Nathan LeBlanc
A chegada no Brasil não poderia ter sido mais calorosa, o calor do lugar me faz sentir saudades do frio de Nova York. Dylan é o que mais sente falta, meu filho esteve no Brasil uma vez. Era tão pequeno que não se lembra, tinha 2 anos e ainda pequeno não gostava do calor do país. Estamos de volta, a trabalho preciso participar de algumas conferências e ele está ciente do meu tempo corrido. Dessa vez, quis viajar comigo. Como agora mora permanente comigo, Dylan tem participado das viagens de negócio que faço. Não quis ficar com meus pais, ou com a mãe. Pensar na Bárbara faz minha cabeça doer, conseguindo me estressar mais do que o incidente na recepção. Vivian está como uma estátua, a mantenho junto a mim. Como não tenta se afastar, não a solto. A mulher será facilmente esmagada nesse elevador, é lentamente liberado espaço, mas chegando no meu andar que estou hospedado não havia soltado Vivian. A mulher da pele bronzeada em tom escuro é bonita e quando nos falamos na recepção me despertou curiosidade em saber mais sobre ela. Preciso me corrigir, estou no Brasil a trabalho e não por causa de mulher. Já tenho uma ex-esposa para torrar a paciência que não tenho. Deslizo minha mão até encontrar a sua. — Estou logo atrás de você. — Sussurro em seu ouvido, quando as portas do elevador se abrem. Não foi com segundas intenções, pelo amor de Deus, minha mãe criou um homem e não um molestador de mulheres. Talvez posso ter sido invasivo e novamente procuro me corrigir. Vivian fica tensa, por um instante não se move. Aperto sua mão, como um despertar ela se move. Dylan segura em minha mão e somos os únicos a sair do elevador. Vivian rapidamente se afasta. Sigo pelo corredor de mãos dadas com Dylan, meu filho parece estar mais tranquilo. Passo o novo cartão na fechadura da porta e Dylan entra correndo no quarto. Entramos e fecho a porta. — Sr. LeBlanc, o que aconteceu… — Contratei uma babá que está atrasada. — A interrompo. — Meu filho está tendo dificuldade para se adaptar ao calor do seu país. Pode me ajudar colocando alguém de confiança para o acompanhar enquanto participo de algumas conferências? Dylan entende o português, mas sua pronúncia não é das melhores. Vivian tem seu cabelo preso em coque, a roupas que usa é mais sofisticada, totalmente diferente dos outros funcionários. O uniforme de alta costura, faz parecer um terno feminino da Prada. O rosto oval está com uma leve maquiagem, não é preciso usar muito, a mulher é linda. Desvio meu olhar a procura do Dylan, meu filho está deitado no sofá e assistindo televisão. — O hotel hoje está muito movimentado, o trânsito no Rio está horrível, esse deve ser o motivo do atraso da babá para não ter chegado. — Vivian apoia um braço no outro e alisa o queixo com os dedos. — Posso dar um jeito! Ergo uma sobrancelha. — Parece bem animada em ajudar o meu filho. Ela me olha sem entender. — Gosto de crianças. — Dá de ombros. — São os seres mais inocentes, todo cuidado é pouco. Gosto de suas palavras. — Então só não gosta dos pais delas? Ela fica séria. — Fui educada com você. — Me acusou de ser preconceituoso. — Não falei isso. — cruza os seus braços. Parece que quando o assunto sou eu o humor dela muda rapidinho. — Não precisava, o seu rosto dizia tudo. — Papai. — Dylan me chama. — Não briga com a Tia Vivian, ela é legal. Olho para o meu filho estranhando essa proteção de repente. Dylan não é assim, é uma criança grata, mas demora a ter esse contato direto com a pessoa. — Isso, escute seu filho. — Vivian se aproveita da proteção e passa por mim. — Olha, pode ir para seu compromisso. Consigo alguém para ficar com ele. Vivian sorri em direção ao Dylan, mesmo que ele não estivesse olhando-a. Me pego a olhando por mais tempo que devia. Que merda está acontecendo comigo? — Ok, Dylan tem celular, entre em contato comigo a hora que precisar. — Caminho em direção à porta. — Sim, papai. — Responde sem tirar os olhos da televisão. Não faço questão de olhar novamente para Vivian e saio do quarto. Tenho estado no Rio de Janeiro para dar uma palestra e participar de algumas conferências sobre negócios. O dia será longo, não me sinto à vontade para deixar meu filho, mas tenho seguranças o suficiente dentro e fora deste hotel. Sou dono de uma empresa multinacional que carrega meu sobrenome, são carros clássicos e esportivos. Não sei como Vivian não me reconheceu quando falei o meu nome e sobrenome, todos conhecem a LeBlanc, exceto