De todos os acontecimentos daquele dia, apenas um ficou gravado em minha mente: O momento que o juiz de paz nos declarou marido e mulher e a boca de Leonardo tocou a minha, levemente. Foi apenas um roçar de lábios, mas meu corpo praticamente pegou fogo. Ele passou a cerimônia inteira com os olhos fixos em mim e aquilo foi agitando meu sangue de tal forma que quando ele se aproximou de mim e segurou meu rosto com as duas mãos, tudo que eu queria era que aquele povo todo sumisse daquela sala para que eu pudesse corresponder ao beijo dele. Não fiz por dois motivos: Estava na Turquia e aquilo seria um escândalo e eu ainda tinha um pouco de juízo.Como aquele homem conseguia mexer tanto comigo depois de tudo que tinha acontecido? Mesmo sabendo que ele era um mafioso, um criminoso talvez, eu não conseguia deixar de achá-lo lindo e excitante. Mesmo com aquele olhar sombrio e frio, vestido de preto o tempo todo, ele tinha uma maneira de andar, de me olhar, que fazia meus ossos virarem gelat
Foi um erro!Eu não devia ter beijado a Alina. Não devia ter me deixado vencer pelo desejo. Não era o momento de deixar a emoção tirar o meu foco.Agora eu não conseguiria me afastar dela, principalmente por saber que ela também não era indiferente a mim.Aquele beijo demorou, mas no fundo eu sabia que iria acontecer. Por mais que eu dissesse para mim mesmo que apenas estava protegendo uma vítima de Hilal Ramazan, a verdade era outra. Eu não queria que nada de mau acontecesse com ela, porque me senti atraído por ela desde o nosso primeiro encontro naquele restaurante. Eu só não queria admitir isso para mim e nem para ninguém. Agora tudo se complicava.Olhei para ela, sentada no banco do carro ao meu lado.Ela estava calada desde que saímos da mansão e agora eu estacionava o carro em frente ao meu apartamento.O Rafael tinha ficado para dormir na mansão com a desculpa de que nos deixaria a sós. Precisávamos fingir que teríamos uma lua de mel de verdade ou Hilal não acreditaria naquele
Fazia uma semana que eu e o Leonardo transamos e desde então, ele não mais tinha se aproximado de mim.No dia seguinte, voltamos para a mansão e ele todos os dias chegava tarde, tomava banho e dormia.Ele estava metido em alguma coisa estranha. Passava horas conversando com o Rafael e os dois pareciam esconder alguma coisa, pois saíam juntos o tempo todo e ele interrompia as conversas quando eu chegava perto.Passar o dia sozinha naquela casa era torturante. Na maioria das vezes, eu ficava no quarto, lendo. Não tinha mais desculpas para inventar para o Lucas e a Gabriela e passei a não responder as mensagens deles. Mas meu tempo estava acabando. As duas semanas de férias forçadas que eu tinha conseguido estava chegando ao fim e eu precisava arrumar um jeito de sair daquele país. Já não tinha mais certeza de ter feito a coisa certa para salvar minha vida, visto que eu ainda corria perigo. Talvez uma pessoa pudesse me esclarecer algumas incógnitas daquela casa.Saí do quarto e fui em
A mãe dele não parecia nem de longe aquela mulher bonita da foto, que a Sulamita tinha me mostrado. Era uma mulher magra e abatida. Os cabelos cortados curtinhos e ela vestia a roupa do hospital. O médico que nos recebeu nos levou a um quarto amplo e bem arrumado, mas a mulher que estava sentada na cama não parecia se importar se estava ali ou em qualquer outro lugar.Leonardo se aproximou e sentou ao lado dela.— Mãe?Ela levantou a cabeça e o encarou. Os olhos estavam sem vida e a expressão era de uma pessoa totalmente alheia à realidade.— O que aconteceu?Ela baixou a cabeça.— Nada.— Como nada? O médico disse que a senhora atacou o enfermeiro e queria se jogar da janela.Ela levantou da cama e ficou de costas.— Estou cansada disso tudo, não quero mais tomar remédios, não quero mais nada.Ao que parece, ela nem percebeu minha presença no quarto. Leonardo olhou para mim e fez um sinal para que eu me aproximasse. Parei ao lado dele e fiz uma carinho no braço dele.— Mãe, eu me cas
