Vivian Lima
Coloco as mãos na cintura e estreito meus olhos para o pequeno garoto que se aproximava. Dylan dá um sorriso tímido, sua babá o acompanhava e encolhe os ombros em um pedido de desculpas. Ontem não consegui arranjar ninguém que pudesse cuidar do Dylan, não deixaria o garoto trancado no quarto, precisava trabalhar e o que me restou foi levá-lo junto. Que Nathan não descubra que coloquei o filho dele para trabalhar junto, Dylan não é muito de falar, mas chegou uma hora que não podia mover um dedo e ele soltava uma pergunta. Ele queria saber o que eu fazia, então mostrei na prática. E esse menino é espetacular, não é uma criança mimada e com frescura. Fomos a cada canto do hotel, precisava acompanhar alguns trabalhos pessoalmente e ele até me lembrou na hora certa do buffet que foi contratado e eu precisava supervisionar. — Oi, gatinho. — Oi, Tia Vivian. — Me abraça e beijo sua cabeça. — Você me prometeu que hoje iria fazer coisas de criança. Tem uma piscina maravilhosa te esperando. Dylan coloca os braços atrás do corpo e se balança nos calcanhares. — Não posso ficar um pouquinho com você? Ah, é sacanagem! Me olhando com aqueles olhinhos castanhos tão lindo. Dylan tem o mesmo sinal de nascença que seu pai, é uma réplica mais jovem de Nathan, confesso que no lugar da mãe dele estaria bastante irritada. Nove meses carregando a criança e sai a cópia do pai. Torço tanto para a minha filha ser minha cópia. — Não, não pode. — Seguro em seus ombros e o viro em direção à piscina, dou um tapa em sua bunda. — Agora vai brincar, aproveita o sol que está fazendo e toma banho de piscina. Desanimado, Dylan segue na direção que coloquei e a sua babá vai junto. Dylan é um garoto obediente e foi bom passar um tempinho com ele ontem, gosto de crianças e trabalhando demais mal posso ficar com a minha filha. Dylan supriu um pouco a saudade e a parte boa de ter uma criança conosco. Volto para minha correria, serão duas semanas intensas, é quase o mês todo para esse evento de negócios de várias áreas e diferentes pessoas do mundo estão em nosso país. No hotel serão duas semanas seguidas nessa correria, porque algumas dessas conferências acontecem aqui. Porém, alguns hóspedes não ficam nesse período todo. Ontem teve cinco dos hóspedes reclamando da fechadura. Hoje foram mais quatro, depois de falar com cada um deles, seguir para o escritório do Reinaldo. Dou duas batidinhas na porta e logo escuto a minha entrada ser liberada. Assim que me vê, Reinaldo suspira e revira os olhos, é um homem bonito de porte alto e loiro, mas o cérebro parece uma semente. — Lá vem problema… — De ontem para hoje tivemos nove reclamações sobre a fechadura das portas. — o interrompo, não suportando suas gracinhas. — No mês passado foram 100 reclamações. Você precisa resolver… — Eu? Imagino que tenha dado um jeito nisso. — responde sem tirar os seus olhos do notebook. — Um conserto temporário não é eficaz. Precisa trocar esse sistema. Suspirando pesadamente, ele me olha irritado. — Percebeu que você nunca vem com algo positivo? É exatamente isso que mostra o quanto somos diferentes. — aponta o dedo para mim e depois para ele. — Com você é sempre problema, não sei como meu pai a mantém aqui. A diferença entre mim e ele é que quero as coisas certas, tudo funcionando no seu devido lugar e perfeitamente para garantir as cinco estrelas e comentários felizes desse lugar. Porque se esse hotel começar a fazer cortes e eu for uma das selecionadas, sou eu que perco o emprego e ele continua nadando no dinheiro. — Talvez seja melhor você notificar o seu pai sobre os últimos acontecimentos. — Sugiro. Estou se aplicando para que Carlos volte a liderar o hotel. Por que ele tirou férias? Não existem férias para o império que tem, pelo menos não conto se coloca Reinaldo em seu lugar. Carlos está querendo testar e ver seu império falir em vida? Reinaldo me olha sério. — Você para uma simples