PRÓLOGO

Para quem pensa que viver nas ruas é fácil, se enganou.

     Para quem pensa que só vivem nas ruas, loucos, drogados, prostitutas, marginais e órfãos, e pessoas com depressão, sem religião, se enganou de novo.

     Nem sempre viver na rua é falta de fé, ou falta de Deus, como muitos pregam.

     Nem sempre a pessoa foi levada as ruas por seus defeitos e delitos, as vezes a única forma de fugir de marginais é ir para elas.

     Por incrível que possa parecer ser morador de rua não é garantia de ser uma pessoa má.

     No Brasil para uma pessoa ir parar na rua basta ser pobre.

     Mas, não, pobre, de espírito, cheio de maldades e pequenez, e sim pobre de dinheiro.

     A falta de dinheiro para aluguel e a não condição para conseguir viver com gente agressiva, leva milhares de brasileiros para as ruas todos os dias.

     Alguns diriam que a falta de condições financeiras levou a faltar caminhos para esse indivíduo trilhar.

     Com a minha experiência de vida de onze anos nas ruas eu diria a estes que;

     Quando o caminho conduz para lugar nenhum, não vá para onde o caminho conduz.

     Vá para a trilha aberta por Deus para você.

     E quando ele se aproximar e te chamar, lhe dê a mão e siga com ele a trilha, que ele fez só para você.

     Porque quando o homem põe barreiras em todos os teus caminhos,

Deus vem em seu socorro e abre as trilhas, para que você chegue aonde Ele planejou para você.

     Se você sentir que o mundo fechou todos os caminhos para você, sorria, pois quanto mais perto de Deus estamos, mais caminhos se acabam, e Deus, só Deus é capaz de abrir trilhas para você seguir em frente.

,   “Não vá para aonde o caminho conduz, siga por onde não há caminho e deixe sua TRILHA”    Vilson Vieira

     As ruas são trilhas abertas por Deus no caminho de muita gente.

     Basta que essas pessoas consigam entender o chamado divino e ir na direção da trilha por ele fornecida, que sairão dela mais fortes, mais felizes e muito melhores espiritualmente que entraram.

     A rua é o caminho dos fortes, os fracos nela sucumbem, e acabam ou mortos nela ou por ela.

     Uma força dada por Deus, só a alguns escolhidos por Ele, para enfrentar o mundo, tarefa esta, que é árdua e só a alguns Deus capacita para tal.

     Pela minha experiência de onze anos nas ruas, creio que Deus abre trilhas como as que abriu para mim.

     Nas trilhas por Ele abertas eu só fiz caminhar por elas.                                    Eu aceitei intimamente quando o convite dele chegou ao meu coração.

     E disse: Vem por aqui, você vai conhecer os meus caminhos agora.

     O que ao cair na rua se marginaliza, acaba morto, o que suporta todas as dores e permanece fiel a aquilo que acredita, sobrevive a ela.

     Alguns acreditam em Deus, como eu.

     Outros na força física.

     Outros no amor (que é acreditar em Deus, também).

     Outros na sociedade, (esses morrem nela, infelizmente).

     Outros nas igrejas (saem das ruas por intermédio de alguma delas, e normalmente voltam para a rua um tempo depois, da mesma forma que se foram, colocados para fora por quem os acolhera, infelizmente).

     Outros acreditam no criador do universo, terrestre e celeste como Deus, e não nas religiões como deuses capazes de tirá-lo dali, como eu.

     Alguns infelizmente acreditam nas máfias, da prostituição, do tráfico de influência, do tráfico de drogas, do tráfico de órgãos e pensam que é, pôr intermédio, do dinheiro e do poder que dali sairão e para ali não voltarão.

     E infelizmente acabam mortos pela ganância sua e de seus apoiadores, que levam os aos presídios e a morte.        

     Saem das ruas, mas o preço pago por estes é alto demais, pagam com a vida.

     E isso não valerá a pena.

     Ou fazem como eu, esperam a pessoa certa, no lugar certo, do jeito certo e na hora certa, trazida por Deus, ao seu caminho, para lhe dar a mão para que este se levante e não caia mais.

     E isso só chega no momento oportuno, em que estamos preparados para receber a benção.

Andreia Morena De Mello Murbach

Vamos iniciar apresentando os moradores de rua para o leitor.

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