Agora não tinha mais como fugir daquela conversa.Observei a Sulamita entrar no carro do Rafael e acenei para os dois. Eles tinham se casado naquela tarde e agora entravam no carro a caminho do apartamento deles. Leonardo aparentemente conformado com a partida da irmã, apenas observava os dois, com as mãos enfiadas nos bolsos da frente do jeans escuro que vestia.Quando o carro sumiu na esquina, ele virou e começou a andar calado para dentro do prédio. Segui atrás dele e só quando ele fechou a porta do apartamento encarei seu rosto sério.— Relaxe homem, ela vai ser feliz.Ele tirou o casaco e se jogou no sofá.— Eu mato o Rafael se ele não cuidar bem dela.Tirei o sapato de salto e sentei no sofá em frente a ele.— Ele vai cuidar. Ele é louco por ela.— Ele não é o único apaixonado! – ele resmungou, baixo.— Como? Não entendi - perguntei confusa.Ele me encarou com os cotovelos apoiados no joelho.— Quando vai parar de ser durona comigo, hein?Sorri com a expressão de cachorro abando
Conviver com Leonardo estava saindo melhor do que eu imaginei. Ele era o cara que toda mulher queria ter como marido e nem de longe se parecia com o Leonardo de um ano atrás, quando o conheci.Não se podia dizer que ele era um homem calmo e pacifico. O sangue quente as vezes aflorava e a gente tinha discussões homéricas, tipo aquela de quando ele quis me impedir de viajar com o Lucas para uma operação fora da cidade e precisávamos dormir em um hotel, próximo ao local em que seria realizada a missão.— Não vai de jeito nenhum!Ele falou calmo, deitado na cama com as mão atrás da cabeça, me olhando afivelar o coldre e colocar a arma na perna.— Claro que eu vou, Leonardo! É meu trabalho!— Tsc Tsc, com o Lucas você não vai.Respirei fundo. Eu não queria começar uma briga aquela hora da manhã.Coloquei as mãos na cintura e o encarei desafiante.— Você não manda em mim não, sabia?Ele levantou da cama e se aproximou calmo demais para o Leonardo que eu conhecia.— Não vou deixar você viaja
Aquela era uma operação mais que importante. Era a culminância de meses de investigação sobre pessoas que praticavam o golpe denominado saidinha bancária. Eram bandidos que ficavam à espreita de pessoas que iam fazer grandes movimentações bancárias ou simplesmente pensionistas que sacavam um mísero salário e ao saírem do estabelecimento, eram abordados por pessoas que diziam vender algo e ali, distraiam as pessoas para os acompanharem a algum local mais afastado e praticavam o golpe. Era uma rede bem estruturada de bandidos ligados a um chefe, que muitas vezes mantinha até um escritório, para se encontrarem e planejarem os golpes. Tinham espiões em empresas que se infiltravam para acompanhar a movimentação financeira e saber os dias que os funcionários iam aos Bancos e poder fazer a investida.O Rafael tinha sido essencial naquele trabalho. Ele era um investigador muito competente e foi responsável por colher informações importantes sobre a quadrilha que nos possibilitou chegar ao che
Era um momento difícil para mim.Voltar à Turquia me fazia lembrar de coisas que eu não queria trazer de volta para minha vida. Me fazia lembrar da infância ao lado da minha mãe e da violência sofrida nas mãos do meu pai. As memórias que guardo até os dez anos de idade são as melhores, pois ali eu ainda não tinha sido marcado pelas maldades da minha família. No entanto, quando minha mãe foi expulsa do pais e meu pai resolveu descontar sua frustração em mim, eu conheci o lado cruel da minha família. Foram longos anos de tristeza, revolta, desistência, resiliência e agora de liberdade e felicidade e voltar ali, era reviver tudo aquilo de novo.Olhei para minha mulher sentada ao meu lado, dentro do veículo que alugamos no dia anterior, no aeroporto. Só ela para estar ao meu lado sempre. Alina era daqueles tesouros que você demora a encontrar e eu tive a sorte grande, tive minha redenção aqui na terra e eu agradecia a Deus todos os dias por ter me dado uma pessoa tão especial.Olhei para
