Os dias passaram, e Rique continuava a viajar para Veneza especialmente para se encontrar com Alice. A conexão entre os dois se fortalecia a cada encontro, em meio às conversas que se estendiam até tarde da noite, demonstrando que algo estava ficando mais sério do que esperava. Ela ainda lutava contra seus sentimentos, mas não conseguia negar que gostava da presença dele, ele a fazia esquecer dos problemas e a fazia sentir especial. Enquanto isso, Alice e Valentina se distanciaram ainda mais. A tensão entre elas era palpável, e os olhares que trocavam eram carregados de ressentimento e desconfiança. Elas sabiam que algo havia mudado, mas não conseguiam compreender completamente o motivo de não conseguirem ser as mesmas. Porém, nenhuma deu um passo para retroceder. Valentina continuava imponente e estrategista e Alice ignorava sua existência, lhe provocando. Para resolver a situação, Carlito tinha um plano em mente. E foi almoçar com Valentina para discutir assuntos do semestre, est
O sol da manhã ainda tímido refletia nos vidros espelhados do prédio da VIVA, iluminando a fachada. Valentina estacionou seu carro com precisão, os saltos altos ecoando no silêncio do estacionamento. Era o momento em que podia respirar fundo, organizar os pensamentos e planejar cada movimento. Enquanto caminhava em direção ao escritório, ajustou o blazer impecavelmente cortado sobre os ombros. Sua postura ereta transmitia uma aura de autoridade que poucos ousavam desafiar. Ao entrar em sua sala, ela deixou a bolsa de couro sobre a mesa e chamou Gaby, com um tom de voz que não admitia demoras. — Gaby, preciso que publique uma vaga para assistente pessoal — disse, sem tirar os olhos dos documentos que já começava a organizar. A jovem, que estava prestes a sair para buscar um café, parou e virou-se para a chefe com um sorriso tímido. — E se fosse eu? — perguntou Gaby, com uma voz suave, mas cheia de determinação. Valentina ergueu os olhos lentamente, arqueando a sobrancelha em um g
O ronco suave do motor ecoava na estrada, cortando o silêncio da tarde ensolarada. Valentina estava com as mãos no volante e o olhar estava fixo na rodovia, porém havia um leve sorriso nos lábios. O sol se derramava sobre os campos ao redor, pintando a paisagem com tons dourados e alaranjados. No banco do passageiro, encontrava-se Alice olhando distraída a paisagem que passava velozmente pela janela, seu semblante carregado de pensamentos. Os dias que antecederam foram uma correria, mas agora, dentro do carro, o tempo parecia se esticar, como se o universo estivesse dando uma chance para tentar resolver o que havia ficado pendente com Valentina.— Eu ainda não acredito que vamos de carro para Milão — Alice quebrou o silêncio, cruzando os braços.— Queria que fôssemos de quê? — Valentina perguntou, lançando um olhar rápido para ela, antes de voltar a encarar a estrada. — Isso tiraria toda a graça da viagem. Assim temos tempo para... nos conectar e relaxar. Precisamos nos conectar, rela
Depois de se arrumarem, Alice e Valentina desceram para o restaurante do hotel. O local era sofisticado, com uma decoração clássica, onde lustres de cristal pendiam do teto, espalhando uma luz amarelada que refletia nas taças e talheres de prata. As mesas estavam elegantemente postas, cobertas por toalhas de linho branco e arranjos delicados de flores. A música ambiente era um suave jazz instrumental, criando um clima intimista e acolhedor. Grandes janelas de vidro davam vista para a rua iluminada por postes antigos de ferro, e carros passavam lentamente, enquanto alguns pedestres caminhavam tranquilamente pela calçada.As duas se sentaram na parte da varanda. Alice observava a cidade enquanto Valentina a analisava discretamente, ainda intrigada com a reação anterior da garota. Pegando o cardápio, Valentina suspirou e lançou a pergunta que não conseguia tirar da cabeça:— Por que você se assustou naquela hora? — perguntou de maneira casual, sem desviar os olhos do menu. — Por acaso nu