empregada é muito petulante. — Olho para ele chocada. — Se põe no seu lugar e lembre que sou o dono deste hotel, não me estressa ou seu próximo problema será arranjar um novo trabalho. Fecha as minhas mãos em punho e não usa abrir a minha boca para respondê-lo. Reinaldo me desafia com olhar, querendo que dê motivo a ele. Esse idiota terá o prazer de me demitir mesmo sabendo dos meus direitos, mas quer ter o gostinho de me mandar embora. — Deseja mais alguma coisa? Forço um sorriso. — Não. — Não o quê? — Dá um olhar inocente. Sabia bem o que ele queria ouvir. — Não, senhor. — Perfeito! Saia da minha sala. E assim faço. Que raiva! Dois reais ou um estresse diário? Deveria ter pedido minhas férias no exato momento que Carlos saiu de férias também, não seria o mesmo tempo que ele, mas seria menos tempo com Reinaldo. No corredor encosto na parede e respiro fundo, meu emocional está ferrado de um jeito que não sei explicar. Estou tão cansada. Financeiramente falando estou bem graças a Deus, tenho o meu apartamento que foi uma luta, mas consegui comprá-lo. Mora eu e minha filha, ela passou o dia todo e o início da noite com a minha mãe. Preciso sempre ir até o outro bairro para buscá-la e voltar para o Leblon. Acaba aumentando o meu cansaço fisicamente, agora o emocional está ficando insuportável. Minha mãe, Adelaide, insiste que entre com um processo contra o pai da minha menina e, ao mesmo tempo, tenta defender a minha irmã. Maitê não precisa do pai, consigo nos manter perfeitamente, o grande problema mesmo de não fazer nada que envolva a ele é que dói demais a cachorrada que fizeram comigo. Porra, era minha irmã e meu noivo! A minha irmã mais nova me apunhalou pelas costas e meu noivo, quem dormia ao meu lado e todos os dias dizia que me amava, me fez passar como uma completa desconhecida do dia do nosso casamento. É tão estranha ser considerada a melhor mulher do mundo, ser tratada como uma rainha e depois não passar de uma desconhecida. Dois anos de relacionamento e a única coisa boa foi a Maitê. Enxugo as minhas lágrimas rapidamente. Trabalho! Preciso trabalhar. Tento organizar tudo possível para a próxima conferência, o gerente geral me ajuda a manter as coisas no seu devido lugar. Houve mais dois hóspedes reclamando do sistema da fechadura, mais uma vez resolvo. Agora até quando irá durar, não sabemos. Passando perto da área da piscina, vejo Dylan sentado abraçando as pernas contra o corpo sentado na espreguiçadeira. Ele olha as crianças brincando na água. Por que ele não está brincando com elas? Me aproximo dele, sua babá me ver e praticamente corre em minha direção. — Não sei o que fazer. — Me olha nervosa. — Ele não quer mais conversar, fica olhando as crianças, mas não quer se aproximar delas. Penso em falar com o Sr. LeBlanc, será que devo? Seguro sua mão e sorrir. — Deixe eu conversar com ele, tá bom? Ela concorda. Me aproximo de Dylan e ele só percebe a minha presença quando me sento ao seu lado. Um sorriso surge em seus lábios. — Oi, gatinho. — Oi, Tia Vivian. O bom é que ele está falando. — Posso saber porque você não quer brincar com as crianças? — O seu sorriso diminui e ele se cala. — Ei, não quero ver você desse jeito. — Abraço ele de lado. — Não sei o que está acontecendo, mas a qualquer momento que quiser conversar pode me chamar. Ele balança a cabeça e nada diz. — Por que não vai para seu quarto assistir desenho ou jogar um pouco? — Era melhor ele ficar no conforto do quarto e no ar condicionado do que nesse calor insuportável. Dylan se anima, beijo seu rosto e ele segue com a sua babá para o quarto. Fecho meus olhos e suspiro, não tenho que me meter na vida pessoal dos hóspedes. E estou indo fazer exatamente ao contrário, abro os meus olhos e respiro fundo. Onde será que estaria Nathan LeBlanc?Vivian LimaVou para a recepção e olho o cronograma das palestras que estariam acontecendo no hotel. Procuro pelo nome de