POV OLÍVIA
Era óbvio que eu não deveria ir para a mansão Clifford depois de tudo que Gabe fez naqueles dias na casa do lago. Mas eu tinha planos. E para que se concretizassem, precisava ter paciência.
Não esperava que Gabe fosse acolher também Jorel na mansão. E claro que, apesar das leves escoriações, eu tinha capacidade para cuidar do caçula Clifford, já que Gabe certamente não ficaria ali conosco.
Fizemos o caminho até a mansão Clifford os três num silêncio total e absoluto, que se um mosquito estivesse dentro do automóvel verde vivo de Gabe escutaríamos.
Gabe ajudou Jorel a descer do automóvel e a empregada já estava trazendo a cadeira de rodas para que ele pudesse ser locomovido com mais facilidade.
Assim que entramos na casa, deparei-me com as escadas e olhei para Gabe:
- “Temos um proble
- Ficarei ótima, como sempre! – garanti.Gabe tentou dar um beijo nos meus lábios e rapidamente virei, fazendo com que pegasse na bochecha. Aquela porra de evitar o beijo dele era totalmente nocivo para mim... E dolorido, já que era o que eu mais queria. No entanto meu marido tinha que sentir na própria pele o que me fez passar... A começar por todas as vezes que implorei por seus lábios.- Se tocar nela, quebro a sua outra perna. E os dois braços. – Gabe ameaçou antes de sair pela porta.Olhei para Jorel, que sorriu:- Você é linda pra caralho! Mas duas pernas e dois braços quebrados deve ser horrível. Eu dependeria de alguém para tudo... Tudo mesmo. Então... Não é algo que eu queira arriscar, por hora. Ele já quase quebrou o meu nariz.- Super entendo! Também acho que não valho isto tudo. – Comecei
Me despedi de Jorel e subi para o meu quarto. Olhei-me no espelho e percebi que embora aparentes, os ferimentos não tinham sido graves. Tive sorte, no fim, pois poderia ter sido bem pior. Imagine passar anos da vida se cuidando, abrindo mão de tantas coisas em nome na saúde para do nada morrer num acidente de trânsito por conta de um motorista bêbado.Tirei minhas roupas e fui para o banho, que tomei sem pressa. Minha vida teve uma guinada depois que casei com Gabe Clifford. No entanto aqueles dias na casa do lago foram a cereja do bolo, um teste de sanidade, o qual quase não sobrevivi.O amor era uma droga, que nos deixava totalmente desnorteados e sem ter certeza de como agir! Como eu queria não amar Gabe Clifford!Me cobri com a toalha e saí do banheiro para me vestir no quarto quando me deparei com malas enfileiradas no chão. Engoli em seco, confusa. Gabe teria mudado de ideia e decidido me mandar
Não sei exatamente quando foi, mas dormi nos braços de Gabe. E talvez tenha sido exatos cinco minutos depois que ele me abraçou. Naquele momento eu só tinha certeza de uma coisa: o amava com todo meu coração. Especialmente porque dormimos com nossos corpos tão unidos, como se fossem um só, e mesmo eu enrolada numa toalha, ele não tentou transar.E eu nem sabia se meu marido resistir a mim praticamente nua era algo bom ou ruim. Estaria Gabe perdendo o interesse no meu corpo? O que levava um homem a dormir uma mulher e não querer comê-la, satisfeito somente em tê-la abraçada a si? O que eu estava fazendo de errado?Não ousei sequer respirar enquanto o abraçava e sentia seu braço sobre mim, me segurando como se fosse a coisa mais importante de sua vida, mesmo que nos sonhos. Como eu queria ficar ali para sempre, vivendo aquele sonho, aquele “ac
