Não sei exatamente quando foi, mas dormi nos braços de Gabe. E talvez tenha sido exatos cinco minutos depois que ele me abraçou. Naquele momento eu só tinha certeza de uma coisa: o amava com todo meu coração. Especialmente porque dormimos com nossos corpos tão unidos, como se fossem um só, e mesmo eu enrolada numa toalha, ele não tentou transar.
E eu nem sabia se meu marido resistir a mim praticamente nua era algo bom ou ruim. Estaria Gabe perdendo o interesse no meu corpo? O que levava um homem a dormir uma mulher e não querer comê-la, satisfeito somente em tê-la abraçada a si? O que eu estava fazendo de errado?
Não ousei sequer respirar enquanto o abraçava e sentia seu braço sobre mim, me segurando como se fosse a coisa mais importante de sua vida, mesmo que nos sonhos. Como eu queria ficar ali para sempre, vivendo aquele sonho, aquele “ac
Eu ri:- É só biscoito com manteiga.- Nunca comi isto na vida.- Biscoito com manteiga?- Biscoito salgado.- Quem nunca comeu biscoito salgado? – Ri, incrédula.- Eu! – Confessou de forma séria.- Quando eu era criança tinha dias que era só o que eu tinha para comer – me ouvi confessando – E sempre dizia para mim mesma que quando crescesse nunca comeria isto de novo – olhei para o biscoito quadrado recheado de manteiga que estava na altura da minha boca – Mas foi uma das coisas das quais não consegui me livrar. Eles são bons acompanhados de patês ou até mesmo manteiga.Gabe pegou o biscoito novamente da minha mão e mordeu:- Você é boa nisto... De fazer biscoitos.- Devolve meu biscoito! – Falei de forma séria.Gabe sorriu e pôs na minha frente, obrigando-me a abr
POV GABEOuvi os aplausos dos repórteres, que sorriam enquanto me olhavam, pasmos. Mal sabiam que eu também estava estupefato com a notícia. Alguns inclusive levantaram, tamanha admiração pela minha atitude, que na verdade não tinha nada a ver comigo.Desde quando eu faria doações a quem quer que fosse? E um tratamento gratuito de um ano? Nem que botassem na justiça ganhariam de bom grado!Olívia me fodeu... Totalmente! E em todos os sentidos.Mas por algum motivo, que eu nem sabia ao certo, me flagrei dando um meio sorriso, já que não tinha certeza se sabia sorrir da forma como todos faziam, sendo que há muito tempo eu não fazia aquele gesto que geralmente significava alegria. Em anos à frente da Clifford Indústria e Comércio de medicamentos eu jamais fui ovacionado daquela forma. E sabia que era apenas o começo. Logo a notí
Que porra aquela mulher tinha feito comigo? Como assim tinha pedido o divórcio? Por que os documentos ainda não tinham chegado até mim? Eu não daria o divórcio. Eu não financiaria porra nenhuma de tratamento contra o diabetes. Ela não faria caridade com o meu dinheiro. E a relógio? Nunca pensei que sequer passaria pela minha cabeça aquilo, mas o relógio era o menor dos meus problemas.Eu falhei! A vingança tinha ido por água abaixo. Era como se a perder fosse o maior problema que já tive na vida.Olhei novamente para aliança e lembrei de minha promessa, de que se me trouxesse de volta o Patek Phillippe seria beijada na boca, como tanto desejava e ganharia a aliança com meu nome escrito, como sempre me cobrava. Lá estava eu com o dedo ornamentado com a aliança que chuchu comprou com a venda do meu relógio e o nome dela gravado dentro. No fim, n
- Ainda assim foi um dia cheio e duvido que se não beber aguentará até o final, senhor Clifford. Tente relaxar... E resolverei tudo. Só me diga o que fazer.- Traga Olívia de volta.Ela me encarou e ficou um tempo em silêncio antes de perguntar:- O senhor... Gosta dela?Em tantos anos trabalhando juntos, Ingrid praticamente sabia tudo sobre a minha vida. No entanto nunca me fez perguntas de cunho pessoal. Aquela era a primeira vez. Embora eu passasse mais tempo com ela do que qualquer outra pessoa, nunca a considerei uma amiga e sim a minha secretária. Ela era paga (aliás, muito bem paga) para fazer tudo que eu pedia.Mas eu estava ferrado e não tinha a quem recorrer. Rael? Sim, eu ligaria para Rael e pediria ajuda. Que tipo de ajuda? Ah, sim, que ele impedisse qualquer juiz de dar o divórcio à Olívia.Peguei o copo de uísque enquanto olhava no celular
