Capítulo 2

Melina

Minha mãe sempre me chama de branca de neve, mas não se engane, é por causa de meus cabelos brancos. Me disseram que é uma condição genética e que puxei minha bisavó e minha avó paterna.

Mas o meu cabelo branco virou alvo de piadas maldosas de outras crianças na alcateia. Contudo, decidi não chatear meus pais amorosos com isso até completar meus dez anos e ver todos os meus colegas passarem pela transformação e eu não.

Aquilo acabou comigo, as poucas crianças que se dispuseram a ser minhas amigas se afastaram de mim para brincar com seus amigos lobos. Eu ficava na beira da clareira, escondida nas sombras das árvores o dia todo eles se divertirem.

Quando fiz quinze anos decidi que meu lugar não era mais ali. Que eu preciso ter a maior idade e me mudar para a cidade vizinha, nada mais de matilha e nem de lobo para mim.

Até que completei dezesseis anos e após meus pais darem uma festa surpresa para mim convidando os adolescentes que eles pensaram serem meus amigos e nenhum aparecer acabei correndo para dentro da floresta que eu já conhecia muito bem.

Entre meus gritos desejando ir embora dali e meu choro persistente comecei a sentir algo rosnar dentro de mim. Era real, como se alguém estivesse falando comigo na minha cabeça.

— Ei, deixe de ser uma covarde chorona. Você está tão patética, não sabia que precisava tanto assim de mim.

Depois de ouvir isso sinto meu corpo se contorcer de forma estranha, minhas pernas, braços, pés e mãos, meu tórax, coluna… Todos os ossos do meu corpo começaram uma dança estranha, não doía, mas entortaram e desentortam como se fossem borracha.

De um momento para outro eu estava correndo de quatro patas e um nome uivava na minha mente: Havy.

— O que é Havy? — meu conflito teve resposta — Eu sou Havy, nós somos Havy. Sou sua loba. — ela responde em minha mente.

Uma emoção e um desespero tomam conta de mim, a emoção por finalmente passar pela minha transição e um desespero por saber que eu faço parte da matilha, mesmo que de forma tardia.

Eu corro pela floresta por horas com Havy no comando. Ela é obstinada e decidida, a pelagem branca é linda, eu vejo nosso reflexo no rio e posso dizer que meu cabelo branco já não me incomoda mais.

Uma semana após passar pela minha transformação aconteceu algo que eu não estava preparada para sentir. A bruma. Eu estava no meu quarto, meus pais tinham ido fazer um de seus piqueniques na noite e eu sabia que eles só voltariam com o dia amanhecendo.

Eu estava deitada na cama jogando no meu celular até que comecei a sentir meu corpo aquecer e aquela quentura desceu e se concentrou entre minhas pernas. Logo senti minha buceta inchar e ficar úmida, comecei a me questionar da razão para aquilo até que alguns uivos lá fora chamam minha atenção e Havy quer corresponder.

Não, isso não vai acontecer. Nossa vida não é aqui, Havy. Quanto antes você aceitar isso será melhor para nós duas, corro para o banheiro e encho a banheira com água fria. Arranco minha roupa que já está colando no meu corpo por causa do suor.

Mas mergulhar na água fria não resolve meu problema, minha buceta lateja e pulsa por algo ali, talvez um toque resolva. Deslizo dois dedos em meu clitóris inchado e acabo jogando a cabeça para trás com o desejo.

Faço movimentos circulares ali até que algo explode de dentro para fora em mim fazendo meus olhos revirar e eu relaxar por alguns segundos dentro da banheira. Tive que repetir o gesto mais algumas vezes para acalmar o desejo de encontrar um macho para fazer o que meu corpo queria, foi difícil para mim a primeira temporada da bruma.

Eu não sabia que tudo iria piorar com os anos, até me ver com dezenove anos e enlouquecida com a bruma ao ponto de perseguir um lobo na floresta. Parei no meio do caminho e voltei para minha forma humana.

A minha sorte é que sempre amarro uma pequena bolsa no meu tornozelo e deixo um vestido ali dentro já que sempre acabo sem roupas depois de voltar para a minha forma humana. Coloco meu vestido e corro para a casa da minha falecida avó, meu refúgio na temporada da bruma.

Entro desesperada e me jogo na cama puxando meu vestido para cima desesperadamente. Eu me toco freneticamente e me amaldiçoo pelo desejo de ter mais alguém ali comigo até que sinto o cheiro entorpecer meus sentidos.

Um agridoce, mel com ervas frescas, algo sedutor e tentador me puxa, me arrasta para um mar de desejo e luxúria até meus olhos azuis encontrarem os olhos negros de um lobo preto imenso na minha frente.

Eu o advirto para que vá embora e não toque em mim. Entretanto, ele se nega e sobe na cama com o que parece um sorriso no seu focinho. Ele deita entre minhas pernas e inicia as lambidas na minha buceta.

Eu me inclino jogando a cabeça para trás, a sensação da língua dele no meu clitóris é única, meu orgasmo logo vem me fazendo quase uivar ao gemer alto.

Me insulto e me amaldiçoo por gostar daquele ato. Foi a primeira vez que fui tocada ali por algo além de meus dedos e a sensação me levou ao êxtase supremo até que nossos olhos se encontram novamente quando ele levanta a cabeça lambendo seu focinho com meu gozo.

O mundo parou, tudo à nossa volta parecia não existir, somente nós dois ali. O que estava acontecendo? Por que eu não conseguia olhar para o lado? Que ligação intensa é essa?

Aquele lobo enorme volta a sorrir e me lamber entre meus lábios encontrando meu clitóris novamente inchado. Eu desmaiei exausta depois de quase uma hora de sexo oral recebido por um lobo desconhecido.

Quando eu despertei a noite já me acompanhava, ele não estava mais aqui o que me fez pensar que talvez tudo tenha sido efeito da bruma, alucinação. Meu desejo por alguém do sexo oposto foi tão enlouquecedor dessa vez que me fez materializar aquele lobo aqui. Agora preciso voltar para a minha realidade até a próxima bruma me arrastar para o desconhecido.

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