Capítulo 2

Nathan LeBlanc

A chegada no Brasil não poderia ter sido mais calorosa, o calor do lugar me faz sentir saudades do frio de Nova York. Dylan é o que mais sente falta, meu filho esteve no Brasil uma vez. Era tão pequeno que não se lembra, tinha 2 anos e ainda pequeno não gostava do calor do país. Estamos de volta, a trabalho preciso participar de algumas conferências e ele está ciente do meu tempo corrido. Dessa vez, quis viajar comigo. Como agora mora permanente comigo, Dylan tem participado das viagens de negócio que faço. Não quis ficar com meus pais, ou com a mãe. Pensar na Bárbara faz minha cabeça doer, conseguindo me estressar mais do que o incidente na recepção.

Vivian está como uma estátua, a mantenho junto a mim. Como não tenta se afastar, não a solto. A mulher será facilmente esmagada nesse elevador, é lentamente liberado espaço, mas chegando no meu andar que estou hospedado não havia soltado Vivian. A mulher da pele bronzeada em tom escuro é bonita e quando nos falamos na recepção me despertou curiosidade em saber mais sobre ela. Preciso me corrigir, estou no Brasil a trabalho e não por causa de mulher. Já tenho uma ex-esposa para torrar a paciência que não tenho. Deslizo minha mão até encontrar a sua.

— Estou logo atrás de você. — Sussurro em seu ouvido, quando as portas do elevador se abrem.

Não foi com segundas intenções, pelo amor de Deus, minha mãe criou um homem e não um molestador de mulheres. Talvez posso ter sido invasivo e novamente procuro me corrigir. Vivian fica tensa, por um instante não se move. Aperto sua mão, como um despertar ela se move. Dylan segura em minha mão e somos os únicos a sair do elevador. Vivian rapidamente se afasta. Sigo pelo corredor de mãos dadas com Dylan, meu filho parece estar mais tranquilo. Passo o novo cartão na fechadura da porta e Dylan entra correndo no quarto.

Entramos e fecho a porta.

— Sr. LeBlanc, o que aconteceu…

— Contratei uma babá que está atrasada. — A interrompo. — Meu filho está tendo dificuldade para se adaptar ao calor do seu país. Pode me ajudar colocando alguém de confiança para o acompanhar enquanto participo de algumas conferências? Dylan entende o português, mas sua pronúncia não é das melhores.

Vivian tem seu cabelo preso em coque, a roupas que usa é mais sofisticada, totalmente diferente dos outros funcionários. O uniforme de alta costura, faz parecer um terno feminino da Prada. O rosto oval está com uma leve maquiagem, não é preciso usar muito, a mulher é linda. Desvio meu olhar a procura do Dylan, meu filho está deitado no sofá e assistindo televisão.

— O hotel hoje está muito movimentado, o trânsito no Rio está horrível, esse deve ser o motivo do atraso da babá para não ter chegado. — Vivian apoia um braço no outro e alisa o queixo com os dedos. — Posso dar um jeito!

Ergo uma sobrancelha.

— Parece bem animada em ajudar o meu filho.

Ela me olha sem entender.

— Gosto de crianças. — Dá de ombros. — São os seres mais inocentes, todo cuidado é pouco.

Gosto de suas palavras.

— Então só não gosta dos pais delas?

Ela fica séria.

— Fui educada com você.

— Me acusou de ser preconceituoso.

— Não falei isso. — cruza os seus braços.

Parece que quando o assunto sou eu o humor dela muda rapidinho.

— Não precisava, o seu rosto dizia tudo.

— Papai. — Dylan me chama. — Não briga com a Tia Vivian, ela é legal.

Olho para o meu filho estranhando essa proteção de repente. Dylan não é assim, é uma criança grata, mas demora a ter esse contato direto com a pessoa.

— Isso, escute seu filho. — Vivian se aproveita da proteção e passa por mim. — Olha, pode ir para seu compromisso. Consigo alguém para ficar com ele.

Vivian sorri em direção ao Dylan, mesmo que ele não estivesse olhando-a. Me pego a olhando por mais tempo que devia. Que merda está acontecendo comigo?

— Ok, Dylan tem celular, entre em contato comigo a hora que precisar. — Caminho em direção à porta.

— Sim, papai. — Responde sem tirar os olhos da televisão.

Não faço questão de olhar novamente para Vivian e saio do quarto. Tenho estado no Rio de Janeiro para dar uma palestra e participar de algumas conferências sobre negócios. O dia será longo, não me sinto à vontade para deixar meu filho, mas tenho seguranças o suficiente dentro e fora deste hotel. Sou dono de uma empresa multinacional que carrega meu sobrenome, são carros clássicos e esportivos. Não sei como Vivian não me reconheceu quando falei o meu nome e sobrenome, todos conhecem a LeBlanc, exceto se ela não seja muito ligada a carros.

Não devo me importar com o que ela conhece ou não, é no mínimo um pouco ofensivo, mas vou superar.

O dia como planejado acaba sendo corrido, participo de duas conferências e dou uma palestra. Meu chefe de segurança me deixa ciente de que Dylan estava com Vivian, no fim ela tomou conta do meu filho. Para onde ela vai, ele vai junto. Assim que a babá contratada chegou, virou mais uma sombra atrás de Vivian, porque Dylan queria continuar andando com a mulher.