POV OLÍVIAPor que esperei o dia raiar para vir até Gabe? Olhei para a garrafa de uísque vazia no chão e depois para os olhos dele, que estavam longe.- Dormiu com ela? – Perguntei.Gabe piscou os olhos repetidas vezes, como se não conseguisse pronunciar uma palavra sequer, por mais que se esforçasse.- Dormiu com ela, porra? – Gritei, fazendo-o despertar de vez.Gabe levantou-se desnorteado, tentando encontrar suas roupas no meio das de Ingrid, que se mantinha nua sobre o sofá, fingindo estar envergonhada enquanto cobria suas partes íntimas.Fui até Gabe e o peguei pelos ombros, encarando-o:- Me diga se dormiu com ela, Gabe! – implorei – Seja sincero... Só isto.- Eu... Eu... Não lembro de nada!Aquilo bastava. Eu já tinha visto a reação do meu marido ao beber uma garrafa inteira de u&
- Você nunca se magoou... Sempre deu a volta por cima... – Percebi uma lágrima rolando pela sua bochecha e apertei minhas mãos, sentindo as unhas cravarem na palma delas, a ponto de doer feito canivetes fincando na pele.Por que meu coração doía tanto? Por que minhas pernas resistiam em sair? Por que tudo rodava naquele lugar, menos Gabe e sua lágrima solitária? Por que eu o amava tanto?- Sempre dei a volta por cima... Mas meu coração ficou estraçalhado. Em breve receberá os documentos do divórcio. Se não assinar, entrarei com um pedido litigioso e deixarei a mídia a par de todo processo. A escolha é sua!Virei as costas e saí, parecendo caminhar nas nuvens, como se o chão abaixo dos meus pés não existisse. Quando tomei o elevador, sob os olhares curiosos, fechei a porta, deixando que as lágrimas caíssem
No primeiro dia de trabalho, por sorte, não houve nenhuma criança acidentada. Então me mantive na minha sala, sem precisar ver sangue nem nada do tipo.No primeiro momento que consegui, saí e procurei Rarith, encontrando-a no mesmo playground do dia anterior. Fiquei observando-a e optei por não a interceptar. Mas logo a garotinha me viu e correu na minha direção, reconhecendo-me. O abraço dela foi forte, mas pegou nas minhas coxas, já que era pequenina. Abaixei-me e olhei eu seus olhos, feliz com o sorriso que ela tinha ao me ver:- Que coincidência... Vê-la por aqui! – fingi que foi um encontro casual.- Eu estudo aqui! – Gargalhou, como se fosse óbvio.- Nossa! E eu... Estou trabalhando aqui! – Ri.- Onde?- Na enfermaria!- Você é enfermeira?- Bem, na verdade eu sou boa em legos, mas acharam que eu me sairia melhor fazendo curativos e aferindo temperaturas.- Se eu for para a enfermaria você pode montar legos comigo?- Infelizmente não tem legos lá.- Rarith, venha brincar com seu
- Se não se sente segura na área da saúde, onde acha que se encaixaria, Olívia?- Sinceramente.... Eu não sei. Parecia que o diretor queria que eu encontrasse minha vocação em menos de cinco minutos.- Pois então pense. Assim que tiver certeza, me avise. Quero que curse uma faculdade conveniada com a nossa escola.Estreitei os olhos, confusa. Mas antes que pudesse perguntar, ele explicou:- Todos aqui são formados. E levarei em conta sua necessidade de trabalhar e também a garantia que me deu de que é capaz de atender na enfermaria. Mas entenda que é temporário. E não, não me refiro ao emprego e sim ao fato de escolher para onde quer ir.Engoli em seco, confusa. Teria sido paixão à primeira vista do diretor por mim? Ou estava me testando? E se Gabe tivesse por trás daquilo tudo? Mas que influência ele teria na escola de Rarith? Talvez todas! Ele tinha influência em qualquer lugar do mundo, por que não na escola da sobrinha? Mas Gabe quereria me ajudar de alguma forma? Tudo por conta