Era estranho vê-lo tão irritado com aquela mulher. Talvez fosse porque Sophia era casada com seu inimigo. Justine piscou algumas vezes e fez de tudo para se livrar daquele pensamento opressivo. Reparando na beleza do marido, ela tocou na mandíbula quadrada com as duas mãos e deslizou pela barba bem feita.— Mamãe, posso entrar? — Desta vez, a voz do filho veio do outro lado da porta.— Não, espere aí fora, estou trocando de roupa. — No mesmo instante, Justine plantou a mão no peito de Kevin, tirando-o de cima dela.Saltando da cama, Kevin suspirou com uma leve indignação.— Sinto falta dos dias em que transávamos a manhã toda. — Recolhendo a roupa do chão, ele reclamou.— Os tempos mudaram, agora temos um filho… — Com um sorriso contido, Justine mencionou. — Pegue suas roupas e esconda-se no banheiro, vou dizer que você estava tomando banho.Ela deu um passo à frente, mas a mão do senhor Harrison segurou o cabelo de sua nuca, girou em sua mão e puxou, tombando a sua cabeça para trás.
Num amplo escritório com decoração rústica, o senhor Andrew Turner exibia um sorriso maquiavélico enquanto observava pelas câmeras de segurança. Alessandro conduzia até a sua sala uma mulher esguia que caminhava com elegância digna das passarelas de Paris. Segundo Alessandro, aquela mulher podia ser a peça chave para derrubar Kevin Turner e tomar o controle dos negócios dele na Itália.Logo, as batidas na porta ecoaram suavemente, repetindo-se três vezes. Andrew, sem pressa, levantou-se e ajustou os botões do blazer na altura da barriga, assumindo uma postura imponente.— Entre, Alessandro!A porta se abriu, revelando seu assistente pessoal, que logo deu um passo para o lado, permitindo a entrada de uma bela mulher.— Buongiorno, signorina! — Andrew comentou, examinando-a de cima a baixo. Observou o vestido impecável que delineava as curvas de Beatrice, notando o cuidado com que ela havia se preparado para aquele encontro.— Buongiorno, senhor Turner. — Ela respondeu, exibindo um so
Sob a administração da governanta, a mansão do senhor Harrison funcionava com a precisão de um relógio suíço. Justine não tinha necessidade de intervir em nada. Bastava mencionar o que desejava para o almoço ou o jantar, e tudo acontecia como por mágica. Era um ambiente perfeitamente orquestrado. Naquela manhã, o silêncio controlado da casa parecia um pouco diferente. Com um movimento leve do pulso, Justine olhou para o relógio. O tempo se arrastava. Já fazia quase uma hora que Kevin estava trancado no escritório com Caroline. Embora tentasse manter a compostura, algo parecia se agitar em sua mente. Uma ideia repentina lhe ocorreu e, sem hesitar, deixou a sala de estar. Seus passos a levaram diretamente à cozinha, onde encontrou uma das funcionárias saindo com uma bandeja em mãos.— Esse é o café do meu marido? — perguntou, com um sorriso que mesclava doçura e propósito.— Sim, senhora — respondeu a jovem, com um tom respeitoso.Justine percebeu que não havia nada que realmente precis
— Por que está se importando com aquela mulher agora? Se me lembro bem, a Sophia te deu as costas e largou você naquela periferia. Você mesma vive dizendo que ela não era a sua mãe. — Não quero mais falar sobre isso — ergueu as mãos no ar num gesto de exasperação. — Talvez seja melhor assim — acrescentou ela, com os olhos ainda brilhando de raiva e dor. — É melhor assim… — os lábios se esticaram num esgar de ódio. Justine sabia coisas demais, entretanto, não havia descoberto a pior persona do senhor Harrison. — Não quero que envolva meu filho em seus negócios escusos…— Ah, céus, vai começar! — Ergueu o rosto para cima e puxou o ar.— Bryan não pode saber que o pai é um assassino… — a voz feminina falou baixinho.— Do que me chamou? — Kevin deu um passo em sua direção. — Acha que sou um assassino?Antes de responder, Justine tentou se manter corajosa, mas no segundo seguinte, ele já estava bem perto dela, segurando-a pelo ombro. O senhor Harrison era tão grande e intimidante, que e
