A Esposa Perfeita do Bilionário
A Esposa Perfeita do Bilionário
Por: Ana Elói
Capítulo 1

Vivian Lima

O vento frio b**e em meu rosto, não sendo o suficiente para afastar as lembranças. Meu peito dói, dói o quanto pude ter sido burra de não perceber que meu noivo e minha irmã eram amantes. Fui deixada no altar, parece que no último segundo meu ex teve coragem o suficiente para fugir com a cunhada. Chega a ser hilário a minha situação, em um momento minha vida está perfeita com pouco meses de vida e sendo a alegria de nossa família. No outro, seu pai decide viver uma vida longe de nós. Me abandonando no altar e esquecendo da existência de sua filha. Não os vejo desde então, faz quatro meses.

Quatro meses, abandonada no altar.

Quatro meses que minha filha não ver o pai.

Quatro meses lutando para deixar o passado no passado.

Mas a vida precisa continuar, não? Minha menina de seis meses precisa da mãe sendo forte. Engoli em seco e fecho meu casaco, saio da varanda do restaurante adentrando o hotel. Sou a gerente de um dos hotéis mais famosos do Rio de Janeiro, a responsabilidade sendo grande, não posso perder tempo com minha vida amorosa fracassada. Apresso os passos para recepcionar pessoalmente um grupo de empresários. Terá conferências no Rio de Janeiro, o hotel está com a hospedagem esgotada e o atendimento precisando ser o mais rápido possível.

Meu chefe não gostará de ter reclamações. Guio um grupo de empresários até o salão que aconteceria o evento, outros contratados fizeram o mesmo. Desejo um bom dia e vou para meu escritório, cumprimento algumas pessoas durante o caminho. Alguns hóspedes estão conosco todos os anos e costumam passar férias neste hotel quando estão no Rio.

Lutando para deixar meus pensamentos de lado, sou rápida em orientar algumas camareiras para a limpeza dos quartos dos empresários que acabei deixar no salão. Conto os segundos para o expediente acabar.

— Gostaria de falar com o gerente do hospital. — A voz grossa carregada por um sotaque inglês me desperta. — Há de ter alguém útil nesse lugar.

Endireito a postura e rodo nos meus calcanhares, indo para a recepção. A pequena Gabriela parecia uma criança na frente daquele homem que até então está de costas para mim.

— Olá, sou Vivian Lima, a gerente do hotel. — Sou simpática, mantendo o profissionalismo.

Posso imaginar mais um riquenho arrumando confusão à toa. Meu nível de paciência não está alta hoje, lidar com público, principalmente com gente que pensar ter o rei na barriga me irrita. Lembrando que ganho bem e perder meu emprego é algo que não pode acontecer, escolho sorrir e fingir ter uma calma que não existe. Calma não existe, meu emocional está uma merda, definitivamente não estou pronta para a sociedade.

O homem alto, de semblante sério, vira lentamente para me olhar. Sabe aquele homem viril que a gente sente a masculinidade de longe? Estou bem na frente de um e mesmo odiando os homens nos últimos meses tento ignorar a beleza desse. É apenas mais um arrogante e rabugento.

Seu olhar percorre todo o meu corpo antes de me olhar nos olhos.

— Você? — Pergunta em desdém.

Calma, Vivian.

— Em que posso ajudá-lo, senhor?

O desconhecido olha ao redor, arqueando as sobrancelhas. Está brincando comigo ou o quê? Gabriela não parava de olhar para ele encanto com a sua beleza. Com 1,90 no mínimo de altura, meus saltos altos me impedem de ser uma nanica na sua frente. 

A parte de trás da sua cabeça sendo mais raspado, deixando em cima mais alto e um franjão se deixar os fios negros cair em seu rosto. Vestindo um terno que pagaria todas minhas contas e bancava uma viagem para fora do Brasil. A pele bronzeada pelo calor brasileiro, o tornava um pedaço de mal caminho. Ele é grande e com ombros largos.

— Realmente trabalha aqui? — Inclina a cabeça levemente para o lado.

Ah, preconceito a essa hora do dia não.

— Algum problema, senhor? — Mantenho minhas mãos em frente do corpo. — A minha cor de pele atrapalha em algo?

Posso dizer que minha vida é fácil por ser negra em um país preconceituoso, seria uma mentira descarada. Convenhamos, o preconceito está além das fronteiras e não deixo que esse homem saia do seu país para dilatar o seu ódio aqui.

— O quê? — Fica surpreso com as minhas palavras. Surpreso ou ofendido? Não sei, quem deveria estar ofendida sou eu.

Não posso perder meu tempo e meu emprego por causa dele.

— Senhor…? — Ergo a mão minimamente no ar, querendo que fale seu nome.

O corpo em forma e bem estruturado, estufa o peito. Só me faltava o ego desse homem.

— Nathan LeBlanc. — Pronúncia o sobrenome francês com magnitude.

Em francês, Blanc significa “O branco”. É uma piada com a minha cara? Já em alemão quer dizer brilhante, reluzente ou bonito. Sabemos que o sobrenome combina perfeitamente com ele. Palhaçada a essa hora do dia, não poderia deixar para mais tarde? Não almocei ainda.

— Sr. LeBlanc poderia me dizer o que precisa? — A essa altura Gabriela está ocupada com seus afazeres.

Nathan LeBlanc arruma o terno em seu corpo, voltando a formalidade.

— A fechadura do meu quarto está com defeito, Srta. Lima. — Pega o cartão de acesso no bolso. — Não consigo entrar. A moça que está na recepção poderia ter me ajudado, se não tivesse perdido o tempo dela tentando me seduzir. Devo acreditar que todos são assim? Quando me recomendaram este hotel, não me informaram as entrelinhas.

Olho para Gabriela e rapidamente some da recepção. Um problema a mais para resolver, pensei que ela tivesse parado com isso. Houve algumas reclamações no mês passado, Gabriela está querendo perder o emprego? Não gosto de demitir as pessoas, principalmente quando sei que elas precisam. Gabriela não está cooperando.

— Peço desculpa pelo ocorrido, mandarei agora mesmo alguém para seu quarto. — Não estou surpresa em relação à fechadura da porta.

Faço sinal para um dos funcionários, relatando o que aconteceu e que levasse a pessoa especializada para arrumar. O filho do meu querido chefe está responsável pelo hotel, na última reunião relatei os problemas e a atualização das fechaduras usada com o cartão ou senha. O sistema que ele contratou é péssimo. Gosto desse hotel, mas deixar Reinaldo Amarante cuidando desse lugar maravilhoso é um crime.

— Peço que se acomode em nosso restaurante aproveitando bebidas e comidas típicas. — mostro a direção que deveria seguir. — Assim que o problema for resolvido, logo será avisado e novamente peço desculpa pelo transtorno.

O Sr. LeBlanc me parece ser alguém muito importante e ter uma recomendação ruim da sua parte pode afetar o hotel. Sendo importante ou não, gosto de ajudar e dar o melhor atendimento possível. Nem sempre tenho a mesma troca, pelo menos faço a minha parte. Me olhando de um jeito cético, o sorriso debochado surge em seus lábios. 

— Deixei de ser um preconceituoso para um ótimo hóspede agora?

Mordo a ponta da língua para não dar uma resposta afiada. O seu sorriso aumenta sabendo qual era as minhas intenções. Para minha surpresa ele se aproxima, inclinando o corpo levemente para frente. Tem um cheiro bom, seu rosto tão perto vejo a pinta sutil embaixo do seu olho esquerdo. Olhando bem o contorno parece um raio, seria um sinal de nascença?

— Quero deixar claro que não questionei o motivo de trabalhar neste hotel pela sua cor, pensei que fosse uma hóspede, querendo ajudar a mulher sem noção da recepção. — Agora sou eu que estou surpresa. — A elegância no andar, o olhar e boca afiada está mais do que pronta para caminhar em meio aos leões no mundo dos negócios

Fico sem saber o que dizer. Seus lábios entre abre parece satisfeito com a minha reação, Sr. LeBlanc me dá uma última olhada antes de seguir para o restaurante. O que acabou de acontecer? Houve segundas intenções nessa conversa? Oh, não. Os homens que frequentam esse lugar costumam ser diretos e safados demais, tendo muito dinheiro na conta, se acham donos do chão que pisa. Balanço a cabeça e trato de esquecer o episódio que acabou de acontecer.

Meu escritório! Volto a seguir o meu caminho.

— Mas que porra garoto! Olha, o que você fez. — A gritaria perto da entrada do hotel começa a chamar atenção.

Reconheço o Sr. Oliveira que tenta limpar o sorvete que ficou em sua roupa. O menino olha para o homem na sua frente assustado, Sr. Oliveira não poupa palavras em direção ao garoto. Vou até eles em passos firmes. 

— Por favor, Sr. Oliveira. — Entro na frente do menino. — Chamará atenção desse jeito.

— Que se foda, Vivian. Olha o que esse garoto fez? — A ponta para a camisa social suja. 

Olho para o menino de cabelo castanho escuro que está tão assustado, é nítido que não foi de propósito. Ele aparenta ter 9 ou 10 anos. Me abaixo na sua frente.

— Ei, está tudo bem. — Sorri, querendo acalmá-lo. — Onde estão seus pais? Se perdeu?

— Vivian, é comigo que tem que se preocupar. — Sr. Oliveira choraminga. — Tenho uma palestra agora para apresentar.

Ignoro o velho reclamão. Quem tem coragem de gritar com uma criança desse jeito? Sr. Oliveira se preocupa apenas com ele mesmo e não é de hoje. O garoto não está prestes a chorar, mas seu rosto assustado e confuso mostra que não está entendendo o que falamos. Deve ser filho de algum gringo. Preciso achar os pais dessa criança logo.

— Você fala inglês? — Pergunto em inglês. Sou influente em inglês, francês, alemão e espanhol.

Seu olhar encontra o meu, ele balança a cabeça concordando. Ah, perfeito.

— Qual é o seu nome?

— Meu nome é Dylan. — Apreensivo, olha para o chato do Oliveira. — Desculpe.

— Não se preocupe. — Seguro em seu queixo com delicadeza. — Vamos encontrar…

— Ah, mas eu mesmo faço questão de achar o pai desse garoto. — Sr. Oliveira segura no ombro do garoto e o puxa.

Dylan grita assustado e com a mão livre segura em mim, não quero ir com o Sr. Oliveira. Antes que pudesse impedir o homem mais velho e pedi que deixasse a criança em paz, a voz grossa que reconheço me faz estremecer.

— Achou! E não estou gostando de vê-lo tocando no meu garoto. Então escuta bem. — Ergo minha cabeça, sendo a fúria no olhar de Nathan LeBlanc. — É melhor soltar meu filho agora, infeliz.

Sr. Oliveira começa a gaguejar. Dylan dá a volta por mim e fica ao lado do pai, Nathany está bem perto, Dylan fica entre nós dois. Continuo abaixada olhando a cena.

— Eu… eu… Não sabia que era seu filho, Sr. LeBlanc. Sinto muito… — Dá um sorriso maior que a boca. — Foi um momento de estresse, tenho uma palestra agora e ficarei feliz de ter a sua presença. Sabe como é a nossa vida.

Sr. Oliveira, não nos permite chamá-lo pelo primeiro nome. Seria difícil lembrar agora, é um dos empresários do ramo de alimentício, é enjoado de mais e um dos hóspedes que mais me dá trabalho. Foi desnecessário gritar com a criança e todos sabemos disso, os funcionários ao redor guiaram os hóspedes para não olhar o clima tenso que acontecia.

— O que aconteceu? — O gringo olha para o filho, o menino não se incomoda com o olhar do pai. Parede está acostumado.

— Estava procurando o senhor, comprei o sorvete e não estava com o dinheiro. Não vi ele, papai. — Dylan olha para o pai. — Acabei esbarrando meu sorvete nele. — Aponta para mim. — Ela me ajudou.

A conversa entre os dois era em inglês. Nathan me olha e estende a mão para mim, seguro tendo a sua ajuda para levantar. Dylan deve ter conseguido o sorvete no restaurante, ele não deve saber que a conta está associada ao quarto do pai e só quando for embora pagaria a conta ao todo.

— Mas são águas passadas e…

Nathan pega o sorvete de casquinha da mão do filho e esfrega na cabeça do Sr. Oliveira. Arregalo os olhos. Meu Deus!

— Se encostar no meu filho mais uma vez a sua reputação, se é que tem uma, não será o suficiente para o que farei com você. — Nathan avisa. — Srt.ᵃ Lima?

Pisco algumas vezes, engolindo em seco e olho para Nathan.

— Oi?

— Nos acompanha?

— Ah, claro.

Nathan segue com seu filho para o elevador. Aceno rapidamente para meus colegas de trabalho, um para ajudar o Sr. Oliveira e o outro para limpar o sorvete que caiu no chão. Em passos rápidos vou atrás do Nathan e seu filho, não posso esquecer da formalidade e chamá-lo pelo sobrenome.

— Pai, está muito calor. — Dylan respira fundo.

As portas do elevador se abrem, cheio pelo horário.

— Vou pedir que levem seu sorvete no quarto.

Entramos no elevador, muitos o cumprimentaram. Nathan fica no fundo do elevador, Dylan ao seu lado esquerdo e eu a sua frente no lado direito. Não é possível que terei que ouvir suas reclamações sobre o Sr. Oliveira, ai que raiva daquele velho. Ah, não! Reinaldo ficará uma fera, porque com toda certeza Sr. Oliveira reclamará no ouvido do meu chefe temporário e vendo nas câmeras que não fiz nada para impedir, será a minha cabeça na mira. 

Perdida em meus pensamentos, não impeço o homem que anda para trás dando espaço para outra pessoa entrar e antes que se esbarra em mim. Sinto uma mão grande e firme ao redor da minha cintura, me deixo ser guiada. Nathan segura em minha cintura de modo protetor e me puxa deixando-me em sua frente. Ele não me solta, me mantendo presa nele.

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