se ela não seja muito ligada a carros. Não devo me importar com o que ela conhece ou não, é no mínimo um pouco ofensivo, mas vou superar. O dia como planejado acaba sendo corrido, participo de duas conferências e dou uma palestra. Meu chefe de segurança me deixa ciente de que Dylan estava com Vivian, no fim ela tomou conta do meu filho. Para onde ela vai, ele vai junto. Assim que a babá contratada chegou, virou mais uma sombra atrás de Vivian, porque Dylan queria continuar andando com a mulher. Continuo surpreso com essa ligação repentina do meu filho com essa mulher que ele viu pela primeira vez. Ele estando bem é o que importa, sigo com os meus afazeres. Encontro com aquele sujeitinho que agarrou meu filho à força, passo por ele mostrando o ser insignificante que é. Em sua tentativa de falar comigo o ignoro. Parece que é um empresário da área alimentícia, não quero ser visto com esse cara. À noite encontro com Dylan em seu quarto, o menino havia tomado banho e agora se preparava para jantar. — Como foi seu dia? — Sento ao seu lado. — Foi legal. — Dylan come sua feijoada e sorri, aprovando o gosto. — Você e aquela mulher… — Tia Vivian. — Me corrige. Paro o garfo no ar. Olho para meu filho, o que essa mulher fez com ele? Dylan continua comendo. Desde o meu divórcio com a sua mãe, Dylan tem encontrado dificuldade de se relacionar com outros adultos e crianças. Faz um ano que decidi terminar de vez meu relacionamento com Bárbara Franco, nosso relacionamento não estava dando certo há um bom tempo. As brigas ficaram constantes e começou a afetar as crianças, tenho um filho mais novo. Meu caçula de 5 anos, Mikael, escolheu ficar ao lado da mãe nessa separação. Ele me culpa por deixar a Bárbara e sempre diz que fui eu que destruí a nossa família. É difícil ouvi-lo dizer essas palavras, mas sei que só está dizendo o que ouve, Bárbara faz questão de falar mal de mim e principalmente na frente dele. Dylan sempre foi mais unido com a sua mãe e foi uma surpresa quando ele pediu para morar comigo. — Papai? — Sim? Dylan para de comer, ele parecia sem saber como dizer as próximas palavras. Meu filho mais velho parece bastante comigo, puxou o cabelo da mãe em um castanho escuro, mas de resto é uma cópia minha mais jovem. Dylan tem o mesmo sinal que eu embaixo do olho esquerdo. — Você pode ajudar a Tia Vivian? Fico sério. Essa mulher pediu algum favor ao meu filho se aproveitando da inocência dele? É de estranhar aquela vontade toda de ajudá-lo e aceitar ficar com ele. — Dylan, seja lá o que ela tenha te pedido… — Não, pai. Ela não me pediu nada. — a pressa em dizer. — É que… acho que ela está triste. Algumas vezes o seu olhar fica distante e é nítido a tristeza em seu rosto. — Somos adultos, temos problemas. — E não vou me envolver nos dela. Volto a comer. — Papai? — Oi? — Queria que o Mika estivesse aqui. — Dylan suspira. — Eu também. — Sinto a falta dele e a sua distância me machuca. Terminamos o jantar, dessa vez não estou hospedado em um quarto duplex. Como sabia que mal teria tempo para o meu próprio filho e fazer um passeio decente durante a uma semana que estaremos no Rio de Janeiro, decidi que dividiremos a cama e poder ter um pouco do seu colo. Dylan dorme rápido, passo a mão pelo seu cabelo, a tranquilidade em seu rosto me acalma. Um de nós pelo menos precisa aproveitar. Olhando para o meu filho e vivendo algumas lembranças, uma nova surge e ela tem nome e sobrenome. Vivian Lima, a vi passar quando estava na recepção falando com aquela mulher descarada. No Brasil há muitas mulheres bonitas, Vivian é uma delas, o seu jeito contido me fez ansiar por uma resposta atrevida da parte dela. Saber que seria desafiado me anima, faria provavelmente por não me conhecer, mas não fez para não perder o emprego. Tenha em mente que, embora ela possa não ter consciência de mim, imagina que não sou uma pessoa comum. Ah, Vivian, qual é a sua história? Na manhã seguinte, depois do café da manhã, Dylan e sua babá sai do quarto à procura da Vivian. Acordo disposto para mais um dia de palestra, meu celular toca e o pego em cima do sofá. — Droga. — Sussurro. Bárbara sabe que só atendo ela porque tem um dos meus filhos sob sua tutela. — Fala. Acordei de bom humor? Não mais! — Bom dia para você também, Nathan. Liguei porque quero falar com o meu filho, vocês viajaram às pressas e não pude me despedir. — A voz inocente não me engana. — Você sabia sobre a viagem desde o mês passado. — Massageio