Corações partidos são mais difíceis de lidar do que podem parecer, porque a verdade, é que aquela música está certa; um joelho ralado não dói tanto quanto ter seu coração pisoteado por alguém especial. Tanto Luis quanto Miguel, não estavam lidando tão bem com a ideia de viver separados. Dois meses se passaram desde o pior incidente da vida de ambos, e mesmo que sendo tão difícil de acreditar, continuar vivendo a vida ignorando a existência do outro não vinha funcionando tão bem quanto queriam.
Graças ao aumento da frequência das sessões de terapia, e o forte apoio de Raphael, Luis conseguiu contornar a carga psicológica que fora obrigado a enfrentar um mês atrás. Mas diante de todo o esforço, obviamente, efeitos colaterais, as ditas cujas sequelas emocionais, foram surgindo aos poucos nos traç
Luis tinha algo dentro de si que lutava contra a vontade de ficar em casa e cancelar a conversa com Miguel. Em sua mente, a coisa mais sensata e madura a se fazer era enterrar tudo isso e viver como se nada daquilo realmente tivesse acontecido em sua vida. O abuso, o diagnóstico, o abandono... Nada!- Luis! – o garoto escuta a doce voz de Rogers ao entrar na cafeteria, que estava cheia de pessoas de todos os tipos.Aquela cafeteria era conhecida como uma das mais populares de Blumenau, e como o local de Miguel e Luis, onde ambos tinham definido isto a alguns meses atrás, antes de toda aquela desgraça.- Olá, Miguel. – Luis se senta em frente do rapaz, rapidamente ao sentir seu rosto queimando.- Eu achei que você n&
Luis não sabia como se sentir em relação a tudo que estava acontecendo em sua vida, e para falar a verdade, esse é o sentimento que todos nós carregamos em nossas costas, como uma enorme e pesada cruz que, mais parece estar grudada em nosso corpo. Enquanto subia as escadas, o garoto visualizava a divisão mortal que fora criada em sua mente, onde um lado ansiava pelo toque de Miguel e pelo perdão total, porém o outro lado travava uma batalha com o uso da frase que martelava de um lado ao outro dentro da mente de Luis.Antes de mais nada, Luis precisava entender tudo que acontecera, para então decidir algo.- Quer dizer que ele falou isso? – Jude exclama com as pernas cruzadas não acreditando no que ouvira do amigo.- Com licença? – Raphael diz ri
- Minha cabeça não é mais a mesma, me desculpe por estar aqui te enchendo... – Miguel diz, se levantando rapidamente. – Eu vou embora, e prometo não aparecer mais na sua frente, nunca mais! – ele começa a chorar desesperadamente, e naquele momento, eu percebo que naquela altura do campeonato ele precisava de ajuda.- Não, Miguel! – digo entrando em sua frente, e olhando no fundo de seus intensos e, agora molhados, olhos verdes. – Eu não quero que você vá embora! – exclamo. – Eu quero que você fique aqui e... E... Seja a pessoa que eu mais amo nesse mundo! – digo com toda sinceridade que tenho.- Luis, eu não sou tão inteligente quanto Gemma... Mas eu sei que só te causei mal! – ele diz, sentan
Não demoraram muitos dias para que todas as pessoas de nossa vida soubessem de todas as novidades que aquele respectivo dia tinha trazido a mim. Comemoram conosco todo o amor que sentíamos um pelo outro. Choraram conosco toda a tristeza que aquela maldita doença trouxe a Miguel.Não sabia como me sentir em relação a toda aquela bagunça, que migrara da minha vida para a de Miguel. Não sabia quando dizer algo, quando me mover para abraçá-lo, não sabia como agir. Por mais que parecidas, nossas dores estavam separadas a quilômetros de distância. Dizem que o câncer modifica tudo em nosso corpo, corrói cada parte viva e feliz de nossa existência, até que apenas sobre um cansado e fraco corpo, e uma rabugenta de difícil alma. Era inevitável que, uma hora ou outra, isso aconteceria com Miguel, que no decorrer das várias sessões de quimioterapi
Até que ponto somos manipulados e jogados de um lado ao outro pela vida e suas façanhas? Me pergunto se um dia poderemos tomar o controle de nossa própria vida, afinal, tudo o que fazemos é servir de bonecos de papel indo e vindo pela imensidão da vida. Tenho minhas próprias respostas a respeito disso, mas nunca fui um espectador muito confiável... afinal não me conformo com as escolhas que somos obrigados a tomar.As semanas foram passando, e juntos delas, a ansiedade de Miguel aumentava a cada hora completada. O medo e a curiosidade de saber se finalmente estava livre daquela maldita doença afundava todos os seus sentidos em apenas um único desejo: a liberdade. Eu realmente sentia que estava a um passo de perder o amor da minha vida. Não estava preparado para sentir essa sensação... e sendo sincero, não gostaria de senti-la nunca.&nbs
Antes que eu conseguisse dizer qualquer outra coisa, Miguel me segura com força em seus braços e me beija intensamente me arrastando para nosso quarto. Nos últimos dias, mesmo com tudo que estava acontecendo, nos aproximamos muito,e passávamos todos os dias juntos em minha casa. Aos poucos ele se mudava para lá, e eu adorava a ideia de tê-lo perto, todos os dias.- Eu te amo... – ele sussurra em meu ouvido enquanto tirava minha camisa, me deixando arrepiado por alguns longos segundos. – Eu te amo! – ele diz novamente, mais alto e com mais ênfase. – Eu te amo!!! – ele grita, me fazendo rir enquanto caímos na cama, ao mesmo tempo.Suas tatuagens mostravam como sua pele arrepiava e enlouquecia a cada toque meu, que percorria minhas mãos por todo seu peito.Miguel, com sua delicadeza e intensidade toda, ra
Antes que eu consiga dizer qualquer coisa para Agatha, ela nos recepciona e nos leva à uma das salas do hospital para nos explicar o que estava acontecendo.- O que houve? – Miguel diz assustado, enquanto fecha a porta da sala.- Você nos ligou desesperada... Agatha, o que aconteceu com Raphael e Jude? – digo sentindo meus olhos lacrimejarem.- Eu não sei direito como aconteceu, mas eu achei melhor chamar vocês... Porque...- Por que somos a única família que os dois tem? – completo.- É... isso. – ela concorda, baixo. 
- Ainda não sei como tudo isso foi acontecer, parece que as vezes ainda ouço a voz. – diz, se apoiando no tumulo de concreto, retirando as folhas secas em excesso.- Eu também não, eu também não! – as lágrimas invadem seu rosto, que estava inchado e enfrentando muitas lágrimas nos últimos dias.O dia estava tão silencioso como qualquer outro naquele cemitério sombrio e afastado. Ao observar todas as pessoas que iam e vinham, chegou-se à conclusão de que o luto tem um significado diferente para cada pessoa no mundo. A dor não escolhe vítimas a dedo, ela simplesmente está destinada a atingir cada coração batente no mundo, seja ele bom ou não.- Acho que nunca saberemos como e porque aconteceu