Capítulo 6

Melina

Aquele alfa maldito, como ele ousou me marcar duas vezes? Agora se acha meu dono… Destinada? De onde ele tirou isso? O que aconteceu entre nós foi apenas por causa da bruma. Que incômodo é esse em mim? Parece uma irritação que não é minha… Que emoções confusas são essas?

Paro de correr e balanço a cabeça algumas vezes. Preciso voltar para a casa da minha avó para voltar a forma humana e me vestir. Corro de volta para casa e na varanda já volto para a forma humana.

Entro e o ambiente tem meu cheiro misturado com o dele, até eu perceber que esse cheiro vem de mim, do meu corpo. Preciso de um banho.

Depois de um longo banho com sabão líquido de lavanda, visto uma roupa e me sinto exausta. Correr por aí depois do que Eron e eu fizemos me deixou no limite do cansaço, mas não vou dormir aqui não quero cruzar com Eron tão cedo.

Volto para casa depois de quatro dias na casa da floresta e minha mãe vem até mim preocupada, ela me abraça e depois me olha curiosa.

— O que foi, mãe? — pergunto receosa.

— Por que está usando um casaco gola alta se nós não sentimos frio? Pelo menos não ao ponto de colocar um casaco desses. 

Ela tenta puxar a gola do casaco e eu me afasto para longe. Tento arrumar uma desculpa convincente para que minha mãe não me pergunte mais nada. Ainda não estou pronta para contar para ela que fui marcada pelo nosso alfa.

— Eu encontrei ele nas coisas da vovó, achei lindo e quis usar, foi só isso. Mãe, preciso dormir um pouco, me acorda para almoçar. — olho para os lados e pergunto: — Cadê o papai?

— Ele foi chamado para fazer um trabalho perto da sede da matilha, não vai almoçar com a gente hoje!

Sede da matilha? O alfa deve estar lá, será que meu pai o conhece pessoalmente? Creio que não, já que não vamos muito para o bairro da sede da matilha. Vou para o meu quarto e me jogo na cama.

Logo adormeço e sonho com o alfa, sonho com nós dois em um quarto que desconheço. Ele tem um jeito de fazer meu corpo seguir seu comando sem usar uma palavra e como num piscar de olhos estávamos na forma de lobos transando como loucos, com uivos no lugar do gemido. Desperto com muito calor, não sei se é a bruma ou reação do sonho que acabei de ter.

— Melina? — minha mãe b**e na porta — Preciso que você vá comigo até o mercado e na feira. Precisamos de algumas coisas para preparar o almoço, levante e vamos.

— Já vou, mãe.

Decido acompanhar minha mãe, tenho medo de dormir de novo e sonhar com Eron. Me olho no espelho por um momento, não posso sair pelo bairro usando esse casaco nesse sol que está lá fora. Preciso de algo que cubra meus ombros.

Jogando minhas roupas para o alto a procura da peça de roupa perfeita encontro uma blusa preta sem mangas de gola alta, perfeita. A última vez que usei essa blusa eu tinha dezessete anos. Ela ficou um pouco apertada nos seios, não tinha percebido que cresceram tanto. Já na rua com a minha mãe ela começa a me perguntar:

— Por que está tão quieta? Normalmente você estaria reclamando por não gostar de ir à feira ou ao supermercado. Você odeia quando paro para conversar com um conhecido e não reclamou nenhuma vez. Cadê minha filha e o que você fez com ela?

— Mãe, me conta como foi a sua ligação com meu pai, como ele percebeu que você era a destinada dele e você percebeu que ele era o seu destinado… Vocês se marcaram?

Minha mãe começa a dar saltinhos do nada parecendo uma adolescente e tenta puxar a gola da minha blusa enquanto fala:

— Eu não acredito! Não acredito, não acredito. Você foi marcada por alguém? Por isso está escondendo seu pescoço? Me deixa ver… Me deixa ver, Melina.

— Mãe, calma aí. Não faz isso aqui na rua. Como vou esconder algo da senhora deste jeito?

— Eu quero ver, minha filha. Sou sua mãe e quero ser a primeira a saber se você foi marcada. Não quero que conte para uma amiga primeiro.

— Eu não tenho amigas, mãe. — minha mãe abaixa o olhar quando digo isso — Mas vou te mostrar.

Puxo um pouco a gola da blusa, olhando em volta para ter certeza que ninguém está olhando para nós. Minha mãe coloca as mãos na boca em choque.

— O que foi, mãe? Está tão ruim assim?

— Essa mordida… Nesse tamanho… Melina, quem te marcou? — ela pergunta séria.

— O… Nosso alfa! — falo com dificuldade e aos sussurros — Mãe, não é nada demais… — minha mãe me interrompe.

— Nada demais? Melina, você não pode dizer que não é nada demais. Tem noção de quem você é agora? 

— Continuo sendo eu e continuo sendo sua filha!

— Não, você pertence ao alfa, minha filha. — ela coloca a mão na testa e depois olha para mim — Quando ele te marcou o que ele te disse?

— Que eu… Era dele: “você é minha.” Foi o que ele disse. Nas duas formas, humana e lobo.

— Melina… Minha menina, destinada de um alfa, do nosso alfa. Você teve a ligação com ele?

Não posso mentir para minha mãe, na primeira noite quando o lobo dele me visitou tivemos uma conexão… A ligação. Sim, sou a destinada dele e ele é o meu destinado. Mas jamais vou admitir isso em voz alta.

Minha vida me espera fora da alcateia, nada de lobos, nada de ser excluída por ninguém. Apenas eu e minha liberdade.

— Isso não importa, mãe! Ainda quero minha vida fora daqui. E por falar nisso me indique mais trabalhos por aqui, preciso juntar mais dinheiro, principalmente agora que tenho urgência em sair daqui para longe.

— Melina, você não pode ir. Se não tivesse um parceiro seria mais fácil, nessa atual condição nem sua loba vai aceitar fugir.

— Ela está certa. Não vou me afastar do Argus por mais que você queira. — Havy quase grita na minha mente me fazendo balançar a cabeça em negação.

Então esse é o nome do lobo dele… Argus. Essa traidora da Havy não perde por esperar. Ela vai ficar de castigo por se voltar contra mim. Minha mãe segue observando o meu silêncio depois da nossa conversa, sem me perguntar mais nada.

Estamos saindo do supermercado quando meus olhos vão até o homem alto e forte, com cabelos longos e soltos andando entre as pessoas do meu bairro, Eron, nosso alfa.

Mas ele não está sozinho, ao lado dele está uma mulher muito bonita e elegante, usando um vestido azul com os ombros à mostra. Ela sorri bastante e segura no braço dele, o mesmo sempre tira a mão dela dali. Mas algo dentro de mim sente um desejo incontrolável de arrancar as mãos dela com uma mordida.

Quem ela pensa que é para tocar nele assim? É nesse momento que caio na real e me contenho. Quem eu penso que sou para cobrar algo dele se nem consigo admitir em voz alta que ele é meu?

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