- O que houve, Jorel? O que o fez perder o controle do automóvel? – Aneliese quis saber, certamente trocando de assunto para amenizar a situação.- Um animal cruzou a pista.- E por que vocês ainda estavam naquela altura do trajeto? Por que demoraram tanto? Estava na porra de uma Ferrari e Rael chegou anos luz antes de você.- Paramos... – abaixou o olhar – Para... Comer...- Comer o quê? – tentei avançar nele, sendo contido por Aneliese, que se pôs entre nós.- Certamente não foi a sua esposa! – ela me falou entredentes, recriminando-me – Ele é o seu irmão, Gabe! Poderia ter morrido.- Não, ele poderia ter matado a minha esposa.- Chega, Gabe! – ela alterou a voz.- Aposto que pararam para comer e você bebeu! – Acusei.- Ele não faria isto! – Aneliese disse com certeza, enquanto Jorel suspirava de forma tão forte que deixou claro que ela estava enganada.Eu ri, com sarcasmo:- Pelo visto você não conhece o seu “filho” tanto quanto eu.- Jorel, me diga que você não fez isto!- Foi só.
Tentei argumentar, mas não teve jeito: eu teria que receber Jorel na minha casa. Não fui vencido só pelo cansaço, mas também porque queria sair o mais rápido possível dali para ver como Olívia estava.Certamente Olívia quereria ficar na casa dos pais e dar fim ao casamento depois de tudo que houve. E embora eu tivesse pensado em inúmeras maneiras de convencê-la a não me deixar, não consegui achar nenhuma boa o bastante. Então decidi que na hora pensaria em algo... Nem que fosse a porra de uma nova chantagem.Enquanto não a convencia, Jorel poderia ficar na mansão Clifford. Eu contrataria alguém para cuidá-lo.Depois de todo tempo que fiquei com Jorel, saí e Ernest ainda não tinha deixado o quarto de Olívia. Quando ele chegou na sala, me avisou:- Ela... Espera por você.Espera? Aquela simples palavr
Eu estava tão envolvido por aquela mulher que ficaria satisfeito de tê-la ao meu lado mesmo que fosse amarrada. Porém não queria ser ignorado, como ela fazia naquele momento. Como fazer os olhos de chuchu brilharem de novo? Ela sequer deu um sorriso para mim, daqueles que faziam o mundo todo fazer sentido só porque eu via seus dentes e sua alegria num dia em que nada havia de especial, mas se tornava simplesmente incrível porque ela existia.- A levarei para casa. – Deixei claro.Porra, e Jorel? Não, eu não poderia deixar os dois sob o mesmo teto. Eu não tinha vocação para corno! E não era? Olívia já não tinha beijado o meu irmão? A porra da minha mulher beijou o filho da puta do meu irmão, que depois a levou embora, afastando-a de mim, causou um acidente e eu estava ali... Implorando internamente para que fosse perdoado... Pelo beijo que “e
- Acompanhante de luxo – corrigiu – Você sabe bem a diferença entre uma e outra, já que contratou uma para magoar a minha irmã.- Ok, reformulando – tentei – Posso lhe dar dinheiro para pagar sua estadia nos Estados Unidos e desta forma você deixa sua vida de “acompanhante de luxo” e... Quem sabe volta a estudar... Eu... – levantei os ombros, incerto – Não sei como, mas posso ajudar de alguma forma.Rita riu:- Não quero o seu dinheiro. Nem suas desculpas.E o que se faz nesta situação? Mando ela se foder e continuar a levar a porra de vida que leva? Mas e se levar a irmã para o mesmo caminho?- Eu não sei outra forma de ajudar a não ser com dinheiro... Sinto muito. E... Creio que o que a tenha levado a se tornar uma “acompanhante de luxo” tenha sido a falta dele. Portanto... Aceite minha ajuda, Rita. É
POV OLÍVIAEra óbvio que eu não deveria ir para a mansão Clifford depois de tudo que Gabe fez naqueles dias na casa do lago. Mas eu tinha planos. E para que se concretizassem, precisava ter paciência.Não esperava que Gabe fosse acolher também Jorel na mansão. E claro que, apesar das leves escoriações, eu tinha capacidade para cuidar do caçula Clifford, já que Gabe certamente não ficaria ali conosco.Fizemos o caminho até a mansão Clifford os três num silêncio total e absoluto, que se um mosquito estivesse dentro do automóvel verde vivo de Gabe escutaríamos.Gabe ajudou Jorel a descer do automóvel e a empregada já estava trazendo a cadeira de rodas para que ele pudesse ser locomovido com mais facilidade.Assim que entramos na casa, deparei-me com as escadas e olhei para Gabe:- “Temos um proble
- Ficarei ótima, como sempre! – garanti.Gabe tentou dar um beijo nos meus lábios e rapidamente virei, fazendo com que pegasse na bochecha. Aquela porra de evitar o beijo dele era totalmente nocivo para mim... E dolorido, já que era o que eu mais queria. No entanto meu marido tinha que sentir na própria pele o que me fez passar... A começar por todas as vezes que implorei por seus lábios.- Se tocar nela, quebro a sua outra perna. E os dois braços. – Gabe ameaçou antes de sair pela porta.Olhei para Jorel, que sorriu:- Você é linda pra caralho! Mas duas pernas e dois braços quebrados deve ser horrível. Eu dependeria de alguém para tudo... Tudo mesmo. Então... Não é algo que eu queira arriscar, por hora. Ele já quase quebrou o meu nariz.- Super entendo! Também acho que não valho isto tudo. – Comecei
Me despedi de Jorel e subi para o meu quarto. Olhei-me no espelho e percebi que embora aparentes, os ferimentos não tinham sido graves. Tive sorte, no fim, pois poderia ter sido bem pior. Imagine passar anos da vida se cuidando, abrindo mão de tantas coisas em nome na saúde para do nada morrer num acidente de trânsito por conta de um motorista bêbado.Tirei minhas roupas e fui para o banho, que tomei sem pressa. Minha vida teve uma guinada depois que casei com Gabe Clifford. No entanto aqueles dias na casa do lago foram a cereja do bolo, um teste de sanidade, o qual quase não sobrevivi.O amor era uma droga, que nos deixava totalmente desnorteados e sem ter certeza de como agir! Como eu queria não amar Gabe Clifford!Me cobri com a toalha e saí do banheiro para me vestir no quarto quando me deparei com malas enfileiradas no chão. Engoli em seco, confusa. Gabe teria mudado de ideia e decidido me mandar
Não sei exatamente quando foi, mas dormi nos braços de Gabe. E talvez tenha sido exatos cinco minutos depois que ele me abraçou. Naquele momento eu só tinha certeza de uma coisa: o amava com todo meu coração. Especialmente porque dormimos com nossos corpos tão unidos, como se fossem um só, e mesmo eu enrolada numa toalha, ele não tentou transar.E eu nem sabia se meu marido resistir a mim praticamente nua era algo bom ou ruim. Estaria Gabe perdendo o interesse no meu corpo? O que levava um homem a dormir uma mulher e não querer comê-la, satisfeito somente em tê-la abraçada a si? O que eu estava fazendo de errado?Não ousei sequer respirar enquanto o abraçava e sentia seu braço sobre mim, me segurando como se fosse a coisa mais importante de sua vida, mesmo que nos sonhos. Como eu queria ficar ali para sempre, vivendo aquele sonho, aquele “ac