— Por que está se importando com aquela mulher agora? Se me lembro bem, a Sophia te deu as costas e largou você naquela periferia. Você mesma vive dizendo que ela não era a sua mãe. — Não quero mais falar sobre isso — ergueu as mãos no ar num gesto de exasperação. — Talvez seja melhor assim — acrescentou ela, com os olhos ainda brilhando de raiva e dor. — É melhor assim… — os lábios se esticaram num esgar de ódio. Justine sabia coisas demais, entretanto, não havia descoberto a pior persona do senhor Harrison. — Não quero que envolva meu filho em seus negócios escusos…— Ah, céus, vai começar! — Ergueu o rosto para cima e puxou o ar.— Bryan não pode saber que o pai é um assassino… — a voz feminina falou baixinho.— Do que me chamou? — Kevin deu um passo em sua direção. — Acha que sou um assassino?Antes de responder, Justine tentou se manter corajosa, mas no segundo seguinte, ele já estava bem perto dela, segurando-a pelo ombro. O senhor Harrison era tão grande e intimidante, que e
Deixando o marido para trás, ela saiu do escritório. Vagou pelos corredores para se libertar do incômodo do dia até que entrou em seu ateliê com a esperança de se perder em seu trabalho. Ela olhou para as paredes brancas que eram pontuadas por prateleiras de madeira repletas de tecidos e fios. Seus olhos se desviaram para a mesa cercada por ferramentas e esboços. Logo, reparou no vestido delicado que tomava forma em um manequim de moulage. Aquela era uma criação especial, feita com organza azul-clara que parecia flutuar, como se capturasse a essência de uma manhã tranquila. Justine ajustou a barra do vestido com esmero, concentrando-se nas dobras e na leveza do tecido. Absorvida, Justine quase não ouviu as batidas insistentes na porta. Quando os toques repetiram um pouco mais forte, ela parou por um instante. — Entre! — Suspirou depois de falar. A porta abriu devagar, e Caroline apareceu com um sorriso sutil. — Olá! — cumprimentou, dando uma rápida olhada ao redor. — Uau, es
— Está abafado aqui. — Ele mencionou e então, os seus dedos começaram a desfazer o nó da gravata. Por alguns segundos, ela reteve o fôlego e então, distanciou-se. Kevin largou a gravata sobre a mesa, onde Justine arrumava as pastas com os croquis e suas ferramentas de trabalho.Ela o observava de soslaio, tentando manter-se focada, enquanto ele abria os primeiros botões da camisa, deixando a pele à mostra.— Não vai falar nada? — indagou, sem tirar os olhos dela.Justine ergueu a cabeça a tempo de vê-lo abrir o restante dos botões, exibindo o peitoral musculoso e bem definido. Os traços do rosto de Justine endureceram, embora não conseguisse disfarçar a reação ao ver o corpo exposto do senhor Harrison.— Gosto da temperatura do meu ateliê — replicou, tentando soar firme.— Acho que está quente demais — comentou ele, deixando a camisa cair com um sorriso sugestivo. — Estou com muito calor.— Já sei onde quer chegar… — Justine ergueu as sobrancelhas, desafiando-o. — Mas aqui é o meu lo
Inesperadamente, ele abandonou os seus lábios.— Quer dizer alguma coisa? — Murmurou a pergunta ao virá-la para si e então, o seu sorriso desvaneceu.— Cala a boca e me beija. — Ela mandou e recuou por um momento para contemplá-lo.O olhar percorreu o rosto com a mandíbula trincada até os largos e musculosos ombros e passeou por seu abdômen reto e trincado, parando sobre o pênis rijo que medrava na calça de linho. Dando um passo à frente, plantou a mão no peito dele e o empurrou direto para o sofá vermelho em forma de “L” que ficava do outro lado.Kevin fechou os olhos e os manteve assim por um segundo. Para falar a verdade, ele estava certo de que a esposa o desprezaria. As pálpebras se abriram quando sentiu os dedos esguios que abriam a fivela do cinto e, em seguida, fitou a mulher que puxou o lábio inferior ao lhe dar um olhar travesso enquanto puxava o membro teso da cueca. Mantendo os olhos fixos nele, ela empunhou a extensão dura para cima e para baixo, repetindo o movimento lent
Kevin recolheu as roupas espalhadas pelo chão do ateliê e começou a se vestir em silêncio, com movimentos tensos e apressados. A veia que saltava em sua testa revelava o esforço de conter palavras que ansiavam por escapar. Justine continuou sentada no sofá, mas seu olhar inquieto acompanhava cada movimento do marido. — Vamos conversar — proferiu ela, enquanto ajustava a alça do vestido, tentando amenizar o clima pesado. Entretanto, ele não parecia disposto a discussões diplomáticas. — Pare de tomar as pílulas. — Disparou secamente quando abotoou as calças. — Não!— retorquiu com firmeza, sem elevar a voz. Kevin suspirou pesadamente, lançando-lhe um olhar que misturava incredulidade e frustração. — Então, nós não temos o que conversar. — Ele alegou ao abotoar a camisa. Justine levantou, ajeitando o vestido com um gesto automático. Sua postura era ereta, mas os ombros tensos denunciavam a tensão que sentia. — Você não pode me obrigar a ter outro bebê só porque quer. N
— Você não viu para onde ele foi? — Kevin perguntou, com um leve tom de incredulidade na voz. Com o semblante fechado e irritado, ele a fitou por um momento. — Eu cobri os meus olhos com as minhas mãos — respondeu com rapidez. Diante da reação dele, as palavras soaram como um desaforo. — Que porra de brincadeira é essa? — Kevin não conseguiu se controlar e ele disparou a pergunta sem pensar nas consequências. — Onde está o meu filho? — Bryan deve ter se escondido em algum lugar da casa— retrucou Justine, tentando explicar. O rosto de Kevin ficou ainda mais fechado. Impulsivamente, ele deu as costas, dirigindo-se até o canto da sala onde o grande painel de câmeras de segurança estava instalado. Antes de tocar o botão, ele se virou rapidamente. — Onde vocês estavam? — A pergunta, carregada de ceticismo, foi direcionada a ela. — Na sala de estar! — Justine respondeu, enquanto caminhava até a mesa onde ele estava se preparando para verificar as gravações. Ela não teve a chanc
— Não dá para "ficar calmo" — num gesto exasperado, fez sinal de aspas com os dedos no ar. — Como você quer que eu fique CALMO, sabendo que meu filho estava lá naquele inferno de adega, tremendo de frio e… e, porra, você viu o que ele estava fazendo? — Ele parou, respirando com dificuldade, mas a raiva não diminuía. O rosto estava contorcido, os olhos arregalados. — E se eu não tivesse visto ele na câmera? Justine não queria ceder ao pânico também. O filho deles estava bem, isso era o mais importante, mas a fúria do marido parecia consumir o ambiente, tornando a sala irrespirável. — Eu sei, Kevin, eu sei. Eu também estou… — Ela tentou encontrar as palavras, mas ele a cortou novamente. — Sabe mesmo? — A pergunta saiu com um tom displicente. — O Bryan estava congelando, Justine! E você sabe o que me assusta? Que isso poderia ter sido muito pior. O senhor Harrison foi de um lado para o outro como um animal selvagem preso numa jaula. — Kevin, ele está bem! Sei que está com raiva e
No dia seguinte, Kevin chegou ao quarto e pediu para que Dona Laura preparasse o filho para sair com ele naquela tarde. Ele deu uma breve olhada para Justine, mas numa atitude displicente, virou-se para sair. Ultrajada com a indiferença do marido, Justine terminou de colocar os sapatos no filho e levantou-se. — Fique aqui com a vó Laura, já volto. — Após dizer isso para o filho, saiu do quarto. Equilibrando-se no salto alto, ela andou o mais depressa que podia para alcançar o marido. Ao vê-lo chegando no topo da escada, ela parou. — Kevin! — Chamou. No instante em que os seus ouvidos captaram a voz suave, ele pôs o pé no primeiro degrau, mas estagnou e virou levemente a cabeça para dar uma olhada sobre os ombros. — Seja breve! — A mandíbula estava apertada quando falava. Justine avançou mais alguns passos, derrotando a distância e ergueu o rosto para encarar o homem que aprumou em toda a sua altura. — Por que você não dormiu em nosso quarto ontem à noite? — Trabalhei até tarde