as têmporas. — Precisei trabalhar, minha agenda tem estado cheia. É preciso aproveitar as oportunidades que me vem, não estou ficando mais jovem. Bárbara é modelo e atriz de Hollywood. Outro impasse é que estou morando com Dylan em Nova York, Bárbara e Mikael estão morando em Los Angeles, o que acaba dificultando nossos encontros. — Você tem o número de celular dele, ligue direto. — ameaço desligar a ligação. — Ele está com o celular direto agora? Nathan, combinamos sobre o tempo de tela que as crianças têm que ficar. — Bárbara começa a brigar comigo. — Não pode funcionar de um jeito aqui e aí de outro. Você… — Bárbara estamos em viagem, sabemos qual é o esquema, não me venha se fazer desentendida agora. — Me estresso. — Me liga se Mika estiver precisando de algo, fora isso esquece a minha existência. — Desligo a ligação. Irritado, coloco o meu celular no bolso e sai do quarto seguindo a minha agenda mais um dia.Vivian LimaColoco as mãos na cintura e estreito meus olhos para o pequeno garoto que se aproximava. Dylan dá um sorriso tímido, sua babá o acompanhava e encolhe os ombros em um pedido de desculpas. Ontem não consegui arranjar ninguém que pudesse cuidar do Dylan, não deixaria o garoto trancado no quarto, precisava trabalhar e o que me restou foi levá-lo junto. Que Nathan não descubra que coloquei o filho dele para trabalhar junto, Dylan não é muito de falar, mas chegou uma hora que não podia mover um dedo e ele soltava uma pergunta. Ele queria saber o que eu fazia, então mostrei na prática.E esse menino é espetacular, não é uma criança mimada e com frescura. Fomos a cada canto do hotel, precisava acompanhar alguns trabalhos pessoalmente e ele até me lembrou na hora certa do buffet que foi contratado e eu precisava supervisionar.— Oi, gatinho.— Oi, Tia Vivian. — Me abraça e beijo sua cabeça.— Você me prometeu que hoje iria fazer coisas de criança. Tem uma piscina maravilhosa te esp
Vivian LimaVou para a recepção e olho o cronograma das palestras que estariam acontecendo no hotel. Procuro pelo nome de Nathan e olho o meu relógio vendo que daqui a 5 minutos, ele estaria terminando sua última palestra do dia. Me apresso para conseguir alcançá-lo, tenho acesso livre para chegar perto do palco. Corto o caminho torcendo para que Nathan seja um daqueles palestrantes que pega logo o corredor da saída não querendo contato direto com os outros. Mas ainda assim, caso optasse por ir falar com os seus ouvintes, daria para ele me ver e assim poderia acenar pedindo um pouco da sua atenção.No corredor, o vejo descer do palco. Começo a acenar disfarçadamente, um homem entra na frente de Nathan e fala algo com ele. Continuo na minha tentativa de chamar sua atenção, Nathan ergue o olhar por cima do ombro do homem e me ver. Nathan pede licença e vem na minha direção sendo seguido por dois homens, homens bem grandes. Acredito que seja os seus seguranças.— Senhorita Lima. — Me cu
Nathan LeBlanc O sorriso não deixa meus lábios, lembrando do acontecido com Vivian. O jeito dela entrega tão fácil o que pensa, não consegui evitar olhar para seus seios por cima da roupa que usava vendo a mancha de leite se formar. Não querendo que Vivian pensasse o pior de mim, mesmo suas reações deixando claro, resolvi ser direto. Só não esperava a nossa troca de conversa depois desse desconforto, Vivian me arrancou uma risada sincera pelo modo que falava. Viver com ela deve ser uma montanha-russa pelas suas emoções, mas a mulher é sincera e fala o que pensa.— Papai? Dylan e eu estamos no restaurante do hotel. Não quero que meu filho volte para a caverna que criou depois do avanço que teve ao conhecer Vivian. Ele toma seu sorvete de várias bolas de diferentes sabores. — Oi? — Bebo um pouco do suco natural de maracujá, querendo acalmar os músculos e agitação do meu corpo e ao redor. — Você não tem que trabalhar?— Tenho meia hora até o próximo compromisso.— Ah, sim. — Come mai
Nathan LeBlanc Dou uma volta no salão e falo rapidamente com algumas pessoas, Vivian havia saído sem ser percebida pelos convidados. Mando mensagem rápida para Karl, mobilizando os seguranças e um deles seria o motorista. Cansado de aturar aquelas pessoas, finalmente consigo ir embora. Sinto uma leve dor de cabeça, algo que não tem sido tão constante, mas quando começa é um aviso para ir mais devagar nas minhas atividades. Pego o elevador indo para o estacionamento, as portas se abrem e vejo Vivian dando um pulo e colocando a mão no peito.— Assustada? — Passo por ela, Vivian me segue.— É que está muito silencioso… Hum, e aqueles homens… — Deixa no ar.Era meus seguranças, entrando em seus próprios carros ao me ver.— Não se preocupe, está em segurança. — Aceno para o meu segurança para ocupar o banco do motorista e abri a porta para Vivian entrasse.— É percebi. — Soa irônica.Ocupo o lugar ao seu lado, fechando a porta. Vivian passa o seu endereço.— É realmente necessário tanto s