Continuo surpreso com essa ligação repentina do meu filho com essa mulher que ele viu pela primeira vez. Ele estando bem é o que importa, sigo com os meus afazeres. Encontro com aquele sujeitinho que agarrou meu filho à força, passo por ele mostrando o ser insignificante que é. Em sua tentativa de falar comigo o ignoro. Parece que é um empresário da área alimentícia, não quero ser visto com esse cara. À noite encontro com Dylan em seu quarto, o menino havia tomado banho e agora se preparava para jantar.

— Como foi seu dia? — Sento ao seu lado.

— Foi legal. — Dylan come sua feijoada e sorri, aprovando o gosto.

— Você e aquela mulher…

— Tia Vivian. — Me corrige.

Paro o garfo no ar. Olho para meu filho, o que essa mulher fez com ele? Dylan continua comendo. Desde o meu divórcio com a sua mãe, Dylan tem encontrado dificuldade de se relacionar com outros adultos e crianças. Faz um ano que decidi terminar de vez meu relacionamento com Bárbara Franco, nosso relacionamento não estava dando certo há um bom tempo. As brigas ficaram constantes e começou a afetar as crianças, tenho um filho mais novo. Meu caçula de 5 anos, Mikael, escolheu ficar ao lado da mãe nessa separação.

Ele me culpa por deixar a Bárbara e sempre diz que fui eu que destruí a nossa família. É difícil ouvi-lo dizer essas palavras, mas sei que só está dizendo o que ouve, Bárbara faz questão de falar mal de mim e principalmente na frente dele. Dylan sempre foi mais unido com a sua mãe e foi uma surpresa quando ele pediu para morar comigo.

— Papai?

— Sim?

Dylan para de comer, ele parecia sem saber como dizer as próximas palavras. Meu filho mais velho parece bastante comigo, puxou o cabelo da mãe em um castanho escuro, mas de resto é uma cópia minha mais jovem. Dylan tem o mesmo sinal que eu embaixo do olho esquerdo.

— Você pode ajudar a Tia Vivian?

Fico sério. Essa mulher pediu algum favor ao meu filho se aproveitando da inocência dele? É de estranhar aquela vontade toda de ajudá-lo e aceitar ficar com ele.

— Dylan, seja lá o que ela tenha te pedido…

— Não, pai. Ela não me pediu nada. — a pressa em dizer. — É que… acho que ela está triste. Algumas vezes o seu olhar fica distante e é nítido a tristeza em seu rosto.

— Somos adultos, temos problemas. — E não vou me envolver nos dela.

Volto a comer.

— Papai?

— Oi?

— Queria que o Mika estivesse aqui. — Dylan suspira.

— Eu também. — Sinto a falta dele e a sua distância me machuca.

Terminamos o jantar, dessa vez não estou hospedado em um quarto duplex. Como sabia que mal teria tempo para o meu próprio filho e fazer um passeio decente durante a uma semana que estaremos no Rio de Janeiro, decidi que dividiremos a cama e poder ter um pouco do seu colo. Dylan dorme rápido, passo a mão pelo seu cabelo, a tranquilidade em seu rosto me acalma. Um de nós pelo menos precisa aproveitar.

Olhando para o meu filho e vivendo algumas lembranças, uma nova surge e ela tem nome e sobrenome. Vivian Lima, a vi passar quando estava na recepção falando com aquela mulher descarada. No Brasil há muitas mulheres bonitas, Vivian é uma delas, o seu jeito contido me fez ansiar por uma resposta atrevida da parte dela. Saber que seria desafiado me anima, faria provavelmente por não me conhecer, mas não fez para não perder o emprego. Tenha em mente que, embora ela possa não ter consciência de mim, imagina que não sou uma pessoa comum.

Ah, Vivian, qual é a sua história?

Na manhã seguinte, depois do café da manhã, Dylan e sua babá sai do quarto à procura da Vivian. Acordo disposto para mais um dia de palestra, meu celular toca e o pego em cima do sofá.

— Droga. — Sussurro. Bárbara sabe que só atendo ela porque tem um dos meus filhos sob sua tutela. — Fala.

Acordei de bom humor? Não mais!

— Bom dia para você também, Nathan. Liguei porque quero falar com o meu filho, vocês viajaram às pressas e não pude me despedir. — A voz inocente não me engana.

— Você sabia sobre a viagem desde o mês passado. — Massageio as têmporas.

— Precisei trabalhar, minha agenda tem estado cheia. É preciso aproveitar as oportunidades que me vem, não estou ficando mais jovem.

Bárbara é modelo e atriz de Hollywood. Outro impasse é que estou morando com Dylan em Nova York, Bárbara e Mikael estão morando em Los Angeles, o que acaba dificultando nossos encontros.

— Você tem o número de celular dele, ligue direto. — ameaço desligar a ligação.

— Ele está com o celular direto agora? Nathan, combinamos sobre o tempo de tela que as crianças têm que ficar. — Bárbara começa a brigar comigo. — Não pode funcionar de um jeito aqui e aí de outro. Você…

— Bárbara estamos em viagem, sabemos qual é o esquema, não me venha se fazer desentendida agora. — Me estresso. — Me liga se Mika estiver precisando de algo, fora isso esquece a minha existência. — Desligo a ligação.

Irritado, coloco o meu celular no bolso e sai do quarto seguindo a minha agenda mais um dia.

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