Havia se passado um dia desde o terrível pesadelo que me assombrava. Miguel decidiu dormir na mesma cama que eu, para me assegurar que estaria tudo bem, caso eu surtasse novamente com o pesadelo. Eu decidi não contar nada para ele sobre minhas lembranças, afinal eu não tinha nenhuma prova daquilo, estava na minha cabeça e de alguma forma, talvez poderia ser apenas um fruto de minha imaginação fragilizada com tudo o que estava acontecendo. O medo que eu sentia em andar pelas ruas sozinho, a preocupação com Raphael e a falta de diálogo que eu tinha com ele, o sentimento forte e estranho que crescia dentro de mim por Miguel e o modo fofo como ele me tratava... Tudo isso se juntou em uma bola de neve emocional e acabou me sobrecarregando, talvez seja tudo obra da minha criativa e sombria mente. Talvez, as buscas por João e Carlos nunca terminariam porque talvez, eles não fossem os culpados. A mente human
- Vamos deixá-los limpar a própria bagunça. – digo para Luis, que assim como eu, estava totalmente desconfortável e esperando alguma desculpa para que pudéssemos sair daquele quarto, onde provavelmente Jude e Raphael iriam resolver muita coisa. Coisas que não interessavam nada para nós dois.- Nunca me passou pela cabeça que Jude e Raphael tinham um relacionamento, como o mundo é pequeno né, Miguel? – Luis me diz enquanto caminhamos para a cantina, até então em silêncio. Mesmo tendo passado por muitas coisas, Luis ainda era confiante ao andar, e sorria lindamente para todos que passavam por nós. Eu estava me apaixonando pelo garoto que esbarrou em mim todo ensanguentado algumas semanas atrás, e não estava fazendo força contrária nenhuma. Luis Hander era o tipo de garoto que va
Três dias haviam se passado desde que Miguel disse que me amava, aquilo era muito estranho, mas acho que é normal toda essa estranheza no início do relacionamento. De alguma forma, João e toda aquela situação horrível estavam fora de minha mente por causa de Miguel. Eu estava completamente apaixonado por ele, mas tinha medo de que minha falta de experiências e medo de me arriscar em literalmente qualquer coisa, estragasse o pouco de relacionamento que conquistamos nos últimos dias.- LUIS! – ouço um grito, vou até a janela e vejo Miguel sorrindo para mim. Ele estava de óculos escuro, camisa preta e uma calça jeans rasgada acima dos joelhos. Seu cabelo estava molhado e como sempre caía em seus ombros, lindamente. Desço rapidamente. Estou usando uma roupa simples, uma camisa jeans de botões cobre, u
- Então, Luis! Onde você trabalha? – Carlos me pergunta sorrindo. Eu não estava mais aguentando ter que fingir que tudo estava bem para que nenhum deles percebesse o quão desconfortável eu estava, mas eu não podia estragar a noite dos meus novos amigos.- Em uma ONG que acolhe crianças em situação de rua. – respondo.- Isso deve ser demais, né? Eu trabalho com caridade também... Na verdade todo mês visito o hospital infantil de câncer aqui da cidade! – Carlos sorri. Jorge sorria e concordava com tudo que o irmão dizia, e me lançava alguns olhares sérios também, aos poucos fui percebendo que ele sabia a verdade, desde o início.-
JudeDesde que Luis e Miguel saíram ontem, continuo pensando em tudo que aconteceu. Tentei explicar para Luis o fato de que não havia nada que eu pudesse fazer, afinal não existiam provas concretas de que Carlos, irmão de Jorge (meu parceiro de faculdade e treinamento da academia de policiais), estivesse junto ao suposto culpado do crime: João.Jorge e eu éramos amigos de longa data, e mesmo eu não conhecendo seu irmão, tinha certeza de que ele era uma pessoa boa e honesta. Mas ao mesmo tempo em que pensava tudo isso, minha intuição policial sabia que algo estava errado e que talvez Luis, estivesse falando a verdade. Quem, em sã consciência, iria fazer um escândalo literalmente do nada? Mas, quem em são consciência, iria aguentar olhar para o seu abusador durante várias horas por amor aos amigos?Nada batia naquele caso, e eu precisava pe
- Olá senhor Jude, como está? – Agatha, a enfermeira que acompanhou Raphael, diz.- Oi, Agatha. Estou bem! Vim buscar o documento que Raphael esqueceu aqui.- Ah, sim! Ele ligou mais cedo dizendo que você iria vir. – ela diz pegando o documento do bolso de seu jaleco.- Não sei como ele consegue esquecer de tudo! – digo rindo e agradecendo.- Ele estava tão empolgado que iria sair daqui que nem lembrou, isso acontece com frequência com todo mundo! – acrescenta rindo. – Acho que era apenas esse, né? – ela diz depois de um tempo em silêncio.&nb
No dia seguinte me preparo para ir até a casa de Raphael.- Olá! – dou de cara com Miguel quando abro a porta para ir à casa de Raphael. Ele estava lindo, vestia uma calça jeans preta, uma camisa branca um pouco longa e seu cabelo estava solto, me permitindo ver suas lindas ondulações ao fim de cada mecha de cabelo.- Ah... Oi, Miguel! – digo surpreso ficando vermelho com sua presença.- Você está de saída? – ele pergunta com um sorriso de canto.- Na verdade sim, pensei em ir até a casa do Raphael... Você quer vir também?&n
Cada dia que se passava, meu amor por ele aumentava gradativamente. Eu conseguia sentir meu coração batendo por ele e bombeando cada litro de sangue mais forte quando a presença dele invadia a minha.- Luis, meu amor, que saudade! – Miguel abre a porta de meu apartamento e me abraça forte. – Eu sei que nos vimos semana passada, mas eu não consegui parar de pensar em você um minuto sequer!- Eu também senti muita saudade, Hazz! – digo sorrindo para ele, que abraça meu corpo quente da febre.- Luis?- O que foi, meu amor? – digo sorrindo quando ele para de me abraçar e se senta ao meu lado na sala.&n
- Luis, fico feliz que você aceitou iniciar seu tratamento e passar pelo processo psicoterapêutico! – uma jovem e em humorada mulher me diz enquanto eu me acomodo na poltrona branca em sua frente. – Antes de qualquer coisa, penso que se nos apresentássemos iriamos nos sentir melhor, o que acha?- É... – travo e tento não começar a chorar novamente. Aquela semana foi a pior de minha vida, afinal eu sabia de minha sentença de morte a exatamente 7 dias, e agora finalmente estava pronto para insistir em algum tratamento que Raphael me infernizava para fazer. – Tudo bem... – respondo apreensivo, tentando não transparecer para a jovem psicóloga.- Ótimo! – ela responde colocando seu caderno de anotações na pequena mesa de centro