Capítulo 3

Todos olhavam chocados para ela.

- O quê? Acham realmente que fiquei lá apenas curtindo o tempo? Eu tinha uma lança e uma faca já amoladas, feitas com pedras de Diamar. Passei dias juntando coisas aqui e ali para fazer. Eu iria aceitar me unir a ele, só para ele me levar até o fundo da montanha. Eu o mataria e libertaria a todos, e estava planejando isto, até que vi Sírius, então tive um pouco de esperança de sair de lá. Alguém mais sabia onde eu estava e isso me deu forças porque eu vi em seu olhar, que a vontade dele de matar Borag, era igual a minha. E agora que estamos aqui, só quero ficar com vocês. Matar a saudade e saber o que houve com vocês todo esse tempo. - Falou Emeraldy abraçando novamente as meninas e seus pais.

- Eu estou tão cansada e com muita fome ainda, - disse Mona - e acho que Satio também está. Estamos mesmo protegidos aqui Saphyre? - perguntou sua mãe

- Sim mãe. Protegidos. Não há meios dele vir aqui, mesmo com seu century tentri. Não há nenhuma possibilidade. E se houvesse ele seria incinerado. Estamos em uma cidade de dragões.

- Tenho que agradecer o rei dragão, ele nos tirou de lá, nos carregou em seus braços e nossa amiga de muitos séculos atrás que nos ajudou, também ajudou hoje. A bruxa Filanthe. - Disse Satio. Kaeidh chegou com alguns carregando macas para transportar os dois e esperou por eles.

- Terá essa oportunidade, pode ficar tranquilo papai. Agora queremos apenas que vocês terminem de se alimentar e descansem confortáveis. Depois que se recuperarem faremos a viagem que planejamos.

- E vocês estavam planejando esta viagem para quê filha? - perguntou seu pai.

- Vamos encontrar a fonte primária desta terra. A que nos criaram, os seres elementais em primeiro lugar e depois, criou os outros seres.

Satio olhou para Mona.

- Elas sabem sobre a história da fonte primária então. - elas olharam ao pai.

- O quê papai, vocês sabiam esse tempo todo? - falou Ambhar um pouco irritada.

- Sim filha. Desculpe. Eu tenho muitas coisas para contar, inclusive dos meus encontros com duas bruxas. - Satio olhou a esposa - Isto um dia iria acontecer. Eu não tenho dúvidas, Mona. Eu sinto que se ficássemos lá, em Sart, vivendo como se nada fosse acontecer nunca, elas teriam tido sérios problemas para se adaptar a este mundo e não saberiam se livrar dos perigos. Você estava correta de ter ensinado tudo que lhes ensinou, eu é que me enganei todo esse tempo.

- Você agiu da forma que soube e eu da forma que eu soube Sat, meu amor. Não se culpe por nada.

- Precisamos saber tudo mamãe, desde o começo. - Falou Emeraldy. - mas vocês terão tempo de nos contar, a todos, sobre as coisas que vocês sabem e que envolve este planeta e nós de alguma forma.

- Sim, Filanthe derrubou a montanha em cima de Borag mas não sabemos se ele de fato morreu. Precisamos nos preocupar agora em nos armar, tanto com as armas reais, quanto com as armas do conhecimento. - Falou Saphyre.

- Estudamos muito, livros antiquissimos e vimos muitas coisas que nunca imaginariamos ver. E agora, vocês estão aqui e vão nos dar a informação que nos faltava. - Falou Ambhar

- Sim filhas.- disse seu pai.

- Então vamos ao seus quartos para que se refresquem e durmam. - Saphyre voltou para Kaeidh que havia ficado quieto apenas ouvindo a conversa. - acho que podemos levá-los agora Kae. Obrigada.

Ele informou aos rapazes para que levassem Satio e Mona aos seus quartos, as filhas acompanhando. Saphyre foi mostrando todas as coisas que eles poderiam fazer lá no quarto, como tomar banho e o local que tinha roupas para eles usarem tranquilamente.

- Vocês precisarão de ajuda para tomar banho e se vestirem?

- Não, nós conseguimos, filha. Não se preocupe.

Saphyre beijou os dois e levou Emeraldy no quarto dela.

Saphyre Ambhar e Emeraldy saíram do quarto dos pais. Kaeidh e os rapazes que haviam carregado eles, jovens dragões, de nomes Ansel, Calex, Brail e Docil saíram junto com elas.

- Obrigada meninos - disseram Saphyre e Kaeidh para eles em uníssono.

Ela chamou a irmã Emeraldy, e a segurou pela mão. Levou ela pelo corredor e abriu a próxima porta ao lado do quarto dos pais.

- Como você sabia que seria aqui meu quarto, tem tantas portas? - perguntou Emeraldy.

- Eu sabia, - disse Kaeidh - e somos conectados mentalmente, então ela sabe tudo que eu faço, toda informação que recebo e o mesmo da parte dela. A não ser que não queiramos que o outro saiba, aí fechamos os muros, tem coisas que nos contam que são íntimas, deles e os âme não precisam compartilhar com seus companheiros.