Eu ri:- É só biscoito com manteiga.- Nunca comi isto na vida.- Biscoito com manteiga?- Biscoito salgado.- Quem nunca comeu biscoito salgado? – Ri, incrédula.- Eu! – Confessou de forma séria.- Quando eu era criança tinha dias que era só o que eu tinha para comer – me ouvi confessando – E sempre dizia para mim mesma que quando crescesse nunca comeria isto de novo – olhei para o biscoito quadrado recheado de manteiga que estava na altura da minha boca – Mas foi uma das coisas das quais não consegui me livrar. Eles são bons acompanhados de patês ou até mesmo manteiga.Gabe pegou o biscoito novamente da minha mão e mordeu:- Você é boa nisto... De fazer biscoitos.- Devolve meu biscoito! – Falei de forma séria.Gabe sorriu e pôs na minha frente, obrigando-me a abr
POV GABEOuvi os aplausos dos repórteres, que sorriam enquanto me olhavam, pasmos. Mal sabiam que eu também estava estupefato com a notícia. Alguns inclusive levantaram, tamanha admiração pela minha atitude, que na verdade não tinha nada a ver comigo.Desde quando eu faria doações a quem quer que fosse? E um tratamento gratuito de um ano? Nem que botassem na justiça ganhariam de bom grado!Olívia me fodeu... Totalmente! E em todos os sentidos.Mas por algum motivo, que eu nem sabia ao certo, me flagrei dando um meio sorriso, já que não tinha certeza se sabia sorrir da forma como todos faziam, sendo que há muito tempo eu não fazia aquele gesto que geralmente significava alegria. Em anos à frente da Clifford Indústria e Comércio de medicamentos eu jamais fui ovacionado daquela forma. E sabia que era apenas o começo. Logo a notí
Que porra aquela mulher tinha feito comigo? Como assim tinha pedido o divórcio? Por que os documentos ainda não tinham chegado até mim? Eu não daria o divórcio. Eu não financiaria porra nenhuma de tratamento contra o diabetes. Ela não faria caridade com o meu dinheiro. E a relógio? Nunca pensei que sequer passaria pela minha cabeça aquilo, mas o relógio era o menor dos meus problemas.Eu falhei! A vingança tinha ido por água abaixo. Era como se a perder fosse o maior problema que já tive na vida.Olhei novamente para aliança e lembrei de minha promessa, de que se me trouxesse de volta o Patek Phillippe seria beijada na boca, como tanto desejava e ganharia a aliança com meu nome escrito, como sempre me cobrava. Lá estava eu com o dedo ornamentado com a aliança que chuchu comprou com a venda do meu relógio e o nome dela gravado dentro. No fim, n
- Ainda assim foi um dia cheio e duvido que se não beber aguentará até o final, senhor Clifford. Tente relaxar... E resolverei tudo. Só me diga o que fazer.- Traga Olívia de volta.Ela me encarou e ficou um tempo em silêncio antes de perguntar:- O senhor... Gosta dela?Em tantos anos trabalhando juntos, Ingrid praticamente sabia tudo sobre a minha vida. No entanto nunca me fez perguntas de cunho pessoal. Aquela era a primeira vez. Embora eu passasse mais tempo com ela do que qualquer outra pessoa, nunca a considerei uma amiga e sim a minha secretária. Ela era paga (aliás, muito bem paga) para fazer tudo que eu pedia.Mas eu estava ferrado e não tinha a quem recorrer. Rael? Sim, eu ligaria para Rael e pediria ajuda. Que tipo de ajuda? Ah, sim, que ele impedisse qualquer juiz de dar o divórcio à Olívia.Peguei o copo de uísque enquanto olhava no celular
POV OLÍVIAPor que esperei o dia raiar para vir até Gabe? Olhei para a garrafa de uísque vazia no chão e depois para os olhos dele, que estavam longe.- Dormiu com ela? – Perguntei.Gabe piscou os olhos repetidas vezes, como se não conseguisse pronunciar uma palavra sequer, por mais que se esforçasse.- Dormiu com ela, porra? – Gritei, fazendo-o despertar de vez.Gabe levantou-se desnorteado, tentando encontrar suas roupas no meio das de Ingrid, que se mantinha nua sobre o sofá, fingindo estar envergonhada enquanto cobria suas partes íntimas.Fui até Gabe e o peguei pelos ombros, encarando-o:- Me diga se dormiu com ela, Gabe! – implorei – Seja sincero... Só isto.- Eu... Eu... Não lembro de nada!Aquilo bastava. Eu já tinha visto a reação do meu marido ao beber uma garrafa inteira de u&