Nathan e olho o meu relógio vendo que daqui a 5 minutos, ele estaria terminando sua última palestra do dia. Me apresso para conseguir alcançá-lo, tenho acesso livre para chegar perto do palco. Corto o caminho torcendo para que Nathan seja um daqueles palestrantes que pega logo o corredor da saída não querendo contato direto com os outros. Mas ainda assim, caso optasse por ir falar com os seus ouvintes, daria para ele me ver e assim poderia acenar pedindo um pouco da sua atenção.No corredor, o vejo descer do palco. Começo a acenar disfarçadamente, um homem entra na frente de Nathan e fala algo com ele. Continuo na minha tentativa de chamar sua atenção, Nathan ergue o olhar por cima do ombro do homem e me ver. Nathan pede licença e vem na minha direção sendo seguido por dois homens, homens bem grandes. Acredito que seja os seus seguranças.— Senhorita Lima. — Me cu
Nathan LeBlanc O sorriso não deixa meus lábios, lembrando do acontecido com Vivian. O jeito dela entrega tão fácil o que pensa, não consegui evitar olhar para seus seios por cima da roupa que usava vendo a mancha de leite se formar. Não querendo que Vivian pensasse o pior de mim, mesmo suas reações deixando claro, resolvi ser direto. Só não esperava a nossa troca de conversa depois desse desconforto, Vivian me arrancou uma risada sincera pelo modo que falava. Viver com ela deve ser uma montanha-russa pelas suas emoções, mas a mulher é sincera e fala o que pensa.— Papai? Dylan e eu estamos no restaurante do hotel. Não quero que meu filho volte para a caverna que criou depois do avanço que teve ao conhecer Vivian. Ele toma seu sorvete de várias bolas de diferentes sabores. — Oi? — Bebo um pouco do suco natural de maracujá, querendo acalmar os músculos e agitação do meu corpo e ao redor. — Você não tem que trabalhar?— Tenho meia hora até o próximo compromisso.— Ah, sim. — Come mai
Nathan LeBlanc Dou uma volta no salão e falo rapidamente com algumas pessoas, Vivian havia saído sem ser percebida pelos convidados. Mando mensagem rápida para Karl, mobilizando os seguranças e um deles seria o motorista. Cansado de aturar aquelas pessoas, finalmente consigo ir embora. Sinto uma leve dor de cabeça, algo que não tem sido tão constante, mas quando começa é um aviso para ir mais devagar nas minhas atividades. Pego o elevador indo para o estacionamento, as portas se abrem e vejo Vivian dando um pulo e colocando a mão no peito.— Assustada? — Passo por ela, Vivian me segue.— É que está muito silencioso… Hum, e aqueles homens… — Deixa no ar.Era meus seguranças, entrando em seus próprios carros ao me ver.— Não se preocupe, está em segurança. — Aceno para o meu segurança para ocupar o banco do motorista e abri a porta para Vivian entrasse.— É percebi. — Soa irônica.Ocupo o lugar ao seu lado, fechando a porta. Vivian passa o seu endereço.— É realmente necessário tanto s
Vivian Lima Mais uma manhã e mais uma rotina intensa de trabalho. Chego cedo no hotel precisando verificar pessoalmente se o salão para o evento privado de ontem está limpo e liberado para o próximo evento à tarde. Recebo uma reclamação sobre a fechadura da porta do quarto de mais um hóspede, seguimos com resolver o problema sabendo que voltaria a ficar ruim novamente. Vi Dylan apenas uma vez com a sua babá em uma tentativa de brincar com as outras crianças, infelizmente não pude fazer nada e precisei focar no trabalho. Perdi boa parte do meu horário do almoço, minha cabeça dói e a fome parece me devorar de dentro para fora. Poderia comer três marmitas sem problema algum, uma coisa que ganhei com o nascimento da minha filha foi fome. Não comi loucamente durante a gravidez e a nutricionista juntamente com a doutora que acompanhou a minha gestação ficaram orgulhosa de mim por seguir certinho. Sem desejos malucos, minha filha é uma maravilha dentro e fora da barriga.Fico na espera de
