A Turquia nunca foi o meu sonho de viagem internacional e muito menos para casar com um meio turco de cara amarrada, que dormiu a maior parte do voo.Eu estava louca? Talvez.O certo é que eu tinha acabado de desembarcar no aeroporto de Istanbul com a promessa de me tornar membro da família do maior mafioso da Turquia.Leonardo estava mais estranho do que estivera nos últimos dois dias. Calado e pensativo. Não que eu me importasse com o comportamento dele, mas será que eu estava tentando me salvar e na verdade estava indo para a toca do lobo?Ninguém entendeu minha viagem repentina. O Lucas praticamente surtou.— Que diabo de viagem é essa, Alina? O que você vai fazer na Turquia?— Não me faça perguntas Lucas. Por favor.— Como não fazer perguntas Alina? Essa viagem está muito estranha.Sem saber o que fazer, eu esbravejei com ele:— Vai cuidar da sua namoradinha, deixa que eu sei o que estou fazendo.Ele tinha levantado as mãos exasperado.— Você está louca, com certeza.A reação da
Não ia ser fácil.— Você pode repetir o que você falou? – Hilal Ramazan perguntou calmo demais para a situação que se apresentava ali.Respirei fundo.— Essa moça é a delegada Alina Varela e eu a trouxe aqui por que pretendo me casar com ela.Ele colocou o cigarro lentamente sobre o cinzeiro e me olhou.— Por quê?Estávamos sentados em frente à mesa dele no escritório e Alina o encarava desafiadora. Porque ela não podia colaborar?— Por que eu gosto dela e ela também gosta de mim, então eu a pedi em casamento.— Eu mandei você matá-la – ele falou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.Levantei e coloquei as mãos sobre o tampo da mesa dele encarando-o.— E pelo visto não confiou em mim, por que mandou seu cão de guarda fazer o mesmo.— E estava certo, não estava?— Isso não importa agora. Eu amo essa mulher e vou me casar com ela.Ele desviou o olhar para Alina.— Desde quando conhece meu neto, delegada?Vamos lá, garota!— Desde muito tempo, senhor.— Que tempo? Explique m
Aquela casa parecia uma mansão mal assombrada.Senti um calafrio ao descer as escadas, na ponta dos pés. Se aquele doido achava que eu ia ficar trancada dentro de um quarto, estava enganado.A casa estava em silêncio e eu atravessei a sala devagar, procurando uma alma vida dentro daquele mausoléu.Ouvi vozes vindas de um cômodo e parecia ser uma discussão acalorada pelo timbre de voz, mas como eu não entendia uma palavra em turco, apenas segui a direção daquelas vozes e entrei na cozinha.Uma mulher alta, muito bem vestida, gritava com alguém que imaginei ser a cozinheira ou algo assim. Ela esbravejava apontando um vestido queimado e imaginei que a coitada tinha provocado a tragédia ao tentar passar a peça.A mulher negra e mais velha que a dondoca, não parecia intimidada com os gritos da outra.Sem saber o que fazer, continuei ali parada, até que a mulher percebeu minha presença e virou— se para mim com uma expressão nada agradável.— Defol buradan!O que diabos ela disse?— bu evde
Aquele era um dia particularmente ruim. Não que eu tivesse dias melhores, mas armar toda aquela merda de trazer aquelas mulheres para a Turquia estava me deixando mal. Se eu bebesse, aquele seria um dia em que eu encheria a cara, portanto eu deveria também impedir que o Rafael bebesse. Se bem que nos últimos tempos ele andava maneirando na bebida. O cara estava realmente estranho, nem mulher ele pegava mais. Fiquei realmente preocupado quando a garota que conseguiu arrastá-lo para o quarto me confessou que ele não tinha nem tocado nela. Queria eu não precisar afogar as mágoas nos braços daquelas garotas que eu nem sequer lembrava o nome no dia seguinte, mas eu precisava extravasar de alguma forma e o sexo coisa era a única que conseguia me acalmar. Pensei na delegada de olhos verdes e não consegui evitar de sentir um pouco de tristeza. Eu era sujo demais para ela. Não seria certo tocá-la depois de ter passado pelas camas mais imundas da Turquia e principalmente do Brasil. Mas uma coi