A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas da suíte, tingindo o quarto com tons dourados. Alice despertou primeiro, sentindo o corpo levemente dolorido por ter dormido no sofá. Espreguiçou-se, sentindo a rigidez nos ombros, e virou-se para olhar a cama. Valentina ainda dormia profundamente, os fios de cabelo espalhados pelo travesseiro, a respiração lenta e tranquila. Ela levantou-se devagar e foi até o banheiro.Ao sair, encontrou Valentina de olhos semicerrados.— Você acorda cedo demais! E esse barulho me incomoda. Por que abriu as Cortinas? — murmurou a empresária, cobrindo um bocejo com a mão.— Hábito. Aliás, nós não temos um longo dia pela frente, não é verdade? — respondeu, secando os cabelos com a toalha.Valentina, virou-se para Alice com uma expressão ainda sonolenta.— Isso é animador, reuniões tediosas. Espero que nada que vá demorar... muito. — Ela deu um sorriso preguiçoso, levantando-se.O dia prometia ser longo, mas ela não sabia se estava ansiosa ou apreensiva com o q
O elevador desceu suavemente até o saguão do Hotel Estellar, suas portas douradas se abrindo para revelar Valentina e Alice em trajes impecáveis para o evento. Valentina vestia um vestido sereia em vermelho rubi, que cintilava a cada movimento, enquanto Alice optara por um modelado azul-marinho, elegante e discreto, mas que realçava seus olhos.— Pronta para arrasar? — Valentina ajustou uma pulseira no pulso, lançando um olhar envolvente para Alice pelo reflexo do espelho do elevador.— Estou um pouco nervosa — comentou Alice.— Aproveita, porque essa é a nossa chance de brilhar — Valentina respondeu, empolgada.Alice respondeu com um sorriso tenso, ainda processando como poderia conter a inquietude que sentia. Antes que pudesse responder, porém, os portões giratórios do hotel se moveram, e um vulto familiar surgiu sob a luz dos candelabros da entrada. Ele estava lá, elegantemente trajado em um terno preto, segurando um buquê de rosas brancas e vermelhas. Seus olhos brilharam ao avist
O motor do Aston Martin DB11 de Oliver rugiu suavemente, enquanto subia a estrada sinuosa como um fantasma prateado, parecia um modelo feito sob medida para cortar a noite. Ele deslizava pelas curvas como se dançasse ao vento. Valentina estava sentada ao lado de Oliver, os dedos longos e delicados traçando padrões invisíveis na janela embaçada pelo frio da noite.— O que aconteceu? — Ele perguntou, sem tirar os olhos da estrada.Ela demorou a responder. Pressionou a testa, como se tentasse aliviar a tensão que sentia.— Eu não estava mais suportando ficar por lá… — disse, num suspiro. — E minha cabeça está latejando.Oliver não insistiu em continuar pressionando. Ele estava lhe conduzindo para um lugar onde poderia escapar e respirar melhor. O silêncio se instalou novamente no interior do carro, apenas o ronco suave do motor e o vento batendo nas janelas preenchendo o espaço entre eles. Ela fechou os olhos por um instante, deixando-se levar pelo movimento do veículo e pelas memórias q
Enquanto isso, em Veneza… no Porto de Marghera, onde o vento frio do outono cortava os canais como uma lâmina, erguendo pequenas ondas que batiam contra os pilares de madeira centenários. Victor caminhava com passos firmes pelas calçadas desertas, seu sobretudo preto balançando levemente com a brisa. O relógio de pulso de platina marcava quase meia-noite quando ele parou em frente a uma pequena rua, afastada dos pontos turísticos. Ali, onde as luzes dos postes eram mais escassas e o som das gondolas já não chegava, ele esperava por alguém, olhando para os lados com discrição.Uma figura envolta em um sobretudo bege com capuz surgiu da escuridão, com passos leves e rápidos sobre as pedras antigas. Victor não fez nenhum gesto de reconhecimento, apenas caminhou abrindo a porta de um carro alugado e discreto que estava estacionado por ali, sem nenhum detalhe que chamasse atenção. A figura entrou rapidamente, e seguiu para o volante e deu a partida, dirigindo sem pressa. Nenhuma palavra foi