Vivian Lima— É a primeira vez e única. Não quero uma mulherzinha como você no meu hotel. — Uma… mulherzinha como eu? — faço uma careta formulando a pergunta. — O que…— Ah, cala boca! Está demitida e ponto final, está querendo ganhar um processo? Pouco me importo com a sua vida pessoal, até porque não iria se casar? Não estou vendo nenhum anel de casamento no seu dedo. Vai saber o que fez para o seu noivo te largar!Sinto as minhas pernas vacilarem, abraço Maitê com mais força, ouvindo o seu choro baixo.— É uma vagabunda qualquer que nem o noivo aguentou. — Me olha com desdém. — Não quero uma imunda no meu hotel.Engoli em seco.— Você não tem… o direito de falar assim comigo. — Pisco, não quero chorar.Sabia que esse homem podia ser baixo e um grande cretino, mas estava com esperança de que não fosse o seu alvo e que as coisas do hotel pudessem voltar ao normal com a chegada do seu pai. Ele dá mais alguns passos se aproximando de mim.— E como deveria falar com uma pessoa igual a
Nathan LeBlancEstava prestes a entrar em uma reunião, quando vejo meu filho correndo atrás de mim desespero e sua babá mais desesperada ainda. Alguma coisa a ver acontecido, peço licença para às pessoas que entram na sala a minha frente, meu agente fica na porta à minha espera. Passo a mão no ar afastando uma mosca, enquanto espero Dylan chegar até a mim e dizer o que havia acontecido. Porém, Dylan está ofegante pela corrida e não diz nada, pegando em minha mão e começa a me passar puxar.— Ei, ei, ei! — Paro e segura a sua mão com mais força fazendo com que ele pare. — Por que essa pressa toda?Me abaixo na sua frente.— Papai, vem! — Tenta me puxar e faço com que pare novamente.— Dylan, ir para onde? O que está acontecendo?Olho para a babá dele, mas é Dylan quem responde.— O homem da cara feia está brigando com a tia Vivian. — Dylan mexe as mãos agoniado. — Ajuda ela, papai, por favor. Prometo me comportar e não fazer bagunça na escola por um mês inteirinho.Como se Dylan me des
Nathan LeBlanc Muito provavelmente essa seja a intenção de Reinaldo Amarante, o que Vivian não imagina é que tenho o contato direto com Carlos Amarante. Vivian tem fama melhor do que o próprio filho do dono, a maioria dos hóspedes são antigos vindo frequentemente para esse hotel. Os comentários sobre a decadência que vem acontecendo é algo que dá para se ouvir de longe, talvez muito venham respeitando a imagem de Carlos e se contendo para falar algo pior. Pelo que sei, Vivian trabalha há alguns anos nesse hotel, um profissionalismo impecável e muito elogiado. Porém, se for apenas o trabalho que impede Vivian de jantar comigo. Posso dar um jeito nisso.— É apenas o trabalho que a impede?Vivian não me responde de imediato.— Não vou me deitar com você. — Estou te chamando para jantar, a parte de se deitar vem depois… — sou rápido em me esquiar quando Vivian tenta me bater.A nossa conversa era baixa, não sei o que é babado do meu filho poderia estar pensando ao ver Vivian em eu ness
Nathan LeBlanc Parece que os dois estão encantados pela mesma mulher, mas com intenções diferentes e nunca apareci com outra mulher perto dos meus filhos. Dylan não quis conversar sobre a minha separação com sua mãe, é um assunto que o incomoda até hoje e sabemos que o afeta.Sempre que tentei conversar ele me ouviu, mas não disse nada.— Olha, Dylan, eu… — me sinto uma criança sendo pego pelo pai.— Vocês estão namorando?— O que?! Não…— Por que não? — inclina a cabeça para o lado. — Não gosta da tia Vivian?Uma mistura de surpresa e confusão me atinge. — Você… não estamos juntos, Dylan. — Fico sério, precisando saber. — Mas está tudo bem para você se me ver com outra mulher que não seja sua mãe?Mikael surtaria.Dylan olha para o chão e pensa um pouco.— Gosto da tia Vivian…— Dylan…— Se vocês ficarem juntos, tia Vivian e Maitê vão para Nova York conosco. — Me olha. — Somos boas pessoas, podemos ser… uma família. — Sussurra a última parte. Evita me olhar. — Quero uma família de