- Oh. E como se deu isso? - perguntou Emeraldy.

- Nós, elfos, temos um companheiro de alma, de vida, os chamamos de âme sœur. Basicamente somos conectados em almas a eles. Tem geralmente tudo para nos fazer felizes. Então passamos a compartilhar a vida e nossas almas. Acontece apenas uma única vez, é raro alguém que já teve um âme sœur, que morreu ter um segundo. O mais acertado é que, o que viveu, morra também com o tempo, de tristeza. Eu tive uma, mas a conheci no leito de morte e não tive tempo algum para me conectar a ela. Sofri, mas resolvi viver e quando vi Saphyre, a Esquecida, eu tive dúvidas de que ela fosse minha âme soeur, eu achei que estava enganado, mas com o passar do tempo me apaixonei seriamente e Saphyre também.

- E isso pode acontecer comigo e com Ambhar também já que somos parte elfas? - perguntou Emeraldy.

- Não sabemos, pode ser que sim, mas pode ser que seu lado elemental se sobreponha a isso. - explicou Kae. - temos muito o que aprender sobre sua raça ainda. Não sabemos muito, mesmo com os preciosos livros que Faleey nos proporcionou a honra de ler.

- Quem é Faleey? É dono de alguma biblioteca? - questionou ela, curiosa.

- Não querida, ele é o rei fauno, da ilha escondida Saidheans. A ilha tem um castelo, que foi transformado em biblioteca com o passar dos anos, já que eles não recebiam nenhuma visita de outros reinos e lá também tem salas de estudos, faculdades, ciências e várias outras coisas maravilhosas e úteis. Eles são muito inteligentes e projetam milhares invenções espetaculares. - explicou Saphyre

- Ele é um rei mas não é dono do castelo?.

- Sim, não somos donos de nada. Todos têm o mesmo que nós, aqui somos livres de egoísmo e nossa comunidade é baseada em ajuda mútua de todos. Em tudo. Somos Reis mas fomos eleitos. E ficaremos até que o próprio povo decida se devem trocar de rei ou não. Isso é muito raro mas já aconteceu. E também já houveram casos dos Reis acharem seu próprio trabalho falho e abrir mão explicando porque está saindo, então acontece outra eleição.

- Entendi. Mas tenho certeza que com o tempo vou aprender muito mais. Eu sou muito grata por vocês terem cuidado de minhas irmãs. Eu gostaria de falar com elas a sós, se eu puder. Por favor. - Falou Emeraldy.

- Claro. Podem ficar à vontade. Saphyre, vc saberá onde me encontrar amor. - deu um beijo nela. Fez um sinal de despedida para Ambhar e Emeraldy e desceu.

- Eu preciso falar com vocês irmãs.

Eu quero saber de coisas. - disse Emeraldy.

- Claro, venha, vamos entrar- chamou Saphyre. Ambhar foi atrás.

As duas subiram na cama larga e confortável que dominava o local, Emeraldy não, olhou tudo em volta, reparou nas janelas enormes. Foi até elas.

- Eu conhecia Borag. - Falou baixinho.

- Claro que sim. Nos conte como foi que ele pegou vocês? Você sabe?

- Não irmã, eu realmente conhecia Borag, ele... encontrei com ele no caminho da faculdade .…um dia, eu estava indo pra lá ele e veio da estrada da casa da Sarah. Eu achei ele muito bonito, e ele foi muito charmoso. Eu conversei com ele, e ele me pediu ajuda para ensiná-lo a ir até a faculdade local. Disse ser primo de Sarah. Depois de um tempo, eu o vi e ele já era o mais popular. Eu não sei como fez isto. Ele ficou lá por seis meses. Eu realmente achei que ele era local. Eu perguntei para Sarah inclusive e ela confirmou. Acha que ela estava sendo ameaçada?

- Deuses. Era sobre ele que você falou? Que havia conhecido alguém, que talvez o levasse em casa para nos conhecer? Era Borag irmã? Como?

- Eu não sei. Eu não contei a ninguém. Estou com muita vergonha.- Ela baixou a cabeça. - e nojo. Ele me beijou e eu gostei. É depois que fiquei confusa após a explosão, eu acordei assustada e falei que não sabia quem ele era e ele me colocou o nome de Yamine, me disse que eu era sua noiva, que ele me manteria ali, para minha segurança, e foi extremamente cuidadoso, e galante e depois quando fui me lembrando do que houve e relembrei que ele explodiu a nossa porta, eu me lembro de papai estar deitado tentando levantar e ajudar a mim e mamãe, e mamãe fazer uma bola de fogo nas mãos, ele simplesmente me pegou e ameaçou tomar direto de minha jugular. Mamãe parou na hora, eu desmaiei. Estava sangrando na cabeça. Acordei na cabana. Estava cuidada, bem alimentada. Tinha uma elfa cuidando de mim, parecia automata. Eu tentei falar com ela mas nunca me respondeu. Um dia saiu e nunca mais voltou, somente recebi visitas diárias de Borag.