— Vamos Alina, atira!Minha mão tremia em volta do cabo da pistola 765 prateada, que fazia um contraste gritante com minhas unhas impecáveis e pintadas de vermelho. O homem estava ajoelhado em minha frente e ao invés de implorar para que eu não atirasse nele, parecia rir da minha cara de medo apontando a pistola para a cabeça dele.Lucas estava logo atrás de mim e engatilhou a arma dele, falando de forma a me encorajar:— Você vai atirar ou vai amarelar de novo, Alina!?Eu nunca tinha atirado em ninguém antes e a voz da minha mãe choramingando quando eu decidi ser policial, estava mais do que nítida em minha cabeça:— Minha filha, você vai se tornar uma assassina!— Não, mãe! Eu vou caçar os assassinos, é diferente!— Não é, não. Não se pode vencer o mal fazendo o mal.— Eu vou fazer o bem para a população!O bem seria livrar a sociedade daquele traste ajoelhado em minha frente. Sabia muito bem que se o levasse para a Delegacia, algum advogado de merda ia achar um jeito de devolvê-lo
O som do despertador me fez pular da cama, assustada. E olha que a música que coloquei como toque era a mais calma possível, retirada dos vídeos de música Reiki do You tube. Apenas proforma, porque aquelas músicas em nada me acalmavam e era mais comum eu sonhar com tiros do que com ondas batendo nas rochas na praia.Pulei de um pé só, tropeçando no lençol que tinha caído no chão e tentei achar meu celular, que tocava aquela música irritante.Encontrei-o dentro da fronha do travesseiro e apertei o botão de silenciar o alarme, me deixando cair de novo na cama. Um segundo depois, o celular tocava de novo, agora com o toque de ligação escolhido pelo idiota do Lucas.Atendi no décimo toque, porque eu sabia que no décimo primeiro ele desligaria e bateria na minha porta e tudo que eu não queria era o Lucas na minha casa hoje.— Fala...Escutei a risada rouca do Lucas e sua respiração parecia tão perto que me fez lembrar os momentos que ele enterrava o nariz no meu pescoço, depois de gozar e
Não seria fácil me pegar. Eu não vivi anos fugindo das mais inusitadas situações para cair nas mãos daqueles policiais que estavam acostumados a prender batedores de carteira nas esquinas.Será que eles me consideram tão idiota, a ponto de achar que eu abriria a guarda para uma puta incompetente que fingiu interesse por mim em uma mesa de bar? Logo eu, que aprendi desde cedo a não confiar em ninguém.Desde o dia que cheguei ao Rio de janeiro que redobrei os cuidados e atenção com tudo que acontecia à minha volta e não foi difícil concluir que eu estava sendo seguido. O incompetente do policial Chamado Lucas Valença nem se deu ao trabalho de disfarçar que me seguia abertamente.De propósito, comecei a frequentar os mesmos lugares e horários e como imaginei, ele contratou uma garota de programa para tentar arrancar informações. Resolvi brincar com aqueles idiotas.Aceitei a investida da garota, que em momento nenhum eu cogitaria levar para a cama. Não porque ela fosse garota de progra
Por que aquele filho da mãe estava me olhando daquele jeito?Impaciente, repeti a frase:— Você está preso por contrabando, Leonardo Ramazan.Ele não mexeu um músculo da face, apenas me olhou ironicamente.— Posso saber o que eu estou contrabandeando?Agora ele ia dar uma de inocente?— Abra essa mala, por favor – indiquei o objeto com a arma.Alguns clientes próximos à mesa que perceberam a movimentação e as armas apontadas para os dois, se levantaram e saíram assustados. Os dois bandidos porém, mantinha uma calma exasperante.— Vamos! Mandei abrir a mala!Com toda calma, provavelmente para me irritar, ele abriu o fecho da maleta e a virou para mim.Senti meu corpo gelar e encarei o homem que tentava esconder um sorriso em minha frente.— Que merda é essa? – encarei-o ultrajada.Lucas deu um passo à frente e encostou a arma na cabeça dele.— Você está de brincadeira comigo, seu idiota?Eu tentava entender o que tinha acontecido. Ele era mais perigoso do que eu pensava.Ele apenas emp