De todos os acontecimentos daquele dia, apenas um ficou gravado em minha mente: O momento que o juiz de paz nos declarou marido e mulher e a boca de Leonardo tocou a minha, levemente. Foi apenas um roçar de lábios, mas meu corpo praticamente pegou fogo. Ele passou a cerimônia inteira com os olhos fixos em mim e aquilo foi agitando meu sangue de tal forma que quando ele se aproximou de mim e segurou meu rosto com as duas mãos, tudo que eu queria era que aquele povo todo sumisse daquela sala para que eu pudesse corresponder ao beijo dele. Não fiz por dois motivos: Estava na Turquia e aquilo seria um escândalo e eu ainda tinha um pouco de juízo.Como aquele homem conseguia mexer tanto comigo depois de tudo que tinha acontecido? Mesmo sabendo que ele era um mafioso, um criminoso talvez, eu não conseguia deixar de achá-lo lindo e excitante. Mesmo com aquele olhar sombrio e frio, vestido de preto o tempo todo, ele tinha uma maneira de andar, de me olhar, que fazia meus ossos virarem gelat
Foi um erro!Eu não devia ter beijado a Alina. Não devia ter me deixado vencer pelo desejo. Não era o momento de deixar a emoção tirar o meu foco.Agora eu não conseguiria me afastar dela, principalmente por saber que ela também não era indiferente a mim.Aquele beijo demorou, mas no fundo eu sabia que iria acontecer. Por mais que eu dissesse para mim mesmo que apenas estava protegendo uma vítima de Hilal Ramazan, a verdade era outra. Eu não queria que nada de mau acontecesse com ela, porque me senti atraído por ela desde o nosso primeiro encontro naquele restaurante. Eu só não queria admitir isso para mim e nem para ninguém. Agora tudo se complicava.Olhei para ela, sentada no banco do carro ao meu lado.Ela estava calada desde que saímos da mansão e agora eu estacionava o carro em frente ao meu apartamento.O Rafael tinha ficado para dormir na mansão com a desculpa de que nos deixaria a sós. Precisávamos fingir que teríamos uma lua de mel de verdade ou Hilal não acreditaria naquele
Fazia uma semana que eu e o Leonardo transamos e desde então, ele não mais tinha se aproximado de mim.No dia seguinte, voltamos para a mansão e ele todos os dias chegava tarde, tomava banho e dormia.Ele estava metido em alguma coisa estranha. Passava horas conversando com o Rafael e os dois pareciam esconder alguma coisa, pois saíam juntos o tempo todo e ele interrompia as conversas quando eu chegava perto.Passar o dia sozinha naquela casa era torturante. Na maioria das vezes, eu ficava no quarto, lendo. Não tinha mais desculpas para inventar para o Lucas e a Gabriela e passei a não responder as mensagens deles. Mas meu tempo estava acabando. As duas semanas de férias forçadas que eu tinha conseguido estava chegando ao fim e eu precisava arrumar um jeito de sair daquele país. Já não tinha mais certeza de ter feito a coisa certa para salvar minha vida, visto que eu ainda corria perigo. Talvez uma pessoa pudesse me esclarecer algumas incógnitas daquela casa.Saí do quarto e fui em
A mãe dele não parecia nem de longe aquela mulher bonita da foto, que a Sulamita tinha me mostrado. Era uma mulher magra e abatida. Os cabelos cortados curtinhos e ela vestia a roupa do hospital. O médico que nos recebeu nos levou a um quarto amplo e bem arrumado, mas a mulher que estava sentada na cama não parecia se importar se estava ali ou em qualquer outro lugar.Leonardo se aproximou e sentou ao lado dela.— Mãe?Ela levantou a cabeça e o encarou. Os olhos estavam sem vida e a expressão era de uma pessoa totalmente alheia à realidade.— O que aconteceu?Ela baixou a cabeça.— Nada.— Como nada? O médico disse que a senhora atacou o enfermeiro e queria se jogar da janela.Ela levantou da cama e ficou de costas.— Estou cansada disso tudo, não quero mais tomar remédios, não quero mais nada.Ao que parece, ela nem percebeu minha presença no quarto. Leonardo olhou para mim e fez um sinal para que eu me aproximasse. Parei ao lado dele e fiz uma carinho no braço dele.— Mãe, eu me cas