Vivian Lima Mais uma manhã e mais uma rotina intensa de trabalho. Chego cedo no hotel precisando verificar pessoalmente se o salão para o evento privado de ontem está limpo e liberado para o próximo evento à tarde. Recebo uma reclamação sobre a fechadura da porta do quarto de mais um hóspede, seguimos com resolver o problema sabendo que voltaria a ficar ruim novamente. Vi Dylan apenas uma vez com a sua babá em uma tentativa de brincar com as outras crianças, infelizmente não pude fazer nada e precisei focar no trabalho. Perdi boa parte do meu horário do almoço, minha cabeça dói e a fome parece me devorar de dentro para fora. Poderia comer três marmitas sem problema algum, uma coisa que ganhei com o nascimento da minha filha foi fome. Não comi loucamente durante a gravidez e a nutricionista juntamente com a doutora que acompanhou a minha gestação ficaram orgulhosa de mim por seguir certinho. Sem desejos malucos, minha filha é uma maravilha dentro e fora da barriga.Fico na espera de
Vivian Lima— É a primeira vez e única. Não quero uma mulherzinha como você no meu hotel. — Uma… mulherzinha como eu? — faço uma careta formulando a pergunta. — O que…— Ah, cala boca! Está demitida e ponto final, está querendo ganhar um processo? Pouco me importo com a sua vida pessoal, até porque não iria se casar? Não estou vendo nenhum anel de casamento no seu dedo. Vai saber o que fez para o seu noivo te largar!Sinto as minhas pernas vacilarem, abraço Maitê com mais força, ouvindo o seu choro baixo.— É uma vagabunda qualquer que nem o noivo aguentou. — Me olha com desdém. — Não quero uma imunda no meu hotel.Engoli em seco.— Você não tem… o direito de falar assim comigo. — Pisco, não quero chorar.Sabia que esse homem podia ser baixo e um grande cretino, mas estava com esperança de que não fosse o seu alvo e que as coisas do hotel pudessem voltar ao normal com a chegada do seu pai. Ele dá mais alguns passos se aproximando de mim.— E como deveria falar com uma pessoa igual a
Nathan LeBlancEstava prestes a entrar em uma reunião, quando vejo meu filho correndo atrás de mim desespero e sua babá mais desesperada ainda. Alguma coisa a ver acontecido, peço licença para às pessoas que entram na sala a minha frente, meu agente fica na porta à minha espera. Passo a mão no ar afastando uma mosca, enquanto espero Dylan chegar até a mim e dizer o que havia acontecido. Porém, Dylan está ofegante pela corrida e não diz nada, pegando em minha mão e começa a me passar puxar.— Ei, ei, ei! — Paro e segura a sua mão com mais força fazendo com que ele pare. — Por que essa pressa toda?Me abaixo na sua frente.— Papai, vem! — Tenta me puxar e faço com que pare novamente.— Dylan, ir para onde? O que está acontecendo?Olho para a babá dele, mas é Dylan quem responde.— O homem da cara feia está brigando com a tia Vivian. — Dylan mexe as mãos agoniado. — Ajuda ela, papai, por favor. Prometo me comportar e não fazer bagunça na escola por um mês inteirinho.Como se Dylan me des
Nathan LeBlanc Muito provavelmente essa seja a intenção de Reinaldo Amarante, o que Vivian não imagina é que tenho o contato direto com Carlos Amarante. Vivian tem fama melhor do que o próprio filho do dono, a maioria dos hóspedes são antigos vindo frequentemente para esse hotel. Os comentários sobre a decadência que vem acontecendo é algo que dá para se ouvir de longe, talvez muito venham respeitando a imagem de Carlos e se contendo para falar algo pior. Pelo que sei, Vivian trabalha há alguns anos nesse hotel, um profissionalismo impecável e muito elogiado. Porém, se for apenas o trabalho que impede Vivian de jantar comigo. Posso dar um jeito nisso.— É apenas o trabalho que a impede?Vivian não me responde de imediato.— Não vou me deitar com você. — Estou te chamando para jantar, a parte de se deitar vem depois… — sou rápido em me esquiar quando Vivian tenta me bater.A nossa conversa era baixa, não sei o que é babado do meu filho poderia estar pensando ao ver Vivian em eu ness