Deixando o marido para trás, ela saiu do escritório. Vagou pelos corredores para se libertar do incômodo do dia até que entrou em seu ateliê com a esperança de se perder em seu trabalho. Ela olhou para as paredes brancas que eram pontuadas por prateleiras de madeira repletas de tecidos e fios. Seus olhos se desviaram para a mesa cercada por ferramentas e esboços. Logo, reparou no vestido delicado que tomava forma em um manequim de moulage. Aquela era uma criação especial, feita com organza azul-clara que parecia flutuar, como se capturasse a essência de uma manhã tranquila. Justine ajustou a barra do vestido com esmero, concentrando-se nas dobras e na leveza do tecido. Absorvida, Justine quase não ouviu as batidas insistentes na porta. Quando os toques repetiram um pouco mais forte, ela parou por um instante. — Entre! — Suspirou depois de falar. A porta abriu devagar, e Caroline apareceu com um sorriso sutil. — Olá! — cumprimentou, dando uma rápida olhada ao redor. — Uau, es
— Está abafado aqui. — Ele mencionou e então, os seus dedos começaram a desfazer o nó da gravata. Por alguns segundos, ela reteve o fôlego e então, distanciou-se. Kevin largou a gravata sobre a mesa, onde Justine arrumava as pastas com os croquis e suas ferramentas de trabalho.Ela o observava de soslaio, tentando manter-se focada, mas logo viu Kevin começar a abrir os primeiros botões da camisa, deixando a pele à mostra.— Não vai falar nada? — indagou, sem tirar os olhos dela.Justine ergueu a cabeça a tempo de vê-lo abrir o restante dos botões, exibindo o peitoral musculoso e bem definido. Os traços do rosto de Justine endureceram, embora não conseguisse disfarçar a reação ao ver o corpo exposto de Kevin.— Gosto da temperatura do meu ateliê — replicou, tentando soar firme.— Acho que está quente demais — comentou ele, deixando a camisa cair com um sorriso sugestivo. — Estou com muito calor.— Já sei onde quer chegar… — Justine ergueu as sobrancelhas, desafiando-o. — Mas aqui é m
No escritório da companhia Harrison Giordano, o CEO comprimiu o olhar quando verificou a hora no relógio Le Roy Paris outra vez. Ele sabia que a esposa não foi para casa após sair do ateliê Maison Delacroix, onde trabalhava como designer de moda. Cansado dos passeios misteriosos da esposa, ele pegou o telefone e ligou para o assistente de confiança. — Alessandro, siga a Justine e não perca ela de vista. — A voz profunda deu a ordem de maneira hostil. Aos 23 anos, Kevin possuía a postura ameaçadora de um homem que nasceu para comandar. Ele herdou a fortuna da família Harrison Giordano depois que os pais faleceram em um acidente suspeito em Miami. Um ano após assumir os negócios na Itália, ele triplicou a fortuna e casou-se com uma designer de moda por quem se apaixonou perdidamente. A primeira vez que viu Justine Delacroix foi num evento promovido por um famoso estilista. Os olhos do CEO acompanharam a linda mulher, que usava um vestido prateado, enquanto desfilava pelo saguã
Na noite anterior, Justine mal conseguiu pregar os olhos após satisfazer o marido vigoroso. As coisas estavam tomando um rumo inesperado e ela não podia continuar naquela situação. Quando o celular vibrou na cabeceira ao lado da cama, Justine apanhou o iPhone e foi direto ao banheiro para falar com Andrew e acabar com o acordo.Ao voltar para a cama, sentiu o toque de Kevin, mas a cabeça latejava. Mal sabia como conseguiria sair daquela situação. Na manhã seguinte, Justine acordou cedo, mas, como sempre, Kevin tinha saído mais cedo para alguma reunião.Durante o dia, ela cumpriu o expediente em seu ateliê de Designer de Moda e, mais tarde, foi até a clínica médica, onde confirmou a gravidez. Ela voltou ao carro e seguiu para a joalheria e devolveu o colar de diamantes e os brincos que o marido tinha lhe dado na noite anterior. Na cafeteria, ela encontrou uma amiga que lhe apresentou um joalheiro. Na primeira oferta pelo restante das joias, Justine aceitou. Antes de chegar à casa d