Capítulo 2
Mesmo sob a ameaça explícita dos sequestradores de não envolver as autoridades, após minutos de reflexão intensa que pareceram horas, decidi desobedecer.

Questões de vida ou morte exigiam intervenção especializada.

Mal terminei de fornecer as informações às autoridades, me pus a caminho da delegacia com passos firmes.

Reconheci o nome na tela e, embora hesitasse por um instante, atendi a chamada.

— Acha graça em inventar histórias? — Rugiu Valentino, o primo de Arthur, sua voz carregada do habitual desprezo. — O que o Arthur fez para merecer essa sua falta de noção?

Agarrei o aparelho com força contida, me lembrando de como toda a família do meu marido, exceto os queridos sogros, sempre me tratava como intrusa.

— Foi o próprio Arthur quem te contou essa versão? — Retruquei, deixando a pergunta pairar no ar como um desafio.

O silêncio súbito confirmou minhas suspeitas. Uma risada seca me escapou involuntariamente.

— Como agente da lei. — Prossegui, controlando cada sílaba. — Você recebe um alerta de sequestro e opta por atacar a vítima? Ou envia uma equipe imediatamente, ou seu descaso será relatado à corregedoria.

Valentino perdeu a compostura e gritou:

— Acha que só porque casou com o Arthur você é melhor que os outros? Você é só uma pobre vinda de uma cidadezinha. Casar com meu primo foi pura sorte! Se fosse você, já teria desistido da vida! Se a Helena não tivesse ido estudar no exterior, você acha que o Arthur olharia para você? Pare de sonhar, sua insignificante! Você não chega aos pés dela!

Desliguei de repente, os dedos já discando o 190 com precisão cirúrgica. Cada denúncia contra aquele idiota seria um prego no caixão de sua carreira podre.

...

Na delegacia, relatei aos policiais todos os detalhes do sequestro dos meus sogros e entreguei a gravação da ligação feita pelo suspeito, juntamente com o número de telefone utilizado.

A equipe técnica começou uma busca urgente, mas suas expressões logo se transformaram em mapa de preocupações.

Na gravação, o suspeito havia usado um distorcedor de voz, e o número de telefone era descartável. Ele só podia ligar para nós, mas não era possível retornar a ligação nem rastrear sua localização.

— Tenho 10 milhões no meu cartão, posso usar isso como emergência. — Eu disse, estendendo a mão para pegar o cartão, mas fiquei atônita ao perceber que ele estava quebrado e que os fundos haviam sido congelados por Arthur.

Respirei fundo e liguei para a secretária da minha empresa:

— Quanto dinheiro podemos mobilizar das contas da empresa em dez minutos? Quinze milhões? Transfira agora.

Enquanto o rastreamento do sequestrador se mostrava impossível, me restava apenas cumprir suas exigências. Vinte milhões não era brincadeira, mas valeria cada centavo se significasse trazer meus sogros de volta. Faltavam cinco milhões. Meus dedos tremiam ao discar para o tio do Arthur.

— Tio, os pais do Arthur foram sequestrados. Preciso de cinco milhões para completar o resgate. Pode transferir agora? Juro que devolvo assim que estiverem livres. — Eu disse rapidamente, nervosa.

— Minha irmã foi sequestrada? O Arthur sabe disso? — A voz dele explodiu no ouvido.

— Já falei, mas ele não quer acreditar. Está no hospital com a Helena agora. Você é nossa última esperança. — Forcei as palavras a saírem estáveis.

— Espera aí! Já vou fazer a transferência!

O celular vibrou novamente antes mesmo de eu respirar.

— O tempo está acabando. Cadê o dinheiro? — Gritou o sequestrador da linha.

Meu coração afundou, mas tentei manter a calma.

— Está quase tudo pronto. Só preciso de mais um pouco de tempo. Vai receber até o último centavo, eu juro.

A voz do sequestrador ficou mais impaciente:

— Ou os 20 milhões chegam agora, ou mando os velhos em caixões!

Engoli o ódio que subia pela garganta e respondi com clareza:

— Meia hora! Só me dê mais meia hora. Enquanto meus sogros estiverem vivos, você vai receber cada centavo que pediu!

No mesmo instante, os gemidos abafados dos meus sogros ao fundo me perfuraram como facas.

O sequestrador ameaçou com crueldade:

— Se o dinheiro atrasar um minuto, venha catar os pedaços no lixão.
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App