Meu coração estava apertado. As coisas estavam saindo do meu controle e aquilo não ia terminar bem.Observei a Sulamita dormindo em minha cama e pela milésima vez, eu me recriminei pelo que a gente estava vivendo. No entanto, se me perguntassem se eu faria tudo igual eu responderia que mil vezes, sim. Mil vezes eu a amaria do mesmo jeito que eu a amava agora.Eu era o homem certo para ela? Não.Meu coração estava ferido e dentro dele só havia espaço para a vingança que eu planejava há dez anos. Mas ela chegou e conquistou metade do meu coração, metade da minha alma e metade da minha vida. Eu não conseguiria respirar sem ela.Passei por diversas fases de sentimentos com ela. Primeiro, me achei um monstro por desejar uma menina de quinze anos e eu com vinte e sete, depois passei a achar que ela precisava de mim e agora por fim, eu sabia que era eu que precisava dela.Quando aquilo começou? No exato momento em que Leonardo me apresentou sua irmã, que tinha parado de falar do nada e que p
Fazia quatro anos que aquele grito estava preso em minha garganta e precisou aquele momento de tensão para que ele eclodisse.Não aguentava mais de vontade de falar, mas a voz vinha e parecia presa em algum lugar dentro do meu peito. Agora era chegada a hora. Eu não suportaria perder o Rafael e eu sabia que só aquilo impediria que ele saísse por aquela porta e talvez nunca mais voltasse. Ele não podia enfrentar aquele homem sozinho, ele não sairia vivo de lá.O corpo dele tremia em contato com o meu e eu sabia que ele estava tão emocionado quanto eu.Ele me afastou dele e me olhou entre surpreso e feliz.— Você falou Sula, você falou meu nome!Ele encostou a boca na minha e pressionou devagar.— Fala de novo!Eu sorri para ele.— Rafael...Ele me beijou novamente.— De novo!— Rafael... meu Rafael!Ele me abraçou e me levantou no ar, rodopiando comigo dentro do quarto.— Eu sabia, eu sabia que você não tinha problema nenhum.Eu tinha sim. Sérios problemas, mas perto dele tudo parecia
Ele não tinha contado tudo, eu tinha certeza disso.Observei Leonardo dormindo ao meu lado, na minha cama e fechei os olhos, cansada. Onde eu tinha me metido? Ou melhor, onde ele tinha me metido? O que eu tinha a ver com a história dele? Mas agora depois de tudo que ele tinha me contado, eu o via com outros olhos. Não que justificasse ele ter se aliado a um criminoso que comandava uma rede de tráfico. Mas quem era eu pra julgar alguém? Eu também tinha minhas mãos manchadas de sangue, embora por motivos diferentes.Olhei pensativa para ele e relembrei os momentos que fizemos amor. Ele podia parecer um homem sombrio e cruel, mas tinha sido carinhoso comigo. Mesmo em sua maneira rude de amar, ele conseguia me tocar com delicadeza. Ele parecia um homem sofrido e o fato de ter se sujeitado a tanta coisa para defender a mãe e a irmã, me fazia pensar que ele no fundo tinha um coração bom.Ele se mexeu na cama e passou uma perna sobre as minhas, deslizando a mão em minha barriga por baixo d
Nos dois dias que fiquei no Brasil, entrei em contato com as mulheres que Zaruk tinha acertado para a contratação forjada. Elas iriam como se fossem trabalhar na fábrica de tecidos de Hilal e era ali que meu serviço começava. Eu seria responsável por assinar suas carteiras e registrar o contrato de trabalho com a fábrica. Não foi difícil conseguir carteiras de trabalho falsas e redigir um contrato qualquer, sem efeito legal. O importante era quando a polícia chegasse até elas, as encontrassem com documentos falsos e nenhum vínculo com a empresa de Hilal Ramazan. O passo seguinte seria a cargo da Alina. Ela deveria se informar se a polícia estava a par da transação e passar informações falsas sobre o local e o dia do embarque, impossibilitando que eles pudessem impedir a viagem.Para isso ela teria que se encontrar com o Lucas.O encontro aconteceu na casa dela e eu prometi que ficaria escondido no quarto, para que ele não soubesse da minha presença ali no Brasil.Da minha posição no a