasto as unhas por suas coxas, de baixo para cima, e ele treme.A água respinga em nós, e o vapor domina o banheiro quase completamente. Ele não pode me ver com perfeição, e isso me encoraja.Seguro seu pau novamente, desta vez com ambas as mãos. Agora sei exatamente quanta pressão devo fazer. Me inclino para frente, beijando seu abdômen. E quando sinto que um beijo não é suficiente para apreciar seu gosto, eu lambo sua pele molhada.LeBlanc apoia ambas as mãos na parede.- Caralho – ele sussurra, gemendo.Seu pau pulsa em minhas mãos, mais duro a cada segundo. Continuo beijando sua barriga, mordendo e chupando sua pele. Eu quero que minhas marcas ainda estejam em seu corpo quando ele tomar o próximo banho. Na verdade, eu quero que ele seja incapaz de estar sob o chuveiro sem lembrar-se de mim.Olho para cima sob meus cílios molhados. Seu peito se movimenta para acomodar a respiração violenta, e os músculo
LEBLANC...Ela está olhando para mim, com os grandes e expectantes olhos azuis, me fazendo sentir a pior pessoa do mundo. A esperança brilha em cada piscar, e eu, como o babaca que sou, estou prestes a mentir para Angelic.- E então? – ela pergunta enquanto me mantém paralisado com seus olhos desgraçadamente lindos.Ser um bom mentiroso não quer dizer que eu goste de mentir, e mais, não quer dizer que eu goste de mentir para ela. No entanto, não me restam opções. Aceno positivamente com a cabeça, porque creio que gestos falsos sejam menos cruéis do que palavras falsas.- Apenas seja sincero – ela pede.Não. De jeito nenhum.Estou encostado contra o batente da cozinha, por sua vez, Angelic está atrás da bancada, diante do fogão. Em minha mão direita, há algo que ela acabou de cozinhar. Angelic informou que se tratavam de biscoitos com pingos de chocolate. Ela disse que eram biscoitos de Natal. Mas, honestamente, eu ainda não encontrei o sabor do chocolate, apenas de massa queimada e tr
LEBLANC...Sua mão é quente contra a minha, e, de certo modo, seu calor e maciez são confortáveis. Não é como se ela fosse um corpo estranho ao lado do meu, é como se ela fosse uma extensão.Descemos as escadas de mãos dadas, assim como fizemos ontem, e antes de ontem, e no dia antes disso. É claro que, as vezes, eu me surpreendo com o quão desejável a presença dessa criatura se tornou.Angelic sorri ao adentrar a cozinha, pois Wanda, a cozinheira, aceitou ser sua tutora e lhe ajudar a cozinhar. Isso é ótimo, já que a futura engenheira é capaz de erguer um prédio, mas não de fazer a mais singela comida de forma decente.- Bom dia, Wanda – Angelic solta minha mão e corre para trás do balcão.Ela é bonita em todos os momentos, até mesmo quando não faz o menor esforço para ser. O cabelo muito claro contrastando com os olhos muito azuis. As bochechas e lábios rosados. Os cílios longos e grossos. Na verdade, é tão bonita que me faz desejar gravar essa imagem na minha cabeça. E talvez não a
LEBLANC...A tecnologia sempre me impressiona. A forma como o mundo evolui, mesmo que as pessoas não sigam o mesmo caminho. E, dito isso, eu gostaria de ressaltar uma tecnologia em específico: a roda gigante.Sim, a roda gigante. Falemos sobre ela, então.Um grande aro de ferro reforçado, com cabines penduradas, girando incessantemente para a direita. Rápida o suficiente para entreter as pessoas, lenta o bastante para não causar enjoou. Simplesmente fascinante, ainda mais levando em consideração o espetáculo de luzes coloridas ao redor.- Eu também achava encantador – Angelic diz, interrompendo meus pensamentos sobre George Ferris, o criador da roda gigante.- O quê? – pergunto.- A roda gigante. Eu era fascinada por ela quando era criança.Olho para Angelic, que está diante de mim. Consigo visualizar sua versão mirim, talvez com laço no cabelo. Quase posso vê-la, pequenina, encarando a roda gigante, admirada com tudo que os olhos curiosos de uma criança normal podem alcançar.Porém,
- Ótimo – Angelic bate palminhas, voltando-se para Joe – Eu quero dez fichas.Tiro ao alvo é um jogo que exige concentração, domínio da mente e corpo e precisão. É quase como ter uma arma de fogo em mãos. A forma é a mesma, muda apenas o resultado. É por isso que eu conto com o militar determinado a dar um cachorro para a filha.Angelic pega o protótipo de espingarda e dez balas de festim e se move até o estande, onde há uma fileira de alvos coloridos, de cerca de dez centímetros. Acertar uma sequência dificulta o jogo, mas não impossibilita. E, a menos que Angelic tenha a mira e coordenação motora desconhecidas por mim, é mais fácil para o militar do que para ela.- Você pode separar as pernas para ter mais estabilidade – Joe orienta – E lembre-se de acertar alvos consecutivos.- Entendido – ela diz.Eu observo Angelic fazer como Joe a orientou. Ela parece confiante, e um tanto quanto gostosa também, não posso negar. Ela aponta para a fileira de alvos e dispara o primeiro tiro, acert
ANGELIC...Os raios de sol incidem em meu rosto, me fazendo despertar. Nos últimos dias, dormimos com as portas da sacada abertas, para ouvirmos o som das ondas quebrando no horizonte do oceano. Este tem sido meu paraíso; dormir e acordar nesta ilha.Abro os olhos, olhando ao redor do quarto em busca de Aaron. Ele é sempre a primeira coisa que procuro, o primeiro em minha mente desde o primeiro minuto do dia. Ele não está aqui, mas, em compensação, deixou um arranjo de lírios na cabeceira.Me levanto, arranco uma flor do arranjo e giro, analisando as pétalas brancas. Sou invadida por uma lembrança antiga, que costumava doer muito. Eu tinha doze anos, e, logo após o velório de minha mãe, estava no jardim de casa. Eu estava devastada depois de perdê-la, não somente por sua morte, mas também por saber que aquilo significava que eu ficaria sozinha. E para uma menina de doze anos, estar sozinha em uma casa tão grande era realmente cruel.Eu pensei que amava minha família. Fui tão leal a ca
ANGELIC...Sinto meus pensamentos travarem por um segundo, como se não fosse capaz de processar toda a informação.Diamantes?O que ela quis dizer?Vagamente, começo a tentar raciocinar. A família da minha mãe tinha uma jazida na Rússia, mas isso faliu há muitos anos. Ela sequer tinha uma herança decente a receber.Ou Genevieve tem a informação muito errada... ou eu tenho.- Os... diamantes? Do que você está falando? – pergunto. O único som vindo do outro lado é de cliques de salto alto se aproximando – Genevieve?- Puta merda! O que você disse? – ouço Margot murmurar.- Genevieve! – chamo novamente, porém a ligação é encerrada – Puta merda – repito.Afasto o celular do ouvido e trago para frente dos olhos, encarando a tela com tamanha incredulidade. Vejo que a chamada realmente foi encerrada, mas não consigo deixar de olhar para o celular, relembrando a conversa e criando teorias.Diamantes. Que merda isso significa?Eu não posso escolher este momento para ser estúpida. Eu sei que Ge