- Sinto muito irmã. Mas não deve se sentir culpada. Venha, sente aqui. - ela chamou, Emeraldy chegou perto e sentou na cama ao lado delas - Ele provavelmente enfeitiçou várias pessoas para servir a ele. É o que ele faz com todos. Se ele não pegasse você de refém, ele pegaria papai, como bem fez. Ele pegou a filha de Filanthe, a prendeu e criou a menina como filha dele. - Falou Ambhar.

- Sim, ele simplesmente pega as pessoas, as enfeitiça e as força a fazerem o que ele quer. Não é sua culpa. Ninguém é culpado pelo que foi submetido, pela força ou por ter sido enganado. Mas acho que nos livramos dele. Espero. Mas se não, ainda vamos até a fonte primária da vida. Temos muito o que lhe contar. Temos muito o que fazer. Enviamos já um contingente para descobrir algo, não sabemos onde temos que ir. Temos dois mapas conflitantes. E isto está sendo um problema. - Falou Saphyre.

- E o que é essa fonte primária de vida? Para quê serve?

- Existe uma profecia. Fala da Esquecida, que acham que sou eu no caso, porque cheguei aqui completamente sem memórias de absolutamente nada. Só recuperei pouco da minha memória após saber de Ambhar. Há quase dois meses após eu acordar aqui, ela foi encontrada bem longe de onde eu estava, na floresta, e quando a vi, minhas memórias foram voltando, conforme ela relembrava as coisas para mim. E foi isso.

- E eu quase fui comida por um têntri que me seguiu na floresta, até ser salva pelas garras de uma dragão, que falou comigo, se transformou em sua forma humanoide e ficou nua na minha frente. Por quem me apaixonei, mas que não é bem o que eu pensei que seria. Então me afastei. - Falou Ambhar amarga.

- E eu apesar de ter ficado encerrada lá com Borag me visitando e me tocando em toda oportunidade, conheci um homem solícito e...

- O Rei Sírius? Ele é um metamorfo leão. Ele lhe contou? - Saphyre informou.

- Não... Como isso, você diz que ele se transforma em leão? - disse Emeraldy, intrigada.

- Ah não me pergunte, não sei como é isso. - respondeu Saphyre.

- Aqui existem todo tipo de coisas que para nós era apenas lenda. E muito mais. Acredita que vimos nos livros que existem lobisomens? Eu fiquei chocada.

- E ansiosa aposto, para vê-los, não é? Conheço você e sei que adora um homem lobo. - Falou Emeraldy rindo pela primeira vez em muito tempo.

- Estava com muitas saudades de vocês, irmãs, pensei que havia perdido vocês.

- Agora está tudo bem. Tudo bem meu amor. Estamos juntas de novo, papai e mamãe estão a salvo.

Ficaram um tempo se abraçando. Era de tarde ainda mas elas estavam exaustas de tudo que haviam feito.

Saphyre e Ambhar mostrou o local de banho e onde havia roupas, para Emeraldy e saíram para deixar ela se cuidar e descansar.

Saphyre foi até a sala de reuniões, onde estava Kaeidh com os outros Reis.

Safin apareceu e perguntou se ela gostaria de entrar. Pois os reis explicaram que ela, Ambhar e Emeraldy poderiam passar. Ela disse que gostaria sim. Sorriu para ele e agradeceu.

Ele abriu a porta e introduziu Saphyre na sala.

Ela entrou em silêncio. Eles estavam com um painel enorme à frente da sala e Faleey e Kasphio estavam mostrando um mapa, riscado pelos dois baseado nos mapas conflitantes. Todos estavam presentes na sala. Kaeidh, Leigh, Tarwin, Zarin, Zenit, Sora e Fayne, Àsgar, Filanthe, Sírius, já vestido e Alanda, junto com mais alguns pirims que Saphyre não conhecia. Ambhar chegou logo em seguida e foi rapidinho para a cadeira ao lado da dela, que havia sentado com Kaeidh.

- Então, baseados nos mapas conflitantes, eu e Kasphio estudamos muitos variados mapas, e Kasphio também com sua memória fotográfica conseguiu a importante façanha de sobrepor os mapas eles ficaram assim. Isso que vocês estão vendo é provavelmente o continente que devemos encontrar. É enorme, selvagem e não sabemos o que iremos encontrar nele. Pode existir milhões de perigos. Afinal, por que nossos ancestrais saíram de lá? - explicou Faleey.

- É até um pouco maior do que o nosso continente. Esperamos ao menos que isso esteja correto. E se vocês olharem bem de perto, há uma cratera no centro do continente, como uma fenda ao meio. É água. Está bem de leve. Mas se vocês colocarem aqui, esta lupa, vocês verão a fenda. - Mostrou Kasphio.

- Interessante. - Falou Tarwin.

- Bom, já enviamos um contingente na nossa frente. Agora com os feridos, temos que nos ocupar de todos eles primeiro. Cuidar e ajudá-los e se adaptarem. E partiremos para lá! - Falou Àsgar.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo