Capítulo 3

Eron

O que deu em mim? Por que me aproximei daquela mulher tão intimamente? E o pior de tudo eu gostei, gostei muito. Como se não fosse suficiente tivemos uma ligação, como ela pode ser minha Luna? Pensei que fosse Leona.

Estou correndo pela floresta depois de deixá-la dormindo naquela casa velha. Não vou voltar lá, o que aconteceu me deixou confuso, foi só isso. Se foi apenas isso, como ela conseguiu ativar minha bruma?

Estou ficando louco. Isso é loucura, continuo correndo até ficar exausto e deitar entre dois enormes arbustos. Durmo ali por um tempo até que me lembro do que me espera na sede da matilha e vou para casa.

— Onde você estava? — Lucas pergunta preocupado — Deveria ter me chamado se iria para longe.

— Você deveria estar na sua casa se cuidando. Pensa que pneumonia é brincadeira? — falo me jogando no sofá.

— Eu nem deveria estar doente. Ainda não sei como isso aconteceu e porque aconteceu.

— É simples, somos metade humanos, em algum momento nosso corpo pode vacilar. Não somos super heróis, Lucas.

— Deveríamos. Pelo tanto de coisas que fazemos. Mas, me conta, o que foi dito na reunião que não pude ir?

Conto para ele o que o conselho de anciãos desejam de mim e minha total repulsa por um casamento arranjado quando não quero acasalar com ninguém.

— Alfa, eles podem te obrigar a casar?

— Se eu não encontrar alguém à altura de um alfa, talvez sim! Mas eu não quero e nem estou procurando.

Nesse momento Argus grita em minha mente:

— “Mentiroso.” — e a mulher de cabelos brancos invade meus pensamentos.

— A temporada da bruma começou, por que não tenta encontrar alguém?

— Talvez eu tenha encontrado. — falo tão baixo que Lucas quase não escuta — Lucas, preciso de uns dias, mas se eu tiver a resposta que preciso não serei obrigado a acasalar com quem eles querem.

— Quem é ela? — Lucas pergunta.

— Ela só tem um rosto para mim. Mas logo será mais que isso.

Nós bebemos um pouco e conversamos. Lucas segue para casa contra sua vontade e eu vou pra mais um dia entediante na sede da matilha.

— Alfa, tivemos algumas reclamações de roubo de animais de pequeno porte nas redondezas. Precisa descobrir o que está acontecendo. — meu tio fala.

— Logo agora com a festa da colheita na primavera se aproximando surge isso. Reúna um grupo de dez lobos para mim, vamos farejar e descobrir o que está acontecendo.

— Com relação a festa da colheita, precisamos de uma presença feminina ao seu lado para liderar as mulheres. Já tomou alguma decisão sobre o casamento? — meu tio pergunta com receio do meu humor.

— Diga para eles que ainda não passou o prazo de um ano e que eu não estou com pressa.

Meu tio apenas sorri para mim e se afasta, minha sala fica vazia e tranquila. Logo terei que sair para caçar quem está roubando os animais da região e isso vai me ocupar o suficiente para esquecer o que fiz com a desconhecida.

Logo os lobos e eu estamos correndo pelo perímetro da alcateia e sentimos o cheiro de raposas. Não acredito que esses animais estão por aqui novamente.

— Senhor, o que devemos fazer quando a encontrarmos? — Raphael pergunta.

— Matá-la! Temos que nos certificar de quantas são. — ordeno e cada um corre para um lado.

Depois de estraçalhar duas raposas me pego rondando a casa velha em que estive ontem. Sinto o cheiro dela aqui, está forte o suficiente para me fazer desejar entrar. Argus me deixa louco exigindo ela para nós.

Volto a forma humana por alguns minutos para pensar com mais calma. Me encosto numa árvore e observo a casa, a noite está começando a cair e o desejo de entrar para ver o que ela está fazendo só aumenta.

Escuto algo na mata e volto para a forma de lobo. Percorrendo a floresta mais uma vez encontro outra raposa. Eu corro feito um louco até perceber que minhas patas me levam de volta para a casa velha.

Já escureceu e não sei exatamente que horas são até que sinto a bruma me atingir como uma onda gigante me abraçando e me aquecendo como fogareiro em brasa.

O cheiro dela preenche minhas narinas ficando quase impossível de recusar o desejo gritando em mim. Volto para a forma humana e caminho com dificuldade até a porta abrindo devagar.

Escuto um barulho de algo quebrando e apresso meus passos até uma pequena cozinha. Caminho de volta para a porta decidido a me afastar quando a vejo levantar o vestido e se tocar.

Mas não consigo sair, travo na porta e escuto ela vir para a sala. Quando me viro, observo que ela está engatinhando no chão tentando chegar ao quarto.

Ela olha para mim e se levanta num rompante, ela parece confusa e balança a cabeça algumas vezes até que fala:

— Se você for real vá embora. Não dê mais um passo na minha direção. — ela se vira e entra no quarto.

Se ela pensa que pode mandar em mim vou mostrar para ela quem manda aqui. Vou até o quarto e ela se vira bem irritada.

— Vá embora ou vai se arrepender de ter entrado aqui.

— É mesmo? — falo indo na sua direção, não dando tempo de recuar — Porque seu cheiro grita por mim.

Eu a abraço e depois do beijo me perco na minha bruma que se mistura com a dela. Ela envolve suas pernas na minha cintura, eu a seguro firme com um braço e com a mão livre rasgo seu vestido deixando uma trilha de retalhos pelo chão.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo